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Aê, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Aê, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Aê, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Aê, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Aê, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Aê, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Aê, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Aê, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Aê, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Alô, por favor, novamente, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Então, vamos lá. Boa noite a todos e serão bem-vindos. Hoje eu queria aqui tratar de um assunto que sempre me interessou muito e sobre o qual eu ouvi pouquíssima coisa, não tem estudos sobre isso, são muito raros, eu descobri um aqui, que é a relação entre, a possibilidade de um diálogo entre filósofos marxistas e não marxistas, ou até anti marxistas. Então, eu descobri este livro, Irrefernalism, Lukacs and the Marxist view of reason, autor chamado Tom Rockmore, um professor da Universidade do César, e o livro é muito interessante, embora eu tenha algumas objeções ao enfoque dele. Mas, é um assunto que no fundo interessa muito a todos nós e que sem uma compreensão da qual praticamente qualquer visão que você tenha da relação entre vida intelectual e política fica totalmente falsificada. Então, eu vou ler aqui a primeira frase do livro porque ela já vai no miolo do problema, e eu vou tratar do assunto do meu jeito sem me condicionar ao enfoque do autor. Em última análise, Karl Marx e o marquismo estão comprometidos com uma forma de contextualismo, isto é, a uma visão de que qualquer teoria, de que a teoria, qualquer teoria deve ser compreendida em relação ao contexto do qual emerge e não de maneira isolada. Este contexto, evidentemente, é o contexto social. E, sendo o enfoque marxista, o marquismo deveria ter de si mesmo uma visão baseada na teoria das classes, que é a chave principal da sociologia marxista. Então, isso quer dizer que a posição de classe do autor de uma teoria é importante para a compreensão na sua filosofia segundo o marxista. Se assumimos alguma forma de contextualismo, se o pensamento é dependente do ser social como Marx e o marxismo afirmam, então não podemos ignorar a significação da evolução política da Europa Oriental desde 1989 para uma compreensão dessa tendência filosófica. A derrubada da política marxista pode muito bem oferecer a melhor oportunidade em décadas para penetrar para além da faixada política ortodoxa que rodeou o marxismo. Em ordem para determinar, para parodiar a expressão do Benedetto Croce, o que está vivo e o que está morto no pensamento marxista. Isso é muito interessante. Quer dizer, como é que a derrubada do sistema soviético não pode ser uma coisa totalmente alheia ao pensamento marxista. Quer dizer, algo que aconteceu a todos os marxistas do mundo. Então, eles não podem ser colocados no ar, numa espécie de limbo platônico, em independência de tudo o que aconteceu ou no próprio desenrolar do marxismo. É muito fácil você... Muito marxista apelam a isso, quer dizer, isolam o marxismo da sua própria história. Assim, na base da inculpação. Não, Marx não tem culpa do que fizeram com a filosofia dele depois. Mas acontece que o que fizeram com a filosofia dele depois não foi uma interpretação arbitrária com alguém pois aquilo de todos os que representaram a filosofia marxista no mundo acreditavam-se piamente sucessores e continuadores sinceros da obra de Marx. Dedicavam-lhe obras e mais obras e mais obras. Lenin, Stalin, eles estudaram marquinhos profundamente. E acreditavam-se que está dedicando a sua vida, a realização dos planos de Karl Marx. Então você simplesmente negar o caráter marxista deles é uma coisa leviana e totalmente inviável. Como é que você vai poder entender algo do marxismo, se você abole da história dele, todos os seus teóricos, organizadores e líderes principais realmente não é possível. Você pega o livro do Lézek Kolakovski, eu não sei como é que se pronuncia, se limba polonês, tudo soa diferente do que parece. Kolakovski é Kolakovski, mas Lézek não sei como é, Lézek, Lecek, não tem ideia. Main Currents of Marxist, o principal é do