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................................................................................................................................................................................................................................................ que é exatamente isso que a filosofia é uma atividade sistemática, admiro as razões dele, mas pra mim não serve. Eu sempre entendia a filosofia, não como aquele resultado, ou aquela expressão dela, que aparece num livro de filosofia, mas como uma atividade interior que produziu isso. É evidente que a expressão externa nunca cobre perfeitamente o horizonte da consciência interior que produziu isso. Então sempre a expressão escrita ou oral tem algo de deficiente em relação à consciência interior. Por exemplo, quando você lê os diálogos em que aparecem os Sócrates, você deve perguntar assim, de tudo o que Sócrates falou para os seus discípulos, para os seus amigos, será que era só isso que ele sabia? E será que isso que ele expressou não dependia de nada mais que ele sabia, mas não expressou? Ou seja, o inexpresso não tem uma importância tremenda na filosofia, essa parte inexpresso, frequentemente é aquilo que ao longo dos séculos os intérpretes vão escavando por dentro ou por trás da expressão escrita. E isso nunca termina, na verdade. Até hoje nós não terminamos de captar a parte oculta ou discreta dos pensamentos de Sócrates, Platão e Aristóteles. Por exemplo, quando você pega o trabalho do bolsor Giovanni Reale sobre o ensinamento oral de Platão, você vê que tem a obra escrita, que é universalmente conhecida por baixo dela, você tem o ensinamento oral e eu diga, será que por baixo do ensinamento oral não tem mais nada, Platão não sabia mais nada, além do que ele disse e escreveu, isso é absolutamente impossível. Você não tem na filosofia como você valorizar a obra acima da consciência do homem, da alma que é produzida. Isso é muito absurdo, por admiráveis que sejam as obras, o seu autor é sempre mais admirável porque ele traz outras tantas obras dentro que ele poderia ter produzido e que por isso o curaquilo não produziu. Eu mesmo dei um exemplo disso no meu livro sobre os quatro discursos. O que é os quatro discursos? Uma parte da filosofia Aristótela, uma parte essencial da filosofia Aristótela é que ele não teve tempo, não teve os meios de expressar, mas que claramente estava ali. Por quê? Porque a parte que ele expressou, ele não poderia ter conhecido se ele não conhecesse essa outra parte, que é uma condição para aquilo. Então, eu do dia que eu fiz a nota, dizendo que eu não escrevi aquele livrinho sobre os quatro discursos de Aristóteles, Aristóteles e Nova Perfectiva, para explicar a filosofia de Aristóteles. Eu não tenho essa presunção de explicar uma filosofia melhor do que o seu autor. E eu acho que isso é muito engraçado. Por exemplo, quando o Haydeg escreve aqueles quatro volumes imensos sobre a filosofia de Nietzsche, está bonito, mas eu não sei se aquilo é Nietzsche ou Haydeg, ninguém vai saber nunca. O próprio Santo Maedaquim tem muita coisa que ele escreveu, dizendo que era Aristótese, mas depois você vê que não é bem Aristótese, que é o Santo Maedaquim, inspirado por Aristótese, com certeza. Então, eu nunca tive essa presunção de poder explicar um filósofo melhor do que ele mesmo. Porém, eu escrevi o livro para completar algo que Aristóteles pensou, mas não disse, pensou, mas não escreveu. Para mim, está claro que ele pensou aquilo. Portanto, a teoria do Quasi-Colores não é minha, é da Aristótese. Eu simplesmente escrevi em lugar dele, foi só isso que eu fiz, como se eu fosse secretário, que estava lendo a tantas coisas. Então, eu diria que quase não é um livro sobre Aristótese, é um pseudo-líbro de Aristótese, eu vejo mais assim. Então, por isso mesmo, como eu não acredito que a filosofia seja um tipo de discurso, mas é uma atividade interior, é mais um verbo em mente do verbo interior do que o verbo exterior, está certo? E esse verbo interior é, com certeza, muito mais abrangente do que a parte que chega a se expressar no papel ou oralmente. Então, por isso mesmo, eu, por mais que admire as demonstrações do próximo apuntão, não é que eu não concordo. Eu digo, bom, essa filosofia tal como ele entende, mas não é como eu entendo. Entendo de uma outra maneira, na verdade, mais até se implora do que a dele. Mas que para mim, eu acho que é a verdadeira. Então, por isso mesmo, eu jamais tentei uma exposição sistemática de uma doutrina filosófica. Ah, rigor, eu penso que eu não tenho doutrina nenhuma. Se você pegar um conjunto de, sistemático organizado, sistêmico de pensamentos que parte de uma série de premissas e chega a uma série de conclusões, bom, eu nunca perquista isso, nunca me interessou. Pode ser que alguém, examinando os meus escritos, descubra ali algo de sistemático no fundo. Pode ser, mas eu nunca fiz isso. Mas, também eu acho que a forma de expressão que eu encontrei, que é toda fragmentária, vários livros sobre pontos específicos, artigos sobre pontos específicos e aulas sobre inumeráveis pontos específicos sem nunca tentar fechar a coisa no edifício integral, também não ajuda muito para os leitores. Se nós tivéssemos, eu não ia dizer, uma plateia de gêneos, então eles com certeza conseguiriam fazer uma interpretação decente do meu pensamento como fez o Ronald Robson, o livro Conhecimento pro Presés, que está para ser publicado. O livro é admirável, né? Infelizmente, nem todo mundo tem inteligência e o talento do Ronald Robson, né? Então, eu pensei, falei, será que eu não devia pelo menos explicar um pouquinho melhor as coisas de uma maneira mais unitária e organizada? Será que eu não devia fazer isso algum dia? Aí, você fecha a porta ali porque a minha cachorra está querendo dar palpite, e eu não preso muita opinião filosófica da mel. Então, eu comecei a pensar na conveniência de fazer uma exposição, não digo mais sistemática, mas mais abrangente, né? Quer dizer, o que é a filosofia do Olavo Carvalho afinal de contas? E como espolas, se não é de uma maneira sistemática? Então, eu comecei a pensar nisso também por ver a confusão dantesca que se produz nas interpretações da minha filosofia que se ocorram por ali. Eu até tomei umas notinhas aqui, eu vou ler pra vocês, só pra vocês terem ideia de onde vai a coisa. Buscando saber da minha pessoa e obra por meio da opinião abarisada de jornalistas, professor universitário, já alguns youtubers de considerável audiência, audiência, o leitor obterá seguintes informações. Um, o professor Paulo Sérgio Pinheiro, professor agora aposentado do Departamento de Ciência e Política da USP, informa ao público que sou o teórico principal do Opus Dei, enquanto Rodrigo Pedroso, membro da diretoria dessa entidade, alerta aos católicos que são um perigoso herége ignóstico do qual devem guardar distância. Dois, Júlio Severo, blogueiro evangélico de vasta audiência, que eu costumo chamar de Júlio, sou um zero, informa aos leitores que, sobre vestes católicos, sou na realidade um agente musulmano, incombido de levar almas ingênuas para os lâmpicos. Enquanto, na Tália Cruz da Universidade Federal Fluminense, em tese publicada na revista de Ciências Sociais de Fortaleza, a segura que sou um fascista ocidental radicalmente eslamofóbico. Três, Carlos e Jorge Velasco, responsa por uma parada da internet prometeu liberto, declaram que são agentes de serviços secreto e realenses, moçados ao PASCO site da Intercept, do famoso Vera de Valdor, a segura que sou, em vez disso, um rábio do antecebito. Você vê que o negar confusão não é pouca, então é evidente pelo mero confronto que tomadas uma uma, não vou ver sua opinião, é vale nada, mas no conjunto, vale muito, como prova o acuento da confusão mental que errei entre os formadores de opinião brasileiros, ou que eles querem disseminar a respeito do Olá, me carvar. Menciono aí