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Então, se estamos ouvindo, vamos começar. Qualquer dificuldade que tem, por favor, me enviem uma pergunta aí pelo Skype, pelo texto do Skype. Então, se todos estavam na aula passada, em que fizemos aquela breve análise a respeito da lei de Nércia de Isaac Newton, então não haverá necessidade de muita repetição, mas de qualquer maneira eu gostaria de recolocar esse estudo todo dentro da sua perspectiva geral. Para isso, eu ia preciso voltar até as bases primeiras da investigação que foi começada muito tempo atrás. Eu vou ler aqui uma nova introdução que eu redevi para o estudo e para o livro que der o resultado dele. Depois, evidentemente, eu vou mandar esse texto aí para aérea-realizações para que o Edison distribua a todos. Eu vou ler primeiro, corrido e depois eu me envolver, fazendo alguns comentários. Toda proposição universal, concernente à espécie humana como um todo, aplica-se necessariamente à pessoa do seu emissor. Todos os homens são mortais, eu também. Todos os homens são por natureza dotados do dom da fala, eu também. Todos os homens têm um corpo especialmente apropriado para viver no planeta Terra. Eu também não me sentiria melhor na Lua. Tudo isso é de uma obriedade atroz. Qual é a razão suficiente pela qual, no intuito de colocar a atenção do leitor na adequada perspectiva, adotarei como premissa fundamental desse estudo a tese acima enunciada. Toda proposição universal, concernente à espécie humana como um todo, aplica-se necessariamente à pessoa do seu emissor. O leitor há de lembrá-la facilmente e durante muito tempo os filósofos de maior destaque não tiveram também nenhuma dificuldade em amoldar-se quase que automaticamente a exigência básica que ela anuncia. Quando o Aristóteles definiu o homem como animal racional, ele se incluía a si próprio na definição. Quando Platão situava a espécie humana num ponto intermédio entre os bichos e os anjos, ele sabia que ele próprio estava lá. Quando Agostinho dizia que o ser humano é naturalmente inclinado ao pecado, ele começava por expor seus próprios pecados. Tão natural e óbvio aparecia aos filósofos a premissa fundamental que nenhum deles se deu jamais o trabalho de declará-la explicitamente. Talvez nenhum chegasse sequer a pensar nela, obedecia-o na por puro automatismo com a facilidade de quem respira. De repente, no curso da história do pensamento ocidental, a obediência automática, a premissa fundamental, começa a falhar. Não que alguém a contestasse, ela simplesmente não é contestada. O que acontece é que filósofos e sábios e não dos menores começam a propor ideias gerais sobre a humanidade, sobre o conhecimento humano, sobre a alma humana, sobre a conduta humana, etc., que não se aplicam de maneira alguma a eles próprios, e que muitas vezes afirmam o contrário daquilo que eles próprios, por seus atos, estão exemplificando naquele mesmo momento. Quando McAvel diz que a única via de acesso ao poder é a mentira, ele não explica se está abdicando do poder ao dizer a verdade, ou se sua teoria é apenas mais uma mentira calculada para rodar alguém a subir ao poder, ou seja, não é uma teoria de maneira alguma. Quando Isaac Newton consegue o espaço absoluto como o espaço sem nada dentro, está claro que ele está extraindo do espaço todos os conteúdos possíveis, exceto a pessoa de Isaac Newton, que não só conhece o espaço absoluto, como é até capaz de falar dele. Quando David filme diz que não existem relações de causa e efeito, apenas coincidências, felizes, ele não esclarece se sua intenção de escrever isso funcionou como causa de que essa mesma doutrina aparecesse nos seus livros, ou se a identidade entre o escrito e a doutrina do autor é apenas uma coincidência feliz. Quando Kant diz que não conhecemos as coisas em si, mas apenas as suas aparências fenométicas, ele não explica se pretende estar escrevendo essa ideia em si mesma ou apenas a sua aparência fenomética. Então Marx diz que a posição social dos homens determina o conteúdo da sua consciência, ele não explica como foi que ele, um burguês, veio a pensar como um proletário. Pior, ele diz que só os proletários podem aprender o curso total do processo histórico. Então logo diz isso, ele começa a expor o curso total do processo histórico, não apenas sem precisar ser proletário para isso, mas sem jamais ter pisado em uma fábrica. Karl Freud diz que todos os homens são dominados por forças inconscientes, ele não explica porque foi logo ele o escolhido para escapar dessa regra, dessa regra geral, por suas próprias forças, nem porque seus sucessores não poderiam ter sorte idêntica, mas precisariam todos ser psicanalizados por ele. Quando Charles Darwin diz que todas as espécies de animais vieram de um mesmo ancestral, de um mesmo protozoar, ele não explica como teria sido possível que o processo integral da evolução do protozoar se tornasse consciente de si mesma na pessoa de Charles Darwin, se o próprio Charles Darwin já não estivesse de algum modo implícito no protozoar, uma demonstração que evidentemente está muito acima das ambições do evolucionismo. Quando Richard Dawkins ensina que todas as ideias humanas são mimis, isto é, vírus de computador, que se propagam ao acaso e se perpetuam quando encontram as condições favoráveis, ele não explica se essa mesma ideia também surgiu do acaso, nem esclarece se a eventual superação dela, por outras ideias que encontrem condições mais favoráveis, equivalerá a uma confirmação ou um desmentido dela. O que não quer dizer é claro que essas teorias todas serão logicamente autocontraditórias, nem desmentidas pelos fatos que alegam em sua defesa. A sua incongruência só aparece quando, além do horizonte desses fatos, elas são confrontadas com o cenário existencial de onde emergiam, com a particular situação de discurso na qual foram enunciadas. Aí se torna claro que seus autores se esqueciam de incluir a si próprios na humanidade sobre a qual teorizavam e generalizavam. De um modo ou de outro, eles, e às vezes até mesmo o ato concreto de dizer o que diziam, ficavam fora e acima do alcance das generalizações que faziam sobre a espécie humana como um todo. Denomina esse fenômeno paraláquice cognitiva. Isso significa a diferença de posição entre dois eixos. A paraláquice cognitiva é o deslocamento entre o eixo da experiência real de um homem e o eixo da construção teórica que ele empreende enquanto pensador ou cientista. Pela premissa fundamental esses eixos deveriam coincidir. Se não coincidem, algo está errado. Ou o autor da teoria não pertence mesmo à espécie humana sobre a qual teoriza, ou ele é distraído demais para notar que pertence. A paraláquice cognitiva não é um erro de lógica nem de observação. É um desvio de foco que deixa de incluir no campo dos fenômenos abrangidos certos fatos que pertencem a ele de forma eminente, prioritária e imediatamente perceptível. Ela nada tem a ver com hipocrisia, com fingimento consciente, com a infidelidade de um pensador a seus próprios princípios. Tem tudo a ver com certas limitações estruturais da consciência do pessoal que transparcem quando cobramos dos grandes filósofos e homens de ciência o mesmo grau de atenção vigilante que exigemos de um menino de escola. A paraláquice cognitiva é uma forma de estupidez específica que não é incompatível com o elevado talento científico ou filosófico, mas que é desastrosa para o progresso geral da ciência da filosofia. O objetivo desse estudo e do livro que decorrerá dele é demonstrar que, primeiro, a paraláquice cognitiva raríssima entre os grandes filósofos cientistas da antiguidade, da idade média ou de orienta do Oriente Islâmico, aparece com frequência cada vez maior no primeiro escalão intelectual desde o advento da modernidade. Segundo, na medida em que passa despercebido, ela tende a disseminar-se no segundo, no terceiro e no quarto escalões correspondentes a primeiro os filósofos e cientistas não criadores, segundo o proletariado intelectual das universidades e terceiro a multidão dos formadores de opinião, tornando-se uma força histórica apta a gerar consequências incalculavelmente vastas, cujo conjunto não é exagerado caracterizar como estupidez indêmica em escala mundial. Três, a disseminação da paraláquice cognitiva tem algo a ver com a origem e a constituição das modernas profissões intelectuais e das instituições criadas para sustentá-las. Quatro, somente a disseminação da paraláquice cognitiva pode explicar o advento e expansão de várias modas e correntes intelectuais afetadas de estupidez estrutural, que por isso mesmo se tornam facilmente dominantes na cultura moderna. Sinto, sem a paraláquice cognitiva também não teria sido possível o advento e crescimento ilimitado das ideologias revolucionárias modernas, da propaganda em gonosa usada como norma geral dos programas educacionais destrutivos e de vários outros fenômenos sociais alarmantes. Seis, não é possível estudar a estrutura, a origem e a disseminação da paraláquice cognitiva sem ser assaltar de dúvidas contra a sanidade da cultura moderna como um todo e a autoridade intelectual das instituições que a personificam. Muito bem, voltando aqui ao começo, eu mesmo tenho uma série de observações que não fazem parte dessa introdução, que serão desenvolvidas nas sessões seguintes, mas que para efeito dessa aula são necessários. Quando eu coloco uma premissa e digo que ela é a premissa de toda e qualquer, a premissa de toda e qualquer afirmação universal sobre a espécie humana como um todo, é que ela se aplicará também à pessoa daquele que está enunciando a proposição a não ser que ele não seja realmente o mesmo da espécie humana, seja um anjo, um demônio, um tatubola ou qualquer coisa assim. Quando eu coloco essa premissa e digo que algumas teorias a desmentem de maneira implícita, é preciso que vocês se resguardem de ver nisso apenas uma contradição lógica. Uma contradição lógica é apenas um conflito entre duas proposições. Se o conflito se insere na pura esfera lógica, se trata apenas de duas frases que são contraditórias, não é disso que se trata, perceber contradição lógica qualquer criança percebe, é um negócio até automático. Mas quando você entende que as proposições não são apenas meras frases, mas que elas estão se referindo às situações reais de uma situação de existência humana, então nós podemos ver que existe por baixo