marquismo, do qual existe uma tradução completa em português, não é uma coisa de difícil acesso. Você vai ver que ali estão realmente representados todos os principais pensadores e líderes marxistas. Na verdade, essa própria distinção de pensador e líder marxista marxisticamente não é legítima. Então você não pode dizer, não, aqui o jeito era um puro filósofo marxista, esse aqui era um líder nativista, não, não existe isso. Lenem era as duas coisas, Stalin era as duas coisas e teoricamente todos os portavozes principais do marquismo como Trotsky, Karl Korst etc. eram todas a mesma coisa, exceto o pessoal da Escola de Frankfurt, que se propôs assim expressamente não ser militante. Isso era uma coisa importante. Para você ser admitido como membro da Escola de Frankfurt, você tinha que se dedicar ao marquismo exclusivamente na esfera teórica e científica e filosófica, e não ser um militante. Se a coisa ter consequências militantes, bom, isso é outro problema, mas os membros da Escola não podiam ser militantes do Partido Comunista. Embora, vamos dizer, o inspirador primeiro na Escola de Frankfurt foi o próprio Georg Lukas, fosse um membro do Partido Comunista e um dos teóricos principais do Partido Comunista em toda aquela área, que é a Ungria, Alemanha, Czechoslovakia etc. A mim me parece que quando Lukas apresenta a sua tese, História e Consciência de Classe, no meio soviético, os caras não gostaram muito da ideia, porque ele praticamente negava a ideia marxista de que a condição de classe de um sujeito determina a sua ideologia. Ele criava ideia, vamos dizer, de uma consciência proletária possível. Isso não é que a ideologia proletária expressa o interesse real do proletariado e a sua consciência de classe. Alguém tem que ir lá e desenvolver no proletariado a sua consciência de classe. Era o velho problema que já apareceu pra Marx e que eu comentei no meu livro em elaboração do qual ele pedaça aqui a marcha dos abismos. Karl Marx afirma reiteradamente que a condição de classe é a base, o fundamento da consciência que o sujeito tem das coisas. Se ele é um burgues, pensa como um proletário, pensa como um proletário, mas ele reconhecia a necessidade dos intelectuais guiários proletariado. Dei, pera, então a consciência proletária está no proletariado, vê um cara de fora, um pequeno burgues intelectual e injeta nele. Esse é um problema que Karl Marx não resolveu e que, aliás, ele não chegou a formular, ele vivem-se o problema. Ou seja, ele observa, esses proletários ainda são muito burros, eles precisam da ajuda dos intelectuais. Peraí, então temos um problema teórico sério, mas ele não trata desse problema, em parte alguma, também Engels também não trata. Lenin, Estalio, procurei também não trata, Trotsky também não trata, isso só vai aparecer mesmo na boca dos membros das escolas de Frankfurt. E ele resolveu o problema justamente pulando fora da luta política e se colocando como puros cientistas sociais, ou puros filósofas. Quando nós vemos o efeito, assim, arrasador que é a filosofia da escola de Frankfurt, teve sobre a política mundial, determinando, na verdade, o curso da política mundial nos últimos, nas últimas décadas, acho que é impressionante, como é que puros teóricos podem ter um efeito desse tipo. Mas, na verdade, a coisa me parece assim, um efeito que o próprio Lenin dizia um passo para trás para dar doe para frente. Quer dizer, não me diga que você se recusa a participar da militância, você recua para uma posição de pura analista teórica e ali você acumula forças, para que, agora que a sua ideia é exposta, ela tenha, de fato, um efeito militante explosivo, como de fato aconteceu. Quando nós vemos a influência da escola de Frankfurt sobre os movimentos de estudantes, de mulheres, de gays e negros, de certa partida, de 1960, principalmente de 1968, nós vemos que esse recolhimento da escola de Frankfurt, ele em parte é irônico, ele não pode ser tomado, esse absenteísmo político da escola de Frankfurt, em parte é irônico, quer dizer, assim é como um pouco o negócio do Sun Tzu, se você está fraco, fiz aqui está forte, fiz aqui está fraco, então estava sucha de fraquinho, na verdade estavam fortes, mais ou menos como eu vejo a coisa. Porém, também já expliquei para vocês que a disseminação das ideias Frankfurtianas liquidou