apenas as tentativas de interpretação do meu pensamento, já nem me refiro à vastidão oceânica de lendas e mentiras igualmente confusas e mutuamente contraditoras, que sobre a minha vida meus atos circulam em toda a Níliga Nacional e em números jornais e revistas do interior. Então esta última parte, quer dizer, é a confusão de informações mutamente contraditórias, eu nunca vou poder responder porque o volume de alheio e nabarca, eu não vou conseguir ler tudo, não é muito simples, ninguém dá, ninguém pode ler. Então, e além disso, vamos dizer, este material de formatório circula pelo mundo inteiro, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, claro que é uma organização internacional, isso não acontece por coincidência, foi um mesmo coincidência universal de pessoas falarem mal do lado de Carvá, por que o filho na Espanha ou na França vai ter interesse e falar mal de um filósofo que é totalmente desconhecido e que nunca foi publicado no país dele? Isso não existe, então é claro que foi, que é uma transorganização, isso é o pessoal do Partido Comunista que manda a militante escrever essas coisas, não é só o comunista, também tem gente para uma organização tipo OPCUS-A, o pessoal da direita também faz isso, quer dizer, manda as militantes escrever essas coisas, e é por isso mesmo que eles inventam a história da milícia bolsonarista da direita, não existe milícia nenhuma, o apoio bolsonar é um apoio espontâneo de eleitores, as pessoas que querem a favor do bolsonar são pessoas que votaram dele, e é normal que defenda o seu candidato, não há nenhuma trama, não há ninguém ta financiando esta coisa, até hoje não se provou nada e nem se vai provar nunca, não tem nenhum Jorges Soros da direita contratando robôs, milhões de robôs para escrever do bolsonar, não tem nada disso, mas o pessoal da esquerda tem, e onde você vê isso na direita, não é a favor do bolsonar, é controlável, é claro que esse pessoal até se é um ponto organizado, porque não está organizado a mente deles, porque o que ele escreve é tanta besteira, que não é preciso responder na maior parte dos casos, quer dizer, é coisa que só pessoas imbeciles aceitam, mas se você ler o verbeta, meu respeito, o que pede é a mesma coisa, não é isso? Então, por exemplo, o fato de que os camaradas me designam como astrólogos, é uma profissão que eu abandonei nos anos 80, começo dos anos 80, portanto, vai fazer, porque 35 anos, as pessoas que escrevevam isso em geral, tem menos de 35 anos, quer dizer, antes que elas nascessem, eu já tinha abandonado essa profissão, não que a profissão em si seja desonrosa, que afinal de conto foi exercicida pelo nosso ex-ministro da educação, o seu Renato Jeanine Oliveiro, e pelo seu acessor queridinho Mania Vita, como eu não sei o que, eu tenho Dodge Ward, Alexei, Alexei Dodge Ward, Mania Vita, é ângulo italiano, astrólogo profissional, então, desse aí ninguém fala mal, que era astrólogo profissional não 35 anos atrás, mas durante o exercício do seu Jeanine. Tudo isso é muito interessante, porque mostra pelo menos uma confusão mental extraordinária nas nossas classes falantes, e eu só não vi essa confusão mental nos caras que foram alunos meus mesmos, como por exemplo, o Fabio Salgado de Carvalho, o Ronald Robson, muitos outros que, que eles escrevem a meu respeito, a retrospectão, que vai sentido. O que essa confusão mental brasileira significa, exatamente? Falei, o problema é o seguinte, é que a classe eletrada brasileira, na sua totalidade, incluindo, sobretudo, os jornalistas de academia, não têm capacidade de estudar, estudar e forne, não tem mesmo, eles não conseguem, tudo que eles conseguem é dar palquitos soltos, absurdos, certo? Vou inventar a história, inventar a história que eu construí uma barca egípcia, para ir para o espaço, não sei como eu irei para o espaço uma barca egípcia, até o que eu fiz a barca egípcia para ir até o espaço, isso era possível, mas quando eu poderia ir para a lua em uma barca egípcia, será que não tem um veículo mais adequado para essa comunidade? E coisas desse tipo, né? O... o Sol Verdevaldo, por exemplo, ele disse que eu sou anteceita, porque eu disse que o fato de uma boa parte da comunidade judaica ter abandonado a religião, enfraquece essa comunidade, e isso para ele é um dissemitismo, ele admite, ele admite, ele confessa que eu sou adepto do Defensor de Israel, eu tenho tudo, sempre defendido Israel, graças a isso venhei de entidades judaicas, brasileiras, placas com memoratim, medalhas de Defensor, da causa sionista, meu Deus do céu, mas daí veio o Verdevaldo e disse, não, ele disse que por ter abandonado a religião, ele disse enfraquecer, falou, olha, veja aqui, nos Estados Unidos 75% dos judeus votaram no Obama, que é um inimigo de Israel, isso não é significativo, não? E... você vê por toda a parte, você vê essa divisão, você tem judeus ortodóxio e são severamente, seriamente pro Israel, e judeus ateus, marxistas, etc., que estão mais do lado palestinos, do lado rússos, e a gente vê isso em toda parte, então como é que uma comunidade não se enfraquece ou abandonar a sua tradição religiosa? Oh, meu Deus do céu, não é que o Cátólica não acontece a mesma coisa? O pessoal católico, abandono o católico e do dia seguinte, eles estão servindo a Rússia, a China, essa bocariada toda, então que isso aí antes de se mentir, meu verdevaldo, verdevaldo, vai a merda, vai mentir no seu puro, talvez o seu puro acreditem você, então você já apanhou do Augusto Nunes? Eu não estou na idade de sair batendo em ninguém, mas se você quiser, se você pedir, por jeito, eu posso fazer algo pra você, tá? Então quer dizer, o cara quer me... é fofoca, quer fazer fofoca pra ver esse jogo de Judeu contra mim, assim como o seu Rodrigo Pedro, quer jogar os Padre, bispo contra mim, o outro quer jogar os islâmicos, não islâmicos contra mim, é só fofoca. Quer dizer, mas da onde vem tudo? Vindo a confusão mental indescritível. Eu lembro o seu Dunkei, o seu Dunkei, que eu chamei de Dunkei. As interpretações que ele faz do meu pensamento são absolutamente poeiristas. Tem um homem que é professor da USP, o seu Rui Falso, Rui Infalso, é um abro que não entende o que ele tá lendo, também ele é só um pouquinho já que é falado conjunto. Então eu falei, mas será que eu não estou sendo cruel demais com essa gente, expondo o meu pensamento de uma maneira tão fragmentária e espalhada, com vários pedacinhos de livros, eu considero que o único livro inteiro que eu escrevi foi o Brasil's Aficiência, o resto é tudo pedacinho de livros. E essas aulas que são monstruosamente fragmentárias, de propósito, eu não dou uma exposição seguida sobre nada, eu começo no assunto com o Mudo Mudo Mudo, pois volto lá no primeiro para ilustrar, o que eu estou ilustrando com isso? A unidade do conhecimento, a unidade da consciência e vice-versa, meu Deus do céu. Então eu estou tentando imitar da melhor maneira que eu posso o meu vermo-umente, quer dizer, a minha atividade interroto, estou tentando expressá-la, não sobre forma tratadística ou sistemática, mas sobre a forma problemática que é a dela. Então uma coisa muito importante é ver que eu nunca aderir a nenhum sistema político existente, nem liberalismo, nem conservadorismo, nem facilo, nem marxilo, nem polnivo, experimentei tudo isso, um pedacinho de cada um. Mas eu não tomo posições globais, eu não tenho um modelo da boa sociedade, eu posso procurar na minha obra inteira, para onde eu descobri, descreviu a boa sociedade. Examinei às vezes o conceito de boa sociedade, e eu pensei que esse conceito é problemático, porque o conceito de sociedade é justo, e eu não acredito que uma sociedade possa ser justa, nem injusta, quer dizer, se você vai dizer, sei lá, a sociedade soviética era injusta, se você dizer que era injusta, então todo mundo ali é injusta, é culpado injustiça, pô. Os caras que eu falava de mandar, o governo mandava, por gulag, por