da contradição lógica existe uma contradição psicológica e é esta contradição psicológica e não a sua mera expressão lógica que constitui a paralaxe cognitiva. A paralaxe cognitiva é um fenômeno psicológico concreto, acontece com seres humanos concretos e evidentemente uma coisa é você apenas cometer uma contradição lógica, outra coisa é psicologicamente você estar vivenciando uma situação cognitiva que é autocontraditória. No primeiro caso é apenas um defeito técnico ou de uma dificuldade verbal, mas no segundo não, o segundo caso que é exatamente o que eu chamo da paralaxe cognitiva ele assinala um déficit de consciência e esse que é exatamente o problema, quer dizer, nestas situações específicas em que esses filósofos e sábios cometiam esse erro, eles estavam num nível vamos dizer de tensão e num nível de atenção abaixo do que é requerido do ser humano normal no exercício de qualquer das suas funções. Veram por exemplo um motorista de táxi, o motorista de táxi não precisa apenas saber qual é o movimento em torno que caros vem vindo da onde, mas ele precisa saber onde ele próprio está em relação a esses caros, em relação a posição da calçada, em relação ao sinaio de trânsito e etc. Isso quer dizer que o conjunto da referência espacial que ele tem toma como eixo a própria posição dele e é porque ele se toma assim próprio, como eixo que ele é capaz de representar a situação instantaneamente e intuitivamente desde vários outros eixos possíveis, isso é desde o ponto de vista de outros motoristas que estão cruzando com o carro dele naquele mesmo momento. Se por instantes a visão que ele está tendo da rua e dos outros caros fosse desconectada, da percepção que ele tem da própria posição dele na rua, o que seguiria seria muito provavelmente um desastre. Isso quer dizer que não se admite que um motorista de táxi fadeça de paraláxia cognitiva nem por um único minuto, porque se ele fizer isso ele está colocando em risco a vida dos passageiros e a vida dele próprio. Os exemplos poderiam prosseguir ad infinito. Então veja por exemplo, se você tem um médico examinando os resultados de um exame de laboratório, os resultados estão na frente dele e é necessário que não apenas ele esteja vendo os resultados, mas que ele seja capaz de conscientizar no mesmo instante aquilo que ele próprio está aprendendo do que ele lê. Quer dizer, se o que se chama de própria percepção, se a própria percepção dele desconectar da percepção por um único minuto ele vai ler errado o resultado. Quer dizer que um sim profissional da medicina, num at banal de ler um resultado de exame, também não pode entrar em estado de paraláxia cognitiva. Muito mais não poderia durante o exame físico, porque se ele está, por exemplo, apalpando ali o abdomen do paciente, ele vai sentir, vamos dizer, os vários pontos conforme a pressão do toque, conforme o tempo do toque, etc., etc., etc. Se a percepção que ele tem das sensações dos seus próprios dedos não estiver perfeitamente sincronizada e harmonizada com as sensações que são transmitidas pelo corpo que ele está examinando, ele vai perceber errado. Ou seja, um simples exame físico em medicina também não pode se realizar em condições de paraláxia cognitiva. Quer dizer, mas se nós não podemos admitir paraláxia cognitiva durante o exercício dessas funções banais, por que que podemos admitir-la num instante da criação de grandes sistemas filosóficos ou de teorias científicas destinadas a ter um impacto imenso sobre a história humana, um impacto que pode se prolongar ao longo de séculos ou milênios e afetar a vida de praticamente toda a espécie humana. Por exemplo, com uma pesquisa recente, dentro feita aqui nos Estados Unidos, para dizer quais são as 100 pessoas mais influentes da história, Isaac Newton tirou o segundo lugar, Jesus Christ tirou o terceiro. Claro que a presidência pode ser errada, quer dizer, ela não é significativa, quer dizer, em si mesmo, não quer dizer que tenha sido efetivamente o pessoal mais influente, mas dentro da população consultada, a população nova iortina consultada, que é muita gente, e é significativa, Isaac Newton teve uma influência maior do que a de Jesus Christ. Portanto, se ele teve essa influência quando estava em estado de paraláxia cognitiva, isso significa que um perigoso escotomo, perigoso ponto cego, perigoso desvio do eixo de percepção, se transmitiu através de Isaac Newton a milhões e milhões de pessoas propagando-se ao longo dos séculos e estendendo-se até hoje. Em outros casos, como por exemplo, Calmar, você não precisa lembrar para vocês, né, que houve a revolução russa, houve a revolução longuíua, houve até uma revolução socialista em Portugal que não durou, mas aconteceu, você teve uma infinidade de movimentos revolucionais na América Latina, na Ásia, na África, e teve os famosos 100 milhões de mortos na conta modesta feita pelos autores do livro Mego do Comunino. Tudo isso pode ter sido gerado a partir de uma paraláxia cognitiva. Então, se nós não admitimos isso de um motorista de táxi, por que que devemos admiti-la do motorista e motoristas da história? Então este é a primeira observação que nós deveriam fazer. Em segundo lugar, é preciso ver que quando acontece a coisa da paraláxia, quer dizer, quando o indivíduo cria teorias, que não se aplica a ele, cria teorias sobre espécie humana, que não se aplica a ele próprio, que dá qual ele próprio, implistamente, se coloca como uma exceção, é evidentemente porque ele não está percebendo o que faz, mas por que ele não percebe o que faz? É isso, é o aspecto mais interessante da história, porque ninguém vai dizer que Isaac Newton, Galileu, Odecate, Ocante eram idiotas, eram estúpidos. Quem que fossem pessoas mórbidamente desatentas, aquela famosa história do gênio distraído, a história de Isaac Newton, cozinhando o relógio e olhando para o muro, não é possível que tantos fenômenos de paraláxia cognitiva se expliquem apenas pela distração mórbida, porque se eles cometeram essa distração mórbida deveriam cometer milhares de outras o tempo todo. Quando nós perguntamos por que isso acontece, esse é precisamente o objetivo deste estudo. Primeiro, evidentemente, temos que descrever o que acontece, temos que dar um mostuário suficiente de casos e tem a impressão que nessas aulas, como a que haver com o decaço, com Isaac Newton, com o Cante, eu já dei alguns exemplos significativos, a primeira seção da investigação é toda destinada a mostrar um por um os exemplos que eu estou resumindo em uma frase para Isaac Newton, uma frase para Calmar, que mais a conta tem que ser descrita com mais cuidado. Mas além dessa parte descritiva existe a investigação de como que foi possível uma coisa dessa. Ela também que não é propriamente uma investigação das causas, eu não pretendo eles dão por que, mas apenas algumas condições sem as quais um fenômeno dessa gravidade não poderia ter acontecido. Uma das pistas que nós temos é de que a incidência da paraláxia aumenta quantitativamente à medida que as várias disciplinas científicas, várias disciplinas acadêmicas modernas se definem as próprias e se constituem como campos profissionais e independentes. Quanto mais uma ciência, uma disciplina tem um domínio independente, tanto mais ela pode fazer abstração de tudo mais e só levar em conta aquilo que nominalmente, aquilo que oficialmente, por assim dizer, faz parte do seu campo. Ora, a situação de discurso na qual um indivíduo anuncia a sua teoria, na qual ele escreve o que ele fala, não faz parte nenhuma ciência dentro das cessas modernas. Quer dizer, aonde você estava escrevendo, o que você estava fazendo exatamente, quem é você? A situação concreta não faz parte de nenhuma ciência. Isso quer dizer, na medida em que o indivíduo científico ou filósofo se concentre no conjunto de fatos, naquela constelação de fatos que faz parte da sua disciplina, ele está recortando o mundo de acordo, antes de com um protocolo mais ou menos convencional e ele profissionalmente tem todo o direito de concentrar a sua atenção exclusivamente nesses fatos, fazendo abstração de tudo mais e sobretudo fazendo abstração da sua própria situação existencial. Um primeiro momento, esse deslocamento da situação concreta é apenas uma exigência prática banal, que você não pode prestar atenção em tudo, ele precisa ser desligado meio ambiente para ele poder se concentrar nos objetos da sua ciência. Mas quanto mais essa ciência se constitua como entidade, como conjunto de dados mais ou menos independentes, mas estamos sob o risco de que a abstração da situação concreta não seja uma abstração, mas seja uma separação efetiva, um divórcio ao ponto de que o indivíduo pode desenvolver teorias gerais sobre a espécie humana, que sejam negadas pela própria situação de discurso na qual ele está criando essa mesma teoria. Então, essa é uma das pistas. Então um dos temas da investigação é retrasar a constituição das profissões científicas modernas e de seus respectivos campos de investigação. Eu tenho a impressão, e isso eu não posso provar ainda, não estou investigando isso. Eu tenho a impressão de que em algumas ciências, em algumas disciplinas acadêmicas, já a simples definição do campo já implica algum tipo de paraláxia, de modo que a paraláxia se torna de certo modo obrigatória. Um exemplo é quando se constituem as modernas ciências sociais e Emilio Jorcaen, então define o fato social, com certos fatos que são comuns a toda uma coletividade, e que independentem da vontade de qualquer dos agentes. Se nós fomos levar essa definição muito a sério, então somente os automatismos inconscientes poderiam ser objeto da sociologia. Porque evidentemente se existe um hábito numa determinada comunidade, em uma comunidade de 2 mil pessoas, simplesmente não é possível que essas 2 mil pessoas tenham começado a praticar esse hábito ao mesmo tempo. Alguém deve ter começado. E é impossível que o primeiro que começou com o hábito já o praticasse como hábito. Um hábito, por exemplo, é uma prática anterior, portanto o primeiro não pode ter tido nenhuma experiência anterior, quer dizer, todo hábito começa não como hábito, mas como decisão de alguém. Então a origem desses hábitos, por exemplo, não poderia ser estudada pela sociologia. Porém, como a sociologia estuda as sociedades humanas, e elas estão reprises dos seres humanos, não de formigas, então se você fizesse a abstração