a revolução proletária, se afastaram completamente do proletariato e disseminaram as suas ideias entre estudantes, grupos de mulheres, grupos de gays, isso não tem nada a ver com a estrutura econômica da sociedade, as novas formas de exploração, de opressão, entre aspas que eles tentam utilizar, que eles tentam fomentar, não são de ordem econômica, embora tenha aspecto econômico também, por exemplo a opressão da mulher pelo homem, esse é um negócio econômico, não é porque isso acontece em todas as classes sociais, por igual, a mulher da burguesia é a mulher do proletário, é a mulher da segunda, na verdade eu acho que os dois são o primeiro e o outro, o homem é o primeiro, a mulher é o primeiro homem, qualquer pessoa com um pouquinho de experiência da vida entende isso, e não tem como resolver isso na base do estereótico, mas também você não pode esquecer aquele meu artigo humorístico, breve história do machismo, espero que todo mundo tenha lido, se não ler, procure, você vai achar, então você vai ver como essa ideia, unilateral da exploração da mulher pelo homem, é uma coisa, na verdade grotesca, é uma coisa que não funciona absolutamente, então eu não vejo por que, por exemplo, você notigeu no tempo das cavernas, é quem é que saía para enfrentar os bichos, ferorzerome, é uma mulher, fica em casa, quer dizer, ela está presa em casa, é ele que não deixa ela sair, ao contrário, ele mete lá para proteger ela e ele se arrisca no lugar dela, quem vai para a guerra? Antigamente você, uma tropa guerreira ofereceu qualquer risco para uma mulher, era uma coisa deshonrosa, um negócio abominável, a mulher tem que ser protegida, tem até um caso que, durante as cruzadas, uma tropa, um muçulmano invadeu lá um lugar da Espanha e cercou o castelo, mas o dono do castelo, o cara do Conde, sei lá o que, tinha saído para enfrentá-los no outro lugar, e eles cercaram o castelo e no castelo só tinha mulher, e a mulher do Conde saiu e deu um tremendo expor no comandante do muçulmano, ele baixou a cabeça e, em vergonhado, foi embora. Você vê como era a situação, você acha que a mulher está em uma situação inferior ou em uma situação superior? Ela tem direitos que o homem não tem, é o alvo de um respeito que o homem não tem também, e assim por dentro, sem conta essas ambiguidades em toda parte, só pessoas, poeirismos que não cresceram, é que acham que pode descrever a situação social, de qualquer sociedade, de maneira univa o que é esse implorador. Aqui está o explorador, ali está o explorador. Também, o fato, por exemplo, de você observar como Michel Foucault, em tudo ele vê relações de poder. Eu digo sim, o poder é um dos fatos onipresentes da sociedade humana, mas justamente por ele ser onipresente, ele não pode ser causa de nada especificamente. É como você, por exemplo, existe na natureza, existem elementos, por exemplo, a energia elétrica, a carga elétrica, está presente em tudo que existe. Isso quer dizer que ela é causa de tudo, não é causa de nada especificamente. Então, uma coisa para ser causa de algo, precisa se destacar do ambiente da atmosfera geral. Então, por exemplo, a gente é cômodo, existe uma agressão, um sujeito bate no outro, você pode dizer que a força física foi o fator determinante, então, não, é claro que não, não foi por ser mais forte que ele bateu no outro. A coisa é muito mais complicada do que um desempenho de força física. Então, não existe nenhum caso onde o mais fraco bate do mais forte? Claro que existe. Então, nada pode ser descrito assim. Então, onde quer que você ver essa frase? Assim, tudo é energia, tudo é poder, é besteira, é sempre besteira. Tudo é tudo, e tudo é muita coisa misturada e complicada. Então, você tem que ver caso por caso como é que são as coisas. Então, por exemplo, você dizer que tudo que acontece na história para a luta de classe é evidente que é uma besteira. Para que a luta de classe possa ter alguma influência, é necessário que haja coisas que são indiferentes à luta de classe. Por exemplo, o funcionamento do nosso organismo. O organismo humano é relativamente o mesmo em todas as classes sociais. Isso não muda, mesmo modo para que haja um conflito de classes, é preciso que haja uma unidade linguística nesse meio. Se uma comunidade fala uma língua outra, fala outra, não se intente