matava, também fazem parte de injustiça. Então a sociedade como tal não pode ser injusta, uma parte dela pode ser, você tem um grupo injusta, pessoas injustas, ações injustas, mas se uma sociedade é justa ou injusta, é o fim da picada, também você diz, ah, mas a sociedade é justa mais justa do que a soviética. Você tem certeza? Você imagina o número de pessoas de caráter correto, justo, caridoso e maravilhoso que a injustiça criou. O sofrimento, eu vi na Romênia, na Polônia, você conversa com uma pessoa daquela, você vê que são pessoas que têm a profunda consciência do sofrimento humano, todas elas têm. Nunca são indiferentes ao sofrimento. Pô, acho que no Brasil, o pessoal nem liga porque não sofreu o suficiente. Então a sociedade injusta criou pessoas mais justas, e a sociedade justa, dita justa, cria pessoas injustas. Nos primeiros meses que eu estive aqui, tem uma senhora, a professora daqui, professora da Leila, que disse, ah, essa sociedade aqui dá moleza demais para as pessoas. E eu achei que ela estava sendo injusta. Mas hoje eu vejo que ela tinha razão, porque começa a afagar a vaidade dos jovens que não trabalham, que são vindo dos seus pais, que são vindo de ajuda dos outros, e eles acham que são os senhores do mundo, os mestres, né, e saem quebrando coisa, tocando fogo, matando jeito, e acham que estão fabricando a justiça. E eu disse, por que que é isso? Eles foram paparicados demais, foram corrompidos pela justiça. Então, o conceito de sociedade justa e sociedade injusta não faz o menor sentido. Isso é coisa usada por pessoas que usam as palavras como expressão de sentimentos que elas têm, e não de coisas reais. Quando você fala sociedade justa, você quer dizer uma sociedade que você gosta, e da outra você não gosta. Mas a expressão não tem mais sentido do que isso. Ela não resiste à análise filosófica. A filosofia existe em grande parte para examinar os conceitos e ver se eles expressam alguma coisa da experiência real, ou apenas um sentimento que o indivíduo, ao qual o indivíduo por vaidade atribui uma existência externa. É certo? Então... Se eu fosse, portanto, fazer uma exposição, não digo sistemática, mas pelo menos mais abrangente e mais clara do meu pensamento, mais um pouquinho mais organizado do meu pensamento, como é que eu faria? Estive pensando isso essa semana, falando, eu não sei se eu vou escrever esse livro, mas se eu fosse escrever, como é que eu faria? Então, em primeiro lugar, como os meus pensamentos não se organizam, no sentido de uma hierarquia de conceitos, eu não creio que seria possível fazer isso? Eu acredito que uma filosofia problemática do que sistemática poderia até aproveitar o nome criado por um filósofo italiano. O filósofo está dando o qual eu não gosto muito, mas eu achei o nome interessante, ele criou problematicismo. O nome é bom, eu até faria isso, quer dizer. A minha filosofia é um conjunto de problemas, nos quais alguns eu tentei resolver, outros eu não consegui, então continuam vivos, continuam merecedores da atenção e assim por diante. Mas eu não teria outra maneira de escrever, se não pelo método narrativo, temporal. Como é que as minhas ideias foram se formando e deformando? Como eu fui adotando e abandonando várias ideias ao longo do tempo? Por que eu adotei? Por que eu abandonei e assim por diante? Então, evidentemente a primeira ideia que eu adotei na minha vida foi a radioncatólica na qual eu fui educado, e que jamais eu coloquei, jamais eu problematizei. É certo? Mesmo porque eu acho que o cristianismo é uma coisa e doutrina cristã é outra. O que nós conhecemos do evangelho é sobre o de São Sobretudo, as ações e palavras do nosso Jesus Cristo, mas de palavras deles você somar tudo não dá 20 parmes. Não basta para montar uma doutrina. Então, o que o pessoal fez ao longo do tempo? Foi tirando dessas 20 palavras e da narrativa consequências e organizando essa consequência de modo sistemático hierárquico. Então, tem aqui os princípios hierárquicos do cristianismo e aqui as outras consequências que vão descendo até os mínimos detalhes. Por exemplo, tenho o livro que eu li na juventude do Franco-Avarrion, Elementos de Doutrina Cristã, me fez muito bem quando li, mas eu nunca confundi a Doutrina Cristã, que eu gosto pelo Franco-Avarrion, com o ensinamento do próprio Cristo, porque o Cristo nunca ensinou dessa maneira. Ele ensinava através, sobretudo, de seus atos e de seus exemplos. E exemplificava, por exemplo, como ele fez no Monte Tabor, onde ele se transfigura, como é que o Franco-Avarrion ia se transfigurar para mostrar para as pessoas. Não dá para ele fazer isso, só o próprio Jesus pode fazer. Então, eu nunca tive certeza de que as minhas ideias eram católicas. Também nunca me preocupei com isso. Eu sei que eu amava a Igreja, é aquilo tudo que eu ouvi lá, me parecia a própria verdade. Por exemplo, quando tinha teatrinho na escola, que representava episódios do Evangelho, eu tinha certeza que eu estava vendo coisas que tinham realmente acontecido. Então, você ver, ao longo das épocas, o Cristo de Catolicismo se manifestou, não apenas através do ensino e da Doutrina, que foi sendo desenvolvido ao longo do tempo e ainda está sendo desenvolvido até hoje, mas também através de atos, de ações, dos milagres. Por exemplo, os corpos incorruptos do santo, que é uma coisa que só acontece no Catolicismo, não acontece mais parte alguma. Quer dizer, a pessoa que morreu há mil anos e o corpo está intacto. Vocês não totalmente intactos, mas muito mais intactos do que deveria estar. Mas um ser humano comum não pode, por exemplo, ficar, sei lá, 40 anos dentro do túmulo e não se decompor, não existe isso. Mas, nos santos católicos, existem, isso existe. Então, se parasse de acontecer milagres, nós conheceríamos o Catolicismo apenas através da sua Doutrina. Isso seria difícil para as pessoas acreditarem numa Doutrina, como elas acreditam em fatos acontecidos. Uma coisa é o que você lê, outra coisa é o que você viu. Outra coisa é o que contam para você que não pensaram, mas que viram. Então, para mim, isso tudo não era o problema. É verdade que depois de um certo tempo, eu perdi interesse na Igreja Católica. Você não quer dizer que eu rompio com ela. Mas eu perdi porque depois do Conceito Vaticano II, ela ficou muito chata, meu Deus do céu. Era muita conversa, amole. Por exemplo, eles não falavam mais dos milagres, não acontecia mais milagres. Era tudo assim, a noção cristinha da bondade, era a noção que você podia encontrar em qualquer propaganda do Peteu, do Partido Comunista, é a mesma coisa. Eu digo, nem que ele sempre estivesse errado, não, mas aquilo era só ideias. Não era a realidade da vida cristã. Então, o canto virou um cristianismo de ideias. E quando acontece isso, evidentemente, o nível das ideias vai baixando, baixando, baixando, baixando. Se você ver os primeiros que inspiraram o Conceito Vaticano II, ainda tem grande gênero, grande pensadores ali dentro, o Clô de Trêsmontan, excelente olja, não concorda com tudo, mas não se pode duvidar. Mas, meu Deus, depois vai aparecendo os Leonardo Boffes, freio dentro. E depois vai ver o Sr. Padre, não sei o que, Padre Zezinho, Joaquinzinho, Manezinho. Peraí, peraí, peraí. Como diz o meu amigo, como é? Gozação não, gozação não, peraí. Aquilo ficou muito chato e eu simplesmente, sem romper com a igreja, parei de frequentá-la. Não que eu parei de frequentá-la, porque evidentemente, aberto a outras influências, e a primeira que veio, o Marxismo. O Marxismo era muito interessante, ninguém pode negar isso aí, gente. Por exemplo, ninguém pode negar, que Carl Marx é um tremendo escritor, um escritor de uma eloquência, é verdade que é chamado de eloquência canina, de eloquência violentíssima, cheia de espumando, de ódio. Quando ele decide xingar um camaradolha, eu xingo apenas humoristicamente, eu digo para o cara tomar no cu, essas coisas. E qualquer criança fala, mas o Carl Marx, meu Deus, ele capricha, ele é um cara sádico para caramba. Então, pega um cara lá, a Doftier, ele fala, não é esse anão monstruoso, assim, por exemplo, coisa desse tipo. E pouco importa se o inimigo é do direito ou do esquerdo, quando o Carl Marx decide reduzir um sujeito a zero, ele capricha. Então, é um escritor muito eloquente. E eu acho que, em parte, graças ao dono literário dele, ele às vezes é confuso e difícil de ler, de propósito. Não é que ele não sabe a se explicar mais claramente, ele sabe, é certo? Mas, na verdade, ele quer saltar sobre certos problemas. Quando dá problema, ele não quer mexer naquilo, ele pula. Então, é um procedimento de vigarista, obviamente. Por exemplo, eu já citei mil vezes isso, o problema das relações entre os intelectuais e o proletariado. Ele nota que esse problema existe. Mas, veja, isto só vai ser elaborado teoricamente pelo Antônio Grampje. 