de tudo aquilo que começou como decisão de algum indivíduo, sobraia muito pouco de humano na imagem da ciência assim estudada. Eu me pergunto se a Emilio Durkheim, na hora em que inaugura a sociologia, ele tinha alguma ideia de que a sociologia também se tornaria um fato sociológico. E de que essa sociologia futura, a sociologia da sociologia que poderia se constituir no futuro na cabeça dele também deveria ser estudada apenas naqueles seus elementos impessoais, portanto fazendo total abstração das intenções pessoais do próprio Emilio Durkheim. De modo que na própria constituição da disciplina sociológica você já tem ali um exemplar de paralaxes cognitivos. Quando acontece na própria origem de um campo disciplinar, você já tem esse problema ali, é claro que os praticantes dessa cena, a geração seguinte, já entram nela mais ou menos de olhos vendados, já entram com um cisco no olho, já entram vismos, então ali que eles não podem ver, é claro que alguém pode ser esperto e perceber o que está se passando e tentar corrigir, está certo, no caso, é óbvio porém o que Max Weber tenta corrigir isso na medida em que ele cria a sociologia psicológica que leva eminentemente em conta as intenções dos personagens envolvidos. Porém ao mesmo tempo que Max Weber corrige este erode inicial de Durkheim, ele reproduz o mesmo erro num outro nível com a ideia de que a ciência social, ao mesmo tempo, investiga valores e se abstém de juízo de valor, o que simplesmente é impossível na quase totalidade dos casos. Apenas Max Weber colocava, vamos dizer, os valores subentendidos na pesquisa socialória como uma premissa da pesquisa socialória que portanto não fazia um parque dela, você tem o direito de ter os seus valores, você deve declará-los disso antes da pesquisa e em seguida realizar a pesquisa sem voltar mais a esse assunto. Isto é uma coisa, vamos dizer, é uma posição intelectual tão desconfortável e tão enviável na prática que se torna, de fato, impossível você não perceber por trás da abstinência professa de juízo de valor a afirmação de mil e um valores subentendidos. Tudo isto é paraláctica e cognitiva e tudo isto é evidentemente uma forma de estupidez organizada. Nos exemplos aqui que eu citei na aula passada nós falando de Isaac Newton e ainda vamos voltar ao assunto com mais detalhes. Esta observação que eu fiz quando o Isaac Newton concebe espaço absoluto como um espaço sem nada dentro, está claro que ele estava extraindo o espaço todos os conteúdos possíveis exceto a pessoa de Isaac Newton que não só conhece espaço absoluto como é até capaz de falar dele. Esta observação não é minha, esta observação é do filósofo George Berkley. Berkley diz que o espaço absoluto se é abstraído de todos os elementos materiais que podem estar lá dentro, ele é rigorosamente um nada, é relativamente um mero nil, um mero nada. E este mero nada, eu pergunto como ele poderia ser estudado se o próprio Isaac Newton não tivesse postulado, mas não era que Isaac Newton o postula ele faz no famoso escolho, que diz uma consequência do livro dos princípios matemáticos da filosofia natural. Livro no qual linhas antes ele tinha afirmado em latim hipóteses non-fingo, quer dizer não finvo hipóteses, não invento hipóteses. E me parece que essa frase latina era do Galileu, Galileu que foi de hipóteses non-fingo e mas Newton a repete, e tão logo ele acaba de afirmar que ele não finge hipóteses, ele finge um hipótese que é hipóteses do espaço absoluto, quer dizer o espaço totalmente desprovido de coisas dentro e que no entanto continua sendo uma entidade positiva, não só positiva, mas como Newton coloca como se fosse efetiva a realidade, quer dizer o espaço que nós vemos, o espaço físico replete de objetos e apenas um fruto das sensações, era uma espécie de ilusão cósmica, por trás existe um espaço puramente matemático que é o espaço verdadeiro, segundo o Newton. E esse espaço, vamos dizer, não contendo nada dentro seria evidentemente um meronada, se o espaço fosse o meronada e a verdadeira realidade fosse este verdadeiro nada, então nada poderíamos dizer a respeito dele e no entanto Newton está dizendo. Esta observação de Berkeley muitas vezes foi desprezada por sua observação puramente psicológica, mas é claro que por trás dessa observação psicológica, Berkeley estava apontando um problema cognitivo muito sério, que é aqui o filósofo, o sábio está discursando positivamente sobre um ente que ele mesmo acabou de definir como um meronada, ou seja, como inexistente, quer dizer o espaço absoluto, ao mesmo tempo é a verdadeira realidade e é o verdadeiro nada. Mais adiante, mesmo que eu disse, quando Richard Dawkins ensina que todas as ideias humanas são níveis, vírus de computador que se propagam acaso e se perpetuam quando tem contrapodições favoráveis, note bem que sentido tem Richard Dawkins apresentar a teoria dos memes e argumentar que ela é uma verdade científica. Se essa teoria pegar ou não pegar, ser aceita ou não aceita, é um processo tão fortuito quanto a expansão de um vírus de computador. Deve ser aceita e deve se propagar por ser uma verdade científica ou deve se propagar simplesmente por ser ela própria um meme, um vírus de computador. No caso de ela se propagar apenas como meme ou ser independente da sua veracidade científica, isso constitui uma prova de que ela é científicamente verdadeira ou de que ela é falsa. A resposta disso é impossível. Então chegamos ao ponto, eu acredito que com Richard Dawkins e outros pensadores do momento nós chegamos realmente a total alucinação, que menos que a alucinação é uma forma de estupidez, é uma forma quase de retardamento mental no qual as implicações mais óbvias do ato de dizer ficam totalmente separadas e bloqueadas do conteúdo daquilo que está sendo dito, ou seja, é proibido você reparar na situação de discurso. É obrigatório você focar apenas no campo de dados recortado, dizer, pelo falante e prestar sua atenção naquilo. Você não pode prestar atenção na realidade em turno e você jamais pode confrontar o conteúdo da teoria exceto com os fatos que ela mesma alega e com mais nada. Então fiz-te evidentemente uma proibição do exercício da ciência e fez-te, também tem o nome da ciência. Então, novamente, eu insisto que vocês não devem imaginar que se trata apenas de contradições lógicas, são contradições, ou seja, cognitivas, que são tradições que se dão na esfera, ao mesmo tempo psicológicas e cognitivas, são fatos psicológicos sucedidos na mente de alguns indivíduos e que implicam, vão dizer, um déficit cognitivo. E a minha testa é que muitas das teorias de maior sucesso ao longo das últimas quatro séculos são apenas o resultado do déficit cognitivo progressivo. Para rastrear isso aí, então, evidentemente, o primeiro, é preciso juntar vários materiais e eu tenho juntado esses materiais na medida possível. O primeiro conjunto de materiais é, evidentemente, a chamada própria história, história da filosofia e a história da ciência. Então, se você nesse material você encontra as amostras da paráquice cognitiva, mas, na medida que você tenta investigar as causas, as condições que tornaram-se exclusivas, a investigação vai se abrindo para o outro lado. Como? O terreno onde acontece a paráquice, o terreno da autoconsciência, então, evidentemente, é preciso estudar a história da autoconsciência ocidental. E, nesse sentido, dois materiais preciosos são, vamos dizer, as narrativas ficcionais que desenvolvem os instrumentos linguísticos, os narrativos necessários para que as pessoas façam depoimentos sobre a sua vida e, por outro lado, os próprios depoimentos. Isto é, os livros de memórias e autobiografia. O estudo das autobiografias é hoje uma disciplina acadêmica independente com uma bibliografia enorme, que está certinho depois de alguns meses de investigação. Acabei selecionando de tudo o que se fez sobre isso alguns estudos essenciais que poderiam resolver vários problemas parciais que eu precisaria resolver para montar a minha equação inteira. Alguns dos livros são os seguintes. Recovering your story de Arnold Weinstein, que é um estudo de como a literatura de ficção moderna se transformou num instrumento de autoconhecimento. Ele exemplifica isso com os casos de Frust, Joyce, Gino Wolf, William Faulkner e Tony Morrison. Eu não galia Tony Morrison, mas espero que as análises tenham certas. Eu mesmo, tinha observado tempos atrás, no tempo em que eu comecei a formular em asigação da Palácio Ignitiva, essa observação curiosa de que ao mesmo tempo que a filosofia essência parecia caminhar, por um estado de autoalienação dos filósofos, por exemplo, uma espécie de Palácio Ignitiva crônica, o famoso apelo socrático, que é um apelo inalgrado da filosofia, que eu conheço aqui mesmo, começa a ser atendido em outras áreas do conhecimento, entre as quais a psicoterapia, evidentemente, e a literatura de ficção. E aqui, esse Arnold Weinstein, ele exemplifique até certo ponto, demonstra que nestas obras de Frust, Joyce, Gino Wolf, Faulkner e Tony Morrison, o leitor encontra elementos de autoconhecimento, quer dizer, ele, através do personagem da ficção, ele se reencontra a si mesmo e este material lhe dá elementos para, vamos dizer, um conhecimento de si mesmo. Então, o Dixarque Mobius confirma esta parte do que eu estava tentando investigar. Aqui, entre os livros importantes sobre a arte da biografia, tem esse aqui, Patrick Coleman, Representação da Renecência do Romanticismo, as representações do eu desde a renascença até o romantismo. Existe este livro aqui que já ficou um clássico Charles Taylor, Sources of the Self, as fontes do eu, quer dizer, a formação do moderno senso de identidade individual. Porém, o livro mais importante que eu encontrei até agora, me parece ser esse aqui, Patrick Coleman, o Rhyler, Rhyler, Character and Conversion in Autobiography, o caráter de conversão na autobiografia. Este sujeito demonstra, muito bem demonstrado, que o gênero autobiográfico, todo ele, ele tem a estrutura exata de uma narrativa de conversão, ou seja, que as confissões de Santa Agustina não apenas tiveram uma influência enorme, mas elas determinaram a regra de um gênero liberário, que é a autobiografia. Então ele dá uma quantidade enorme, de exemplo, mostrando que esta ideia da conversão, quer dizer, uma transformação que os gêneros sofrem em um determinado momento, e que divide duas etapas da sua