falar como é que você vai ter luta de classes aí. A luta de classes é a participação de duas classes no mesmo processo de produção que implica a comunicação, portanto, à unidade linguística. Pelo menos, pelo menos, partial. Para que exista luta de classe é preciso que nem tudo seja luta de classe. Isso se aplica a qualquer fator causal que você imagine. Eu acho incrível como tem pessoas que não entendem isso, que descobrem um fator que parece a fecha-luz, de agora descobrir a causa de tudo. A causa de tudo é o poder secreto. Meu Deus do céu. Quanta gente burra. Hoje mesmo é mostrar em um gravação de um capitão do exército fazendo uma conferência e dizendo aos generais nem conhece a Estáu de Olavo de Carvalho. Dois minutos depois está ele lá, expondo a situação do mundo nos termos das três esquemas globalistas. De um jeito, me copia e diz que ninguém me conhece. Pelo menos você conhece. Como é que o pessoal do exército não me conhece? Eu tenho aqui duas condecorações que eu recebi dos caras. Tem o livro Exército de História Brasil que eu fiz com eles. Trabalhei 10 anos com os caras, pô, como é que ninguém me conhece? Nesse generais na época, estamos na Escola de Comandos de Estado Maior. É um coronés. É uma jovem coronés. Estava na Escola de Comandos de Estado Maior. Então, não é que me conhece há muito tempo. Dá certo? Muito bem. Todas essas formas de pensamento falsos, elas sempre são baseadas na simplificação excessiva e no desejo de acertar fácil. E na preguiça de examinar as contradições e dificuldades da coisa. Se você quer ser um estudioso ser, você tem que ter amor às dificuldades. Porque nelas que está o problema. Só existe um problema porque existe alguma dificuldade. Se não tiver dificuldade, não haveria problema. Então, para você entender o problema, você tem que procurar o que é a solução. Não, você tem que procurar o problema. Tem que procurar a dificuldade. E ali que está, justamente, o problema está ali. Dá certo? Então, em vez de você fugir das contradições, você tem que buscar, meu Deus do céu. Esse problema aqui, esse camarada aqui discute. Que é a dificuldade de um diálogo entre pensadores marxistas e não marxistas. Realmente existe. Mas por que? Em parte, existe por causa desse contextualismo. Quer dizer, o preceito marxista de que o sentido de um pensamento humano depende da posição social do seu emissor, cria inumeráveis problemas. Em primeiro lugar, porque marxistas invariavelmente usam a posição de classe dos seus adversários como um argumento contra eles. Quer dizer, se você tem uma certa opinião anti marxista, então você é um representante da burguesia. Portanto, você está comprometido. Segundo marx, todas as classes anteriores têm formas de consciência falsa, porque a consciência deles é alterada pelos interesses de classe. Quer dizer, você tem os interesses de classe do... Burguesia, que é que a amarela, a amarela tem mais poderes, etc. Então ele tem uma visão que já pinta tudo isso de belezas imaginárias, para parecer que ele está lutando pelo bem da humanidade, por altos ideais, na verdade, ele está apenas visando o seu interesse de classe. Então os marxistas invariavelmente fazem isso. Esse é o preceito número um do modo marxista de ler o autor não marxista. Você não quer dizer que todos os marxistas só vejam os outros com o preconceito. Não, eles podem até tentar um diálogo, como por exemplo o famoso Roger Gavaudi, no livro Perspectivos do Homem, que quando era João fazia um sucesso graçado, agora o pessoal tudo já esqueceu, que era um diálogo com os cristãos. Dá certo? O que consiste o diálogo com os cristãos? Consiste de ver quais são os elementos marxisticamente aproveitáveis. O potencial revolucionário do cristianismo, é assim por dentro. No fim, o Roger Gavaudi acabou a desistir das duas coisas, ele era marxista, depois virou meio cristão, depois a Madonna, depois virou um muçul. Quer dizer que as tais perspectivas do Homem não é, não tem perspectiva nenhuma, na verdade. Então, isso quer dizer que esse entendimento possível entre marxista e não marxista, isso revelou, na verdade, revelou impossível. Agora, o Rockmore reclama muito dos não marxistas que não tentam entender os marxistas. E isso é verdade, isso observei muitas vezes. Tive muito de um centro de superioridade, baseado pelo