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<body class="calibre">
<p class="calibre2">base da salvação está apresentada como sendo o próprio Deus e não a dignidade do homem. Tal ódio exige um forte e destemido testemunho diante do mundo. João descreve agora a natureza desse testemunho. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">26, 27. </b> Os discípulos não teriam de enfrentar o mundo sozinhos. </p>
<p class="calibre2">Teriam um ajudador divino, o <b class="calibre1">Espírito da verdade. </b> Ele traria à baila a verdade sobre a condição pecadora dos homens e a verdade sobre Cristo, o remédio para esse pecado. O Espírito viria em dupla missão, por assim dizer, sendo enviado do Filho pelo Pai, a fim de testificar de Cristo (cons. 16:7-13). <b class="calibre1">E vós também testemunhareis. </b> Provavelmente mais indicativo que imperativo. Do ponto de vista da associação com Jesus, a qual lhes deu o conhecimento necessário para um testemunho válido, já estavam qualificados, uma vez que estiveram com Ele <b class="calibre1">desde o princípio</b> - o começo do seu ministério. Mas, para vigorar, seu testemunho tinha de se juntar ao do Espírito operando neles e através deles (cons. Atos 5:32). </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">João 16 </b></p>
<p class="calibre2">No capítulo 16 a nota dominante continua a mesma – a partida de Cristo e a antecipação do que isto significaria. O pensamento se movimenta ao longo das seguintes linhas: a advertência de Cristo sobre a futura perseguição (16:1-4a); sua partida explicada à luz da vinda do Espírito e seu ministério ao mundo (16:4b-11); o ministério do Espírito aos crentes (16:12-15); conforto para contrabalançar a dor da separação (16:16-28); a vitória do Filho de Deus (16:29-33). O tema da perseguição fora antecipado pelo ensinamento anterior (cap. 15) sobre o ódio do mundo contra Cristo e os Seus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">1. Tenho-vos dito estas coisas. </b> Primeiramente a informação sobre o ódio do mundo, para que os discípulos pudessem se ornar de antemão, mas também o lembrete de que eles eram testemunhas diante desse mesmo mundo que os desprezaria (cons. 15:27). A responsabilidade enrijece o caráter. <b class="calibre1">Para que não vos escandalizeis. </b> A palavra "escandalizar" dá a idéia de tropeço por causa de um obstáculo, mais do que uma tendência interior para desertar. A frase que Jesus costumava usar é "vos escandalizareis em mim" (Mt. 26:31). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">2. Eles vos expulsarão das sinagogas</b> (cons. 9:22). A mais dolorosa experiência para um judeu, cujo laço com a nação era forte. Os crentes judeus em Jerusalém continuaram misturando-se com seus conterrâneos no Templo depois do Pentecoste, demonstrando seu senso de afinidade com o seu povo. <b class="calibre1">Julgará com isso tributar culto a Deus. </b> O melhor comentário é a confissão de Saulo de Tarso referente aos dias de sua perseguição (Atos 26:9-11). Ele media o seu zelo para com a sua própria religião através dos terrores e destruição que infligia à igreja (Gl. </p>
<p class="calibre2">1:13; Fl. 3:6). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">3. </b> Ignorância de Cristo e Seu verdadeiro relacionamento com o Pai ajuda a explicar a perseguição. Tal ignorância não desculpa o perseguidor. Paulo intitulou-se o principal dos pecadores por causa disso! (I Tm. 1:13-15). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">4. </b> Quando a perseguição se desencadeasse, a memória da sinceridade de Cristo em adverti-los dessas coisas serviria para fortalecer seus servos. Enfrentar tais coisas sem preparo provocaria desânimo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Porque eu estava convosco. </b> Cristo foi seu escudo contra a oposição. À luz de sua breve partida, o presente ensinamento tomou um significado que não teria antes. Era momento de pensar mais diretamente sobre a sua partida e sobre o que ela significaria para aqueles que ficavam. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">5. </b> Para Cristo a partida significa o retorno para junto dAquele que o enviara. Este aspecto da coisa não penetrara ainda nas mentes dos discípulos. Eles não lhe perguntaram, <b class="calibre1">Para onde vais? </b> <b class="calibre1">6. </b> Em vez disso preocupavam-se com a perda que sentiam. Estavam tomados de tristeza. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">7. Vos convém que eu vá. </b> A desvantagem em termos de separação e tristeza seria ultrapassada pelo lucro ocasionado pela vinda do Consolador (ajudador). Só é preciso que se compare os discípulos do final do ministério de Jesus com esses mesmos homens depois da vinda do Espírito para ver como desenvolveram grandemente sua compreensão e eficiência no serviço. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Se eu não for, o Consolador não virá</b> (cons. 7:37-39). Isto não é um sinal de hostilidade ou inveja entre o Filho e o Espírito. Na verdade, o Espírito veio sobre Cristo para lhe dar poder para a Sua obra; e logo viria sobre os seguidores de Cristo, como que compensando a perda da presença pessoal do Senhor. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">8. Convencerá o mundo. </b> Convencer e condenar. O Espírito tinha de vir primeiro para os discípulos (veja final do v. 7), e através deles assumiria a tarefa de convencer os homens. Num certo sentido este ministério está em correlação com a atividade de perseguição do mundo. </p>
<p class="calibre2">O mundo poderá dar a impressão de fazer incursões na Igreja, mas já um contra-ataque na obra do Espírito, com o intuito não de ferir mas de converter, ou de pelo menos convencer. O Espírito, operando através dos apóstolos, produziu convicção do pecado na própria cidade onde Jesus fora condenado à morte (Atos 2:37). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">9. Do pecado. </b> Tendo o pecado do mundo se colocado em evidência na rejeição de Jesus, quando deveria ter havido aceitação, o Espírito faz disso um ponto importante. Na sua cegueira os homens chamaram Jesus de pecador na hora em que o próprio pecado deles levava-os a condená-lO à morte. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">10. Da justiça. </b> O próprio fato de que Cristo podia resolver o problema do pecado da humanidade através de Sua morte redentora revelou Sua perfeita justiça. De outro modo Ele precisaria de um Salvador para Si mesmo. O Pai é o verdadeiro juiz da justiça. Sua prontidão em aceitar o Filho de volta na glória é a prova de que não o achou em falta (Rm. 1:4; 4:25; I Tm. 3:16). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">11. Do juízo. </b> Quando aqueles que crucificaram Jesus viram que Deus não interferiu, imaginaram que o juízo de Deus fora pronunciado sobre Ele. Na verdade, outro estava sendo julgado ali, o próprio Satanás, o príncipe deste mundo. Satanás governa através do pecado e morte. O triunfo de Cristo sobre o pecado na cruz e sobre a morte na Ressurreição proclamou o fato que Satanás fora julgado. A execução final do julgamento é apenas uma questão de tempo. A esta altura o pensamento afasta-se do mundo. Surge a obra do Espírito em benefício dos crentes. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">12. </b> O discurso não era uma completa exposição dos pensamentos de Jesus em relação com os seus. Havia ainda muito para ser dito. Não valia a pena dizê-lo, pois os discípulos não poderiam suportar. Estavam imaturos demais. Essas verdades se tornariam mais reais quando a experiência deles crescesse. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">13. </b> A comunicação dessas coisas podia ser seguramente adiada até que viesse o <b class="calibre1">Espírito da verdade, </b> que é um professor tão eficiente quanto o próprio Senhor. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Toda a verdade. </b> Não a verdade em todos os ramos do conhecimento, mas a verdade nas coisas de Deus, num sentido mais restrito, as coisas que nós chamamos de espirituais (cons. I Co. 2:10). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Não falará por si mesmo. </b> Ele não tentaria ensinar coisas de Sua própria invenção, mas tal como o Filho (15:15), transmitiria aos homens o que lhe fora dado por Deus Pai. Uma só fonte garante unidade de ensinamento. Em última análise os crentes são ensinados por Deus (I Ts. </p>
<p class="calibre2">4:9). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">As coisas que hão de vir. </b> A volta de Cristo e os acontecimentos concomitantes podiam estar em vista, mas antes deles, a morte e a ressurreição de Jesus e suas conseqüências, aquelas coisas sobre as quais os discípulos tropeçaram quando Jesus lhes falou sobre elas. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">14. Glorificará. </b> Tal como Cristo estava glorificando o Pai através de sua obediência até à morte, assim o Espírito glorificaria Cristo esclarecendo o significado de Sua pessoa e obra. A missão instrutiva do Espírito seria em primeiro lugar de receber o depósito da verdade cristocêntrica, depois mostrá-las aos crentes. Segue-se que um ministério, para ser orientado pelo Espírito, deve magnificar a Cristo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">15. </b> Uma vez que as coisas de Cristo incluem as verdades referentes ao Pai e Seus conselhos, quando o Espírito comunica as coisas de Cristo comunica toda a verdade. </p>
<p class="calibre2">Logo a seguir o Senhor lidou com as compensações que aliviariam a dor ocasionada com a Sua partida. Essas incluíam a promessa de que os discípulos o veriam novamente (v. 16); sua alegria em vê-lo (v. 22); o privilégio da oração (vs. 23, 24); aumento de conhecimento (v. 25); e o amor sustentador do Pai por eles (v. 27). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">16. Um pouco. </b> A frase ocorre sete vezes em quatro versículos. </p>
<p class="calibre2">Refere-se ao curto intervalo que houve até o seu sepultamento quando os discípulos não o viram mais com os olhos da visão física. O segundo <b class="calibre1">um </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">pouco</b> indica o intervalo entre o Seu sepultamento e a Sua ressurreição, depois da qual eles o veriam novamente. Aqui a palavra <b class="calibre1">ver</b> não é a mesma da primeira ocorrência. Transmite aqui a idéia de percepção como também de observação. Algo do significado deste drama da redenção, que era naquela ocasião tão misterioso, despontaria sobre aqueles homens. A última cláusula, <b class="calibre1">vou para o Pai, </b> não tem suficientes provas documentárias para ser relida no texto. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">17. </b> As palavras de Jesus estavam além do alcance da compreensão dos discípulos. Antes disto já tinham feito perguntas individualmente. </p>
<p class="calibre2">Esses homens (<b class="calibre1">alguns dos seus discípulos</b>), tímidos demais para anunciarem sua perplexidade em voz alta, confabularam entre si em vez de se dirigirem ao Senhor. Neste versículo, as palavras, <b class="calibre1">vou para o Pai, </b> são genuínas. São facilmente explicáveis com base no uso que Jesus faz delas no versículo <b class="calibre1">18. </b> Este fato da sua partida é a preocupação todo-absorvente. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">19, 20. </b> Reconhecendo seu desejo ardente de ter uma resposta ao problema do <b class="calibre1">um pouco</b> em sua dupla aplicação, Jesus ofereceu-se a dar a resposta, ainda que não a resposta precisa que eles esperavam. Mas ele mostrou o que aquele <b class="calibre1">um pouco</b> significaria para eles em cada exemplo. </p>
<p class="calibre2">No primeiro, eles chorariam enquanto o mundo se regozijaria, pois a morte do Salvador produziria reações completamente diferentes, nos crentes e nas pessoas do mundo (cons. Ap. 11:10). Mas essa mesma coisa que traria tristeza transformar-se-ia em uma ocasião de alegria quando os discípulos fossem capazes de ver a cruz à luz da Ressurreição, quando o segundo "um pouco" os surpreendesse. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">21. </b> Jesus fez uma analogia com a vida humana, mostrando como a alegria suplanta a tristeza. As dores do parto de uma mulher produzem tristeza, mas ela se esquece das dores na alegria do nascimento. Pode haver significação no fato de se dizer que <b class="calibre1">um homem</b> nasceu (e não uma criança). Cristo, na ressurreição, como o primeiro a renascer dos mortos (Cl. 1:18) une a Si o novo homem, Sua Igreja, à qual ele comunica Sua vida ressurreta. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">22. </b> A alegria da reunião seria uma experiência permanente; a segunda separação, ocasionada pela ascensão do Senhor, não afetaria a alegria (Lc. 24:51-53). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">23. Naquele dia. </b> O Senhor estava pensando nas condições que prevaleceriam depois de Seu retorno ao Pai. No período intermediário dos quarenta dias depois da Ressurreição, os discípulos perguntaram algo (Atos 1:6). Mas quando Ele fosse levado, toda oportunidade de fazer perguntas tais como aquelas que estavam fazendo teria desaparecido. Isto não significa que haveria ausência total de comunicação. A porta da oração estaria aberta. Ele só teria de pedir e o Pai daria as respostas às suas perplexidades e supriria suas necessidades. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Em meu nome</b> (veja comentário sobre 14:13, 14). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">24. Nada tendes pedido. </b> Aqui a palavra "pedir" foi usada no sentido de fazer um pedido e não de formular uma pergunta. Devido à presença de Jesus no meio deles, pedir em seu nome seria desnecessário. </p>
<p class="calibre2">Mas naquele dia que estava por vir, o gozo de ver Jesus novamente seria mantido através da oração. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">25. Figuras. </b> Não máximas, mas palavras obscuras. Seus ensinamentos eram muitas vezes enigmáticos para Seus Seguidores. Mas haveria uma mudança. "A volta de Jesus ao pai inaugurou uma nova era, na qual o Senhor fala aos Seus discípulos não mais obscuramente mas clara e abertamente; presume-se que os leitores do Evangelho entendam que Ele lhes fala através do Espírito que receberam" (Hoskyns, <i class="calibre3">The Fourth Gospel</i>). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">26, 27. </b> No futuro, a oração seria realmente em nome de Cristo, mas não no sentido de que o Filho seria o caminho de vencer alguma espécie de hesitação ou resistência do Pai, a qual os crentes encontrariam de outro modo. Pelo contrário, o Pai os <b class="calibre1">ama</b>, e está pronto a recebê-los por causa da atitude deles para com o Seu amado Filho. Em contraste com o mundo, eles amaram e confiaram no Filho na qualidade de enviado de Deus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">28. </b> O que a fé dos discípulos deveria abranger foi agora apresentado no mais simples e mais ousado dos esboços. A primeira metade da declaração já fora afirmada mais de uma vez por um ou mais elementos do grupo; a segunda parte trata com a idéia principal deste discurso, a partida do seu líder. Agora Ele colocava sua partida de modo nítido e claro – <b class="calibre1">deixo o mundo e vou para o Pai. </b>A esta altura o discurso já estava quase concluído. Terminou com uma nota dupla – o fracasso patético daqueles que Jesus tentara instruir, e o seu próprio triunfo, assistido pela presença do Pai. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">29, 30. </b> Estimulados tanto pelo elogio à sua fé como pelo modo claro de Jesus se referir à Sua carreira, os discípulos imaginaram que estivessem desfrutando do mais alto conhecimento do Filho de Deus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">31, 32. </b> Mas um rude despertar estava a espera deles, seriam dispersos (quando Jesus fosse preso) e Ele seria deixado só, mas teria a ajuda do Pai. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">33. </b> Para proteção deles Ele providenciou a sua <b class="calibre1">paz</b> (cons. 14:27), da qual precisariam quando enfrentassem as aflições que lhes estavam reservadas no mundo. Esta não é simplesmente paz no meio do conflito, mas paz que descansa na certeza da vitória obtida agora pelo Seu paladino sobre o mundo. A vitória de Cristo é a realidade objetiva que torna válida a dádiva interior de Sua paz. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">João 17 </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">D. A Grande Oração. 17:1-26. </b></p>