vida, e que desde a segunda etapa ele raciocina e expõe a primeira parte, é ser como se ele divida aqui. Após ter passado por essa transformação e escrevesse sobre alguém que ele já não é mais, o Patrick Reilly demonstra que essa é a estrutura mesmo do gênero autobiográfico, que toda a autobiografia é assim. Mas depois de ter feito esta demonstração, ele mostra que a autobiografia ser no fundo narrativa de conversão, ser sempre narrativa de conversão, é independente do conteúdo da conversão. Quer dizer, pode ser uma conversão no sentido religioso da coisa, pode ser uma desconversão, a narrativa de uma perda da fé, que eu falei que tinha a fé, deixou de ter, e daí ele conta essa transformação. E pode ser o que se chama uma conversão leiga, quer dizer, uma mutação que o indivíduo sofreu, não no sentido de tornar-se religioso, ou de encontrar um caminho para Deus, mas no sentido de se transformar alguma outra coisa. E ele toma como exemplo típico da conversão leiga as confissões de Jean-Jacques Rousseau. As confissões de Jean-Jacques Rousseau, se tem uma estrutura de narrativa de conversão, então elas devem, como toda a narrativa de conversão, estar dividida no meio por algum acontecimento que mudou o cidadão e que justamente o determinou a escrever a autobiografia. Qual foi essa transformação, essa mutação que transforma Jean-Jacques Rousseau no autor das confissões, que tem a mesmo título do livro Santo Agostinho? Aqui, ou dito de outro modo, aqui que Jean-Jacques Rousseau se converteu. Você vê, da lina narrativa, você vê que a transformação, a transmutação pela qual ele passou foi a decisão de se transformar em escritor. Quer dizer, a opção que ele faz por uma vida de produção literária e filosófica, qual é a conversão que muda o sentido da sua vida e que o induce a escrever as confissões? Qual é a diferença básica aí? O trajeto percorrido por Santo Agostinho é, como diz a música Amazing Grace, eu estava perdido e fui achado. É a mesma coisa que dizer, eu não sabia quem era eu e agora eu sei. Agora eu sei que eu sou porque, porque eu fui confrontado com um observador oniciente perante o qual eu não posso mentir e no qual a minha imagem me aparece na sua verdadeira realidade, num instante mesmo em que eu, apriendo a realidade da minha vida, eu, de certa maneira, transendo essa realidade e já passo a ser uma espécie de observador de segundo plano, passo para um outro plano, onde eu posso refletir sobre tudo aquilo que eu fui e fiz. Isso quer dizer que a conversão religiosa no sentido em que Agostinho anara é uma espécie de passagem da caverna de Platão, que é, ele estava dentro da sombra, passou para a luz, ele estava na fantasia e passou para a realidade e o espelho no qual aparece essa realidade é justamente a consciência que ele tem de que o narrador tem de estar adiante do observador oniciente. Ele não pode mentir. Então, por favor, tente imaginar a tensão intelectual que o sujeito precisa ter para raciocinar sobre si mesmo e recordar a sua vida tendo sempre como poder referência ou como o espelho retrovisor um observador oniciente. Ele está impedido praticamente, na prática, ele está impedido de mentir, ele está impedido até de se enganar. Esta ideia do observador oniciente confere, então, a memória de Agostinho uma viva cidade e uma fidelidade fora do comum. A transformação pela qual passa Jean-Jacques Rousseau é apenas a decisão de transformar-se num escritor, ou seja, não há nenhum observador oniciente ali, na verdade não há nenhum observador e Jean-Jacques Rousseau confessa que a sua decisão de transformar-se num observador, embora seja grande conversão, grande mutação da sua vida, não o colocou num patamar de maior domínio de si ou de maior clareza, mas ao contrário o colocou numa sucessão de confusões e desventuras, talvez pior do que aquele que tivesse vivido o mente. Então isso seria uma espécie na narrativa da anticonversão. Um outro livro importante ainda dentro do mesmo enfoque dessa mesma divisão da indicação é este aqui, The Value of Solitude. A ética e a espiritualidade do isolamento nas autobiografias John de Barber. Ele vai insistir precisamente quando ele fala em ética e espiritualidade do isolamento, o tema é exatamente esse do indivíduo que se isola, se coloca sozinho para poder se confrontar na sua própria realidade diante de um observador oniciente. De esse nível de algum modo ele reforça um pouco a explicação dada por Patrick Reiler na caráter e conversão na autobiografia. Na passagem de um tipo de autobiografia para outro, na passagem da literatura de conversão, para a literatura de conversão leiga, algo evidentemente se perde. Mas se perde em primeiro lugar da possibilidade daquele depoimento que é honesto por ser dado ante um observador oniciente. Você vai ver que as memórias de Rousseau estão reprédicas de mentiras, de modo que tem parnas e parnas ali que ele mesmo não sabia se ele estava contando sua vida ou se ele estava inventando. O que significa, de repente, uma perda do autodomínio que o eu tem sobre a sua própria história. Mas o que é o eu, se não a sua própria história? Existe uma apostila minha, muito antigo, chamada o que é a psique, na qual tentando distinguir entre as várias causas dos acontecimentos, aquilo que o psicólogo chama de causas psíquicas, eu assinará uma série de características, de traços definidores da psique e um deles, evidentemente, é a sua historicidade, quer dizer, o fato de que ela se forma ao longo de uma história. Mas o resultado dessa formação é o surgimento de um eu. E este eu significa nada mais, nada menos do que a própria possibilidade de contar a história. Quer dizer, a história é o eu e o eu é a sua história e não é nada mais. Quando Simon Rays Padine definia a consciência como uma memória do passado preparada para as tarefas do futuro, ele estava dizendo nada mais nada menos que a consciência é a consciência autobiográfica no fim das contas. É a consciência autobiográfica do indivíduo que conhece a sua história até um certo momento e sabe qual é o capítulo seguinte, que ele pretende acrescentar a sua própria história. Então, nesse sentido, não é que existe uma história do eu, o eu é a sua própria história, nos indivíduos de história inacabada, história que está aberta e que o próximo capítulo você tem que escrever. Mas a evolução ou a disseminação do fenômeno da paralaxia cognitiva, que é um problema, evidentemente, de uma quebra de autoconsciência, que é um problema de falta de autoconsciência do eu, ela acompanha no tempo o surgimento, vamos dizer, da, o desenvolvimento enorme, do antetativo, do gênero autobiográfico e o crescimento também do que se chama da conversão leiga, que vai assinalando cada vez mais uma dificuldade de aprender do eu, aprender a sua própria história e de poder refletivamente dizer eu. Na Bíblia, quando Moisés pergunta a Deus quem é você, ele diz, eu sou o eu sou. Isso quer dizer que a identidade, uma identidade capaz e autorizada a dizer eu, a rigor só é concebível como infinitude divina, quer dizer, porque o eu divino ele tem desuficiente continuidade, suficiente consistência ontológica para jamais deixar de ser ele mesmo. Nenhum ser humano tem um eu tão contínuo assim, nós somos eu de maneira, vamos dizer, intermitente, de maneira precária e através de um longo e problemático processo de autoconquista. E é por isso mesmo que é o confronto de Agostinho com o eu divino que lhe permite se transformar num eu autoconciente capaz de, vamos dizer, ter o domínio da sua própria história e ser capaz, portanto, de efetivamente confessar-se. Quer dizer, a confissão de Agostinho, que é uma transposição literária do Sacramento da Confissão, é este confronto da criatura humana, uma criatura informe, uma criatura mutável com, vamos dizer, o meu, que então exerce sobre ela aquela função alquímica do enxofre sobre o mercuro. O mercuro em alquimia é aquela substância móvel, instável e sempre de transformação, essa substância corrosiva e autocorrosiva que está sempre se transformando e que é, vamos dizer, usada para dissolver a matéria-prima e no processo de dissolução, é que a matéria-prima vai tomando novas formas, vai se desfazendo das suas crus, chega o momento em que o processo está no ponto certo, então, entra o enxofre que fixa aquela matéria-prima numa forma definitiva. Então, a Confissão de Agostinho é esse processo alquímico no qual a autoanálise corrosiva e até cruel resulta na criação do novo eu, estável o suficiente para ter domínio da sua própria história e ter o controle dos seus próprios atos no futuro. Essa conquista, da estabilidade do eu através da Confissão, é o processo exatamente inverso da Confissão de Jean-Jacques Olsso, no qual não existe o momento do enxofre, o enxofre, a profissão não fixa, ela continua se corroendo e se desgastando através da própria autobiografia, de maneira que, embora a estrutura seja idêntica, a estrutura, a neuroestrutura da narrativa de conversão dividida por uma transformação se dá no meio, essa transformação não é definitiva, ela é precária, ela é fracassada, e deve haver ainda outras e outras e outras e outras e outras, até o ponto em que o eu começa a duvidar da sua própria existência substantiva. Quando lemos sobre psicanália, nós vamos criar muita gente louva ou condena psicanália por ter derrubado a teoria substancialista da psique e do eu, quer dizer, por ser a corca psicanália, o eu não é uma substância, eu só disse isso porque não sabe o que é substância, tem ideia de que substância tem que ser uma coisa estática, mas na substância, já no próprio Aristóteles, é uma crida de transformações possíveis, é certo de modo que, até ultimicamente, a matéria prima, ela é, vamos dizer, a matéria prima das transformações, não a matéria prima, que deve permanecer a matéria prima sempre com a sua forma. O que a autobiografia moderna, a autobiografia moderna já consorou, a autobiografia da conversão leiga assiná-la, é de fato um fracasso do processo alquímico, quer dizer, um fracasso da construção do cristal, quer dizer, o cristal é a forma final, o produto final do processo alquímico, né? Você vai passar pelos três, três estárgios que estão representados pelo Mercuro, o Enxofri e o Sal. O Sal é o cristal, que é da forma final. Quando Cristo fala aos após o vosso, hoje o Sal da Terra, o que ele quer dizer? Eles já passaram por esta transformação, vamos