100 anos depois. Marx não fala disso, ele percebe que o proletariado precisa do guiamento dos intelectuais, mas não foi ele mesmo que disse que só a consciência dos proletários tem uma visão objetiva da história. Ele disse isso. Mas por que a única classe que tem uma visão objetiva tem que ser ensinada por outra classe? É uma contradição óbvia, mas ele nota que existe o problema, mas varre o problema para o tapete e nunca mais mexe nisso. O Grampje vai mexer e vai atribuir aos proletários o papel dominante, não o proletariado. Então, ele vai até falar, não citar da consciência proletária, mas da consciência possível do proletariado. Então, tem a consciência possível que o intelectual tem que despertar. Mas na época, esse problema só me apareceu depois, eu fui lendo aquilo tudo, me interessei muito pelas demonstrações de Karl Marx. As demonstrações eram sempre duvidosas, mas não eram estúpidas. É isso. Mas uma coisa que eu também notei, não só no Karl Marx, mas nos escritores, eu li um montão de escritores marxistas. E eu vim com o primeiro escritor marxista que decidiu prestar a séria atenção aos anti marxistas, for Roger Garrody. Na época em que apareceu, por iniciativa do Concilio Vaticano II, a ideia do diálogo dos cristãos com os marxistas. Foram os cristãos que tiveram a ideia, não foram os marxistas. Mas os marxistas serratos, é bom, a gente pode tirar proveito disso, a gente projeta uma imagem mais simpática. Então, no livro do Roger Garrody, que chama Perspectivas do Homem, eu li esse livro com um imenso interesse. Porque eram ideias que tinham sido antagônicas, como é que elas podiam entrar num acordo? Claro que é um problema interessantíssimo, mesmo porque, veja, os comunistas eram milhões e milhões de pessoas. Mesmo católicos também, isso não era só uma questão teórica, acadêmica, mas uma questão que podia afetar a vida de, pelo menos, dois terços da humanidade. Mas ao longo do tempo eu fui vendo que tinha muita verboréia e pouca substância. Por exemplo, você pode entrar num acordo com a doutrina cristã, mas você pode com a prática do cristão nele. O marxismo tem a dizer a respeito dos milagres dos Nossos Rios Cristo, eles só podem negá-los. Porque se ele aceitar, ele vai ter que aceitar que existe uma outra ordem de causalidade que não é material. Isso ele não pode fazer de jeito nenhum, porque se ele fizer, ele deixa de ser marxismo. Então, o que ele pode fazer com os corpos incorruptos dos Santos? Nada, eles só podem não falar disso. Então, o famoso diálogo era puramente doutrina, era só blá blá blá, só palavras e mais palavras. Não tinha substantividade, a substantividade é o seguinte, o Cristianil cartoliciu continuar fazendo milagres. E os comunistas continuavam matando gente pra caramba. E o que eles matavam não resucitavam, obviamente. Então, esse tempo foi um segundo problema que me chamou a atenção. E quando eu me afastei do pessoal comunista, eu não briguei com eles, eu não rompi com eles. Eu simplesmente fui para casa para pensar no problema, pensar sem ter que sofrer a influência do grupo de referência. Meu é porque o que eu estava pensando, não tinha nenhum comunista que soubesse. Eu não conheço nenhum único comunista que tivesse lido o livro do Garrodi. Um leu, que foi o cara que traduziu isso, que é o seu nome. O editor do Rio de Janeiro, no Silveira também certamente leu, mas não conheço mais ninguém. Então, li um artigo do Otto Marécaro Pouco, que falava do Antonio Grâmpio, para que a bebia atificava o Antonio Grâmpio. Mas foi um artigo da fase final, onde o Otto Marécaro Pouco, no meu ponto de vista, estava gagá. Ele estava realmente gagá, porque ele escreveu nessa época uma biografia do Alcelo Moroso Lima, que era um prodígio de puxar saquismo. Não tinha mais nada a lei de puxar saquismo. E você vê, ele não devia nada ao seu amor do Alcelo Moroso Lima, ao contrário, quando ele chegou ao Brasil, com a carta de recomendação, assim, na Pelo Papa, ele procurou ao seu amor do Alcelo Moroso Lima, que era o líder católico, e o líder católico arrumou um emprego miserável numa biblioteca do interior do Paraná, onde ele não tinha nem com quem conversar, só tinha as vacas e cabrito, pô. E ele viu que estava ficando louco lá, e acabou de escrever uma carta para o Álvaro Lins, que esses sim eram um cristão sério, pedindo ajuda. E o Álvaro Lins o convida para vir para o Rio de Janeiro, e ele se torna crítico, então, do Correio da Manhã, que fez um grande sucesso. Mas o que ele devia para o seu amor do Alcelo Moroso Lima? Nada. Por que ele vai puxar o saco justamente do sujeito que não o ajudou? Eu não entendo isso aí, mas eu vejo que é um sinal de baixa autoestima. Nos últimos meses de vida, o Otto Maria Carpô, no hospital, desde o seu amigo Franklin de Oliveira, um dos melhores amigos, eu joguei minha vida fora. Eu digo, como que o autor da melhor história da literatura que tem no mundo jogou a vida fora? É baixa autoestima, é óbvio. Também o Carlos E. Connick, que era 9 de janeiro, era o melhor amigo dele, contou que o Otto Maria Carpô rezava escondido. Os amigos comunistas não sabiam que ele era católico. O que é isso aí? Baixa autoestima. Então ele estava se rebaixando na frente dessa gente. Começa a escrever artiguinhos políticos absolutamente ridículos com o material que ele recebe diretamente do Partido Comunista e ele obedece. Ele tem um livro que ele escreve-se um atual de operação Thomas Mann. Thomas Mann era um operador americano, não era o Thomas Mann romancesca. Hoje nós sabemos que essa operação Thomas Mann nunca existiu, foi a invenção da KGB. E eles deram pro Otto Maria Carpô e ele acreditou em tudo e repetiu várias vezes você vê. O que a gente lia no jornal do Partido Comunista, a voz operária, saía igualzinho no artigo do Carpô. E ele naturalmente sentia que dependia dos comunistas só tem emprego. O que era verdade. Também durante a ditadura, a única queixa que eu contou, o Otto Maria Carpô, foi um processo que foi movido e o próprio promotor de justiça cancelou o processo. Eu acho que era um absurdo. Então o Otto Maria Carpô sofreu nada. Ele foi interrogado por um promotor que lhe era simpático e foi e mandou para casa. Mas na correspondência dele, que eu peguei ali do grande amigo dele, Pedro Sronpovski, você vê cartas da mulher dele descrevendo uma situação horrífica, o prédio cercado por tropas, por tanques, etc. Tudo de imaginação. Mas nesse outro, cercar um prédio de tanques para prender um indivíduo desarmado, mas pera aí, calma aí, me ligo, são loucos, mas não tanto. Eu vi quando foram prender um cara no Diário Popular que eu trabalhava lá, tinha um diagramador lá chamado António Pinto de Freitas, o Pantera. O Pantera tinha participado da Intentona de 35 e daí tudo o que acontecia de comunil no Brasil, o Pantera era preso, sistematicamente. Era preso, interrogava ele duas horas e mandava embora. Então, cercaram lá o Diário Popular, mas quando se cercaram, foi tanque de guerra, não, não foi medo do soldado. Nós escondemos o Pantera