<p class="calibre2">Jesus incluiu-se nesta oração (vs. l-5), mas sua principal preocupação era pelos Seus. Nas duas partes o elemento da dedicação está fortemente associado à petição. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">1. Pai. </b> Regularmente usado nas orações de Jesus e seis vezes aqui. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">É chegada a hora, </b> o tempo é indefinido, como algo bem conhecido entre Pai e Filho. Era ao mesmo tempo a hora do sofrimento e da glorificação. <b class="calibre1">Glorifica a teu Filho. </b> Capacita-o a concluir Sua carreira, realizando a salvação para a qual veio. Está claro que Cristo aqui não procurava alguma honra para si próprio pois na Sua glorificação através da morte, ressurreição e exaltação, Ele buscava apenas a glorificação do Pai. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">2. </b> Esta glorificação do Pai incluía nela a elevação do Filho à glória e ao poder, onde Ele está como cabeça sobre todas as coisas (cons. Mt. 28:18). <b class="calibre1">Autoridade. </b> Aqui tem-se em vista especialmente a garantia da <b class="calibre1">vida eterna</b>, com base na obra de Cristo consumada. Os beneficiários são descritos como aqueles a quem o Pai deu ao Filho. Esta é a descrição dos discípulos muitas vezes mencionada na oração (vs. 2, 6, 9, 11, 12, 24). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">3. </b> A vida eterna foi apresentada em termos de conhecimento de Deus (cons. I Jo. 5:20). Os judeus não conheciam Deus, embora soubessem muito a respeito dEle. Esta é a proclamação deste versículo e de todo este Evangelho que o conhecimento de Deus, que produz a vida eterna, só vem mediante o conhecimento do Filho. Uma vez que o Filho e o Pai são um, o conhecimento é um. O conhecimento de Deus implica no conhecimento dos Seus caminhos e da Sua pessoa, e assim inclui a percepção do Seu plano de salvação do pecado. <b class="calibre1">Jesus Cristo</b> (cons. 1:17). Raro nos Evangelhos mas comum nas Epístolas. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">4. Eu glorifiquei-te na terra. </b> Isto nosso senhor explicou em termos de consumação da obra que o Pai lhe deu para executar - a revelação do Pai, a denúncia do pecado, a escolha e o treinamento dos Doze, e mais que tudo a morte na cruz, que era tão certa que podia ser considerada já realizada. <b class="calibre1">Consumando</b>. Significa aperfeiçoado além de terminado. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">5. </b> Tendo falado sobre a Sua obra na terra (v. 4), O Filho agora buscava a glorificação com o Pai no reino celeste. Assim o contraste é duplo, consistindo de lugar e pessoa. <b class="calibre1">Junto de ti</b>. Na tua presença. <b class="calibre1">Antes </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">que houvesse mundo. </b> Cons. 1:1, 2. Os versículos 6-8 são transicionais, ainda tratando da obra de Cristo na terra mas preparando o caminho para pedidos em favor dos discípulos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">6. </b> Uma grande parte da obra do Filho na terra foi tornar o Pai conhecido dos discípulos (cons. 1:14; 14:7-9). O sucesso deste processo está implícito no fato de que esses homens foram dados ao Filho pelo pai, seu entendimento não era perfeito mas ele existia e estava em desenvolvimento. <b class="calibre1">Têm guardado a tua palavra. </b> Nenhuma referência primariamente à obediência deles às ordens ou ensinamentos individuais, mas a sua presteza em aceitar o Filho, Sua mensagem e missão, até onde eram capazes. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">7, 8. </b> Os discípulos avançaram até o ponto de compreenderem que o caráter, os dons e os trabalhos de Cristo deviam remontar ao Deus invisível, em cujo nome Ele viera. Particularmente, os discípulos apropriaram-se da revelação da verdade em Cristo, reconhecendo-a como verdadeiramente de Deus. Alcançaram assim um ponto de desenvolvimento onde era seguro deixá-los. No seu trabalho futuro representariam alguém que representara o Deus vivo. <b class="calibre1">Que tu me </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">enviaste. </b> Esta expressão ressoa através da oração (vs. 3, 8, 18, 21, 23, 25). </p>
<p class="calibre2">Era uma proclamação freqüente nos discursos de Cristo. Tendo mencionado as qualificações dos discípulos como Seus representantes no mundo, agora o Senhor intercedia por eles. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">9. Não rogo pelo mundo. </b> Isto não significa que Cristo nunca orasse pelo mundo (cons. Lc. 23:34). Mas orou pelos discípulos porque eram o meio escolhido de alcançar o mundo depois que Ele o deixasse (vs. 21, 23). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">10. Todas as minhas coisas são tuas. </b> Portanto a preocupação do Pai em ouvir e atender são igualmente compreensíveis. O interesse de propriedade é mútuo. <b class="calibre1">Neles sou glorificado. </b> <b class="calibre1">Neles</b> se refere às coisas que o Pai e o Filho têm em comum, ou melhor, os discípulos que foram mencionados no versículo precedente. Era para a glória de Cristo que, no meio da incredulidade e rejeição geral, esses homens se atrevessem a confiar nEle e a servi-lO. A palavra <b class="calibre1">glorificado</b> está no tempo perfeito, sugerindo a continuação do seu testemunho de Cristo. </p>
<p class="calibre2">A primeira petição específica era pela preservação dos discípulos do mal que está no mundo (vs. 11-15). Isto por seu lado servia a um outro propósito, que foi fortemente enfatizado no restante da oração, isto é, que eles fossem um. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">11. Guarda. </b> Usado no sentido de supervisão protetora, como em Jo. 5:18. O caráter de Deus sendo inteiramente adverso ao mal e portanto interessado na preservação dos Seus filhos, foi enfatizado no vocativo, <b class="calibre1">Pai santo. </b> De maneira positiva, esta preservação uniria os discípulos, refletindo a unidade que há entre o Pai e o Filho. O laço de união é o santo amor de Deus. Via-se esta unidade na igreja primitiva (Atos 1:14; 2:1, 44, 46). </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">12. </b> O mais autêntico texto grego diz: <b class="calibre1">Guardava-os no teu nome </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">que me deste. </b> Além de guardar os seus discípulos pela autoridade do Pai, Ele também os guardou pela verdade e poder da natureza de Deus, os quais Ele mesmo revelou. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">O filho da perdição. </b> A palavra <b class="calibre1">perdição</b> tem a mesma raiz que a palavra perdido. Jesus dizia que a perda não era um desvio do Seu poder de guarda na qualidade de pastor do rebanho. Antes, Judas nunca lhe pertenceu realmente a não ser no sentido nominal e externo (cons. 13:10, 11). A idéia em <b class="calibre1">perdição</b> é exatamente o oposto de <b class="calibre1">preservação</b>. <b class="calibre1">A </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Escritura. </b> Sl. 41:9. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">13. Mas agora vou para junto de ti. </b> Contido aqui está o motivo de toda oração e todos os pedidos contidos nela. A necessidade que os discípulos tinham de gozo era particularmente aguda à luz da deserção de Judas. Os discípulos precisavam perceber que tal acontecimento não refletia-se no Senhor ou neles. Não devia conspurcar a sua alegria de posse da verdadeira vida e fé. Se Cristo podia se regozijar mesmo no meio de tais coisas (<b class="calibre1">meu gozo</b>), eles também podiam. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">14. </b> A recepção da palavra de Cristo identificava esses homens com Ele e os separava do <b class="calibre1">mundo</b>, que o rejeitava e odiava e tinha, portanto, a mesma atitude para com eles. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">15. </b> Apesar da unidade de Cristo e os Seus, Ele não podia orar pedindo que o Pai os retirasse do mundo. Fazê-lo seria frustrar o propósito de sua vocação e treinamento. Trabalhando e testemunhando, eles precisavam ser guardados <b class="calibre1">do mal</b>; caso contrário, seu testemunho deixaria de ser puro. A referência pode ser muito bem ao próprio diabo (cons. Mt. 6:13; I Pe. 5:8). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">16. </b> Como homens regenerados, os discípulos já não pertenciam mais ao mundo do reino do mal espiritual, ainda que morassem no mundo da entidade física. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">17. Santifica-os na verdade. </b> Esta é a segunda oração em benefício dos discípulos. <i class="calibre3">Santificar</i> significa separar para Deus e santos propósitos. </p>
<p class="calibre2">Aquilo que revela a santa vontade de Deus na sua <b class="calibre1">verdade</b>, e especificamente aquela verdade conforme preciosamente guardada na <b class="calibre1">palavra das Escrituras. </b> Nela se fica sabendo o que Deus exige e como Ele capacita as pessoas a cumprirem a exigência. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">18. </b> Ser enviado ao mundo por Cristo como Ele foi enviado pelo Pai é a mais alta dignidade concedido aos homens. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">19. </b> Cristo não precisou se santificar, pois já era santo. Mas Ele precisou dedicar-se (santificar-se) à sua vocação, para que os discípulos tivessem, além do Seu exemplo, também Sua mensagem para proclamar, e o poder que derivou do Seu sacrifício, a fim de proclamá-la com resultados. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">20, 21. </b> A oração se estende incluindo aqueles que crerão por causa do testemunho desses homens (cons. 10:16; Atos 18:10). A fé é a condição necessária para desfrutar da vida de Deus e, conseqüentemente, para participar daquela unidade que se encontra em primeiro lugar na Divindade e depois no corpo de Cristo, a Igreja. A unidade é basicamente pessoal em nós, seu efeito será o de estimular a fé àqueles que estão no mundo (cons. 13:35). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">22. A glória. </b> Sem dúvida isto se refere à final posição celestial da Igreja, mas inclui também o privilégio de servir e sofrer, tal como a missão que o Pai concedeu ao Filho. Este privilégio ajuda a unir os santos quando exercido à luz de Cristo, nosso precursor por trás do véu. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">23. A fim de que sejam aperfeiçoados na unidade. </b> Isto tem de ser realizado, não por esforços humanos mas pela graciosa extensão da unidade da Divindade àqueles que pertencem a Cristo. Esta não é uma unidade mecânica. Seu cimento é o amor de Deus concedido aos homens, esse mesmo amor (é maravilhoso dizer) que o Pai tem ao Filho. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">24. A oração final. </b> <b class="calibre1">A minha vontade. </b> O espírito da Encarnação era, "Não a minha, mas a tua vontade". Jesus devia estar orando à luz da obra consumada, a qual Lhe dava o direito de se expressar desse modo. </p>
<p class="calibre2">Sua vontade, sem dúvida, não deve ser considerada como algo realmente independente da vontade de Deus. Esta oração foi feita com base nesta última. Participar do amor de Deus em Cristo só pode resultar conseqüentemente da participação da presença de Cristo – <b class="calibre1">onde eu </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">estou, estejam também comigo. </b> União leva à comunhão, uma comunhão do amor exposto num cenário de <b class="calibre1">glória</b> (cons. v. 5). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">25. Pai justo. </b> Ele é justo 1) ao excluir o mundo dessa glória, porque não conheceu e portanto não o ama, e assim não pode ter um lugar nessa união final, e 2) ao incluir aqueles que vieram a conhecê-lO, através do conhecimento que Cristo tem e transmite. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">26. </b> Transmitir o conhecimento de Deus significa transmitir amor, pois Deus é amor. Isto não é simplesmente um rótulo ou um atributo frio. </p>
<p class="calibre2">Cristo conheceu a realidade e o poder do amor do Pai por Ele e pediu-Lhe que Este alegrasse e aquecesse as vidas daqueles que eram Seus, com os quais a Sua vida estava agora tão intimamente ligada. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">IV. Os Sofrimentos e a Glória. 18:1 – 20:31. </b></p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">João 18 </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">A. A Traição. 18:1-14. </b></p>
<p class="calibre2">A narrativa de João enfatiza a firmeza de Jesus e Sua prontidão em ser levado, tornando inútil a traição de Judas de um lado e a tentativa de Pedro exibir sua lealdade doutro lado. Aqui está incluída a narrativa da prisão e da transferência de Jesus para a casa do sumo sacerdote. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">1. </b> Depois da oração, Jesus levou seus discípulos <b class="calibre1">para o outro lado </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">do ribeiro de Cedrom. </b> A palavra <b class="calibre1">ribeiro</b> indica uma corrente que mana no inverno. O destino era um jardim que ficava no lado oriental. Mateus e Marcos dão o nome de Getsêmani. João não diz nada sobre a agonia no jardim, embora mostre ter conhecimento da luta em oração que teve o jardim por cenário (cons. v. 11). Não sabemos porque omitiu este incidente. Talvez estivesse tentando destacar o elemento da confiança na atitude de Jesus, a qual já foi expressa na oração (17:4) e agora passa a ser demonstrada em sua paciência e atitudes. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">2. Muitas vezes</b> (Lc. 22:39). Talvez Jesus e Seu grupo costumasse passar a noite ali (Lc. 21:37). Por isso Judas sabia onde devia procurar o Senhor naquela noite. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">3. Judas também entrou com um grupo no jardim</b> mas que contraste! A <b class="calibre1">escolta</b> (gr. <i class="calibre3">speira</i>) indica um grupo de cerca de seiscentos homens, mas não quer dizer que estivessem todos presentes nesta ocasião. Estavam alojados no Castelo de Antônia, ao norte da área do templo (cons. Atos 21:31 e segs.) Ao que parece as autoridades judias tinham o direito de convocar esses soldados para ajudá-los em qualquer emergência que ameaçasse o interesse público. A cidade estava cheia de peregrinos que iam assistir a festa, muitos dos quais simpatizava com Jesus e poderiam causar problemas se estivessem por perto quando Ele fosse preso. <b class="calibre1">Guardas</b>. Era a guarda do templo que estava a serviço dos líderes judeus (cons. Atos 5:22). Levavam luzes para procurar sua presa e carregavam armas para derribar qualquer resistência que surgisse. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">4. Sabendo... todas as cousas. </b> Este é um forte traço joanino na apresentação de Cristo, e destaca-se especialmente em relação aos acontecimentos da Paixão (cons. 13:1, 3). Nada tomou nosso Senhor de surpresa. <b class="calibre1">Adiantou-se. </b> Cons. 18:1 e a muitas vezes repetida ênfase dada à saída do Filho, vindo do Pai para o mundo, mais relativa àquela ocasião, 16:28 por exemplo. <b class="calibre1">A quem buscais? </b> A pergunta serviu para pôr o grupo que se aproximava em defensiva momentânea, obrigando-o a declarar que seu único objetivo era Jesus. Isto tornou mais fácil pedir que os discípulos tivessem permissão de seguir o seu caminho. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">5. </b> Respondendo, <b class="calibre1">Jesus, o Nazareno, </b> a multidão indicou que não o reconhecia, por causa da obscuridade e a distância em que se encontravam. <b class="calibre1">Sou eu. </b> Literalmente, <b class="calibre1">Eu sou. </b> Esta afirmação pode indicar simples identificação, como em 9:9, ou pode também dar a entender o misterioso e majestoso nome do próprio Deus (8:58). Talvez ambos os elementos estivessem fundidos neste caso. <b class="calibre1">E Judas... estava também </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">com eles. </b> Finalmente Ele se encontrava em seu próprio elemento, misturando-se com os inimigos de Jesus. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">6. </b> Aqui não há nada de milagroso. O comportamento de Jesus, mais o fato de que avançou na direção deles em vez de procurar fugir, deixou Seus capturadores nervosos. Lembre-se de que alguns desses homens não foram capazes de agarrá-lO anteriormente (7:45, 46). Sem dúvida a majestade de seu último pronunciamento teve algo a ver com Sua reação também. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">7-9. </b> Quando a multidão confessou novamente que o seu objetivo era Jesus de Nazaré, Ele pôde logo pedir que os discípulos tivessem permissão de partir. A segurança física deles nessa ocasião pode ser considerada como uma prova de que a sua preservação espiritual estava assegurada (cons. 6:39; 17:12). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">10, 11. </b> A atitude de Pedro em recorrer ao uso da espada é compreensível à vista de sua declaração de lealdade em Jo. 13:37. A posse da espada explica-se pelo conselho de Cristo em Lc. 22:35-38. A espada era um símbolo dos dias de luta que estavam à frente, mas não era destinada ao uso literal. Eis aí o porquê da repreensão de Jesus. O fato de João mencionar o nome do servo e especificar a orelha é uma indicação de que foi testemunha ocular. Malco não era um dos oficiais mas um escravo pessoal do sumo sacerdote. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">12-14. Prenderam. </b> Com o próprio Jesus pedindo que não resistissem o grupo de soldados, levados por seu capitão (comandante) e auxiliados pelos oficiais judeus, prenderam Jesus e o <b class="calibre1">maniataram</b>. Não queriam se arriscar a qualquer deslize em seus planos. Os sinóticos falam de Jesus aparecendo diante de Caifás, mas nada dizem sobre Anás neste caso. <b class="calibre1">Primeiramente</b> chama a atenção do leitor para o material que agora está sendo acrescentado à narrativa dos sinóticos. Embora Caifás o genro de Anás, fosse o sumo sacerdote naquela ocasião, o próprio Anás estava longe de se conservar inativo. Além de Caifás, Anás tinha diversos filhos que o sucederam neste cargo, dando a esta família um monopólio do sumo sacerdócio por mais de meio século. Lucas é o único escritor que menciona Anás (Lc. 3:2; Atos 4:6). Fontes judias deram ao regime de Anás o rótulo de corrupto. A opinião de Caifás sobre Jesus já fora dada ao Sinédrio (11:49, 50). </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">B. Jesus Julgado diante dos Judeus. 18:15-27. </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">15. </b> Incitado por sua declaração de lealdade ao Mestre, na presença dos discípulos, Pedro seguiu Jesus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Outro discípulo. </b> Esta figura anônima pode ser o próprio João. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Conhecido do sumo sacerdote. </b> A palavra <b class="calibre1">conhecido</b> encontra-se outras vezes em Lc. 2:44; 23:49. Esta ligação que pode ser buscada, muito provavelmente, através de sua mãe e respectiva família, capacitou João de obter a admissão de Pedro no pátio interno. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">17. </b> A moça que trabalhava como porteira desafiou-o a se identificar, provavelmente deduzindo que Pedro tinha ligação com Jesus, pois sabia que João tinha, mas obteve uma negativa. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">18. </b> Agora Pedro deparou com os capturadores de Jesus, aquecendo-se diante de um fogo no pátio. João interrompe a história da negativa de Pedro a fim de contar o que estava acontecendo lá dentro onde Jesus estava sendo examinado. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">19, 20. Então, o sumo sacerdote interrogou Jesus. </b> Ao que parece é Anás. Não era um julgamento, pois o Sinédrio não fora convocado; antes era um interrogatório para se obter evidências a serem apresentadas a este organismo quando se reunisse horas depois. O interrogatório tocou nos <b class="calibre1">discípulos</b> e <b class="calibre1">doutrina</b> de Jesus. Não se sabe se Anás tinha em mente processar os discípulos. É mais provável que estivesse esperando obter uma confissão de que esses homens estavam sendo preparados para uma atividade revolucionária. Jesus ignorou a pergunta. No que dizia respeito aos Seus ensinamentos, negou ter dado instruções secretas que pudessem ser interpretadas como conspiração contra as autoridades. Ele ensinara <b class="calibre1">francamente</b>, em lugares públicos tais como as <b class="calibre1">sinagogas</b> e o <b class="calibre1">templo</b>. </p>
<p class="calibre2">Seus ensinamentos não eram subversivos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">21. Por que me interrogas? </b> Jesus deu a entender que o processo era ilegal. Não havia testemunhas. Ele estava sendo levado a implicar-se com o Seu testemunho. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">22. </b> Um dos <b class="calibre1">guardas</b> que estavam ali (outros ficaram no pátio) achou que a resposta era imprudente e esbofeteou Jesus para torná-lo mais dócil em sua atitude para com o sumo sacerdote. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">23, 24. </b> Quando Cristo apontou a injustiça envolvida, nem o criado nem Anás puderam justificar tal atitude. Não havia nada a fazer além de enviar o prisioneiro a Caifás. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">25-27. </b> A narrativa retorna a Pedro. Enquanto Cristo estava negando as insinuações apontadas contra Ele – e o fazia com justiça, Pedro negava o seu Senhor, pecando. As duas perguntas feitas a Pedro foram bastante diferentes. A primeira foi insinuante, como se esperassem que negasse o seu relacionamento com Jesus; enquanto que a segunda levou-o a se definir, a própria pergunta implicando em sua culpa. Foi reconhecido como aquele que empunhara a espada no jardim. O cantar do galo lembrou Pedro da predição do Senhor (13:38) e provou-lhe o seu pecado. "Cantar do galo" era o nome que se dava à terceira das quatro vigílias nas quais a noite era dividida. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">C. A Penosa Experiência Diante de Pilatos. 18:28 – 19:16. </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">28. </b> Nada se diz a respeito do que aconteceu na casa de Caifás. </p>
<p class="calibre2">Presume-se que os leitores estejam familiarizados com a tradição sinótica das deliberações tomadas no meio da noite e da sentença formal decretada pelo concilio de manhã cedo. O pretório (gr. <i class="calibre3">praitôrion</i>, uma tradução do latim, <i class="calibre3">praetorium</i>, o quartel-general do governador). Veja a discussão em 19:13. <b class="calibre1">Poderem comer a páscoa. </b> Os líderes judeus, para ficarem cerimonialmente limpos, não podiam entrar nos alojamentos dos pagãos. Estavam mais preocupados com a purificação ritual do que no cumprimento da justiça. Estavam sedentos de sangue. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">29, 30. </b> O Sinédrio não preparou uma acusação formal contra Jesus para apresentar a Pilatos. Esperavam que o governador aceitasse a sua palavra sem discutir a acusação de que este homem era um malfeitor. A resposta foi petulante. Os judeus não gostavam de Pilatos. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">31. Julgar-o segundo a vossa lei. </b> Pilatos ficou satisfeito em saber que a própria imprecisão da declaração dos líderes judeus indicava que o caso não lhe dizia respeito (cons. Atos 18:14). <b class="calibre1">A nós não nos é licito </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">matar ninguém. </b> Tudo o que os judeus queriam era um veredito de morte, que a autoridade do governador encobrisse suas próprias decisões contra Jesus. A perda do direito de infligir a pena de morte fazia os judeus tomarem consciência de que eram um povo subjugado. Havia exceções, como no caso de uma pessoa, mesmo um romano, que traspassava a barreira que separa o Pátio dos Gentios da parte interior da área do templo. A morte de Estêvão parece contradizer a declaração de João, mas deve ter se baseado no conhecimento que os judeus tinham de que o governador não interferiria no caso. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">32. </b> Jesus predisse que morreria por crucificação, um método romano de castigo, enquanto que os judeus usavam pedras (cons. Mt. 20:19). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">33. </b> Então Pilatos tomou o caso em suas próprias mãos, interrogando Jesus no Pretório. Parece que João supõe que seus leitores conhecem as narrativas dos Sinóticos, as quais incluem uma acusação dos judeus contra Jesus dizendo que Ele se declarara o rei da nação. Pilatos foi obrigado a examinar esse assunto com base em possível intentona revolucionária. <b class="calibre1">És tu o Rei dos judeus? </b> O pronome <b class="calibre1">tu</b> é enfático, como se Pilatos estivesse surpreso que a aparência e atitude de Jesus tão pouco se adaptasse às pretensões de um rei. O prisioneiro parecia inofensivo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">34. </b> Antes de responder a pergunta, Jesus precisava saber se ela vinha do próprio Pilatos na qualidade de um oficial romano ou se fora simplesmente passada adiante como um boato. Talvez o sumo sacerdote tivesse discutido o caso com Pilatos quando este solicitou os soldados romanos para ajudá-lo a prender Jesus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">35. </b> Pilatos, não querendo ser apanhando numa confissão de que tinha algo a ver com a situação, jogou a responsabilidade sobre os judeus. <b class="calibre1">A tua própria gente. </b> Dificilmente Pilatos poderia ter sentido o fato sugerido por suas palavras (cons. 1:11). </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">36. O meu reino não é deste mundo. </b> "Ele não disse que este mundo não está na esfera de Sua autoridade, mas que a Sua autoridade não tem origem humana" (Hoskyns). Ele não era uma ameaça à autoridade romana. No Seu reino não havia lugar para o uso da força. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">37. </b> Pilatos ficou perplexo. Aí estava um homem que tinha falado no seu reino três vezes em rápida sucessão, mas não tinha nenhum sinal externo de realeza. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Logo tu és rei? </b> Pilatos dificilmente creria que alguém pudesse tomar por rei a figura que estava diante dele. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Tu dizes que sou rei. </b> Jesus hesitava em afirmar que era rei, para que Pilatos não entendesse mal a natureza do seu reino, o qual Ele agora explicou em termos de <b class="calibre1">verdade</b>. Cristo viera para testemunhar dele. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Ouve a minha voz</b> (cons. 10:3, 16). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">38. </b> Pilatos viu que Jesus não se interessava em política ou negócios de estado e estava longe de ter um espírito belicoso, por isso encerrou a entrevista, comentando um tanto desdenhoso, ao que parece, <b class="calibre1">Que é a </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">verdade? </b> Ele não era filósofo nem um homem religioso, mas um homem de ação. Satisfeito em ver que o prisioneiro não apresentava perigo a Roma, informou disso os judeus que esperavam do lado de fora. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Não acho nele crime algum. </b> Ele não se referia à ausência de pecado, mas à inocência diante das coisas pelas quais os judeus o acusavam. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">39. </b> Sentindo a tenacidade dos líderes em seu desejo de obter uma condenação, Pilatos pensou ter achado um meio de contornar a situação e preservar a justiça soltando o prisioneiro. Era costume por ocasião da Páscoa o governador agradar a multidão soltando um prisioneiro escolhido por eles. Pilatos pensava que, sendo Jesus muito popular, o povo, que já se ajuntara a esta altura para o seu pedido anual, pediria a sua libertação. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">40. </b> Novamente João pressupõe um conhecimento da narrativa dos Sinóticos, referindo-se a <b class="calibre1">Barrabás</b>. <b class="calibre1">Salteador</b>. Bandido (cons. At. 3:14). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">João 19 </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">19:1-3. </b> O prisioneiro foi açoitado a mando de Pilatos. Esse foi o segundo expediente do governador, tendo falhado a primeira tentativa de garantir a libertação por causa da preferência a Barrabás. Pilatos pensou que os judeus ficariam satisfeitos se Jesus fosse humilhado sofrendo dessa maneira. O Senhor predisse este tratamento (Mt. 20:19). Veja também Is. 53:3. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Uma coroa de espinhos. </b> Foi zombaria da parte dos soldados, por causa da alegada realeza de Jesus. Há quem pense que esta coroa fosse feita das pontudas folhas da tamareira, relacionando-a assim com as palmeiras quando Jesus entrou em Jerusalém. Considerando que a palmeira era um símbolo das esperanças de independência dos judeus até os dias dos Macabeus, esta atitude dos soldados teria sido a rude resposta de Roma aos judeus como um todo. Do ponto de vista bíblico pode-se dizer que os espinhos expressam a maldição do pecado (Gn. 3:17, 18), que Cristo estava suportando pela raça humana. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Um manto de púrpura. </b> Muitas vezes associado à realeza. Assim vestido, Jesus tornou-se um objeto de divertimento e abuso dos soldados. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">4, 5. Outra vez saiu Pilatos. </b> Ele pretendia preparar o caminho para a apresentação de Jesus por meio de um pronunciamento grandioso. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Eis que vo-lo apresento. </b> Isto concordava com o espírito de zombaria dos soldados. Ele, o governador romano, apresentaria Aquele que se dizia ser um rei, mas que agora certamente não podia ser confundido com um rei. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Eis o homem! </b> Não sabemos o que Pilatos pretendia dizer com isso. </p>
<p class="calibre2">Alguns vêem na situação um desejo de despertar a piedade nos corações dos judeus. Mas o cenário dá mais a impressão de zombaria. <b class="calibre1">Homem</b> pode significar apenas "criatura miserável". De qualquer maneira, as palavras de Pilatos, <b class="calibre1">não acho nele crime algum, </b> tem um estranho toque. </p>
<p class="calibre2">Se o prisioneiro era inocente, por que foi chicoteado? <b class="calibre1">6. </b> A resposta dos <b class="calibre1">principais sacerdotes</b> foi uma recusa ressoante a ser satisfeita com castigo doloroso e humilhante. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">Crucifica-o, crucifica-o. </b> A resposta de Pilatos, <b class="calibre1">Tomai-o vós, </b> enfatiza o <b class="calibre1">vós</b>. Em outras palavras, "Se é preciso que haja alguma crucificação, vocês terão de fazê-la". Pilatos estava fugindo de associar-se ao desejo dos judeus, mas não estava seriamente dando permissão para condenarem Jesus à morte. Essa foi a terceira vez que o governador declarou-se incapaz de encontrar qualquer <b class="calibre1">crime</b> ( <i class="calibre3">aitia</i>) em Jesus. A palavra foi usada no sentido legal com base na queixa apresentada. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">7. </b> Pilatos firmava-se na lei romana. Os judeus apresentaram algo mais em oposição. <b class="calibre1">Temos uma lei. </b> A ênfase recai sobre o <b class="calibre1">nós. </b> Nossa lei exige a morte do prisioneiro, <b class="calibre1">porque a si mesmo se fez Filho de Deus. </b> A passagem característica por trás da declaração é Lv. 24:16. Jesus foi acusado de blasfêmia durante o seu ministério (Jo. 5:18) e no final do mesmo (Mc. 14:62-64). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">8. Mais atemorizado. </b> O temor anterior de Pilatos foi devido à irritada persistência dos acusadores de Jesus, que não podiam ser contrariados. Talvez João esteja considerando que seus leitores já sabem a respeito do sonho da esposa de Pilatos (Mt. 27:19). O temor do governador era devido ao fato de que desconfiava estar lidando com alguém que, sob um certo aspecto, era sobrenatural – um filho dos deuses. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">9. </b> Pilatos começou a achar que este caso era mais complicado do que pensara a principio. Por isso introduziu o prisioneiro na sala das audiências para uma outra entrevista. <b class="calibre1">Donde és tu? </b> Tinha em vista origem e natureza, não residência. <b class="calibre1">Não lhe deu resposta. </b> A incapacidade espiritual de Pilatos (cons. 18:38) tornava inútil qualquer resposta. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">10. </b> O silêncio do prisioneiro perturbou o governador. Talvez pensasse que assegurando-lhe a sua autoridade e explicando que tinha o direito sobre a vida e a morte pudesse fazer Jesus falar. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">11. </b> O expediente só teve sucesso parcial. Jesus falou, mas apenas para lembrar a Pilatos suas limitações. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Autoridade</b>. Cristo devia estar declarando a verdade evidente do controle divino sobre o estado (Rm. 13:1 e segs.) mas a ênfase foi dada à situação imediata. Pilatos não podia fazer nada além de executar a vontade de Deus neste caso. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Quem me entregou. </b> Dificilmente a referência foi a Judas. <b class="calibre1">Maior </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">pecado, </b> isto é, maior do que o pecado de Pilatos. "O pecado de Caifás foi maior porque a autoridade de Pilatos vinha de Deus; e era obrigação de Caifás saber e ensinar, além de fazer a vontade de Deus. Mas ele, o representante oficial de Israel, o Povo de Deus, recorrera a este pagão, que tinha certa autoridade concedida por Deus, para que fosse empregado o poder conferido por Deus para a execução da justiça a fim de que a injustiça fosse perpetrada" (William Temple, <i class="calibre3">Readings in St. John's Gospel</i>). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">12. </b> Como resultado dessa troca de palavras, Pilatos renovou seus esforços para soltar seu prisioneiro, levado pelo temor dessa pessoa estranha que estava diante dele e também pela convicção de que não era merecedor da morte. Os judeus, sentindo que o governador tomara nova resolução, usaram de argumento culminante. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Não és amigo de César. </b> O imperador reinante era Tibério, diante de quem Pilatos era responsável. Eis aí uma ameaça de levar o caso à corte imperial. César não daria pouca importância a uma situação na qual alguém era conhecido como rei sem o consentimento romano. Teria considerado o caso como traição e poderia até acusar Pilatos de falta de cumprimento do dever. Sem dúvida o governador temia que, se houvesse uma queixa quanto a sua maneira de lidar com o caso, outras irregularidades de sua administração viriam à luz. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">13. </b> Chegou a hora da decisão. Pilatos... sentou-se no tribunal. Tinha agora de dar o seu veredito. Devido às escavações de Pére Vincent, o <i class="calibre3">Litostrotos</i> ( <i class="calibre3">Lithostrôton</i>) já foi quase identificado como sendo a grande área pavimentada que fazia parte do Castelo de Antônia, ao noroeste da área do templo. Gábata significa provavelmente "terreno elevado". </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">14. Era a parasceve pascal. </b> "A hora do duplo sacrifício aproximava-se. Era meio-dia. Os cordeiros pascais estavam sendo preparados para o sacrifício, e o Cordeiro de Deus também foi sentenciado à morte" (Hoskyns). <b class="calibre1">Eis aqui o vosso Rei! </b> O que fosse que levou Pilatos a fazer esta apresentação final (provavelmente uma zombaria dirigida aos judeus – tal rei, tal povo!), foi providencialmente usado para arrancar dos lábios dos judeus um repúdio completo de sua esperança messiânica – <b class="calibre1">Não temos rei, senão o César. </b> Se a linguagem humana significa algo, a própria soberania de Deus sobre a nação foi repudiada. Quem era culpado de blasfêmia agora? <b class="calibre1">16. O entregou. </b> O verbo é o mesmo do versículo 11. Os judeus podiam agora ver sua vontade realizada. Jesus ia ser crucificado. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">D. A Crucificação e o Sepultamento. 19:17-42. </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">17. Carregando sua cruz. </b> Todos os Sinóticos declaram que Simão Cireneu foi obrigado a levar a cruz. Só João declara que Jesus teve de carregá-la. A narrativa de Lucas dá lugar para os dois. Jesus começou, mas não agüentou carregá-la o caminho todo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Calvário</b>. Provavelmente recebeu o nome por causa de sua aparência; portanto uma colina arredondada. O equivalente latino é Calvário (Lc. 23:33). Devia ficar fora da cidade (Hb. 13:12). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">18. Jesus no meio. </b> Seu lugar era de importância central, mesmo na morte. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">19. </b> Sua posição fica explicada pelo <b class="calibre1">título</b> afixado sobre a cabeça do crucificado. Mateus e Marcos usam a palavra <i class="calibre3">aitia</i>, que João emprega três vezes, na sua narrativa do julgamento, com o sentido de "acusação". </p>
<p class="calibre2">Pilatos não encontrou em Jesus <i class="calibre3">aitia</i> que autorizasse sua morte, mas agora fez o mundo saber que ali estava – o rei de Israel, como se envolvesse com isso a nação em provocação a Roma, merecendo assim esta áspera reprovação. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">20-22. </b> A própria publicidade dada ao título (em três línguas) como também a implicação por trás dele, enfureceu os judeus, de modo que os principais dos sacerdotes pediam que o título fosse mudado de fato para pretensão. Pilatos recusou-se a fazê-lo, demonstrando uma irredutibilidade agudamente contrastante com a sua fraqueza durante o julgamento. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">23, 24. </b> Quatro soldados participaram do crucificação (cons. Atos 12:4). Apossaram-se das roupas de Jesus por despojo, dividindo-as entre si. Sandálias, turbante, roupas externas ( <i class="calibre3">himation</i>), e cinturão foram igualmente divididos, deixando a capa ou <b class="calibre1">túnica</b> ( <i class="calibre3">chitôn</i>) que era mais valiosa, para ser disputada por meio de sortes. Josefo descreve a veste do sumo sacerdote em linguagem semelhante à que foi usada aqui (Antig. </p>
<p class="calibre2">III, 161). Já se sugeriu que aos olhos de João, esta túnica sem costura simbolizava o poder unificante da morte de Cristo assegurando um só rebanho. Inconscientemente os soldados cumpriram as Escrituras por meio de suas atitudes (Sl. 22:18). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">25-27. </b> Três mulheres, todas chamadas Maria, tomaram lugar perto da cruz, cheias de tristeza contemplando aquele que lhes era tão querido. </p>
<p class="calibre2">O texto grego, entretanto, é mais favorável à menção de quatro, a irmã da mãe (Salomé, mãe de João), notada mas não mencionada nominalmente. Se foi assim, essas quatro devem ter apresentado uma espécie de contraste com os soldados romanos. Solícito por sua mãe, Jesus entregou-a aos cuidados do "discípulo amado". Seus irmãos não eram crentes nessa ocasião. A unidade da Igreja, que o Senhor estava criando, seria mais espiritual que natural (cons. Mt. 12:50). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Tomou para casa. </b> Se João tinha casa em Jerusalém, explica-se melhor seu relacionamento com o sumo sacerdote (18:16). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">28. Tenho sede. </b> A necessidade física do sofredor manifestava-se, única indicação externa que Ele permitiu escapar de seus lábios. Mesmo assim Ele declarou mais um fato que enunciou um pedido. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">30. Vinagre. </b> A bebida reanimou as forças de Jesus, capacitando-o a dizer (com voz forte, segundo os outros Evangelhos), <b class="calibre1">Está consumado. </b> A mesma palavra ( <i class="calibre3">tetelestai</i>) já foi usada no versículo 28, traduzida para "terminadas". A ênfase aqui não foi colocada sobre o final dos sofrimentos mas sobre a consumação da missão redentora. <b class="calibre1">Rendeu o </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">espírito</b> (a Deus). </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">31. No sábado. </b> Restou pouco tempo antes do pôr-do-sol e a chegada do outro dia. Fosse qual fosse o dia, a Lei exigia que as vítimas fossem retiradas da cruz no dia da morte (Dt. 21:22, 23). Ignorar essa Lei na Páscoa teria sido uma violação especialmente abominável do sábado. </p>
<p class="calibre2">Quebrar as pernas apressava a morte. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">33, 34. </b> O soldado, descobrindo que a morte lhe roubara o prazer de quebrar as pernas de Jesus, enfiou-lhe a lança num dos lados. <b class="calibre1">Sangue e </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">água. </b> É um acontecimento bastante crível no período imediatamente subseqüente à morte. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">33. </b> João atribui importância singular a este incidente, pois solenemente dá registro do mesmo. A morte do Salvador foi um fluxo doador de vida: sangue para purificação do pecado e água para representação da vida nova no Espírito (cons. I Jo. 5:6-8). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">36, 37. </b> Esses aspectos da morte de Cristo também serviram para cumprir as Escrituras (Sl. 34: 20; Zac, 12:10). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">38-40. </b> Na hora da morte de Jesus dois discípulos secretos encontraram a coragem que não possuíram antes. José obteve permissão de Pilatos para retirar o corpo da cruz; então veio Nicodemos providenciar os lençóis e aromas a fim de preparar o corpo para o sepultamento. Para mais informações sobre José, veja Mc. 15:43. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">41. </b> O sepulcro pertencia a José (Mt. 27: 60). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">42. </b> Os preparativos para o sepultamento foram apressados porque o dia estava a terminar. Felizmente, o lugar ficava perto do lugar da crucificação. Preparativos mais completos do corpo poderiam ser feitos depois do sábado. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">João 20 </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">E. Aparecimentos Depois da Ressurreição. 20:1-29. </b></p>
<p class="calibre2">O descanso em Jerusalém é envolvido no silêncio. O corpo de Cristo está na quietude da sepultura. Mas o "convinha" de Mt. 16:21 inclui a ressurreição além do sofrimento e morte. O teste supremo das proclamações de Jesus de Nazaré estava por acontecer. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">1. No primeiro dia da semana. </b> O dia depois do sábado, ou o terceiro dia a partir da crucificação de Cristo, de acordo com o método que os judeus usavam, cálculo inclusivo. A ressurreição de Jesus nesse dia determinou o dia cristão para adoração (Atos 20:7). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Maria Madalena. </b> Era bem sabido que diversas mulheres foram cedo à sepultura, mas João concentra sua narrativa em Maria somente. A presença de outros fica subentendida pelo "não sabemos" do versículo 2. </p>
<p class="calibre2">Era propósito das mulheres ungir o corpo de Jesus de maneira permanente (Mt. 16:1). <b class="calibre1">A pedra estava removida. </b> Com a pedra no lugar, Maria teria tido o problema de entrar na sepultura; com a pedra removida, teve um problema de natureza diferente. Em sua mente, a situação piorou. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">2. </b> Maria pensou nos discípulos líderes – Simão Pedro e o "discípulo amado" e correu para lhes levar a notícia. É interessante que aos olhos de Maria, Pedro continuou sendo o líder do grupo, apesar de sua negativa. </p>
<p class="calibre2">João, até certo ponto responsável pelo fracasso de Pedro (18:16), foi à procura dele para confortá-lo. A notícia de Maria sobre a sepultura aberta criou nos dois discípulos o mesmo temor que se apossara do coração dela - alguém levara o corpo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">3, 4. </b> A preocupação levou os dois discípulos a correr, deixando Maria para trás. A mesma preocupação levou João a correr rapidamente à frente de Pedro, apesar de ambos terem partido à mesma hora. João devia ser o mais jovem. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">5. Abaixando-se. </b> O pensamento seria melhor representado pela nossa palavra "perscrutando". Reprimido pelo espanto e pela timidez, João examinou a sepultura mas não entrou. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">6, 7. </b> Com sua característica ousada, Pedro não parou na entrada para olhar, mas entrou, e pôde por isso ver melhor do que João a disposição das vestes no sepulcro. Observou que não estavam todas amontoadas, mas que o lenço que estivera na cabeça estava bem dobrado e colocado num lugar ao lado. Se o corpo fosse removido, seria estranho terem deixado os lençóis, e mais estranho ainda que o lenço estivesse tão cuidadosamente arrumado. <b class="calibre1">Estivera sobre a cabeça. </b> Este verbo se usou com referência ao ato do enrolamento das vestes funerais à volta do corpo de Jesus antes do sepultamento (Mt. 27:59; Lc. 23:53). Talvez signifique que a cabeça passou através do lenço, deixando-o em seu formato circular, ou que Jesus deliberadamente o dobrou antes de deixar a sepultura. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">8. </b> Encorajado pela entrada de Pedro, João juntou-se-lhe, observou a cena e <b class="calibre1">creu</b> que o Senhor ressuscitara. Não se diz o mesmo de Pedro. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">9. </b> Os discípulos não receberam instruções de Cristo relacionando sua ressurreição com passagens do V.T. (Lc. 24:46). Jesus predisse a sua ressurreição, mas eles não a entenderam literalmente (Mc. 9:10). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">10. Para casa. </b> A expressão é literalmente, <i class="calibre3">para eles mesmos</i>, significando que eles retomaram aos seus alojamentos e à sua gente. </p>
<p class="calibre2">Maria (cons. 19:27) ficou logo sabendo que a sepultura estava vazia. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">11. </b> Maria Madalena permaneceu no lugar, esperando encontrar alguma pista sobre onde Jesus se encontrava, lutando com sua dupla tristeza - a morte e o desaparecimento de Seu corpo sagrado. <b class="calibre1">Abaixou-se</b> (cons. v. 5). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">12. </b> Ela viu algo que os dois discípulos não viram – <b class="calibre1">dois anjos. </b> Essa foi a experiência das outras mulheres também (Lc. 24:22, 23). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">13. </b> Normalmente a visão de anjos provocaria um sentimento emocionante, mas Maria estava por demais tomada de tristeza para sentir qualquer coisa. Ela se afastou antes de receber qualquer informação deles sobre a ressurreição de Jesus (cons. Mc. 16:6). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">14, 15. </b> Do mesmo modo não se sentiu interessada na outra forma que assomou diante dela quando se voltou na direção do jardim. Sua única preocupação era insistir na busca do corpo, e havia uma possibilidade deste homem ser o jardineiro e tê-lo removido para outro lugar. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">16. </b> Eletrificada ao ouvir seu nome pronunciado com a familiar voz de Jesus, ela explodiu, <b class="calibre1">Raboni</b> (Mestre ou Senhor). Originalmente a palavra significa <i class="calibre3">Meu Magnífico</i>, mas passou a ser usado sem a força do possessivo. Não é muito surpreendente que Maria reconhecesse a voz de Jesus quando Ele a chamou, mas não quando a interrogou pela primeira vez. Até mesmo o familiar pode nos parecer estranho quando o encontramos inesperadamente. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">17. Não me detenhas. </b> O grego exige uma outra tradução: <i class="calibre3">Deixe de me segurar</i>. Parece que o primeiro impulso de Maria, na sua alegria arrebatada, foi o de agarrar a sagrada forma. Jesus não repreendeu as outras mulheres por se apegarem aos Seus pés (Mt. 28:9), pois era uma atitude de adoração; nem se esquivou de convidar Tomé a tocá-lO (Jo. </p>
<p class="calibre2">20:27). Mas Maria precisava aprender que o Senhor não estava mais com ela com base no antigo relacionamento. Ele já estava glorificado. Ele pertencia agora ao reino celeste, ainda que quisesse ficar um pouco mais para se encontrar com Seus amigos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Ainda não subi. </b> A implicação era que Maria poderia tocar em Jesus de alguma forma depois da Ascensão, isto é, ela poderia tocá-lO pela fé na bendita vida do Espírito. A intimidade desse novo relacionamento evidenciou-se pelo fato de se referir aos Seus seguidores chamando-os de <b class="calibre1">irmãos</b> (cons. a antecipação disto em Mt. 12:49). </p>
<p class="calibre2">Mesmo na intimidade da nova ordem, entretanto, Cristo manteve seu próprio relacionamento especial a Deus Pai. <b class="calibre1">Meu Pai</b> é a linguagem da divindade; <b class="calibre1">meu Deus</b> é a linguagem da humanidade. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">18. </b> O sentido da utilidade, de cumprir a ordem de Jesus para ir aos discípulos, aliviou qualquer sentimento de mágoa que Maria poderia ter experimentado diante da repreensão que recebeu. Sua tarefa foi uma miniatura da que a Igreja recebeu como um todo – ir e contar que Jesus ressuscitou. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">19. </b> Os discípulos, tendo recebido a mensagem de Maria, tiveram agora sua primeira oportunidade, como um grupo, de ver Jesus em seu estado ressuscitado. Era a tarde do dia da ressurreição. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Com medo dos judeus. </b> Era natural à vista de sua fuga no jardim, da inquirição de Anás a respeito deles (18:19), e diante da expectativa criada pelo ensinamento de Jesus que se sofresse, eles também deviam esperar o sofrimento (Mt. 16:24; Jo. 15:20). A implicação de que Jesus passou pelas portas fechadas está clara. Ele tinha o poder de desmaterializar o Seu corpo. <b class="calibre1">Paz seja convosco</b> (cons. 14:27; 16:33). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">20. </b> A palavra de paz aliviou o temor. Agora estava na hora de se identificar. <b class="calibre1">Lhes mostrou as suas mãos e o lado. </b> De acordo com Lucas, houve necessidade de uma demonstração ainda mais viva para despertar a convicção (Lc. 24:37- 43). <b class="calibre1">Alegraram-se, portanto, os discípulos. </b> (cons. 16:22). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">21. </b> A primeira <b class="calibre1">paz</b> (v, 19) foi para aquietar seus corações; a segunda foi para prepará-los para uma nova declaração de sua missão (cons. 17:18). Nada mudara no plano do Mestre para eles. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">22. Soprou sobre eles. </b> Isto faz lembrar a criação do homem (Gn. 2:7), como anunciando a nova criação, resultando não tanto da inspiração do hálito de Deus como da recepção do Espírito Santo (cons. 7:39). Isto não exclui nenhuma relação como Espírito nos primeiros dias do discipulado, como também não exclui a vinda do Espírito sobre eles no Pentecostes. Aqui o Espírito foi o equipamento necessário para a tarefa que estava à frente deles, conforme veremos a seguir. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">23. </b> Cristo deu autoridade aos apóstolos e possivelmente a outros (cons. Lc. 24:33 e segs.) para perdoarem e reterem os pecados dos homens. "Ou... os discípulos deviam possuir uma visão infalível do coração do homem (como em certos casos foi concedido a um apóstolo, cons. Atos 5:3), ou a remissão que eles proclamavam tinha de ser <i class="calibre3">condicionalmente</i> proclamada. Ninguém pode defender a primeira alternativa. Segue-se, portanto, que nosso Senhor aqui confia aos Seus discípulos, à Sua Igreja, o direito de autoridade de declarar, em Seu nome, que há perdão para o pecado do homem, e sobre que condições o pecado será perdoado" (Milligan e Moulton, <i class="calibre3">Commentary on John</i>). Esta cena envolve a morte de Cristo (suas feridas foram apresentadas), Sua ressurreição (declarada por Sua presença viva), a resultante missão de ir e dar testemunho, o equipamento para esta tarefa, e a mensagem propriamente dita, centralizando-se no perdão dos pecados. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">24, 25. </b> João conta a ausência de Tomé mas não a explica. </p>