dizer, através da confissão dos seus pecados, foram resgatados os seus pecados, então, adotaram a forma final. Eles agora têm um eu definitivo resultante desse processo alquímico. Então, a autobiografia da conversão leiga, não sendo, não produzindo cristal, é evidentemente um processo alquímico alhado ou frustrado. Então estas mudanças, né, na história do eu ocidental, elas acompanham, fazem quase a evolução da paralaxia cognitiva, no sentido de que são várias linhas de força que vão indo na direção, onde é de uma confusão, de uma obscuridade cada vez maior, até o ponto em que o eu já não pode mais dizer que eu, mas eu me ensinei aqui na primeira parte dessas aulas, é uma narrativa autobiográfica de Samuel Beckett, no qual a vida do indivíduo é narrada por uma voz, o indivíduo está no palco, deitado, e uma voz discute com ele e você não sabe se essa voz é ele mesmo, se é um segundo, se é o demônio que está acusando, você não sabe que é a voz, e ele chega até a conclusão de que ele não pode contar a sua própria vida com fidelidade, porque ele não foi se estimunha do momento do seu nascimento, então ele não sabe se é ele mesmo. Aí você fica pro ideia do eu, se esfaelou completamente, e o domínio que eu tenho sobre esse meu é tão precário, tão frágil que ele tropeça numa simples pegadinha, porque a ideia de que eu não posso dizer que eu sou eu, porque eu não fui de estimunha do meu nascimento, é autocontreditor com a própria estrutura da existência humana e que a própria estrutura do eu, que por sua própria natureza, não é uma substância estática, mas é uma substância em constante transformação e que se forma e se afirma através da narrativa de sua própria história, então se fosse possível ser estimunha do meu próprio nascimento, eu precisaria ter um eu formado antes mesmo de eu existir fisicamente, que é uma estupidez. Então a dificuldade que desoriente, a terroriza o Samuel Beck até na verdade é apenas uma pegadinha, quer dizer, aquilo que ele vê como uma tragédia cognitiva humana, eu vejo apenas como uma piada. Parece que o Nonus, como o focamento humana conseguiu ficar tão frágil ao ponto de se assustar com piadas, este é o presente estudo pretende fornecer algumas respostas para isso. E também é claro que a perda da identidade, unidade histórica do eu, ela acompanha a perda da própria noção de substância nas ciências físicas. Notem que Isaac Newton começa o livro dos princípios, princípios matemáticos da ciência natural. Vou olhar aqui o primeiro parágrafo. Uma vez que os antigos consideravam a mecânica de grande importância na investigação da natureza e da ciência, e uma vez que os modernos, rejeitando as formas substanciais às qualidades ocultas, empreenderam reduzir os fenômenos da natureza a leis matemáticas, pareceu que o melhor nesse tratado seria me concentrar na matemática em suas relações com a filosofia no plano. O que é a forma substancial? A forma substancial é aquilo que faz com que um entre uma coisa seja ele mesmo e não outra. Na entrada do mundo moderno existe uma mudança muito grande do processo de abstração no conhecimento. Todo mundo sabe que todo conhecimento humano começa com abstração. Abstração significa separar uma coisa da outra e no conjunto que os dados do sentido levar apenas em consideração uma parte deles. Segundo Aristóteles, o processo de abstração segue o seguinte trajeto. Você recebe os dados dos sentidos, na memória eles se agrupo mais ou menos automaticamente por semelhanças de diferença, criando então um conjunto de imagens que Aristóteles chamava dos fantasmas para distinguir a imagem rememorada da imagem percebida fisicamente. É em cima desses fantasmas que a atenção humana vai fazer distinções e classificações mais finas e chegar a aprender o conceito dos entes. O conceito dos entes é obtido por um trabalho de abstração feito em cima de um outro trabalho de abstração prévio já feito pela memória e imaginação. Através das semelhanças e diferenças dos entes você então chegava a criar a respeito deles uma definição. A definição dizia qual é o gênero próstico, que gênero de coisa é esta, essa diferença específica. E no que essa coisa se difere, no que essa espécie de coisas se diferencia das outras coisas do mesmo gênero. Então isto é o gênero chamando de abstração substancial, quer dizer você vai abstrair uma substância, substância é o objeto da definição, a definição vai dizer o que que é esta substância e este então é o processo da abstração. O culminação do processo da abstração é a definição de uma substância. Nos últimos tempos da idade médio houve uma série de polêmicas que nós não vamos poder abordar aqui contra a noção de substância de modo que chegaram à conclusão de que deveria abandonar esta noção e então começaram a fazer outro tipo de abstração. Qual é esse tipo de abstração? A abstração matemática. A abstração matemática é aquela na qual você partindo os dados dos sentidos você não pergunta mais o que eles são, mas você já tem a fazer medições e anotálar. Você pega apenas os caracteres matemáticos daqueles entres e já não pergunta mais o que eles são, ou seja, a ciência da importância consiste em receber os dados dos sentidos, medí-los e fazer contas a respeito deles e buscar constantes matemáticas. Não é preciso dizer que o universo assim concebido não tem nenhum entro lá dentro, não tem nenhuma substância lá dentro, ele só tem medições, quer dizer, é um universo puramente matemático, puramente hipotético e, por assim dizer, ele é triplamente abstracto, porque ele faz a abstração do fato de que as coisas para poderem ser medidas elas têm que ser alguma coisa e de que se não soubessemos nem distinguir uma coisa de outra coisa não conseguiríamos fazer medida nenhuma, não é que bem que as consequências de longo prazo desta mudança do processo abstractivo já tinham sido previstas por Jordano Bruno, ele podia ser macumbeiro quando fosse, mas no fato é que ele tinha uma percepção da filosofia da natureza que o colocava nos antípodas de toda a ciência moderna e não deixa de ser uma ironia que a cultura popular tenha consagrado como espécie marker da ciência moderna, ele era contra a ciência moderna, era tão contra que ele disse a seguinte frase, aquele que negasse tudo aquilo que não é perceptível pelos sentidos teria que no fim negar o seu próprio ser e substância, nesta frase absolutamente genial estão quatro séculos de evolução da decadência do pensamento ocidental, porque a dissolução da própria ideia do eu não só na literatura de ficção com Kafka, Pirandela etc., mas a dissolução da própria ideia do eu nas autobiografias é o resultado destas decisões tomadas quatro séculos atrás pelos fundadores da ciência moderna entre os quais Newton e levar em conta somente os aspectos mensuráveis dos dados dos sentidos, aspectos que eles chamavam de qualidades primárias e as outras qualidades seriam então qualidades secundárias que seriam subjetivas como corbo, oxta etc., etc., etc., a lábias já tinham observado que objetos reduzidos as suas qualidades matemáticas se não objetos inexistentes, matematicamente é impossível saber se o objeto exista ou não, pelas suas simples medições, o conjunto de medições, vou dizer, vou se fazer, vou tomar por exemplo, a medição desta mesa, as medidas desta mesa são exatamente iguais ao de uma outra mesa do mesmo tamanho que não existe ainda, por exemplo, a mesa que vai ser fabricada a semana que vem, se a fábrica durar até lá, ela mete exatamente as mesmas, as medições desta aqui, portanto por pura matemática é impossível saber se o objeto existe ou não, de modo que o universo da ciência começava a aversar sobre espécie de fantasmagoria exata, Leonardo 20 dizia, usava a expressão fantasia exata, e não é preciso dizer que a universalização deste modelo de ciência resultou efetivamente naquilo que Jordano Bruno havia previsto, quer dizer, o próprio eu das pessoas envolvidas no processo seria esfarelado, está certo? A instituição acadêmica toma este esfarelamento do eu, dá este esfarelamento do eu o sentido de um valor dogmático, ou seja, uma vez que esse esfarelou, ouve esse processo escultoroso esfarelamento do eu, já não se pode mais falar em eu, já não se pode mais falar da psico como substância, nem da individualidade como substância, e se torna proibido, ou seja, quer dizer, as consequências de um processo de degenereciência e estupidificação se tornam automaticamente em os epositulados dogmáticos que você não pode transgredir mais. Em qualquer discussão, vamos dizer, científico que hoje apareça nos meios culturais na mídia, a gente vê a naturalidade com que os ouvintes apelam, vamos dizer, a autoridade da ciência. Ora, mas a simples ideia de que uma ciência institucionalmente reconhecida, seja pelo fato de ciência institucionalmente reconhecida, autoridade suficiente para legislar sobre o conhecimento, essa simples ideia, ela já é absurda em si, porque ela implica a ideia de que a transposição jurídico-constitucional de conhecimentos adquiridos até ontem tem autoridade de conhecimento que serão adquiridos amanhã. Essa ideia é tão absurda e ela é tão contraditória com a própria definição mesmo de ciência, que chega a ser espantoso, que espantosa a facilidade em que as pessoas aceitam. Essa facilidade já é, vamos dizer, um dos efeitos psicológicos de longo prazo da disseminação da paralarque psicognativa. Espero que todos tenham acompanhado até aqui esta exposição e quero saber se tem perguntas. Eu vou esperar aqui até que apareçam as perguntas ou dúvidas. Eu vou repetir aqui a frase de Jordano Bruno, que é verdadeiramente profética. Toda vez que eu penso no destino de Jordano Bruno, eu me parece que a inquisição queimou o sujeito errado, porque o Jordano Bruno nos dá tantos elementos para entender o sentido perverso tomado pela cultura moderna, que hoje ele é uma fonte de inspiração para todos aqueles que querem se livrar daquilo que o Papa João Paulo segundo chamou de cultura da morte. Eu vou ler o parágrafo inteiro. O que diz a substância e o ser são separados em dependentes da quantidade e consequentemente a medida e o número não são substâncias, não são substanciais, mas são acidentais a substância. Não são essências, mas são acidentais a essência. Aquilo que nas coisas é multitude, não é a sua essência, não é a coisa em si mesma, mas apenas a aparência, apresentado aos sentidos, é apenas a superfície