na Caixa d'Ago. E chamamos, tinha um coronel do Exército, que era nosso amigo, nós chamamos o coronel lá para acompanhar o Pantera, para garantir a segurança física, não aconteceu nada, o Pantera, só ficou resfriado por cá, ficando na Caixa d'Ago. Desculpa nossa, não dá por isso. Então, o Pantera era muito amigo meu, gostava demais dele. Eu achava ele um gênio da diagramação, gênio. E ele inventava, fazia os jornais no estilo da antiga imprensa francesa e italiana, assim, tudo, cheio de coisa. Daí veio a nova geração, gera diagramação limpinha, tudo bonitinho, tudo horizontal. Perdiu a graça completamente, não é? Ele punha foto recortada, punha traço azul, amarelo verde, era bonito, não é? E, a meu pedido, o Pantera fez também diagramação de alguns jornaisinhos de estudantes comunistas, nos quais, aliás, o Otto Maria Carpout teve a gentileza de colaborar gratuitamente. Então, toda esta coisa do comunismo me chamou muito a atenção na época e eu estudei aquilo para valer. Sem julgar, não ia apenas, meu método era o do Leibniz, que eu concordo com aquilo que eu leio. Eu vou concordando, concordando, concordando, enquanto é possível. Chega uma hora que a própria coisa começa a se encontrar e dizer e criar problema, e eu falo, agora não dá para acompanhar porque eu não estou entendendo o que está dizendo. E foi isso que aconteceu com o comunismo e eu gotei o comunismo em parentes. E falei, bom, então agora eu vou ler alguns livros anti-comunistas para ver o que acontece. É isso. E o primeiro livro anti-comunista que eu li foi o do José Ortega Cela, a Rebellão de Las Massas. É um livro absolutamente brilhante. O Ortega não é um filósofo, assim, majestoso, mas ele é o melhor escritor da língua espanhola, melhor do que todos juntos. Ninguém escreve aqui, nem Ortega, a coisa é impressionante. E em seguida eu fui ler comentários a respeito. E vi assim, por exemplo, eu peguei no livro do Arnold Hauser, que era um historiador marxista altamente conceituado. Eu fui ver o que ele dizia do Otto Maria Carpo. A maioria, como o Otto Maria Carpo, foi para o lado do fascismo. E eu, enquanto isso, Ortega Cela estava sendo expulso da Espanha pelo governo fascista, meu Deus do céu. E ele tinha... fazia parte de uma coligação de esquerda que lançou como candidato a deputado com o Federico Garcia Lorca, que é mais comunista do que Lenin. Então, como é que ele estava do lado do fascismo? Tem nada, né? E depois eu li a mesma coisa em vários outros livros, inclusive o livro do Vamirei Chacum, meu Deus do céu. Eu gosto muito do Vamirei Chacum, meu amigo. Mas o que é que escreveu sobre Ortega? É besteira, baseado no quê? Acreditou no Hauser. Ou ao seu humoroso lio. Também a mesma coisa. Também a mesma coisa. Eu falei, pera aí, pera aí, pera aí. Então, agora esse Ortega C virou um problema. Então, o que eu fiz? Comprei todos os livros do Ortega C e mais um monte de livros sobre Ortega C e fui ler tudo. Então, tudo o que se publicou de Filosofia Espanhola naquele tempo do Ortega, eu li. Xavier Zubi, José Gauss, Manuel Garcia Morente, Uliá Marias, todos eles, né? E vê se chegava alguma conclusão sobre o Ortega C. E escrevi um artiguinho, que eu não sabia o que fazer com artiguinha. Nem o jornal que eu trabalhava assim ter essa prova, que guardei o artiguinho. Passados 20 anos, apareceu um concurso de ensaio sobre o Ortega C, criado pela embaixada do Reino da Espanha e uma entidade que esqueci o nome. Entidade brasileira que esqueci o nome. E eu queria então escrever alguma coisa, eu não consegui escrever porque estava muito ocupado. Mas, então, eu tinha uma namoradinha muito empátrica, muito boa gente, que sem me falar nada, sem a minha autorização, catou aquele velho artigo, perde mais de 10 anos e escreveu no concurso, e eu ganhei o concurso. Então, o interesse pela Filosofia Espanhola foi uma coisa que me abriu muito os olhos, porque a Filosofia Espanha era de uma riqueza extraordinária. Você vai comparar, por exemplo, o Ortega C é, sobretudo, influenciado, sobretudo, pela escola existencialista, em parte também com certas semelhanças com o Heidegger da primeira fase, não o Heidegger da ontologia, o Heidegger existencialista. Mas ele era melhor que o Heidegger, porque ele queria fazer mais sentido que o Heidegger. Não impressionava tanto, porque o Heidegger você não entendia, o Ortega C você entendia. Então, tinha menos área de autoridade do que o Heidegger. Mas toda a Filosofia dele era baseada na ideia de que o conceito central da Filosofia era o conceito da vida humano, porque o outro chamaria a existência humana, quer dizer, a existência do ser humano, é o fato central de toda a Filosofia, e assim eles evolviam a partir daí. Por outro lado, vocês tinham Filosos tão diferentes ali como Xavier Zubiri, Xavier Zubiri partia de uma coisa totalmente diferente, criava uma Filosofia enormemente complexa, e eram os dois professores da mesma, eles tinham lá uma faculdade de Filosofia, os dois eram professores da mesma faculdade, e o William Marias foi aluno dos dois. Então, aquilo me deu pela primeira vez a ideia do que era um debate filosófico. Eu falei, ah, então é assim que a troca de ideias, é assim que acontece, com base no modelo espanhol. Eu acho que eu fiquei uns cinco anos mexendo só com o Filosofia Espanhol. Daí eu comecei a adotar o mesmo método quando estudava Filosofias de outras nacionalidades, como era o debate filosófico na França, como era o debate filosófico na Itália, como era o debate filosófico no Estados Unidos, assim por exemplo. Isso foi a minha formação. Você imagina se eu poderia adquirir esta formação em qualquer universidade brasileira. É impossível. Mas, uma coisa ficou muito claramente decidida para mim nesses anos. Eu nunca tive o menor interesse de ser um Filosofo Profissional, ou seja, entrar na carreira universitária. Em primeiro lugar, porque na carreira universitária, eu não teria com quem conversar, porque os autores que eu estava lendo ninguém conhecia. Na geração anterior, em 1950, muita gente iria, a gente iria ver o DGC, ver o William Marias no Brasil. O William Marias foi várias vezes ao Brasil e tinha muitos amigos. Mas, na presente geração, ninguém mais conhecia. Então, e estavam todos empenhados em exercer uma influência política sobre o Brasil inteiro. Aquele pessoal todo da USP, era um todos doutrinários, sem som de dúvida, com exceção do Oliveiro Ferreira, que era da direita, mas ele era, era direitista militarista. Então, ele dizia que os militares eram os proletários do sistema. Ele dizia que faria uma grande revolução, etc. Um monte de bobagem, né? E dolatria militar, desta. Tudo que ele via de grandeza nos militares, eles acabaram mostrando que não tinham nada. Mas o Oliveiro era um amitaligentismo muito mais culto do que os seus colegas da esquerda, e muito mais flexível, na verdade. Então, a minha ausência da profissão universitária de filosófico, já estava decidida desde essa época. Eu nunca quero me meter com essa gente de jeito nenhum. Por quê? Uma coisa é você fazer filosofia para você cumprir uma obrigação profissional. Outra coisa é você filosofar, como dizia Pascal, falava bem dos que filosofam por som próprio a esse salve, para sua própria salvação. Então, esta é a única filosofia que serve. É isso que eu quero fazer. Se eu vou escrever livros sobre isso ou não, é um problema secundário. Se... Toda a minha atividade filosófica vai ser paralela à minha atividade profissional de jornalista de qualquer outra coisa, também tanto faz. Então, aí estava decidida a minha vida. Eu vou estudar só o que me interessa. E estudar para quê? Para a minha própria orientação. Você vê que eu não escrevi nada de filosofia até aos 40 anos. Podia escrever um outro artiguinho sobre... mencionasse de passagem a assunto filosófico, mas não trabalho filosófico, evidentemente. É... Então, aí, por essa época... Então, eu conheci o doutor Juan Alfredo César