<p class="calibre2">Considerando que Jesus não repreendeu Tomé por causa da perda de interesse no seu discipulado, também não podemos fazê-lo. Talvez ele preferisse ficar sozinho na sua tristeza por causa da morte do Salvador. A narrativa dos outros dizendo que estiveram com Jesus enfatizava que viram as mãos e o lado feridos do Salvador. Além de querer vê-los, Tomé exigiu tacá-los como condição para crer que Jesus estava vivo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">26. </b> Uma semana mais tarde, nas mesmas condições, inclusive as portas fechadas, Jesus veio uma segunda vez e com a mesma saudação de <b class="calibre1">Paz</b>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">27. </b> Através de sua linguagem o Senhor revelou que Ele sabia o que Tomé tinha declarado. Portanto Ele devia estar vivo quando o duvidante apóstolo disse essas palavras sobre as <b class="calibre1">mãos</b> e o <b class="calibre1">lado</b>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">28. </b> Tendo suas dúvidas completamente removidas, Tomé mostrou-se à altura de uma grandiosa declaração de fé diante do desafio de Jesus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Senhor meu, e Deus meu! </b> Ele sabia que se encontrava na presença da divindade. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">29. Porque me viste. </b> Nada indica que Tomé tocou no Salvador. A visão foi suficiente. Mas o que dizer das multidões que não teriam a oportunidade dessa visão? Uma bênção foi pronunciada sobre aqueles que se aventuraram a crer (cons. I Pe. 1:8). </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">F. O Propósito deste Evangelho. 20:30, 31. </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">30, 31. </b> Os sinais que abundam na narrativa de João chegaram ao clímax no maior de todos eles, a Ressurreição. Para que o leitor não pense de modo diferente, o escritor apressa-se a observar que os sinais foram <b class="calibre1">muitos</b>. Só alguns poucos foram incluídos neste livro. Mas o escritor espera que estes capacitem o leitor a crer que Jesus é o Cristo (o objeto da expectativa judia, baseada na profecia do V.T., quando essa expectativa não é pervertida por falsos aspectos do messiado) e o Filho de Deus, revelando o Pai através de palavras e obras e culminando na obediência à vontade do Pai até à morte. <b class="calibre1">Creiais</b> inclui as idéias do ato inicial da fé, como também da fé progressiva. <b class="calibre1">Vida em seu nome, </b> isto é, em união com a Sua pessoa. </p>
<p class="calibre2">Uma vez que esta parece ser a conclusão natural do Evangelho, alguns mestres concluíram que o capítulo seguinte foi acrescentado mais tarde, ou por João ou por outra pessoa. Mas nada há que exija a aceitação de tal ponto de vista sobre o capítulo final. Ele está cheio de sugestões sobre como a contínua presença do Senhor e Seu poder capacitaram a Igreja a cumprir seu ministério no mundo. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">João 21 </b></p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">VI. Epílogo. 21:1-25. </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1"> </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">1. </b> O cenário dos aparecimentos após a Ressurreição muda de Jerusalém para a Galiléia. <b class="calibre1">O mar de Tiberíades. </b> outra designação para o Mar da Galiléia (cons. 6:1). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">2. Juntos. </b> Refere-se, não à ocupação comum deles, mas ao discipulado e à sua experiência de ver Jesus ressuscitado dos mortos. </p>
<p class="calibre2">Pedro e João destacam-se no incidente a ser narrado. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">3. Vou pescar. </b> Pedro não suportava ficar inativo. À vista do seu barco e das águas do seu amado mar, e talvez a necessidade de manter corpo e alma despertos, ditou esse súbito pronunciamento. É arriscado pensar que Pedro fosse voltar à pesca como ocupação permanente. </p>
<p class="calibre2">Falando-se a verdade, o infinitivo do verbo "pescar" está no tempo presente, o que sugere ação prolongada. Mas isto é contrabalançado pelo verbo <b class="calibre1">vou</b> que sugere uma expedição e não uma carreira. Além disso, a aquiescência dos outros discípulos esclarece que eles compreenderam que o propósito de Pedro era temporário. À vista dos aparecimentos do Senhor (cons. 20:21-23), é inaceitável que eles estivessem voltando à pesca como ocupação definitiva. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Nada apanharam. </b> Isto foi providencial, preparando o caminho para a intervenção de Cristo. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">4,5. </b> De pé na praia, Jesus falou mas não foi reconhecido. <b class="calibre1">Filhos</b> pode-se traduzir por <i class="calibre3">rapazes</i>, sem prejudicar o sentido da palavra. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Tendes aí alguma cousa de comer? </b> A forma da pergunta encerra a suspeita de que não tinham. <b class="calibre1">Coisa de comer. </b> Algo que se come com pão, mas também com sentido de peixe. <b class="calibre1">Não</b>. Dói a um pescador admitir que nada apanhou. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">6. Lançai a rede à direita do barco. </b> A posição do barco permaneceu a mesma, o equipamento de pesca foi o mesmo, os homens eram os mesmos, com a mestria habilidade; mas agora suas redes vazias se encheram; tudo por causa da palavra de Cristo (veja Jo. 15:5). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">7. </b> O milagre despertou rapidamente a percepção do "discípulo amado" de que o estranho devia ser Jesus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">É o Senhor. </b> A mente de Pedro devia ter rapidamente retrocedido a uma outra ocasião nesse mesmo lago quando sob a palavra de Jesus ele jogou a rede e apanhou uma grande quantidade de peixe (Lc. 5:1-11). A ansiedade de Pedro em ver Jesus pessoalmente dá a entender que ele não tinha consciência de estar fora da vontade de Deus em ter ido pescar. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Veste</b>. Seria impróprio saudar o Senhor sem estar devidamente vestido. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">8. </b> Os outros discípulos seguiram-no com o barco. <b class="calibre1">Duzentos </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">côvados. </b> Cerca de 92 metros. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">9. </b> Os discípulos de Jesus iam ser lembrados de que aquele que garante sucesso no trabalho cristão também é suficiente para suprir as necessidades diárias dos seus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Peixe</b>. Um só peixe. <b class="calibre1">Pão</b>. Um só filão. Jesus providenciaria para que fosse suficiente, como já fizera antes com os pães e peixes no caso da multidão. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">10. Trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar. </b> O propósito não era aumentar o que já estava preparado. Não há indicação de que os peixes fossem preparados, cozidos e comidos. Cristo queria que os homens desfrutassem de toda a alegria do seu trabalho. </p>
<p class="calibre2">Generosamente Ele disse "que agora apanhastes", apesar da incapacidade deles sem a ajuda Sua. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">11. </b> Os peixes foram contados como de costume. Seu número simplesmente indica a grandeza da pesca. Se há algum simbolismo relacionado com a rede que não se rompeu, é que aqueles que são evangelizados através do trabalho orientado por Cristo não se perderão, mas serão preservados até alcançarem a praia celestial. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">12. Comei. </b> A palavra se aplica especialmente ao desjejum, embora às vezes fosse usado para com outras refeições. Foi uma ocasião solene, com os discípulos sentindo um respeito renovado na presença do Senhor. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">14. Terceira vez. </b> Outros dois aparecimentos aos discípulos em grupo foram narrados no capítulo anterior. O restante dos acontecimentos desta aparição relaciona-se quase que exclusivamente com Pedro e João, embora os outros aproveitassem dos seus ensinamentos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">15. </b> Esta cena tem sido às vezes intitulada "A Restauração de Pedro", mas isso pode levar a uma má interpretação. Pedro já fora restaurado no sentido de receber o perdão (Lc. 24:34). Mas a liderança de um discípulo desviado dificilmente seria aceita no futuro, quer pelo próprio Pedro ou seus irmãos, se Cristo não o indicasse explicitamente. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Amas-me? </b> Mais importante do que o amor aos homens está o amor a Cristo. <b class="calibre1">Mais do que estes. </b> Alguns entendem <b class="calibre1">estes</b> como se referindo aos instrumentos da pesca. Se fosse assim, Pedro teria respondido sem nenhuma evasiva, sem usar uma outra palavra para <b class="calibre1">amor</b>, diferente da que Jesus usou. O próprio fato de que Jesus experimentou o amor de Pedro na presença dos seus irmãos dá a idéia de que os outros estavam envolvidos. Pedro se vangloriara que permaneceria leal mesmo se os outros não permanecessem (Mc. 14:29). <b class="calibre1">Apascenta os meus cordeiros. </b> Cristo não deseja confiar Seus pequeninos a alguém que não o ama. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">16. </b> A segunda série de pergunta e resposta deu lugar a uma missão um tanto diferente, pelo menos verbalmente. <b class="calibre1">Pastoreia as minhas </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">ovelhas</b> é literalmente <i class="calibre3">Seja o pastor</i> (ou <i class="calibre3">tome conta</i>) <i class="calibre3">das minhas ovelhas</i>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">17. </b> A tristeza de Pedro pode ser devida a duas coisas. Primeiro, a pergunta três vezes repetida poderia fazê-lo pensar na sua tripla negação. </p><p class="calibre2">Segundo, Jesus deixou de usar uma palavra indicando amor ( <i class="calibre3">agapao</i>) e usou aquela que Pedro usou ( <i class="calibre3">fileo</i>) indicando esta uma afeição cálida mas talvez considerada inferior à primeira, Essa distinção, entretanto, neutraliza-se pelo fato de que em outras passagens de João a segunda palavra foi usada com sentido muito elevado (5:20 por exemplo). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Minhas ovelhas</b> (cons. 10:14, 27). Elas são preciosas ao Senhor; deu a sua vida por elas. Pedro precisava amar para assumir seu ofício pastoral. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">18. </b> A aceitação dessa comissão teria alto custo o começo da vida de Pedro foi uma vida de liberdade. Um dia essa liberdade desapareceria, mas só quando Pedro fosse velho. A profecia lhe assegurou anos de serviço. <b class="calibre1">Estenderás as tuas mãos. </b> Linguagem aplicável à crucificação. </p>
<p class="calibre2">A tradição da igreja primitiva sustenta que Pedro morreu desse modo, <b class="calibre1">19. Com que gênero de morte. </b> Ele devia se sentir honrado em morrer com o mesmo tipo de morte do Senhor. A palavra <b class="calibre1">glorificar</b> também se usou em relação à morte de Jesus (12:23). <b class="calibre1">Segue-me. </b> Trata-se de movimento físico, mas muito mais do que isso está implícito (cons. 13:36). Pedro estava sendo convocado a segui-lO constante e fielmente, a permanecer imperturbável, tal como Jesus permanecera à vista da cruz que se aproximava. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">20. </b> João também o seguiu sem ser convidado. Pedro notou e comentou. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">21. </b> Sendo amigo de João, Pedro estava curioso em relação ao futuro que o Senhor pretendia dar a <b class="calibre1">este</b>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">22. </b> A resposta de Jesus tinha um propósito, repreender Pedro por estar perturbado com o futuro de João. Bastava-lhe preocupar-se em fazer a vontade de Deus em sua própria vida. Essa repreensão se percebe no <b class="calibre1">tu</b> enfático, que está ausente do versículo 19. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">23. </b> As palavras de Jesus, entretanto, foram imediatamente mal-interpretadas como se assegurassem que João viveria até a volta do Senhor. O <b class="calibre1">se</b> foi facilmente omitido. O próprio João corrige esta falsa impressão. </p><p class="calibre2"><b class="calibre1">24. Este. </b> Uma referência ao discípulo do versículo 23, isto é, João. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Dá testemunho. </b> Isto talvez aponte para o testemunho oral de João sobre as coisas contidas no Evangelho, separadamente do fato de que ele também as <b class="calibre1">escreveu</b>. <b class="calibre1">Sabemos</b>. A identidade dessas pessoas que acrescentaram o seu testemunho para confirmar a veracidade do que João escreveu, é desconhecida. Ao que parece eram homens associados a João em Éfeso, possivelmente anciãos da igreja. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">25. </b> O pensamento é uma extensão do que já foi declarado em 20:30. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Creio</b>. É esquisito depois do plural <b class="calibre1">sabemos</b> do versículo anterior. Há quem pense que o secretário de João acrescentou esta palavra final. </p>
<p class="calibre2">Somos novamente lembrados que o registro do nosso Evangelho não tem a intenção de registrar todas as atividades de nosso Senhor nos dias da sua carne. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">ATOS </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1"> </b> <a href="index_split_000.html#0"><b class="calibre1"> Introdução </b></a></p>
<p class="calibre2"><a href="index_split_000.html#0"><b class="calibre1"> Esboço </b></a></p>
<p class="calibre2"><a href="index_split_000.html#0"><b class="calibre1"> Capítulo 1 Capítulo 8</b></a><b class="calibre1"> <a href="index_split_000.html#0">Capítulo 15 Capítulo 22 </a></b></p>
<p class="calibre2"><a href="index_split_000.html#0"><b class="calibre1"> Capítulo 2 Capítulo 9</b></a><b class="calibre1"> <a href="index_split_000.html#0">Capítulo 16 Capítulo 23 </a></b></p>
<p class="calibre2"><a href="index_split_000.html#0"><b class="calibre1"> Capítulo 3 Capítulo 10</b></a><b class="calibre1"> <a href="index_split_000.html#0">Capítulo 17 Capítulo 24 </a></b></p>
<p class="calibre2"><a href="index_split_000.html#0"><b class="calibre1"> Capítulo 4 Capítulo 11</b></a><b class="calibre1"> <a href="index_split_000.html#0">Capítulo 18 Capítulo 25 </a></b></p>
<p class="calibre2"><a href="index_split_000.html#0"><b class="calibre1"> Capítulo 5 Capítulo 12</b></a><b class="calibre1"> <a href="index_split_000.html#0">Capítulo 19 Capítulo 26 </a></b></p>
<p class="calibre2"><a href="index_split_000.html#0"><b class="calibre1"> Capítulo 6 Capítulo 13</b></a><b class="calibre1"> <a href="index_split_000.html#0">Capítulo 20 Capítulo 27 </a></b></p>