das coisas. Aquele que tentar conhecer o infinito por seu sentido será como um homem que quer ver substância e essência com seus olhos. E aqui finalmente a frase profética. Aquele que negar em tudo aquilo que não é perceptível aos sentidos, terá no fim de negar o seu próprio ser e a sua própria substância. Ou seja, quem deveria se apegar a essa dupla ideia constitutiva da essência moderna, os dados dos sentidos tomados não como origem da abstração substantiva, mas da pura abstração matemática, os dados dos sentidos, mas a sua medição terá que proclamar que ele próprio não existe, que é exatamente o ponto que chegamos hoje em dia. Bom, pelo que vocês viram até agora, vocês devem notar que este projeto, ao mesmo tempo o projeto de investigação e o livro que eu chamei da MENTA REBORÇONAR, entre outros títulos possíveis, é uma espécie de imbecil coletivo universal. A gente imbecil coletivo de alto nível, já não se trata de examinar a intelectualidade de um país em significado do terceiro mundo, mas de investigar o fenômeno da imbecilidade coletiva nas mais altas expressões intelectuais da cultura europeia, moderna. Este estudo é enormemente fascinante e a dificuldade dele é sobretudo a dificuldade de riqueza do material. Eu acredito que até agora, só para, como matéria prima para isso, eu juntei quase mil livros e todo dia estou tendo que buscar mais e mais e mais porque. O processo abrange quatro séculos, e abrange pelo menos quatro subprocessos diferentes, que são o processo da história da ciência, da história da filosofia, o processo da evolução literária e da evolução da autobiografia. Tudo isso, resumindo, no processo da formação e perda do eu ocidental. Então, aí nós temos várias disciplinas que são abrangidas. Somente a história do eu ocidental já abrange bibliotecas inteiras. E a história das autobiografias dentro, que é uma divisão dentro dela, é um setor riquíssimo. Por uma feliz coincidência, aqui na Universidade de Virginia, em Richmond, existe um centro de estudos sobre a autobiografia e alguns desses livros que eu citei são resultado de investigações promovidas aí neste centro. Dentro dessa evolução de quatro séculos existe uma infinidade de pequenos problemas, mas aqui eu não posso resolver todos e que eu tenho que buscar solução pronta em estudos específicos, estudos monográficos sobre aqueles pontos em particular. O projeto é bastante ambicioso, mas eu acho que ele está indo muito bem, porque até agora eu não encontrei um único sinal de que o processo não acontecesse. Às vezes, quando você tenta observá-lo num determinado filósofo em particular, você não encontra na primeira vista. Mas eu sei que está lá e um pouco mais de cuidado a gente pega, porque é importante para você ver que a paralaxia não pode ser um defeito ocasional, um defeito acidental lateral. Ela tem que se referir ao miolo, ao centro mesmo da doutrina de um cidadão, como por exemplo, a noção de ideologia de classe é central em Karl Marx, como a noção do inconsciente é central no Freud, como a noção do espaço absoluto é central em Newton. Então, em cada uma dessas doutrinas, a seu respectivo conceito fundamental está viciado pelo deslocamento dele em relação à experiência existencial necessária para que a própria teoria pudesse ser enunciada. Isso quer dizer que cada vez mais, a vida real vai sendo colocada fora da esfera de interesse acadêmica e cada vez mais a discussão se concentra em conjunto de fatos que foram preliminarmente recortados para ser objeto de atenção acadêmica. Recentemente houve um cidadão que escreveu um livro em nome da ideologia científica contra as doutrinas religiosas. O sujeito se chamava... eu vou ter que parar aqui e buscar o livro que eu não vou explicar para vocês. Desculpem aí a interrupção, mas eu não consegui achar o livro que ele tinha ressentido bastante mais que o que eu não tenho para mim. Mas é um biólogo que não queresse muito o conteúdo do livro, mas chama Daniel Dänett que após ter explicado as razões pelas quais ele acredita que a teoria de evolução deve substituir as religiões tradicionais na condução moral, pedagógica, jurídica, etc. da humanidade, ele faz uma observação muito interessante. Ele disse, é lógico que eu não acredito nas minhas teorias no sentido em que um crente acredita na sua religião. Eu posso negá-las a qualquer momento, eu posso abdurar delas a qualquer momento. Querem ver e aí ele faz uma frase que ele nega tudo que diz no livro. Ele diz isso aí para mim não tem menor dificuldade. Muito bem, nós entendemos que a ideia mesmo de ciência implica a disposição permanente de você voltar atrás naquelas afirmações que não forem compatíveis com os novos dados adquiridos, mas até que pône essa flexibilidade da ciência, da prática científica, não significa também com a Deus a própria noção de a realidade e de veracidade. Nenhum compromisso com aquilo que ele diz, como é que ele acredita que essas teorias podem orientar moralmente a humanidade? Como é que eu posso orientar moralmente a humanidade com base em ideias nas quais eu mesmo digo que não acredito? Eu estou vendo que existem algumas perguntas aqui. Essa pergunta é como explicar de forma raso, obviamente simples e formidável avanços tecnológicos que eu tenho nos últimos quatro séculos. Se não excelente a atenção à técnica e a desprezão da ciência verdadeira, ao contrário, toda tecnologia por definição, reconhecimento verdadeiro, só que é preciso ver que a evolução da tecnologia deve muito pouco a evolução da ciência. É o contrário que acontece. Os avanços tecnológicos da maior parte dos casos, eles precedem na sua explicação científica, que é a maior parte dos avanços tecnológicos que são feitos com bar em observações empíricas cujo fundamento científico útil você não tem. A tecnologia é um domínio de conhecimento que é independente e cujas relações com a ciência são bastante ambíguas. Na aula passada, eu não sei se a pessoa que fez a pergunta estava presente na aula passada. Parece que não, pela pergunta que fez. Mais eu expliquei que o modo raciocínio da ciência é exatamente o contrário do modo raciocínio da técnica. Então a ciência busca, ela delimita um certo campo de fenômenos e tenta reduzir esses fenômenos à unidade e um princípio explicativo comum. Quer dizer, a unidade da ciência está num princípio explicativo que abrange o conjunto dos fenômenos. Já uma técnica, qualquer que seja, a técnica de fazer qualquer coisa, ela sempre consiste em usar meios heterogênios, da certa forma, desencadear, uma sequência de causas que só se unificam na finalidade, quer dizer, no resultado final. Mais para trás você não tem a unidade de um princípio explicativo comum. Se você não existe qualquer técnica, implica o apelo a conhecimentos heterogênios, ou seja, não reducíveis a uma explicação científica comum única, e cujo ponto de unificação é o resultado, o efeito técnico obtido. Você imagina, por exemplo, uma simples cirurgia para você retirar uma veruga. Existe algum princípio comum que explica ao menos tempo o processo dermatológico pelo qual se formou a veruga e o processo de fabricação dos instrumentos cirúrgicos usados para tirar a veruga. Quer dizer, seria preciso encontrar princípios científicos comuns a dermatologia e a metalogia. Isso é absolutamente impossível. E a técnica cirúrgica implica a conjunção dessas duas linhas heterogênias para obtenção no resultado comum. O raciocínio tecnológico é radicalmente diferente do raciocínio científico. Quando os cientistas ficam batendo no peito, dizendo que a tecnologia é a prova de que a ciência que eles fazem é maravilhosa, ao contrário. Nenhuma técnica prova nada exceto a sua própria possibilidade. É certo? Isso eu acho fantástico que pessoas, que são cientistas praticantes, não sabem de uma coisa dessa, que é tão supremamente óbvia. É só você pensar de qualquer técnica, de qualquer forma, você engraixar sapato. Você precisa do couro e da graxa. A graxa passada sobre o couro tem um certo efeito químico, que você pode explicar pelas propriedades da graxa. Mas será que por esse efeito químico você pode explicar as propriedades do couro? Não, você precisa saber como é a anatomia e a fisiologia da vaca. Ou do couro, ou do porco, ou do bicho qualquer, você pode fazer o sapato. Quer dizer, até como engraixar um sapato você está usando dois elementos heterogênios, que são as propriedades químicas da graxa, está certo? E as propriedades físicas e fisiológicas da do couro. Não tem uma ciência de engraixar sapato. Tem uma técnica da engraixar sapato. Então, a técnica progrede muito facilmente, a partir do momento em que você descobriu a possibilidade e você confiou na possibilidade de você melhorar a vida humana através da técnica, que é uma possibilidade que subentende, você já ter uma certa massa crítica de realizações técnicas prontas, que se acumulou durante mil anos na idade média, até quando chegou a provólio de 1560, o pessoal começou a confiar naquilo. A técnica progrede quase em progação geométrica, a partir do momento em que as pessoas descobrirem essa possibilidade, precisamente porque a natureza do raciocínio técnico é a mesma natureza intrínseca do pensamento criativo de modo geral. Se alguém tem mais perguntas, deixa eu terminar de responder. Existe um livro muito interessante de Arthur Kestler chamado The Act of Creation, onde ele explica, com abundância de documentos, o raciocínio criativo com uma conjunção mais ou menos acidental e feliz de duas linhas de raciocínio e com uma não tem nada a ver com a outra, em princípio, aparentemente, mas que pode dar samba, como se diz, produz algum resultado. Ora, isso é a mesma coisa que dizia que criatividade é técnica e técnica é criatividade. Então, a partir do momento em que as pessoas acreditam na possibilidade de melhorar sua vida através da técnica, você tem, vamos dizer, um forhecimento extraordinário da técnica, independentemente de que os cientistas entendam o que está acontecendo ou não. Tem uma outra pergunta. A pergunta é se eu percebo a física moderna como engenharia da natureza, mas disse, príncipe, não cigarra a técnica com uma preocupação acentuada pelos benefícios tecnológicos. Não, de jeito nenhum. Quer dizer, não é este o ponto, é o ponto de vista que você tem que entender. Quer dizer, eu sou a dépeita, a dépeita entusiasta da tecnologia, que toda massa de tecnologia que você puder