Meloer, que era um gênio da psicologia clínica. Eu fui cliente dele por dois meses. Ele é especialista em terapias breves. Eu não vou contar o que ele fez comigo, porque o tratamento consistiu basicamente... sugere que eu me afastasse de certas pessoas. E eu não quero falar mal de ninguém aqui, mas eu me afastei dessas pessoas e isso me fez muito bem. E eu, então, comecei a mandar a gente lá para o doutor Meloer. Todo mundo entrava louco, saia bom. É um negócio incrível. E ele era muito bom na prática clínica, mas ele não sabia muito bem se explicar. E ele, como conferencista, era mediocrínico, muito confuso, na verdade. Ele sabia fazer, mas não sabia explicar o que ele estava fazendo. E um dia ele foi convidar para dar um curso e ele me chamou para eu gravar o curso e escrever um livro para ele. E o curso chamava-se Geografia das emoções. No curso, ele mexia com elemés de alquimia, de astrologia, de macumba, de geomancia. É assim uma confusão dos diabos. Mas aquilo fazia algum sentido. Eu sabia que fazia algum sentido. E ele chamou de Geografia, porque era de fato um mapeamento de símbolos. Símbolos terrestres, celestes, animais, vegetais, etc. E eu fui anotando aquelas coisas todas. E um dia eu cheguei para ele falar da torneira e ele não vai dar. Eu não vou conseguir escrever esse livro, porque eu não estou entendendo o seu pensamento o suficiente para poder expor para os terceiros. Eu não vou conseguir expor nem para mim. Ele disse, espera aí que eu vou dar um jeito nisso. Ele foi no armário, pegou um vidrinho assim, deu no negócio um cremedinho homeopático, argentum metálico, que é prata, que é o metal da lua. Ela pegou as gotinhas da gente, um metal no copo e deu para eu beber. Tomei aquele negócio 10 minutos depois e disse, opa, comecei a entender o negócio. E eu repentinamente peguei todo o mapeamento das conexões que ele estava fazendo, esses símbolos alquímicos, astrológicos, homeopáticos, geológicos, tudo, tudo, tudo, tudo. E fui para casa e fiz todos aqueles mapos, um monte de mapos. Na verdade, eu nunca escrevi o livro, já é certo. Porque seria coisa demais. O curso ele deu, tinha umas oito aulas, a transcrição dava umas 80 parnas, mas eu para escrever aquilo, eu falei, não vou escrever isso em 80 parnas, tenho que ser 800, tenho que fazer o resto da minha vida trabalhando nisso. Eu falei, bom, eu nunca consegui escrever o livro, mas comecei a estudar aqueles assuntos todos. E falei, é uma pena que esse assunto aqui seja ignorado para a quase totalidade dos intelectões brasileiros, e que os que se interessam seriam tudo, o camarada louco. Ele tinha, assim, o camarada ufologia, da macumba, do espírito, só que é doido, porra. O milho não era doido, em um ano ou outro, então era um dos homens mais luxos que eu vi, e um homem com um senso prático incrível, incrível, porque ele teve dois filhos, e ele conseguiu montar uma indústria para cada um, montava a indústria, entregava para o filho, ele tomou a teu, ele se presente, fez 21 anos, toma lá sua filha, e eles progediram como capitalistas. Também quando eu tinha alguma dificuldade de prática, o senhor dormiu, como é que eu faço? Ele faz assim, assim, sempre dava certo. Era uma figura muito impressionante, um homem muito elegante, sempre alinhadíssimo, parecia um príncipe. E era o homem mais bondoso que tinha conhecido até então. Ele pegava os problemas da pessoa, ele sofria por causa dos problemas da pessoa, e ele dizia assim, sabe que eu faço com o cliente, eu sofro por problema deles, para mim eu sofro por problema deles, e daí eu curo a mim mesmo, eles saem curados. Quer dizer, é um exemplo mais vivo da compaixão que eu tenho me visto, compaixão que eu sei sentir a mesma coisa. Ele não era cristão formalmente, era um serite meio esotérico, com o fundo cristão, mas não confecional, não estava ligado a uma confeição específica. Mas também usava muitos alimentos gnosticos, místicos, etc. Eu nunca consegui exatamente saber qual era a filosofia do birch, eu pegava três flutus aqui e outro aqui. Nunca consegui ajudar a escrever o livro, e fiquei muito contente, porque ele dizia assim, por trás de todo o homem, todo grande homem, há sempre um casamento fracassado. E ele tinha tido um casamento fracassado, tinha sofrido muito, e no fim ele se apaixonou pela vizinha de consultório dele, que era uma dentista, que era um anjo de pessoa, doutor Alér, e ele casou com ela, foi muito feliz, e eu fiquei muito feliz por eles também. Muito bem, então o Miller me abriu todo este horizonte de conhecimento. Então eu tomei consciência de um negócio que no Brasil ninguém sabia nada a respeito de porra nenhuma, que era o debate astrologico do século XX, do qual tinham participado espíritos da mais alta qualidade. Eles não sabiam nada, eles falaram de astrologia, eles pensaram que é assim, que é as orionara, o homem do League of Stars, esqueci o nome dele, Volta ao Mercado. E eles pensam que é isso. Ou seja, eles imaginam a coisa na altura da ignorância deles. Então... Mas eu acompanhei todo o debate astrologico do século XX, e vi que é aquele assunto interessantíssimo. A prática da astrologia é uma coisa que tem mais confusão do que outra coisa. Cada astrólogo de uma coisa diferente, eles não se entendem, tá certo? E eles falam muito mais do que eles realmente sabem. Mas um assunto em si era muito interessante. E eu me fiz a seguinte, evidentemente havia polêmicas em torno da astrologia, se aquilo era uma ciência, uma pessoa do ciência, havia evidentemente testes dos dois lados, mas eu vi que todas essas testes estavam erradas, porque elas partiam do princípio de que os seus autores sabiam o que era a astrologia. Quando eu estava vendo que claramente que eu não sabia o que era, porque? Porque cada livro da astrologia que eu lia dizia uma coisa diferente. Eu falei que o que é essa raiva de astrologia no fim das contas? E quando você pergunta se a astrologia é uma ciência, de qual astrologia está falando? Então eu vi que nenhuma das correntes astrologias existia podia ser testada cientificamente, não atendia os requisitos para ser testado cientificamente. Portanto, a pretensão de julgar-la cientificamente para aprovar-lo, reeleitar, era tudo furado. Era uma questão de simpatia. Se você gostasse, você dizia que era científico, se não gostasse, você dizia que não era. E quando você inventava algum teste científico, por exemplo, o chefe do observatório de Paris, doutor Paul Fraznard, havia, não, Paul Kudeck, perdão, Paul Fraznard era um astrólogo. Paul Kudeck quis tirar a limpa que está na astrologia, então contratou um estatístico chamado Michel Gauquelin para averiguar se era possível fazer uma comprovação estatística de alguma tese astrológica, alguma interpretação de mapa. Então o Gauquelin viu que havia uma tradicional associação em determinadas planetas e determinadas profissões. Eles chamam isso de regências, por exemplo, Jupps rege tal qual profissão, Saturno rege tal qual. Então ali havia um coisa que era mais ou menos uniforme entre os astrógos. As regências planetárias das várias profissões, haviam um pouco de unidade nisso aí, e talvez eu possa testar isso aí. Para isso eu preciso juntar um monte de horóscopos e ver se os planetas em destaque, na seus horóscopos de nascimento, correspondem às suas escolhas profissionais. Então os pontos em destaque são os quatro ângulos, em cima em baixo, o Leste-Oeste, então meio do céu, o fundo sal, ascendente e descendente. Então os planetas que estão colocados nessas posições são considerados regentes do tema, regentes do horóscopo do sujeito. Isso é uma coisa que vem desde muito antigo. Por que os astrógos escolheram isso? Não dá para saber. Havia astrólogos que diziam que foi por observação estatística, não foi. Ninguém sabe de onde eles tiraram isso. Então o Goclon juntou cinco mil horóscopos de três grupos profissionais, professores, cientistas físicos e militares. Então professores