<p class="calibre2"><a href="index_split_000.html#0"><b class="calibre1"> Capítulo 7 Capítulo 14</b></a><b class="calibre1"> <a href="index_split_000.html#0">Capítulo 21 Capítulo 28</a></b></p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">INTRODUÇÃO </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1"> </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">O Título. </b> O título tal como o conhecemos não fazia parte do livro original mas pertence ao segundo século A.D. O Evangelho de Lucas .e Os Atos são dois volumes de uma só obra (veja Comentário in loc), e seja qual for o título originalmente anteposto ao Evangelho, serviu para os dois livros. Quando o segundo volume começou a circular independentemente, este título foi usado para designar seu conteúdo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">O Autor. </b> Nem o Evangelho nem o livro de Atos dá o nome do seu autor, mas foi provavelmente Lucas, amigo e companheiro de Paulo. A indicação de sua autoria encontra-se nos três "nós", onde a narrativa está na primeira pessoa do plural (Atos 16:10-17; 20:5-21:18; 27:1 – 28:16), dando a entender que o autor era companheiro de Paulo nessas três ocasiões, e que usou o seu diário de viagem como fonte de material. Há quem sugira que esse documento de viagem fosse escrito por um companheiro anônimo de Paulo e incorporado aos Atos por outro autor desconhecido. Mas a uniformidade do estilo entre esta narrativa de viagem e o restante dos Atos e uso da primeira pessoa do plural torna isso pouco provável. A tradição da igreja identifica Lucas uniformemente como sendo o companheiro de Paulo, e a data dos Atos sustenta esta tradição. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">A Data. </b> A data dos Atos liga-se ao problema de sua abrupta conclusão (veja Comentário in loc). Não sabemos quando foi escrito, mas uma data pouco posterior à conclusão da narrativa parece aceitável. </p>
<p class="calibre2">Sendo assim, Atos foi escrito em cerca de 62 A.D. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Fontes. </b> Além de seu próprio diário de viagem, Lucas pode ter usado fontes escritas, especialmente para os primeiros capítulos de sua obra. Sendo companheiro de Paulo, estava em posição de obter informações de primeira mão do apóstolo. Além disso, uma vez que Lucas se encontrava na Palestina durante a prisão de Paulo em Cesaréia (21:18; 27:1), ele teve amplas oportunidades de colher informações sobre o começo da igreja oriundas de testemunhas oculares. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">O Propósito. </b> Lucas escreveu para assegurar a Teófilo quanto à "certeza das coisas de que já estás informado" (Lc. 1:4). Teófilo era provavelmente um gentio convertido ao Cristianismo, e Lucas escreveu para lhe dar um conhecimento mais detalhado das origens cristãs. Isto incluiu a história da vida, morte e ressurreição de Jesus (o "Evangelho"), e o estabelecimento e expansão da igreja. </p>
<p class="calibre2">Falando estritamente, Lucas não escreveu uma <i class="calibre3">história</i> da igreja primitiva. Isto não quer dizer que a sua narrativa não fosse histórica ou exata. A tarefa do "historiador", entretanto, é fazer uma narrativa compreensível de todos os fatos importantes. Isto, obviamente, Lucas não pretendeu. Ele não nos fala nada sobre as igrejas na Galiléia (Atos 9:31) ou sobre a evangelização do Egito ou Roma. Sua história não é dos Atos dos Apóstolos, pois apenas três dos doze aparecem na sua narrativa – Pedro, Tiago, João; e os últimos dois são apenas mencionados. O livro dos Atos é o livro dos Atos de Pedro e Paulo. Além disso, Pedro praticamente sai da história depois da conversão de Cornélio, e nós ficamos a imaginar o que lhe aconteceu. Novamente, Lucas não dá explicação sobre a origem dos anciãos da igreja (11:30), sobre como Tiago chegou a um lugar de liderança na igreja de Jerusalém (Is. 13), sobre o que Paulo fez em Tarso após a sua conversão (9:30, veja 11:25), e muitos outros importantes assuntos históricos. Mais ainda, ele menciona alguns acontecimentos com poucas palavras (18:19-23), mas conta outros com grandes detalhes (21:17 – 26:32). Em outras palavras, Lucas conta um história, ele não escreve "a história". Sua narrativa contém os traços principais da expansão da igreja de Jerusalém até Roma via Samaria, Antioquia, Ásia e Europa; e nesta história, só Pedro e Paulo desempenham papéis destacados. </p>
<p class="calibre2">O ministério dos outros apóstolos em qualquer lugar do mundo oriental não eram importantes para Lucas. Dois temas fundamentam a história dessa expansão: a rejeição do Evangelho pelos judeus e a sua recepção pelos gentios; e o tratamento concedido à igreja primitiva pelas autoridades locais e romanas. O propósito principal de Lucas, portanto, em sua obra de dois volumes (Lucas-Atos) é explicar a Teófilo como foi que aconteceu que o Evangelho, que começou com a promessa de restauração do reino de Israel (Lc. 1:32, 33), terminou com a igreja gentia em Roma, distinta do judaísmo. </p>
<p class="calibre2">Além disso, o Judaísmo era uma religião reconhecida por Roma. A nova comunidade religiosa que brotou dentro do Judaísmo, embora não fosse simplesmente uma seita dentro da religião mais antiga, recebeu o mesmo reconhecimento de Roma. Assim a Igreja Cristã estabeleceu-se no mundo romano como religião legítima à parte do Judaísmo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Os Atos e as Epístolas. </b> O magno problema na história do estudo de Atos refere-se à sua fidedignidade em comparação com as epístolas de Paulo. Lucas não se refere às epístolas de Paulo, e nem sempre é fácil relacionar os movimentos de Paulo, conforme se refletem nas epístolas, com o registro de Lucas. O maior dos problemas é o seguinte: Como podem os acontecimentos de Gl. 1:16 – 2:10 estarem relacionados com a narrativa de Lucas? Bons mestres têm discordado entre si, achando que a visita de Gl. 2:1-10 refere-se (a) a visita por ocasião da fome em Atos 11:27-30, e (b) a visita do concilio em Atos 15. Muitos mestres acham que a narrativa de Atos sofre em comparação com as epístolas. </p>
<p class="calibre2">Um segundo aspecto do problema apresenta-se pelo contraste entre o retrato de Paulo nos Atos e o que se reflete nas epístolas do próprio missionário. O Paulo de Atos parece ser uma pessoa flexível, razoável, que está pronta a ceder nos seus princípios por amor à prudência (veja 16:3; 21:26); enquanto que o Paulo das epístolas é uma pessoa inflexível de convicções imutáveis (Gl. 1:8; 2:3). A mais antiga escola Tübingen de crítica estabeleceu sua teoria da história da igreja primitiva sobre um suposto conflito entre a Cristandade Paulina e a Judaística, e defendia que Os Atos refletem um estágio tardio da história do conflito, quando uma síntese estava sendo alcançada entre os dois pontos de vista contraditórios. </p>
<p class="calibre2">Obviamente é impossível tratar desses problemas em todos os detalhes, mas eles permanecem no fundo do estudo e muitas vezes penetram diretamente no comentário. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">ESBOÇO </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">O ESTABELECIMENTO E CRESCIMENTO DA IGREJA </b></p>
<p class="calibre2">I. O começo da igreja. 1:1 – 2:47. </p>
<p class="calibre2">A. Preparação: O ministério de após a ressurreição e a ascensão de Jesus. 1:1-14. </p>
<p class="calibre2">B. A Escolha de Matias. 1:15-26. </p>
<p class="calibre2">C. A Vinda do Espírito Santo. 2:1-41. </p>
<p class="calibre2">D. Vida da Igreja Primitiva. 2:42-47. </p>
<p class="calibre2">II. A Igreja em Jerusalém. 3:1 – 5:42. </p>
<p class="calibre2">A. Um milagre típico e um sermão. 3:1-26. </p>
<p class="calibre2">B. A primeira oposição dos líderes judeus. 4:1-37. </p>
<p class="calibre2">C. Morte de Ananias e Safira. 5:1-16. </p>
<p class="calibre2">D. A segunda oposição dos líderes judeus. 5:17-42. </p>
<p class="calibre2">III. Expansão da igreja na Palestina através da dispersão. 6:1-12:25. </p>
<p class="calibre2">A. A Escolha dos Sete. 6:1-7. </p>
<p class="calibre2">B. A conjuntura da dispersão: Ministério e martírio de Estevão. </p>
<p class="calibre2">6:8 – 8:3. </p>
<p class="calibre2">C. O Evangelho em Samaria. 8:4-25. </p>
<p class="calibre2">D. Conversão do eunuco etíope. 8:26-40. </p>
<p class="calibre2">E. Conversão de Saulo. 9:1-31. </p>
<p class="calibre2">F. O ministério de Pedro na Palestina e os primeiros gentios convertidos. 9:32 – 11:18. </p>
<p class="calibre2">G. Organização de uma igreja gentia em Antioquia. 11:19-30. </p>
<p class="calibre2">H. Perseguição de Herodes Agripa I. 12:1-25. </p>
<p class="calibre2">IV. Expansão da igreja na Ásia Menor e na Europa. 13:1 – 21:17. </p>
<p class="calibre2">A. A primeira missão, Galácia. 13:1 – 14:28. </p>
<p class="calibre2">B. O problema da igreja gentia, e o concilio em Jerusalém. </p>
<p class="calibre2">15:1-35. </p>
<p class="calibre2">C. A segunda missão, Ásia Menor e Europa. 15:36 – 18:22. </p>
<p class="calibre2">D. A terceira missão, Ásia Menor e Europa, 18:23 – 21:17. </p>
<p class="calibre2">V. Expansão da igreja a Roma. 21:18 – 28:31. </p>
<p class="calibre2">A. A rejeição do Evangelho em Jerusalém. 21:18 – 26:32. </p>
<p class="calibre2">B. A recepção do Evangelho em Roma. 27:1 – 28:31. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">COMENTÁRIO </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1"> </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">I. O começo da igreja. 1:1 – 2:47. </b></p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Atos 1 </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">A. Preparação. O ministério de após ressurreição e a ascensão </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">de Jesus. 1:1-14. </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">1, 2. </b> Os dois primeiros versículos constituem uma pequena introdução que liga Atos ao Evangelho de Lucas. Os versículos introdutórios do Evangelho (Lc. 1:1-4) têm a intenção de servir a ambos, o Evangelho e o livro de Atos; Atos 1:1, 2 é um tipo de introdução secundária que retrocede a Lc. 1:1-4. <b class="calibre1">O primeiro livro. </b> O Evangelho de Lucas. Atos é a segunda parte da obra de dois volumes, Lucas e Atos. O Evangelho contém <b class="calibre1">tudo o que Jesus começou a fazer, e a ensinar</b>; Atos segue o curso do ministério contínuo do Cristo elevado, através do Espírito Santo operando nos apóstolos. Não sabemos quem era o <b class="calibre1">Teófilo</b>, se um cristão que precisava de mais instrução ou um pagão interessado (veja Lc. 1:3). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">2. </b> Esta referência ao Espírito Santo revela a principal nota teológica de Atos - a obra do Espírito Santo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">3. </b> O ministério pós-ressurreição de nosso Senhor durante quarenta dias tinha um objetivo duplo: fornecer uma demonstração positiva da realidade de sua ressurreição, dando explicações mais detalhadas dos seus ensinamentos sobre o <b class="calibre1">reino de Deus. </b> Podemos, pois, esperar que esse tema reapareça no ministério dos apóstolos. As boas novas sobre o reino de Deus foram o conteúdo da mensagem de Filipe em Samaria (8:12), da pregação e ensinamentos de Paulo em Éfeso (20:25), e da mensagem de Paulo tanto a judeus como a gentios em Roma quando finalmente chegou àquela cidade (28:23, 31). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">4. </b> A ordem de Lc. 24:49 foi repetida aqui. Uma vez que o ministério dos apóstolos seria obra do Espírito Santo, eles deviam aguardar em Jerusalém até que se cumprisse a promessa da vinda do Espírito Santo – promessa dada pelo Pai no V.T. (Joel 2:28; Ez. 36:27) e confirmada pelo Filho. A expressão que foi traduzida para <i class="calibre3">estando com eles</i> (ERC) é de significado incerto, também pode ser traduzida para "comendo com eles" (como ERA) ou "hospedando-se com eles". </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">5. </b> O ministério de João Batista, batizando os homens <b class="calibre1">com água, </b> foi preparação para a vinda do Messias. Uma realidade maior, o batismo do <b class="calibre1">Espírito Santo</b> logo aconteceria. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">6. </b> Este versículo expande as últimas palavras do versículo 3. Para os judeus do primeiro século, o <b class="calibre1">reino</b> de Deus significava um reino de Israel terreno e político. Num determinado ponto do ministério de nosso Senhor, o povo esteve prestes a tomar Jesus pela força compelindo-o a tornar-se o rei deles (Jo. 6:15). A missão de Cristo, entretanto, não foi a de introduzir o reino no esplendor terreno, mas introduzi-lo em poder espiritual. Foi uma lição difícil para os discípulos aprenderem. Durante os quarenta dias, uma de suas principais perguntas era se Jesus estabeleceria logo esse reino terrestre por meio de Israel. </p>
<p class="calibre2">7. Jesus respondeu que essa pergunta não devia preocupá-los no momento. <b class="calibre1">Tempos</b> ou <b class="calibre1">épocas</b> provavelmente se referem ao tempo que deve se passar antes do final estabelecimento do reino de Deus, e ao caráter dos acontecimentos que acompanharão seu estabelecimento. O Pai determinou esses acontecimentos <b class="calibre1">para sua exclusiva autoridade. </b> Isto não significa que Deus tenha desistido de Israel; Romanos 11:26 diz que todo Israel será salvo. O N.T. nos diz quase nada sobre o tempo e a maneira da futura salvação de Israel. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">8. </b> Em lugar de se ocuparem com debates sobre o final estabelecimento do reino judeu, os apóstolos deviam se preocupar com outras coisas. O Espírito Santo viria sobre eles para lhes conceder poder sobrenatural, na força do qual seriam testemunhas de Cristo por todo o mundo. Este versículo é um resumo de todo o livro de Atos: <b class="calibre1">em </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Jerusalém</b> cobre os capítulos 1-7; <b class="calibre1">em toda a Judéia e Samaria</b> cobre os capítulos 8:1 - 11:18; e <b class="calibre1">aos confins da terra</b> vai de 11:19 até o final do livro. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">9. A nuvem</b> que recebeu Cristo na sua ascensão não foi simplesmente uma nuvem de vapor condensado mas foi um símbolo do Shequiná que representa a gloriosa presença de Deus (Êx. 33:7-11; 40:34; Mc. 9:7). A ascensão de Cristo significava que Ele interrompia a comunhão visível com Seus discípulos na terra, e, ainda de posse do seu corpo ressurreto, tinha entrado no mundo invisível da habitação de Deus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">10. Branco</b> é a cor das vestes dos anjos (Mt. 28:3; Jo. 20:12). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">11. </b> Os anjos informaram aos apóstolos que esta experiência não era uma repetição da Transfiguração (Lc. 9:27-36). Jesus partia, mas um dia retornaria à terra da mesma maneira visível e gloriosa pela qual se ausentara. A expectativa da volta corporal de Cristo é o centro da fé cristã. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">12. </b> A Ascensão aconteceu no <b class="calibre1">monte chamado Olival</b>, que está situado bem a leste de Jerusalém, cerca de três mil pés afastado da cidade. Era a distância permitida aos judeus de caminharem no sábado sem transgredirem o descanso. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">13. </b> Este cenáculo deve ter sido o cenário da Última Ceia (Lc. 22:12) e provavelmente ficava na casa de Maria, a mãe de Marcos (Atos 12: 12). Para outras listas dos Doze, veja Mt. 10:2 e segs.; Mc. 3:16 e segs.; Lc. 6:14 e segs. <b class="calibre1">Simão o Zelote. </b> Simão Cananeu. <b class="calibre1">Zelote</b> pode se referir ao caráter ardoroso de Simão, mas parece mais indicar que ele pertencia a um partido nacionalista dos judeus que advogava rebelião declarada contra Roma. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">14. Irmãos dele. </b> Os meio-irmãos de Jesus (Mt. 13:55), que não creram nEle antes de Sua morte (Jo. 7:5) mas que tiveram sua fé despertada com a ressurreição. Um aparecimento a Tiago depois da ressurreição está registrado em I Co. 15:7. <b class="calibre1">As mulheres</b> pode indicar as esposas dos discípulos ou as mulheres mencionadas em Lc. 8:2; 24:10. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">B. A Escolha de Matias. 1:15-26. </b></p>