um tapas, você melhorar a vida das pessoas, tem obrigação estricta de fazer isso, quer dizer, eu sou aqui sabendo como se faz alguma coisa para resolver algum problema, não faz e não resolve o problema, está apertando por omissão, omissão moral grave. O problema com a física não é esse, o problema com a física é exatamente este ponto de partida, que o que eu vou ficar desmito chama bifurcação, é bifurcação epistemológica, que separa, chama das qualidades, primárias das qualidades secundárias e fica somente com as primeiras, isso é com a presença física e as medições, está certo? Descrevendo, portanto, um universo absolutamente fantasmático. É claro que isto, pelo fato de a ciência ir para esse lado, o seu poder explicativo diminui, mas a sua aplicabilidade técnica aumenta, pelo simples fato de que ela limitou um setor da realidade e fez abstração até disso, aquilo existe ou não? Então, é muito a partir da hora em que você desenvolveu um conjunto de medições e captuou um sistema de relações que pode ser observado de novo, de novo, de novo, de novo, embora você não tenha menor explicação para isso, você pode usar aquilo na infinidade de aplicações técnicas, ou será que aquilo pode ser integrado a técnicas? Por que? Qualquer conhecimento pode ser integrado a técnicas. A técnica é a integração de conhecimento heterogênios para produzir um resultado homogêneo. Aqui tem uma outra pergunta aqui, sobre o que foi dito sobre a autobiografia, conversão, conhecimento, é possível uma comparação direta com o mito de IR, de Platão? É, sim, é este mito, é precisamente o do instante em que o indivíduo contempla a sua vida inteira, quer dizer, IR é um soldado que morre numa batalha e ele vai para outro mundo e neste mundo ele é julgado, mas ali não é julgado para ir para o inferno, ele vai voltar à terra, ele vai reencarnar, para assim dizer, mas ele vai ter que escolher a sua nova vida e ele vai fazer essa escolha baseada no conhecimento total que então ele é oferecido da sua vida inteira, quer dizer, você fica conseguindo ver a forma integral da sua vida, você está habilitado a fazer a escolha, o que é a escolha? É o exercício da liberdade, é o capítulo seguinte, isto na verdade não nos acontece quando nós moremos, acontece todo dia, quer dizer, você vê a definição do Morris Pradina, a memória do passado preparada para os desafios do futuro, tentar examinar o passado, formar uma imagem integral de tirar uma conclusão e começar com base a descrever o próximo capítulo, isto não apenas a estrutura do gênero, memórias do gênero autobiografia, mas isso é a estrutura da própria vida humana, a estrutura da própria memória humana, está certo então? O mito de Eir é certamente um antepassado das memórias de Santa Agustina e das narrativas de conversão, quando eu falo conversão não precisa ser necessariamente, é conversão religiosa, por exemplo, o ensaio de autobiografia espiritual de Nicolau Berde-Effel, o filósofo russo, não se trata de uma conversão religiosa, mas de uma série de descobertas intelectuais que foram sendo feitas, as reflexões autobiográficas de Eir e que foi aquele também não são uma conversão religiosa, mas são uma conversão e na verdade não são, propriamente, uma conversão no sentido de Jean-Jacques Coussard, Jean-Jacques Coussard coloca a sua conversão, entre aspas, a profissão literária, como origem de mais dúvidas e sufrimentes, etc, etc, e evidentemente não se trata disso nem no caso do Berde-Effel, nem no caso do Fergnell, ao contrário, estou ali estabilizando as conclusões de uma vida de estudos até o ponto em que isso é possível, claro que essa confissão continua em aberto, mas a confissão de Agostinho também continua em aberto porque não é porque ele colocou o ponto final no seu livro das confissões, que ele está livre do pecado, e não vai ter novos pecados a confessar, por exemplo, sempre vai ter assim como sempre haverá novos pecados a confessar, também haverá novas descobertas científicas a fazer. Então a pergunta do Eupidio, em que que a texte de diferenciada arte é em absolutamente nada? Ele pergunta, na questão de diferença entre a técnica ciência, em que que a texte de diferenciada arte tem a questão exatamente a mesma coisa, só que dentro dessas inumeráveis artes, algumas se aplicam a um domínio determinado do estético e seria preciso, então definir as fronteiras do estético, mas em princípio a arte e técnica são exatamente a mesma coisa. O sujeito que escreve o romance, ele também está usando elementos de várias fontes, elementos heterogênios para produzir um resultado, entre esses elementos heterogênios, ele tem algumas memórias de coisas que ele viu, as outras coisas que ele imaginou, e ele tem por outro lado, agora eu perdi, perdi o rume aqui, vou usar uma mensagem por aqui e me atrapalhei. Vamos começar tudo novo. A arte e a técnica são exatamente a mesma coisa, embora se possa diferenciar algumas artes com uma aplicada especificamente ao domínio estético, mas a arte é técnica no sentido que eu defini, quer dizer, se não há perfeita identidade entre arte e técnica, podemos dizer que a arte é uma espécie dentro do gênero técnica. Por que eu digo isso? Porque todo e qualquer empreendimento artista, todo e qualquer obra artística que você empreenda, faz exatamente o que toda a técnica faz, quer dizer, ela usa um conjunto de meios heterogênios para produzir uma obra, quer dizer, que é o resultado da aplicação dessa técnica e que é o ponto onde se unifica essas várias linhas de ação, por exemplo, existe um pintor, por exemplo, ele pode fazer um quadro, ele precisa conhecer algumas leis da perspectiva, tá certo? E precisa, quer dizer, ter tintas que sejam adequadas àquilo. Existe um princípio explicativo comum às leis da perspectiva e à química das tintas? Não, são conhecimentos totalmente heterogênios, são domínios ontológicos diferentes e portanto domínios cognitivos também diferentes, mas é unificando, quer dizer, as leis da perspectiva, da forma pictória, etc., com as tintas disponíveis que o pintor para produzir o quadro, tá certo? Um escritor, quando escreve um romance, ele vai usar por um lado elementos da sua memória pessoal e vai usar as regras da gramática da sua língua, que não são de pessoal e de bananel, a língua gramática da língua é que ele usa exatamente a que todo mundo usa e ele vai, então, usar esses dois elementos heterogênios para produzir um resultado homogênio final que é o seu livro, seja um romance, memória, etc., etc. Então, basta isso pra você ver que arte é técnica, ela não é um domínio separado, ela é um tipo de técnica. Podemos, para dizer, mas qual a diferença entre arte e as demais técnicas, tá certo? Para isso precisaríamos fazer uma tipologia das técnicas e entrar mais profundamente na diferençação do domínio estético. Por enquanto, como isso não é um ponto que eu me sinta, vamos dizer, nem capacitar, nem clinar, para investigar agora, nós podemos até adotar provisionalmente a distinção feita pelo Benedetto Crote, que é, de certo modo, é válida, que é onde ele define a arte como expressão imediata do conhecimento intuitivo. Eu tenho aí um ensaio chamado Poesia e Filosofia, no qual eu faço essa comparação justamente baseada na ideia de qual é o trabalho abstrativo que o poeta e o filósofo fazem a partir dos dados da sua experiência. Quer dizer, o que o poeta, o pintor tenta fazer, é fixar esses dados tal como eles se apresentam na sua memória, tá certo? E o trabalho do filósofo é completamente diferente, porque esses dados ele vai confrontar com outras dados e, frequentemente, vai transformá-los muito, porque ele está em busca de alguma outra coisa e não apenas da fixação da experiência arte, tem algo a ver, vamos dizer, com o traslado de imediato da experiência interior, exterior real e imaginária, né? São essa mais ou menos a linha do Benedetto Crocci. Bom, se não há mais perguntas, nós podemos dar nesta aula aí, por... é... encerrado, na verdade, as aulas por vídeo conferem-se uma aula de duas horas da seis... seis horas de trabalho, então se torna mais cansativo do que uma aula... é... uma aula ao vivo. Então, se estivessem outras perguntas, eu estou inteiramente à disposição. Eu queria aproveitar a oportunidade, para agradecer aí ao Edison e à toda equipe da realização, por esta magnífica edição que fizeram aqui do meu livro, o... o imbecil coletivo 1, e também, agora estou a utilizar nova perspectiva, eu estou realmente muito orgulhoso de vocês e é uma grande alegria poder trabalhar com pessoas tão sérias, tão... tão dedicadas, tão honestas e sinceras naquele... naquele momento de fase. Então, com este agradecimento, se não houver mais perguntas, eu dou a presente aula por encerrada. Muito obrigado a todos e até a próxima. Então, enquanto isso, enquanto eu estou ouvindo uma pergunta aqui agora... As duas perguntas são muito interessantes. A bibliografia é um problema, porque ela é demasiado grande. Eu não sei se você se refere à bibliografia específica com relação a Newton, e de fato, deveria ter dado uma bibliografia para você já sobre este tópico. E sobre a que as danas altas e bibliografias, também existe uma bibliografia bastante extensa. Eu vou tentar prover isso ainda em um medida possível, colocando como... eu vou passar esta... quando passar esse texto à premissa fundamental, eu passo... não a bibliografia, mas algumas sugestões bibliográficas apenas para começar a história. E a segunda parte da pergunta é extremamente interessante, porque ao mesmo tempo que você vê a expansão desta fenômeno da paráxia auditiva, que é uma expansão de uma forma de estupidez altamente qualificada, estupidez de alto nível, você vê constantes esforços, vamos dizer, para recuperar o senso de integridade entre conhecimento e consciência, porque no fundo se trata disso, quer dizer, o conhecimento se desconecta da consciência. Então, ele passa a ter somente um valor convencional, quer dizer, ele vale dentro das regras de uma determinada profissão, tá certo? É como se fosse um jogo, quer dizer, o que é da regra do futebol, só vale para futebol, não vale para o tênis, para o basketball, etc., etc. Então, em grande parte, a profissão de cientista, de acadêmico, de erudito, de escola, se tora um jogo, tá certo? Mas, quanto mais se torna um jogo sem conexão, vamos dizer, com a vida real e sem a responsabilidade real envolvida, tanto mais esta classe