seriam um teórico a menos legidos por Júpiter, professores, atores, pessoas que vivem de falar em público. Os médicos seriam regidos por Saturno e militares por Marte. E para grande espanto dele, ele viu que os planetas astrológicamente associadas a essas profissões, nos mapas dessas pessoas estavam predominantemente nos ângulos, portanto nos regentes dos temas. Numa proporção que diz para isso ser explicado por mera coincidência, a proporção é de 1 pra 8 milhões comparando com os mapas de outras pessoas. Levanto o resultado do Dr. Poco D'Eco, que ficou puto, ele disse que não pode ser, porque ele queria desmoralizar os astrólogos. Pegou, mandou o cara fazer outra pesquisa com 50 mil mapas e deu o mesmo resultado. Foi fizendo outro com 500 mil mapas e deu o mesmo resultado. Não se esquece. Peraí, isso aí merece um exame, o não merece. Aí os caras vão te chamar de astrólogo, vão gostar dessa cara. Eu não dependo disso profissionalmente. Aliás, como eu era apenas um jornalista profissional, ser astrólogo no meio jornalista até me dava um pouco de fuma. Daí, também aconteceu que a revista Veja decidiu me testar. Então se a gente dá um mapa para você, sem saber quem é o cara, você consegue nos dizer algo sobre ele? Eu consigo, claro, isso é o banal na astrólogia. Dá para falar pouca coisa, mas essa pouca coisa é certa. Você tem que trazer um mapa de uma pessoa que exista realmente. E você vai ter que me dizer o sexo da pessoa, porque o sexo não aparece no mapa. E se você inventar um mapa qualquer, então você não vai ter meio de... Confirir isso que eu falei é verdade ou não? Então me traz em um mapa. E eu disse assim, olha, esse camarada aqui, ele é um escritor, um jornalista. Ele não é um sorte esquerdista, provavelmente foi exilado. E muito provavelmente ele é o homossexual. Sabe quem era? Fernando Gabel. Então, como é que você vai dizer? Olha, vamos falar de charlatão, é uma pinoia. Eu mostrei que é algo... Dá para saber. Agora, os astrólogos pegam o mapa e falam durante cinco horas para você. Outra coisa que eles não sabem. Eu falei só o que dá para conferir, são aqueles dados que o Goculã pegou. E mais uma coisa e pouca coisa. Mas o fato de você encontrar essa correspondência entre a exposição planetária na hora do nascimento e a vida real do cara já é um negócio assombroso que mereceria mais estudos, tá certo? Porém, daí me surge o problema. As várias astrologias que existem, elas são suscetíveis de testes científicos, não são. Você só pode testar científicamente esse pouquinho de coisa que... o Goculã testou. Então, como é que você vai descobrir se a astrologia é uma ciência ou é um charlatanismo? Se existem milhões de astrologias diferentes, cada um diz uma coisa. Você fala, não dá. Então, você vai... é preciso primeiro formular uma astrologia unificada. Cúrgas de definições sirvam para todas as diferenças de astrologias. Então, você vai ter que pegar espécies de mínimo múltiplo comum de todas as astrologias. Como é que se faz isso? Metodofenomenológico. Redução de astráceas essenciais. Então, eu comecei a fazer isso. Então, é claro, eu excluía todas as aplicações astrólogicas, as aplicações de tipo meteorológico, de astrologia política, mundial, guerra, etc. Estrui tudo isso, falei, não, vou concentrar só num ponto que seja mais parecido com o negócio do Goculã. Então, estudo do caráter da personalidade. Então, eu criei uma nova terminologia astrológica que dava para produzir interpretações... uniformes dos horóxicos. Os horóxicos estavam fazendo sempre das mesmas coisas e falando dessas coisas de maneira diferente conforme a diferença das posições planetárias. Isto de um trabalho miserável. Redução fenomenológica de 20 ou 30 teorias astrológicas diferentes. Só de fazer isso. Micho, eu mereci um prêmio Nobel, porra. Não é qualquer um que faz isso, não. Então, de todas as trabalhas feitas para discutir a astrologia, o único trabalho verdadeiramente sério foi o meu, do Goculã também, claro, reconheço. Então, os passos nessa discussão foram Goculã e depois eu. O resto não tem mais nada. Claro, tem teorias extraordinariamente complicadas, muito elegantes, mas elas não são testáveis, não obedece à condição científica do POPER, que é a falsa habilidade. E a minha, o VDS, o do Goculã também, nunca publiquei isso aí. Se tivesse publicado, seria um rol no mundo astrologico do mundo inteiro. Só que quando eu, pela primeira vez, consegui dar um curso contando essa experiência e dar seus resultados, já tinha largado a profissão da astrologia e fazer um tempão, mais de 10 anos. Eu falei, olha, eu vou dar um curso aqui para dizer. Acertei minhas contas com a astrologia daqui para não dar para eu prosseguir esse estudo, porque precisaria apelar para elementos estatísticos, precisaria muito pesquisadores trabalhando. Eu fiz até, eu criava a caboço teórico da coisa, mas eu não posso eu mesmo realizar pesquisa. E dei o curso. E claro que enquanto isso, tomei consciência de várias outras teorias a respeito da astrologia, mas era muito, muito interessante. Do antropólogo francês, chama Jacques Albron. O Albron teve no Brasil, deu um curso. E ele tinha a teoria de que os astros, que o estimeiro não influenciou em nada, mas o conjunto de retos e mágicas que os seres humanos criam e associam aos posições planetárias, criam então efeitos historicamente recorrentes. Dá para conferir isso nunca na sua vida. É possível provar isso. Nunca. Não dá. Os elementos são variados demais. Então é uma teoria interessante, mas não dá para... Era exatamente o que eu não queria fazer. Fazer uma teoria interessante, mas não dá para verificar. Então... Essa teoria que eu criei, não é teoria, uma hipótese, né? Chamei de astrocaracterologia, o nome é horrível, mas coloquei vários alunos meus para fazer determinadas pesquisas para ver se funcionava ou não. E até certo ponto eu acho que funcionou. Mas eu parei essa investigação. Não dá para continuar. Então... Os cursos que eu dei formavam um tratado de astrocaracterologia em cinco volumes. Mas só estava tudo gravado. E tem transcrições. Tem transcrições, mas evidentemente... Era o estilo oral. Muito vagabundo. Eu deixei tudo com valor na minha. Jean-Lucé de Fatma, Jean-Quilher, excelente pessoa, piso maravilhoso, incrivelmente inteligente, e é uma pessoa de muito boa vontade. E era todo esse material lá mais ou menos organizado, dá até para publicar um dia. Mas... Você imagina... O que é que os veus de Verdevaldos e Jules Sonsers sabem disso? Sabe nada. Eu vou discutir isso com eles, mas é claro que não. É certo. Quando o cara fala astrólogo com áreas assim... Muita superioridade... Eu não sei se eu rio ou se choro, mas é um sinal de estupidez brasileira. Estupidez... Assim, de um nível indescritivo. Muito bem. Então, aí eu estava... E no curso desses estudos sobre astrologia, depois de eu ter largado a próxima... Eu adotei a profissão de astrólogo só por um motivo. Falar como é que eu vou estudar esse assunto o tempo todo. Se eu não tiver tempo integral cuidando disso. Não dá. E foi por isso que eu fui trabalhar com astrologia. Não tem outro motivo. É certo. E eu parei quando eu percebi que as técnicas usadas pelos astrólogos, para interpretar mais, eram totalmente insuficientes. Então eu senti, não, isso aqui... O que eu estou fazendo aqui não é sério. Parece sério. Mas não é. Então, vamos parar. Também não posso dizer não. Estrólogia é xalatanema. Isso também é xalatanema. Você dizia isso também é xalatanema, porque... Ah, não sei, você tinha estudado o assunto. É isso. Então, durante o período que eu estudei astrologia, durante esse período e depois, vários aspectos do símbolo astrólogo foram me chamando de atenção. O primeiro deles, foi a universalidade de certos símbolos astrólogos. E também, não só de símbolos astrólogos, mas símbolos animais, vegetais, minerais, etc. Então, o mapeamento que eu fiz para o Dr. Miller, era assim, era