<p class="calibre2">O colégio apostólico fora desfeito com o afastamento de Judas, e os apóstolos sentiam a necessidade de escolher um homem que o substituísse. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">15. </b> Pedro agora surge como o líder natural dos 120 crentes, que são chamados de <b class="calibre1">irmãos</b>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">16. </b> Pedro lembrou ao grupo que a traição de Judas não foi uma tragédia imprevista mas que estava nos propósitos providenciais de Deus e portanto profetizada no V.T. (veja v. 20). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">18, 19. </b> Estes versículos são uma observação inserida por Lucas no registro das palavras de Pedro para explicar aos seus leitores o destino de Judas. De acordo com Mt. 27:7, os sumo sacerdotes compraram esse campo; mas ao que parece eles o fizeram em nome de Judas, uma vez que o dinheiro era legalmente dele. <b class="calibre1">Precipitando-se</b> poderia ser traduzido para <i class="calibre3">inchando</i>, e se refere a uma ruptura fatal. Agostinho interpreta esta passagem assim "ele amarrou uma corda ao seu pescoço e, caindo com o rosto em terra, rebentou pelo meio". <b class="calibre1">Aceldama</b>. Uma palavra aramaica significando <b class="calibre1">Campo de Sangue</b>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">20. </b> Pedro citou o Sl. 69:25 e 109:8 livremente. <b class="calibre1">Encargo</b> significa <i class="calibre3">ofício de supervisor</i> não no sentido técnico. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">21, 22. </b> As qualificações do sucessor de Judas no colégio apostólico eram duas: devia ter sido companheiro de Jesus e devia ter testemunhado a ressurreição de Jesus. Não há nenhuma referência à ordenação nesses versículos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">23. </b> Não temos nenhuma informação sobre os dois candidatos igualmente qualificados. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">24-26. </b> Tal escolha por meio de sortes tem precedente no V.T. (Pv. 16:33), mas não ocorre nenhuma outra vez no N.T. e não é uma norma de prática cristã. <b class="calibre1">Indo para o seu próprio lugar, </b> Judas teve o destino que mereceu por causa de sua incrível traição. O lugar de Judas foi preenchido não porque ele morreu mas porque ele se desviou. Quando Tiago, o irmão de João, foi executado (Atos 12:2), seu lugar não foi preenchido. O <b class="calibre1">Senhor</b> a quem a oração foi dirigida (1:24) era provavelmente Jesus que fora elevado, pois Ele que escolhera os doze primeiros (v. 2) era agora solicitado a escolher outro. <b class="calibre1">Senhor</b> é a palavra comum no grego do V.T, para designar Deus; foi usada desde os primeiros dias da Igreja para designar Jesus que fora elevado. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Atos 2 </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">C. A Vinda do Espírito Santo. 2:1-41. </b></p>
<p class="calibre2">Há um sentido real no qual a Igreja tem o seu dia de nascimento no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi dado aos homens de maneira nova para unir os crentes em Jesus através de um novo relacionamento. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">1</b>. <b class="calibre1">Pentecoste</b>, significando o <i class="calibre3">qüinquagésimo</i>, é a palavra grega para a Festa das (sete) Semanas descrita em Lv. 23:15-22, que celebrava a conclusão da colheita. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">2. </b> Todos os 120 discípulos estavam reunidos em um só grupo e <b class="calibre1">no </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">mesmo lugar</b> – provavelmente o cenáculo (1:13). <i class="calibre3">De comum acordo</i> é o que diz um texto inferior. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Veio do céu um som, como de um vento impetuoso. </b> Não foi um vento; tinha o som de um vento. <i class="calibre3">Pneuma</i> pode ser tanto vento como espírito; e o vento é um símbolo do poder do Espírito e também de sua invisibilidade (Jo. 3:8). O que eles viram não foram realmente línguas de fogo mas <b class="calibre1">como de fogo. </b> <b class="calibre1">3. </b> O sinal visível foi algo que só podia ser comparado às chamas do fogo que se dividiam em línguas separadas as quais repousaram sobre cada um dos discípulos. Muitos compreenderam que era o cumprimento da promessa feita por João do batismo com fogo (Lc. 3:16). Entretanto, não havia fogo presente no Pentecostes, mas algo como fogo; e o contexto do Evangelho sugere que o batismo de fogo é o juízo daqueles que rejeitam o Messias – o queimar da palha com fogo inextinguível. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">4. </b> Quando o Espírito Santo foi dado aos homens, os discípulos foram batizados (1:5) e ao mesmo tempo <b class="calibre1">cheios do Espírito Santo. </b> O batismo do Espírito foi descrito em I Co. 12:13. É obra do Espírito Santo reunir pessoas de diversas raças e antecedentes sociais variados em um só corpo – o corpo de Jesus Cristo, que é a sua Igreja. No sentido restrito da palavra, Pentecostes foi o dia do nascimento da Igreja. Este batismo com o Espírito nunca se repetiu. Foi mais tarde estendido aos crentes na Samaria (Atos 8), aos gentios (caps. 10 e 11), e aos discípulos de João Batista (19:1-6). O enchimento com o Espírito foi muitas vezes repetido, mas não o batismo com o Espírito. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">5. </b> Os discípulos foram, ao que parece, levados do cenáculo para um lugar aberto na cidade, possivelmente a área do templo, onde havia uma multidão reunida. Os <b class="calibre1">homens piedosos</b> eram judeus da Diáspora, que foram esparsos pelo mundo mediterrâneo mas que retornaram à Cidade Santa. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">6. As outras línguas</b> (v. 4). Não linguagem de êxtase religioso. Por meio de um milagre a língua dos apóstolos foi traduzida pelo Espírito Santo em diversas línguas sem que houvesse um tradutor humano. Este fenômeno não é o mesmo que a <i class="calibre3">glossolália</i> ou dom de línguas de I Co. 12 e 14, que eram ininteligíveis até que fossem interpretadas. </p>
<p class="calibre2">Possivelmente o Espírito Santo agia como intérprete no Pentecoste, de modo que diversos grupos que falaram em línguas diferentes ouvissem a sua própria língua sem a mediação de intérprete humano. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">7. </b> Foi uma coisa espantosa que esses homens cujo sotaque mostravam que eram judeus galileus parecessem falar muitas línguas estrangeiras. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">9-11. </b> Esses países formavam um circuito à volta de todo o Mar Mediterrâneo. Muitos desses povos podiam falar o grego popular do mundo helênico, mas falavam também suas línguas nativas (cons. 14:11). <b class="calibre1">Romanos que aqui residem. </b> Judeus e gentios convertidos ( <i class="calibre3">prosélitos</i>) vindos de Roma, que estavam temporariamente residindo em Jerusalém. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">12, 13. </b> Todos os ouvintes estavam <b class="calibre1">perplexos</b> ( <i class="calibre3">cheios de dúvida</i>) sem entender o que estava acontecendo. A acusação de bebedeira sugere que além das línguas estrangeiras, havia também o elemento estático nesse primeiro dom de línguas. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">14. </b> Uma grande multidão reuniu-se por causa dessa agitação (v. 6), provavelmente no pátio externo da área do templo. Pedro ofereceu uma explicação do que tinha acontecido diante dos seus olhos e então partiu para uma proclamação do Evangelho, que essencialmente se constituiu no anunciamento do Messiado de Jesus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">15. </b> Primeiro Pedro acabou com a idéia de que os discípulos estivessem bêbados, fazendo ver que eram apenas nove horas da manhã e portanto cedo demais para que alguém estivesse bêbado. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">16. </b> Não era nenhum espírito mas o Espírito Santo que se apossara deles. Pedro citou Joel 2:28-31, que prediz o derramamento do Espírito Santo sobre Israel na era messiânica. É importante que se observe que uma profecia que, em Joel, foi dirigida à nação de Israel, cumpria-se agora na Igreja Cristã. No propósito redentor de Deus, entretanto, Israel também se inclui no cumprimento desta profecia (Rm. 11:26). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">17. Nos últimos dias</b> não se encontra na profecia de Joel mas foi acrescentado por Pedro sob divina inspiração. No V.T. esta frase indica a era messiânica no reino de Deus (Is. 2:2; Os. 3:5). A dispensação do Evangelho é, portanto, um estágio na realização das bênçãos da dispensação messiânica. No V.T., o Espírito Santo era concedido principalmente a pessoas que ocupavam posições oficiais na teocracia de Israel – reis, sacerdotes e profetas. A nova missão do Espírito Santo era repousar sobre <b class="calibre1">toda a carne, </b> isto é, sobre todo o povo de Deus e não somente sobre os líderes oficiais. A promessa de que esse novo derramamento do Espírito resultaria em uma nova manifestação de <b class="calibre1">profecia, visões e sonhos, </b> cumpriu-se na experiência dos apóstolos e profetas da dispensação do N.T. Criam os judeus que o Espírito Santo, que inspirava os profetas do V.T. e suas mensagens, silenciara durante o Período Inter-Testamentário. Pedro assegurou que o Espírito Santo tornara-se ativo novamente em uma nova manifestação do propósito redentor de Deus. Isto se vê nas últimas palavras de Atos 2:18, onde Pedro acrescentou à profecia de Joel a declaração, <b class="calibre1">e profetizarão</b>. Esta nova manifestação de profecia não era tanto a previsão do futuro, mas sim a pregação do significado da obra redentora de Deus através de Jesus, o Messias. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">19, 20. </b> A última metade desta profecia de Joel não se cumpriu nos dias de Pedro como se cumpriu o derramamento do Espírito. O <b class="calibre1">dia do </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Senhor. </b> O dia da vinda do Senhor em glória para estabelecer o seu reino no mundo com poder e glória. Esta consumação final seguir-se-á a um julgamento que sobrevirá à ordem terrestre e da catástrofe cósmica emergirá uma nova e redimida ordem da natureza e do mundo (Rm. 8:21). Os últimos dias são, assim, destacados do Dia do Senhor. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">21. </b> Esse derramamento do Espírito Santo ocasionará um grande dia de salvação, e qualquer um <b class="calibre1">que invocar o nome do Senhor será salvo. </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Senhor</b> em Joel refere-se a Deus, mas Pedro e a igreja primitiva aplicou-o a Jesus exaltado. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">22, 23. </b> Pedro recapitulou a vida e morte de Jesus para mostrar que não foi mero acidente mas que aconteceu dentro do plano redentor de Deus. Apesar do fato de Deus ter autenticado o Cristo por meio de <b class="calibre1">milagres, prodígios e sinais... entre vós</b> os judeus, eles o entregaram às mãos de iníquos, os romanos, que ignoravam a lei de Deus, para que fosse crucificado e morto. Apesar de que nem romanos nem judeus foram absolvidos da culpa, a morte de Jesus aconteceu de acordo com um <b class="calibre1">determinado desígnio e presciência de Deus. </b> <b class="calibre1">24. </b> Embora juízes humanos condenassem Jesus à morte, uma corte mais alta ressuscitou-o dos mortos, uma vez que era impossível que o Messias permanecesse sob o poder da morte. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">25-28. </b> Logo a seguir Pedro provou que a morte do Cristo fazia parte do plano redentor de Deus, mostrando que fora previsto nas Escrituras do V.T. Citou o Sl. 16:8-11, uma passagem que no seu próprio contexto refere-se a Davi e a sua esperança de salvação da morte. </p>
<p class="calibre2">Mesmo na morte, Davi esperava ver a face do Senhor. Por isso Ele podia se submeter à experiência da morte na esperança de que Deus não abandonaria a sua alma na morte (Sheol), a habitação dos mortos depois da morte, nem permitira que Ele visse <b class="calibre1">corrupção</b> da sepultura. Uma vez que Deus é o Deus dos vivos, apesar do V.T. não revelar plenamente a vida após a morte, Davi estava confiante que Deus lhe mostraria os <i class="calibre3">caminhos da vida</i> e lhe proporcionaria a plenitude da alegria da presença divina mesmo depois da morte. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">29. </b> O apóstolo tornou claro que esses versículos não podiam se referir a Davi, uma vez que Davi morreu de fato e experimentou a corrupção. Na verdade, <b class="calibre1">o seu túmulo</b> podia ser visto ao sul da cidade de Jerusalém. O salmista, portanto devia estar se referindo a um descendente de Davi mais importante, ao Messias. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">30, 31. </b> Deduz-se que o salmista falou profeticamente de um dos seus descendentes, o Cristo que se assentaria no <b class="calibre1">trono</b> de Davi. Nessas palavras de Davi, Pedro encontrou a profecia da ressurreição de Cristo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">32. </b> A ressurreição do Messias, prevista pelo salmista, podia ser agora comprovada pela experiência dos apóstolos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">33. </b> Jesus não fora apenas ressuscitado dos mortos; Ele também foi <b class="calibre1">exaltado, pois, à destra de Deus</b> e dessa posição exaltada derramou sobre o Seu povo o dom do Espírito Santo profetizado por Joel. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">34, 35. </b> Novamente Pedro citou os Salmos (110:1) para mostrar que a exaltação de Cristo também estava nas Escrituras proféticas. O Senhor Deus dissera ao Messias, o Senhor de Davi, que Ele se assentaria à direita de Deus até que todos os seus inimigos estivessem subjugados. </p>
<p class="calibre2">Desses versículos podemos concluir que Cristo continua entronizado nos céus e no sentido literal está exercendo o seu reinado messiânico (A. </p>p
<p class="calibre2">3:21). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">36. </b> O coração do Evangelho é este: que Jesus, ressuscitado dos mortos e exaltado à direita de Deus, foi feito <b class="calibre1">Senhor e Cristo</b> (Messias). </p>
<p class="calibre2">Seu messiado significa senhorio; Ele reina à direita de Deus como Senhor e Rei. O cumprimento do ofício messiânico realizou-se de maneira nova e inesperada. O Senhorio de Cristo foi a doutrina cardinal da cristandade primitiva. Jesus entrou no exercício de Seu Senhorio em virtude de Sua exaltação (Fl. 2:9-11) e a salvação se encontra confessando que Jesus é o Senhor (Rm. 10:9). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">37. </b> Os ouvintes de Pedro ficaram convencidos e convictos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Compungiu-se-lhes o coração</b> compreendendo que tinham condenado à morte o Messias de Deus, e conseqüentemente perguntaram o que deviam fazer para se livrarem dessa horrível culpa. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">38. </b> Pedro replicou que a misericórdia podia perdoar até mesmo esse pecado. Era preciso que houvesse uma reação dupla: arrepender-se e ser batizado <b class="calibre1">em nome de Jesus Cristo. </b> Arrepender-se significa dar meia-volta e abandonar seus caminhos pecaminosos, confessando a fé em Jesus como seu Messias. O batismo seria a evidência pública desse espírito de arrependimento. O resultado seria a <b class="calibre1">remissão dos pecados</b> e a recepção do <b class="calibre1">dom do Espírito Santo. </b> A recepção do Espírito Santo não depende do batismo, mas segue-se ao batismo, que é o sinal exterior e visível de um espírito penitente. Na igreja primitiva os convertidos eram batizados sem delongas. Assim o batismo e a recepção do Espírito eram praticamente simultâneos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">39. </b> Essa nova era de bênçãos messiânicas, explicou Pedro, concederia o Espírito Santo não apenas aos líderes tais como profetas, sacerdotes e reis, mas sobre todos os que se arrependessem, sobre seus descendentes e até sobre os de fora da família de Israel, a todos quantos Deus chamasse para a salvação. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">O dom do Espírito Santo. </b> O dom do próprio Espírito, não algum dom que o Espírito concede. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">40, 41. </b> O apóstolo, logo após, exortou seus ouvintes a salvarem-se <b class="calibre1">desta geração perversa, </b> que condenara Jesus à morte, aceitando o seu apelo de arrependimento e o seu testemunho de que Jesus era o Messias deles. O resultado foi que cerca de três mil pessoas aceitaram sua palavra e foram batizadas professando sua fé e foram acrescentadas à comunidade do pequeno círculo de crentes. Não há nenhuma indicação de que os apóstolos tenham imposto as mãos sobre esses novos convertidos para que eles recebessem o Espírito Santo. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">D. Vida da Igreja Primitiva. 2:42-47. </b></p>
<p class="calibre2">Agora Lucas dá um pequeno resumo da vida e caráter da primitiva comunidade cristã. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">42. A doutrina dos apóstolos</b> ou seus ensinamentos. Os ensinamentos do Senhor, com a proclamação de Sua vida, morte e ressurreição, mais o seu significado para a salvação do homem. Estes ensinamentos eram tradição de autoridade na igreja primitiva e mais tarde foram incluídos em nosso Novo Testamento. Esses crentes primitivos encontravam deleite em terem <b class="calibre1">comunhão</b> uns com os outros, particularmente no <b class="calibre1">partir do pão</b> (que provavelmente consistia de uma refeição fraternal, com a Ceia do Senhor) e em regulares períodos de oração em conjunto. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">43. </b> O caráter da comunidade cristã primitiva despertou no povo um sentimento de reverência, que era reforçado pelos muitos milagres realizados pelos apóstolos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">44, 45. </b> Tão devotados eram uns aos outros os membros dessa primeira comunidade cristã que os crentes ricos vendiam suas propriedades para suprir as necessidades dos membros pobres. </p>