fracasso dos marxistas em construir uma sociedade próspera e democrática, parece que já demoraliza completamente o marxismo e torna uma filosofia relevante, errada, besteira, etc. Muitos pensam assim e estão muito errados. Porque, primeiro lugar, esse contextualismo, como ele o chama, é um preceito da mais alta importância. Só que, ele não funciona de maneira tão mecânica quanto os marxistas imaginam. Quer dizer, você, identificando a classe social do cara, você já sabe qual é o interesse que ele está defendendo. As coisas realmente não são assim. Mesmo porque os interesses de classe não são uma coisa tão evidente, assim, tão óbvia. Há muitos interesses de classe e muitos interesses contraditórios. Por exemplo, você diz, é o interesse da burguesia desenvolver uma sociedade democrática ou instalar uma ditadura fascista. Bom, existem as duas coisas. Essas duas certamente não são a mesma. Então, são interesses, são interesses de classe conflitantes dentro da própria ideologia de classe. Além disso, não existe só, para uma classe inteira, uma ideologia só. Não existe inúmeras ideologias. Por quê? Porque os interesses de classe, supondam-se que seja exatamente como os marxistas descrevem, às vezes não são o único fator que produz uma ideologia. Existem elementos nacionais, raciais, tradicionais, religiosos, psicológicos e uma infinidade. Então, é claro que será uma estupidez. Você acha que você pode explicar tudo em função de interesses de classe? Então, por exemplo, como é que você vai explicar, por exemplo, se você entende, por exemplo, toda a religião cristã, como a religião da burguesia e a religião que o ocidental estava dominando o mundo, como é que você vai explicar que essa religião se desenvolveu primeiro na Etiópia, antes da Europa? Quer dizer, as primeiras igrejas católicas que houve eram igrejas de preto. Como é possível o treco desse? Então, é claro que a coisa entra num conflito que já mostra que, às vezes, a ideia marxista de interesse de classe é um pouco ingênua. Um pouco, não, muito ingênua. Mas, às vezes, ela é muito certa, muito aguda. No caso, por exemplo, da interpretação do pensamento, você relacionar o pensamento de um cidadão com a classe social que ele pertence, isto, às vezes, é importantíssimo. Por exemplo, existe o livro do Antônio Negre, sobre René Descartes, onde ele interpreta Descartes como um dos teóricos, os líderes intelectuais da burguesia nascente, quer dizer, uma espécie de precursor do capitalismo moderno. Eu não acho que isso está totalmente errado. Existe ali, no Descartes, vários elementos que não são compatíveis com a estrutura social anterior e que parecem, de fato, abrir o caminho para um novo tipo de organização social. Eu não digo que a télise esteja 100% certa nem 100% errado, mas, nesse fato, tem coelho. Quer dizer, vale a pena investigar isso aí. Qual é exatamente a posição de classe de Descartes e como podemos interpretar a filosofia dele inteira como uma ideologia de classe? É evidente que Descartes não está imune à ideologia de classe. Alguma ideologia de classe ele tem, mesmo que se ele é confusa, está certo e misturado. Pode ser como o Negre diz. Eu sempre digo que o Negre é o único cara marxista que eu toparia ter uma discussão porque eu sou tudo muito burro. O louco, a gente checa, não pode discutir com o cheque porque ninguém entende o que ele diz, ele próprio não entende. Então, como é que ele vai se explicar para mim? Não vai dar. Não que ele seja burro, ele não é burro, mas ele é um pouco doido. Agora, o Negre não parece ter, pelo menos intelectualmente, a cabeça no lugar moralmente não sei. Mas esse assunto, vamos dizer, o Rockman chama de contextualismo, quanto uma ideia depende de um contexto social, é um assunto que a gente nunca pode desprezar. Então, também, por exemplo, se você pega no... ele é a história da literatura ocidental do Carpo, você vê que ele se move muito bem entre as suas contradições de classe. Ele não tem uma visão mecanicista da ideologia de classe, que ele não vai pegar o escritor como sendo um portavoz da sua classe social, como um propagandista da ideologia de classe, mas ele vai notar que essa ideologia de classe tem algum peso. Esse peso pode ser, inclusive, autocontraditor, que esse escritor pode estar fazendo um discurso contra a sua