milhões e milhões de símbolos associados de algum modo, representando as mesmas coisas, falando mais como é possível isso aqui, por transmissão cultural não pode ter sido, porque culturas que não tiveram nenhum contato entre si, ter os mesmos símbolos significando mais ou menos as mesmas coisas. É isso. Então, pode ser que algo da estrutura simbólica do universo, algumas civilizações, tenham percebido claramente, aquilo que o Eric Weger chamou de civilizações cosmológicas, que viam a sua própria sociedade como se fosse um modelo cosmológico em miniatura. E, através desse modelo cosmológico, eles viam coincidências entre o curso das coisas terrestres e o curso das coisas celestes, e viam isso com alguma exatidão. Foi quando me caiu nas mãos um livro de um sujeito que fazia análises de mercado para uma prestigiosa revista americana. E ele, assim, era conhecido por ter acertado durante 30 anos suas análises de mercado. Depois disso, ele escreveu um livro contando o método dele, método da era astrológico. Também apareceu outro cara que fazia previsão do tempo para a rádio RKO. Também, ele usava método astrológico, falei, pera, pera, pera, esse negócio está mais complicado do que eu poderia imaginar. Por um lado, a prática astrológica, a prática dos astrólogos, não me parece confiável de maneira alguma, porque eles falam demais, eles falam muito mais coisas que eles sabem, mas alguma coisinha ali tem. Então, é claro que eu não vou conseguir resolver este problema, mas isto vai me inspirar para eu estudar outras coisas sobre outros pontos de vista e, sobretudo, aprofundar essa questão do simbolismo. Então, até aqui, estou contando com você, a evolução das minhas ideias. Então, uma coisa que me chamou muita atenção foi a arquitetura das cidades, o urbanismo, que é até um certo ponto na história. A estrutura das cidades imitava um modelo cosmológico, chamada civilização cosmológica do Eric Weglund. Então, inclusive, coletei várias fotos e ilustrações de cidades da Idade Média, estruturadas de maneira perfeitamente circular, de acordo com certas direções do espaço. E também as tabas indígenas eram a mesma coisa. Muito bem, de repente as cidades começam a se expandir sem forma. Aí aparece a confusão, o banditismo, o processo revolucionário, etc. É impossível que alguma coisa não tenha vindo com alguma outra. Uma coisa é você estar num ambiente físico que lhe sugere uma ordem cósmica. Outra coisa é você estar num ambiente físico que só lhe sugere desordem. Como é que você vai por ordem na sua mente? Se o ambiente visual é desordem, não dá para fazer isso. Desde criança eu tinha notado como o ambiente visual paulista era feio. Não todo, claro, tinha lugares bonitos, mas no conjunto a coisa era de uma feirura e de uma desordem absolutamente aterrorizante. E eu também via essa desordem na cabeça das pessoas. Por exemplo, eu me lembro que nos anos 80 a Estela Caínio me deu um papelzinho e tinha as instruções para a ordem na vida. Primeira instrução era se você pegou alguma coisa e devolva no mesmo lugar de encontro. E eu fui observando que ninguém sabia disso. Ninguém tinha nunca pensado nisso. Eu falei, meu Deus, para para pensar o seguinte, se você não devolva a coisa para o mesmo lugar de encontro, em que lugar ela pode estar? Em um número infinito de lugares. A possibilidade das pessoas não acharem mais é enorme. E o tempo que as pessoas vão perder com isso é uma coisa assombrosa. Eu só fui ver um lugar onde as pessoas tinham ideia de que eu conduzir para o estadunismo em 1976. Então eu comecei a pensar, mas é a relação entre o ambiente visual em torno e a mente das pessoas. Então aí você se pergunta assim, por que que os alunos brasileiros tiram os últimos lugares nos testes internacionais? É só porque a educação é ruim? Não. O ambiente físico todo é ruim. O ambiente físico todo é feito para desmantelar a ordem na sua cabeça. Porque esse ambiente é muito confuso. O número de coisas que você tem que decorar para você se orientar é muito grande. Mas se você tem uma certa ordem simbólica com o menor número de alimentos você se orienta. Daí quando eu fui para a Brasília e vi que todas as ruas eram iguais, eu falei, o pessoal aqui foi feito para enlouquecer mesmo, definitivamente. Eu falei que morou em São Paulo e depois ele veio para a Brasília e ele acabou. Eu andava ali de táxi para cima e para baixo no Brasil e falei, não saí da mesma rua, meu Deus do céu. Quer dizer, o que que o sujeito que bolou isso aqui tem na cabeça? Merda, é óbvio que é merda. Porque ele pensou na aparência visual da cidade vista de cima, de helicóptero. De helicóptero bonito você desce lá, você está perdido. Então é uma cidade feita para ser sobrevoada, de helicóptero, e exibida por estrangeiro, não para você morar lá dentro. Também as ruas não tinham calçada. Quer dizer, você obrigada a andar de carro. No país não tem maioria da população, não tem carro. O que é isso? Isso é confusão mental. Quer dizer, não é o problema do Nia Márcia, como o Nício, que ele fosse conservador, ou seja, não, é porcaria. É confusão mental mesmo. Daí eu comecei a observar outra coisa. Quando eu comecei a estudar esse negócio dos símbolos, eu peguei a mania das classificações. E eu, lendo a Aristótia, depois eu explico a vocês como é que eu cheguei no Aristótia, eu tinha aprendido com o princípio da ordem a classificação. Quer dizer, você colocar juntas objetos que pertencem às mesmas espécies. A Aristótia foi inventora dos jardins hológicos. Ele não põe leões junto com pinguins, nem elefantes junto com as formiguinhas, com certeza. Então, eu também comecei a organizar a minha biblioteca de uma maneira muito melhor. Porque eu organizava, já que eu pegava o processo usado nas bibliotecas públicas, o público falou que não, eu tenho que organizar de acordo com o meu uso que eu vou dar. Não de acordo com o público genérico, tem que usar. Até hoje eu tenho a minha biblioteca organizada de acordo com os meus interesses. Claro que está difícil, porque agora eu tenho o livro demais. Então, às vezes não é que eles não estão confusos, mas estão escondidos atrás de outros livros. Mas eu estudei muito sobre a sua coisa da classificação e da ordenação. Também na mesma época eu estudei um livro, esplêndido, o autor chama-se Washington Platt. Era um cara do serviço secreto americano que escreveu o livro, a produção de informações estratégicas. Então ele mostra como você ordenar as informações na sua cabeça. Eu falei, isso aqui, claro que isso é o segredo da educação. Você ensinar as pessoas a ordenar as suas informações disponíveis. E, portanto, das informações disponíveis você conclui o que? Quais suas informações que faltam, que você precisa saber. Então, daí eu creio o mapa da ignorância. O mapa da ignorância é o conjunto daquilo que você precisaria saber, para você entender o que você será sabe. Então, você vê que até aqui os meus interesses não eram o que normalmente se chama filosóficos. Qual é o nome da disciplina que eu estava interessado? Não sei. Você pode chamar de educação, se você quiser. Mas, depois eu li o livro do Julio Zustensel, Platão Educador, e vi filosofia é educação. Então, estou até contando uma espécie de autobiografia intelectual. Essa autobiografia intelectual é a ordem dos meus pensamentos. Agora, é só uma ordem biografia? Não. Porque, à medida que eu vou avançando nesse caminho, as minhas ideias vão se organizando e se tornando mais coisas. Então, realizando aquilo que eu chamei de unidade do conhecimento, não unidade do consciência. Hoje eu vou parar por aqui, porque eu fui longe demais, mas eu vou continuar na próxima aula, porque isso aqui foi só a metade da história. Tem muito mais depois. Espero que isso tenha sido útil para vocês, para ensinar vocês a organizar as suas ideias. Então, vamos ver um pouco e responder as perguntas daqui a pouco. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Obrigado.