<p class="calibre2">O amor cristão manifestou-se num programa social de assistência material aos pobres. Essa atitude cristã de partilhar com os outros parece que se limitou aos primeiros anos da igreja de Jerusalém e não se estendeu às novas igrejas conforme o Evangelho foi sendo levado através da Judéia. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">46. </b> Os crentes ainda eram judeus e continuavam a realizar o seu culto diário a Deus no Templo, de acordo com os costumes judaicos. </p>
<p class="calibre2">Não houve pensamentos da parte dos judeus crentes, de se apostatarem do judaísmo e assim estabelecerem um movimento à parte. Sua comunhão cristã manifestou-se particularmente nas refeições tomadas em comum, de casa em casa. O gozo e a generosidade de coração eram duas características salientes daqueles crentes. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">47. </b> Nem todos os judeus receberam o testemunho do messiado do Jesus ressurreto, mas até mesmo aqueles que o rejeitaram olhavam para a comunidade dos primeiros cristãos com grande favor. O resultado foi que o Senhor acrescentava diariamente à nova comunidade aqueles que aceitavam o testemunho, e a comunidade cristã os recebia como irmãos. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">II. A Igreja em Jerusalém. 3:1 - 5:42. </b></p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2">A igreja primitiva no começo não demonstrou inclinação para encetar uma missão de evangelização mundial. Os primeiros cristãos foram judeus morando em Jerusalém como judeus que encontraram em Jesus o cumprimento das profecias do V.T. Lucas seleciona diversos episódios ilustrando esses primeiros anos. </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Atos 3 </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">A. Um Milagre e um Sermão Típicos. 3:1-26. </b></p>
<p class="calibre2">A cura do coxo foi um dos muitos milagres, mas foi de singular importância porque forneceu ocasião para um sermão típico que ilustra o conteúdo da pregação apostólica aos judeus. Isto, por outro lado, levou à primeira oposição da parte dos líderes judeus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">1. Pedro e João, </b> o irmão de Tiago, são freqüentemente mencionados como dois apóstolos líderes da igreja primitiva, Os discípulos continuaram a participar da adoração a Deus com os judeus no <b class="calibre1">templo</b>. A <b class="calibre1">hora nona</b>, ou às 15 horas, era hora de oração a que acompanhava o sacrifício da tarde. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">2. </b> Os apóstolos atravessaram o <b class="calibre1">Pátio</b> dos Gentios em direção à porta chamada <b class="calibre1">Formosa</b> que dava para o Pátio das Mulheres, onde encontraram um homem coxo que ali era deixado dia após dia para mendigar. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">6-8. </b> Pedro não tinha dinheiro para lhe oferecer, mas deu-lhe algo muito melhor – força para suas pernas e pés aleijados. A cura foi instantânea; e o homem curado acompanhou os apóstolos quando entraram no Templo, pulando de alegria pela sua saúde recuperada, e gritando louvores a Deus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">9, 10. </b> Seus gritos chamaram a atenção de uma multidão que ficou admirada ao ver o homem que diariamente estivera junto à porta Formosa pulando agora de alegria. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">11. </b> Pedro aproveitou-se desse milagre para tomar a dar testemunho do poder salvador de Jesus. Aparentemente, depois do culto de oração e sacrifício, Pedro e João, com o ex-aleijado, seguiram até às colunas cobertas a leste do Pátio dos Gentios, lugar que se chamava <b class="calibre1">Pórtico ... de Salomão. </b> Ali a multidão se reuniu e Pedro lhe falou. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">12. </b> Em primeiro lugar Pedro repudiou qualquer crédito pelo milagre. Não fora pelo <b class="calibre1">poder</b> ou <b class="calibre1">santidade</b> dos apóstolos que o inválido fora curado. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">13. </b> Fora o Deus de Israel, o Deus que dera promessa a seus pais, que realizara o milagre. O homem fora curado porque <b class="calibre1">Deus glorificou a </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">seu Servo Jesus</b> por meio da ressurreição e ascensão. A palavra <i class="calibre3">filho</i> (ERC) seria melhor traduzida para <b class="calibre1">servo</b> (ERA), pois a palavra se refere ao servo do Senhor profetizado em Is. 52:13-53:12. Jesus só pôde ser glorificado depois de entregue e negado pelos judeus diante de <b class="calibre1">Pilatos</b>, o governador romano. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">14. </b> O <b class="calibre1">Santo</b> e o <b class="calibre1">Justo</b> eram títulos às vezes usados para descrever o Messias. Que crime inimaginável foi aquele que os judeus cometeram, exigindo a soltura de um assassino e criminoso para condenar à morte o Santo e o Justo! <b class="calibre1">15. O Autor da Vida. </b> Pedro designou Jesus como a fonte e origem da vida. Os judeus tentaram destruí-lO, mas Deus inverteu o veredito deles ressuscitando-O dos mortos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">16. </b> A estrutura deste versículo é esquisita tanto em português como em grego, mas seu significado é claro. O nome de Jesus não possuía um poder mágico, mas <b class="calibre1">a fé que vem por meio do seu nome</b> produzia cura. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">17. </b> O crime monstruoso de matar Jesus pode ser perdoado, pois Pedro admite que os judeus e seus líderes não sabiam que estavam condenando à morte o Messias de Deus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">18. </b> O V.T. não fala de um Messias sofredor, embora falasse de um servo do Senhor sofredor (Is. 53). Depois da sua ressurreição, Jesus mostrou aos discípulos que estas profecias se referiam à sua paixão. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Cristo</b>. Não um nome próprio aqui mas o título que significa <i class="calibre3">Messias</i>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">19. </b> Agora Pedro desafiou os judeus a se arrependerem dos seus pecados e se voltarem para Deus. <b class="calibre1">Arrependei-vos. Voltem-se</b> do pecado para Deus. Isto significaria reversão do veredicto que pronunciaram sobre Jesus e confissão de que era o Messias de Deus. O resultado seria que seus pecados seriam cancelados e que desfrutariam dos tempos de refrigério prometidos pelos profetas do V.T. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">20. </b> A conversão de Israel significava o retorno do Messias. É o propósito de Deus providenciar salvação para Israel antes do início do reino de Deus (Rm. 11:26), e Pedro insistiu com Israel para aceitar a salvação. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">21. </b> A morte, ressurreição e ascensão de Jesus não é o fim de Sua obra redentora. Ele deve vir novamente em poder para estabelecer uma nova ordem livre do mal e do pecado. Esta restauração incluirá a redenção da natureza (Rm. 8:18-23) como também o aperfeiçoamento da sociedade humana quando a vontade de Deus for feita na terra assim como é feito no céu. </p>
<p class="calibre2">Os <b class="calibre1">tempos de refrigério</b> são uma bênção presente; <b class="calibre1">a restauração </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">de todas as coisas... </b> (que) <b class="calibre1">Deus falou pela boca dos seus santos </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">profetas</b> é uma bênção futura; mas ambos são o resultado da obra redentora do Messias. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">22, 23. </b> Esses dias, dos quais Pedro fala, foram profetizados desde <b class="calibre1">Moisés</b>, o qual disse que Deus levantaria um outro profeta igual a Ele (Dt. 18:15-19), o qual transmitiria a palavra de Deus ao seu povo com autoridade. A ameaça contida no versículo 23 é uma combinação de Dt. 18:19 e Lv. 23:29. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">24, 25. </b> Esses dias da redenção que Pedro estava proclamando foi o tema constante dos profetas do tempo de Samuel. Os judeus eram os filhos dos profetas e da aliança feita com Abraão e eram, portanto, os herdeiros naturais dessas promessas messiânicas. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">26. </b> Enquanto a promessa de Abraão incluía os povos gentios, as bênçãos do Messias foram oferecidas primeiramente aos herdeiros naturais da aliança para que os desviasse de suas iniqüidades. <b class="calibre1">Servo</b> é a palavra que se encontra em 3:13, traduzida <b class="calibre1">Filho</b> na ERC. <b class="calibre1">Ressuscitado</b> refere-se ao aparecimento histórico de Jesus mais do que a ressurreição (levantado). </p>
<p class="calibre2"></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Atos 4 </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">B. A Primeira Oposição dos Líderes Judeus. 4:1-37. </b></p>
<p class="calibre2">Um dos propósitos principais do Livro de Atos é mostrar que os judeus que rejeitaram e crucificaram Jesus continuaram rebeldes contra Deus rejeitando o Evangelho do Jesus ressuscitado e elevado aos céus proclamado pelos apóstolos. Este capítulo descreve o começo dessa oposição, que culminou com os planos dos judeus de matarem Paulo em sua última visita a Jerusalém (23:12-15; 25:1-3). </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">1. </b> Foi tão grande a multidão que se ajuntou no Alpendre de Salomão que a polícia do templo interveio. Os <b class="calibre1">sacerdotes</b> pertenciam a um partido judeu chamado os <b class="calibre1">saduceus</b>. Discordavam dos fariseus quanto à interpretação da Lei e também negavam a doutrina da ressurreição e da existência dos anjos e demônios. O <b class="calibre1">capitão do templo</b> era um oficial importante, com autoridade quase igual a do sumo sacerdote e tinha a responsabilidade da preservação da ordem no Templo. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">2. </b> Os saduceus estavam preocupados porque Pedro e João proclamavam persistentemente que Jesus ressuscitara dos mortos e anunciavam, com base nessa ressurreição, a esperança de ressurreição dos homens. Os fariseus criam na ressurreição futura. Os apóstolos declararam que Deus providenciara agora nova base para esta esperança. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">3. </b> Sendo já bastante tarde, a polícia do templo, sob a direção dos sacerdotes, prendeu os dois discípulos e os colocou na cadeia para ali passarem a noite. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">4. </b> Lucas infere que esses acontecimentos tiveram grande efeito sobre o povo, e muitos creram, de modo que o número dos crentes chegou a cinco mil. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">5, 6. </b> Na manhã seguinte o Sinédrio se reuniu. Era a mais alta corte dos judeus, e se compunha de <b class="calibre1">autoridades</b> ou sacerdotes, <b class="calibre1">anciãos</b> e <b class="calibre1">escribas</b>. <b class="calibre1">Escribas</b>. Estudantes profissionais e professores do V.T. Seus discípulos eram os fariseus. Nessa ocasião <b class="calibre1">Caifás</b> era o sumo sacerdote presidente do Sinédrio. Seu sogro, <b class="calibre1">Anás</b>, era o ex-sumo sacerdote e uma espécie de estadista mais velho. O termo <b class="calibre1">sumo sacerdote</b>, ou melhor, <i class="calibre3">principal sacerdote</i>, podia ser aplicado a diversos membros de famílias das quais vinham os sumos sacerdotes. Nada sabemos sobre <b class="calibre1">João</b> e <b class="calibre1">Alexandre</b>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">7. </b> Pedro e João foram levados à presença do Sinédrio e desafiados a dizer com que autoridade, leigos como eles eram, agiam daquela forma. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">8-10. </b> Pedro experimentou um novo revestimento do Espírito para que pudesse se defender. Ele destacou que nada fez além de ajudar um aleijado. O ex-aleijado estava de pé com Pedro e João, e Pedro declarou que a sua cura fora efetuada em nome de Jesus Cristo de Nazaré, não por algum poder que existisse nos próprios apóstolos. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">11, 12. </b> Pedro estava presumivelmente defendendo-se, mas depois abandonou a defesa e começou a proclamar o Evangelho. Ele citou o Sl. 118:22, declarando que Cristo era a <b class="calibre1">pedra</b> que os construtores da nação judia rejeitaram mas a qual Deus estabeleceu por mais importante pedra do edifício. Além disso, disse que só nEle havia salvação; e que se os judeus rejeitassem o poder salvador do Seu nome, não haveria outro meio de encontrarem salvação. A destruição viria sobre eles e a nação. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Pedra angular</b> pode designar tanto a pedra fundamental como o ângulo superior da juntura de duas paredes. <b class="calibre1">Salvação</b> aqui provavelmente se refere à vida na dispensação vindoura. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">13. </b> Esse discurso deixou o Sinédrio admirado. <b class="calibre1">Iletrados e incultos</b> não se refere à sua inteligência ou capacidade de ler e escrever, mas ao fato de que não eram escolados na tradição dos escribas, sendo de fato leigos. Era coisa incomum que leigos sem preparo falassem com tal eficiência e autoridade. Os líderes já sabiam que Pedro e João eram discípulos de Jesus, mas lembravam-se agora do fato de que Jesus também, mesmo não sendo educado nas tradições dos escribas (Jo. 7:15), também tinha deixado o povo maravilhado com a autoridade com que falava (Mc. 1:22). Algo dessa mestria autoridade refletia-se agora nos seus discípulos, e o milagre que fora realizado sobre o aleijado tornou difícil negar a eficácia dessa autoridade. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">15-17. </b> Os dois discípulos foram mandados para fora enquanto os membros do sinédrio deliberam. Embora Pedro e João não tivessem infringido nenhuma lei, estavam ganhando uma popularidade perigosa. o sinédrio deliberou que a única atitude possível era ameaçá-los, ordenando-lhes que não -pregassem mais em nome de Jesus. O Sinédrio não tomou nenhuma providência, conforme F.F. Bruce faz ver ( <i class="calibre3">Commentary on the Book of Acts</i>), para desacreditar a afirmação central da pregação dos apóstolos – que Jesus ressuscitara dos mortos. A pregação dos apóstolos poderia ser facilmente frustrada se a proclamação da Ressurreição fosse comprovadamente falsa. o corpo de Jesus desvanecera-se tão completamente que o Sinédrio sentia-se inteiramente impotente para refutar a mensagem. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">18. </b> Quando Pedro e João foram chamados de volta pelo Sinédrio, não foram punidos mas ordenaram-lhes que deixassem toda e qualquer pregação em nome de Jesus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">19, 20. </b> Os apóstolos responderam que se lhes fosse solicitado escolher entre a vontade de Deus e o decreto dos homens, teriam de escolher nada mais nada menos que obedecer a Deus. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">21. </b> Os apóstolos ganharam tal popularidade que o Sinédrio não se atreveu a provocar a ira do povo mandando puni-los. Além disso, os saduceus não tinham o apoio do povo como os fariseus, e tinham que tomar cuidado com a opinião pública. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">22. </b> A maravilha do milagre estava no fato de que esse homem já tinha mais de quarenta anos de idade. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">24. </b> Seguiu-se uma reunião de oração, na qual os crentes não pediram que Deus os livrasse de problemas e perseguições futuras, mas o louvaram por ser Ele o Senhor de todas as coisas. Dirigiram-se-lhe chamando-o de <b class="calibre1">Soberano Senhor</b> e não simplesmente <i class="calibre3">Senhor</i>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">25, 26. </b> Os cristãos experimentaram a perseguição prevista em Sl. 2:1-3. Os principais se opuseram tanto a Deus como ao seu <b class="calibre1">Ungido</b> ou <i class="calibre3">Messias</i>. </p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">27. </b> Novamente os crentes se referiram a Jesus chamando-o de <b class="calibre1">Santo Servo</b> que também era o Ungido. Para eles <b class="calibre1">Herodes</b> Antipas, tetrarca da Galiléia e Peréia, representava os reis da terra. <b class="calibre1">Pôncio </b></p>
<p class="calibre2"><b class="calibre1">Pilatos, </b> o governador romano da Judéia, representava os príncipes. Os </p>
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