própria classe. Nesse caso, isso acontece com uma frequência extraordinária. Se você observar, por exemplo, agora eu estou assistindo um filme, o chamado Blue Lightning. É um filme de polícia, de bandidagem, um escritor que roubou uma opala valiosíssima, e ele encontra outra para ela buscar, alguém encontra para buscar a opala. De repente, ele encontra um indígena australiano, ele tem um leventiro e ele precisa de sangue, o indígena do sangue. Para ele, ele começa a conversar com o indígena, mas eu tenho um oitavo de sangue indígena. Nós lutamos muito contra os brancos, nós também. Então, eles viram irmãos de sangue, cortam os dedos e viramos irmãos de sangue, como os apaches, etc. Então, isso não tem nada a ver com a história, não tem nada, mas é o elemento anti-branco que é obrigatório. Elemento ideológico anti-branco que é obrigatório. Feito por quem? Um branco. Inclusive, o cara que representa o índio australiano não parece o índio australiano, ele me pareceu branco. Isso aí está cheio na cinema americana. Por exemplo, você já reparou que o cinema americano é contra o dinheiro? Todo mundo que é mau, no mundo tem interesse financeiro. Agora, o cara que fez o filme não tem interesse financeiro nenhum. Os atores não tem interesse financeiro nenhum, eles trabalham por caridade. Tanto que todos moram na favela, passam dificuldades. E os capitalistas são sempre malos, exceto eles próprios. Então, tudo isso são contradições da própria ideologia de classe. O cara que escreveu o passado é uma ilusão. Então, o historiador francês agora está esquecido o nome dele. Ele no começo mostra que a ideologia burguesa contém inerentemente um aspecto de autocondenação. A condenação da burguesia faz parte da ideologia burguesa. E eu acho que isso é verdade. Chegou o ponto que dizia o famoso José Schumpeter, o economista austríaco, quem vai acabar com o capitalismo não são os proletários, são os capitalistas. Isso existe. Hoje, quando você vê, o movimento esquerdo mundial é todo financiado por mega capitalista. E esse mega capitalista, hoje, eu até fiz uma nota, eles são hoje os fiscais mais severos da obedência à ideologia esquerdoista. É, o que? Eles são os fiscais mais exigentes e severos. Quer dizer, se você não obedece à ideologia de esquerda, eles caçam o seu crédito, não deixam você comprar as coisas, tiram-te da sua casa, você é perseguido pelos milionários, pela Amazon, pelo Facebook, todos os grandes capitalistas, que se conferam com você, eles são mais severos do que a KGB. Então hoje você não pode, por exemplo, se você não teve aquele caso, Miss Inglaterra, que perdeu o título, porque diz que todas as vidas importam. Quer dizer, não, as vidas não importam, só as vidas negas importam. Você pode matar todo mundo desde que não mata o negro, ou se for matar o negro, o negro pode matar o negro, mas você não pode, você não pode, nem sequer se defender. Então, vamos dizer, o racismo negro está institucionalizado como obrigação, e quem está impondo os mega capitalistas, não é o proletariado de maneira alguma. Muito menos é a comunidade negra, a maior parte da comunidade negra está se lixando por aí, você está até contra. Mas, que você observa bem esse Black Lives Matter, Black Lives Matter matou mais negros em um mês do que policiar branco matar em 10 anos. Um negócio absolutamente incrível. Então, veja, toda ideologia de classe, ela tem suas contradições internas. Então, o negócio nunca é uma coisa mecânica, quer dizer, você pertence à classe social, então, tudo o que ele fala é em defesa do interesse da classe dele. Só que, diz Mark, se ele for um proletário, então, ele também está falando em defesa da classe dele, mas os interesses do proletariado, segundo ele, coincidem com os interesses da humanidade como um todo. Então, não são divisivos, o burgues quando defende o seu interesse de classe, ele está defendendo a classe dele contra a humanidade. O proletário, quando ele defende o interesse do proletário, ele está defendendo o interesse da humanidade dele. Isso é bobagem de Alias de Videntimento, mas é assim que Mark pensa. Então, qual é exatamente o papel da posição de classe na posição, vamos dizer, das análises marxistas do pensamento não marxista? Você pode dizer que Lukak era um representante do proletariado? Ele nunca foi