acadêmica ser imbue da autoridade de ser capaz de guiar a humanidade no ponto de vista moral, religioso, etc., só para dar um exemplo, no Washington Post de ontem, saiu uma notícia dizendo que pesquisas científicas muito sérias comprovavam que de fato os cogumelos alucinólogos produzem experiências místicas, como dizia nos anos 60 o Timothy Leary e como diz também o Aldous Faxley. Ora, como é feita esta experiência? É o seguinte, você dá os cogumelos alucinólogos para as cobaias humanas e depois você lhes pergunta, você teve experiências místicas, o sujeito diz sim ou não, como a maioria diz sim, então está científicamente comprovado que os cogumelos alucinólogos produzem experiências místicas. Ora, este é um pequeno problema. Qual a diferença entre a experiência mística efetiva, a experiência mística genuína e a experiência mística falseada? Ela está nos objetos a cujo conhecimento você chegou através da experiência mística. O sujeito viu um monte de coisa e sentiu uma parte, sentimentos, uma infusão de sentimentos, como é que se diz, revigorantes, etc. E se não quer dizer que ele teve uma experiência mística, quer dizer apenas que ele teve uma experiência psicológica sem alcance e cognitivo nenhum? Ora, o caráter genuíno da experiência mística se vê pelo conhecimento místico obtivo. Se esse conhecimento é nulo, não houve uma experiência mística, houve apenas sensações esfuziantes, sensações animadoras. E no entanto, o jornal noticia essa pesquisa como tendo sido uma realização científica muito séria. Ela é muito séria dentro do recorre, do domínio de fenômeno que ela abrangiu ali. Esse domínio de fenômeno exclui a questão do objeto da experiência mística, que é vista somente como um estado subjetivo. Ora, como um estado subjetivo, por exemplo, se você tem... se entra um tigre aí na sala da era realização, você vai ficar com medo, tá certo? Isso se vê maluco, ele simplesmente imagina que tem um tigre, não tem tigre nenhum, ele também vai ficar com medo. Você não vê que essas duas experiências são da mesma natureza, é claro que não. Quer dizer, uma é uma reação a uma estação, uma reação normal, uma estação objetiva. A outra é simples alucinação. Nas experiências místicas também existe essa diferença. Nós sabemos que as experiências místicas, por exemplo, de Santa Teresa ou de Mestre Eckhart, têm algum valor pelo conteúdo cognitivo que eles nos transmitiram, resguardadas dificuldades de linguagem, tá certo? Ali existe um conteúdo cognitivo efetivo. Eu tenho aqui um exemplo de experiência mística neste livro, The Secret of Light, The Walter Russell. Walter Russell foi um dos mais genios da humanidade. Ele se retorneu como pintor e era especialista em desenhar crianças, já era um dos grandes desenhos de crianças. E um dia foi convidado para desenhar os filhos do presidente The Walter Russell. E fez uns desenhos maravilhosos, e logo em seguida houve um concurso de escultura, fazer uma escultura de todos os personagens de Mark Twain. E ele que nunca tinha esculpido nem uma bolinha, ele entrou no concurso, fez a escultura, que é uma das maiores escultores que tem no estado de Lívia, é um negócio enorme, tem, acho que 60 e tantos personagens, e ganhou o concurso. Quando ele estava no auge da sua carreira, da sua carreira de artista, ele sempre tinha tido muito interesse em científico, ele ia a muitos livros, onde ele teve uma iluminação mística que durou 37 dias. Quando terminou, ele estava com uma teoria cosmológica completa, assim que foi celebrada por grandes gênios da ciência como o próprio Nicola Tesla. Nicola Tesla disse, olha, você guarda essa sua teoria por alguns séculos, porque isso está muito acima do que nós estamos fazendo agora. Então, o Walter Russell, eu sei que ele teve uma experiência mística, porque eu leio aqui, é claro que do que ele percebeu, ele só pode escrever uma parte, como são o São Tomás da Quinto também, tá certo, mas eu sei que tinha alguma coisa lá, porque aqui está o conteúdo. Agora, esses palhaços todos que foram testados por essa pesquisa, de qual é o conhecimento místico que você obteveu, o que que você viu do lado de lá, ah, eu senti um negócio fabuloso, isso aí é uma besteira, entendeu? Então, científicamente pelo critério, vamos dizer, nominal científico profissional, a pesquisa está perfeita, só que em termos de realidade, tudo isso não significa nada e é uma impuliação. E então, existem milhares de pesquisas que são realmente pura, impuliação, mas que profissionalmente nada se pode dizer contra ela, porque? Porque a própria definição, a própria constituição daquele ramo de conhecimento, já podecer de paraláxia cognitiva na sua própria base. Ao longo dos séculos, houve inúmeros cientistas e filósofos e literáticos escritores que lutaram, vamos dizer, para manter o senso de integridade da consciência cognitiva humana, vamos dizer, a manter o nexo de conhecimento e consciência. Entre os escritores de conhecimento e consciência, é praticamente todos. Se ainda nós ainda temos uma ideia da integridade, de conhecimento e consciência, em grande parte, graças a fulano como esse que os reds tudo aqui, é Proust, Joyce, Brinne, ou Faulkner, Tony Morrison, é aquela famosa distinção que o romancista Saul Bellow fazia, quer dizer que, em relação a distinção dos intelectuais que produzia ideias e os escritores, que é o chamado escritor que é o chamado que transmite o que ele chamou de impressões autênticas, quer dizer, a capacidade de transmitir impressões autênticas é básica, para todo o conhecimento humano, ser conhecimento literário e científico, todo o conhecimento começa com impressões. Se essas impressões foram emfalciadas, va bom, foi tudo por breve. Então, um indivíduo como Bausach, Dostoyevsk, Thomas Mann, Jacob Vasserman, esses fizeram um esforço muitíssimo bem sucedido para conservar, defender a integridade da consciência humana. Dentro do campo da filosofia, infelizmente, foram menos, o número dos heróis é menor, mas eu destaco entre os primeiros de todos, Leibniz, quer dizer, se a ciência tivesse seguido Leibniz em vez de seguir Newton, eles teriam descoberto a teoria da relatividade no século 18, graças a esta dogma mecanicista, a coisa ficou imperada, imperada dois anos. Outro que fez um esforço muito grande para isso foi Schelling. E o próprio Edmond Russel, Edmond Russel se atrapalhou muitas vezes, mas eu vejo que pelo menos na grande obra final dele, que é a crise das cês europeias, eu mesmo uso esse livro como um dos fundamentos daquilo que eu estou dizendo aqui. No século 20 eu destacaria o filósofo Marcelo Illavel, o próprio Eric Furgren, Bernard Lonergan, Xavier Zubiri, muitos fizeram muita coisa boa para parar essa desgraça. Mas isso também não quer dizer que os indivíduos afetados de paraláxia cognitiva não fizeram nada, não fizeram nada de bom. Claro que fizeram muita coisa boa, mas o próprio Milton, quando você vê a inspiração por que Milton fez o que fez, você vê que as intenções eram muito maravilosas, porque ele tinha lido as obras de Descartes e ele ficou um pouco assustado com o abismo que Descartes tinha criado entre o eu subjetivo e o restante do mundo e o próprio Deus. E ele quis transpor esse abismo, ele quis tampar o abismo e então criar, encontrar algum elemento físico que fosse mostrar a presença de Deus. E para isso que ele inventou tal de espaço absoluto. O problema com o Milton é que as ideias teológicas dele eram muito confusas, ele foi influenciado por essa seita aryanista e tinha uma formação teológica muito deficiente. Existe um livro muito interessante sobre o Milton, acho que eu o separei até para mostrar para vocês. A semana passada eu não tinha o que achado no cheio. E é esse aqui. Talvez eu ia mostrar, Neilia, Isaac Newton, The Last Sorcerer, Isaac Newton, o último feite-seiro de Michael White. Aqui o White demonstra que toda a biografia de Newton foi falciada pelos seus sucessores para ocultar a parte alquímica, astrologica e mágica das suas investigações. Criaram o Milton a imagem e semelhança do tipo de ciência que eles queriam implantar e recortar e esconder o resto. Só a partir de 1930, a partir daquela investigação feita por John Maynard Keynes que eu mencionei aqui, a partir do Keynes é que esses bano-critos astrológicos e alquímicos de Newton começaram a ser revirados e se descobriu exatamente a conclusão. Vários investigadores chegaram a essa conclusão e esse camarada aqui a de certo modo resume essas investigações todas chegando a conclusão de que a própria teoria da própria Lady Ness, a lei da gravitação universal era um parque integrante da concepção da cosmologia alquímica do Newton. Para Newton é tudo exatamente a mesma coisa. Então eu vou dizer que o próprio Isaac Newton foi uma vítima do mal que ele que desejaria curar. Então os outros também não se pode dizer que nem David Hume tem descoberto nada de importante. É claro que descobriu coisas excelentes, só a própria parte crítica de Hume faz. Hume já descobriu, já é suficiente para justificar o lugar dele. Eu não estou depressiando nenhuma dessas pessoas, eu estou apenas lamentando uma tragéda cultural de quatro séculos que pode ser definida mais ou menos como o Max Weber dizia, o conjunto dos resultados impremeditados das nossas ações. De todos esses indivíduos aqueles que pretendiam efetivamente colocar humanidade num beco sem saída muito, muito poucos. E eu não sou capaz de dizer ainda quais foram esses. Eu sei que tem alguns que estão perfeitamente conscientes do resultado que pretendiam e pretendiam produzir. Muitos não me parecem. Isso aí também é outro problema. Se eu for provando das responsabilidades morais, eu gostaria de deixar para uma outra época. O conjunto de dados que eu estou lidando já é tão imenso que eu tenho que me limitar aqui para não me perder. Claro que tem que ser uma limitação provisória e que não provoca por sua vez uma nova paraláxia, uma paraláxia de segundo grau. Não custa lembrar que de tudo o que eu publiquei, só uma parte ífima reflete o conteúdo das minhas aulas. A transcrição de aulas gravadas tem 20 mil párneis no mínimo. E nada disso foi publicado ainda. Então a publicação disso oferece dificuldades imensas. Espero ter tempo e energia para fazer isso. Pelo menos para terminar esta investigação na qual estou metido e na qual vocês estão me ajudando com a sua atenção e as suas perguntas. Muito obrigado a todos.