proletariado, uma família rica. Nunca trabalhou fisicamente, um dia na vida dele sempre foi um acadêmico, e um intelectual do partido, um amigo de partido, então, como analisamos sociologicamente o que é um Luker? Isso fica difícil, porque ele tem origem na ideologia burguesa. Ele, antes de ser marxista, foi um pensador burgues, um seguidor da chamada filosofia do espírito, o primeiro livro de sucesso, de Alikei Teorea do Româncio, tem nada de marxista. Ele é um discípulo do Wilhelm Diltey, que de marxista não tem nada. Então, ele vai explicar o gênero romance em função de conflitos cognitivos que existem na sociedade, por exemplo, entre o sujeito que vê a alma dele como um pedacinho do contexto maior social, e aquele para o qual a alma dele é maior do que a sociedade, ele está oprimido na sociedade, o oprimo porque ele é pequena demais para ele. Por isso você pega o Raskolnikov, obviamente, e Raskolnikov pertence a esse último pedaço, quer dizer, esse último tipo, né? Ele acha que a alma dele é maior do que a sociedade mediúrgica, o que o cerca, mas de outros casos você vê que a alma do sujeito é apenas um fragmento, ele está perdido na sociedade, a sociedade é complexa demais para ele. Esse é o tipo de loja que ele faz. O que isso tem a ver com a posição de classe? Nada, quer dizer, não é uma nada de marxista de maneira alguma. Mas, quando passa para o marxismo, ele traz toda uma carga de conhecimento e de experiência da filosofia burguesa anterior, que ele vai chamar de burguesa. E como é que nós vamos depois analisar as sucessivas mudanças de ideia do Lukash? Por exemplo, ele acabou renegando o seu livro História e Consciência de Classe, no qual ele via a ideologia de classe não como uma expressão causal, no qual a posição social determina a ideologia, mas a posição social é apenas um potencial, quer dizer, você pertencer a uma certa classe, você em potência tem a ideologia da classe, mas alguém precisa ter avisado isso aí. Quer dizer, você precisa ser... alguém precisa informar o proletário, que ele é um proletário, que os interesses do proletário são tais e quais, e daí se eu for concordar ele adere. Eu sempre achei que se realmente existe alguma relação entre a posição de classe e a ideologia, então o sujeito de uma classe defender os interesses da outra deveria ser difícil, ou quase impossível, por exemplo, o próprio Marx, ou se você procurar todos os grandes teóricos do Marxista, você não vai encontrar nenhum proletário. Todos os teóricos da ideologia proletar, nenhum é proletário. Stalin não é proletário, Trotsky não é proletário, Lenin não é proletário. Todos eles, todos eles, até hoje, você procurar algum... entre os grandes líderes marxistas, eu só vi um proletário. Mao Tse-Tung não era proletário, mas eu só vi um proletário, que era o George Marchek, chefe do Partido Comunista de França, mas que não era um cara de grande relevância. No Brasil também, por isso que o Lula fez sucesso, porque ele foi o primeiro proletário que apareceu para representar o proletário. Só tinha intelectuais, estudantes, etc. Houve até uma pesquisa anos atrás que mostra que o eleitorado do Lula era todo de classe média e alta, não tinha ninguém no proletário. Aí apareceu o Lula e ele estiver no orgasmo, ah, um proletário. Então, você vê que o isolamento do intelectual marxista no meio da sociedade sempre foi um negócio horrível. Se você olha, por exemplo, se você ler o Caetés do Galáxias do Norte, o que é o, esqueci o nome do personário, ele é um, um intelectualmente intelectual revolucionário, oprimido no meio burgues, ele é tanto que ele acaba, que ele matava, o matar o burgues, que é o competidor, competidor de Israel dele. Então, o que é isso? Ele é um intelectual de esquerda que se sente isolado, desprezado, porque ele não tem audiência, não tem audiência nem entre os proletários, nem entre os burgueses, e ele vira um tipo a parte esse, muito da literatura brasileira só pode ser compreendida nesse sentido. Se você ler lá o Feijão e o Sonho do Origínio, é dessa que você vai ver que é exatamente, é exatamente disso que se trata. E muitos outros, inumeráveis livros brasileiros refletem isso. Eu dei um no tempo do que teve o golpe militar, apareceram filmes como o desafio do Paulo César Saracen, que era o intelectual marxista que tinha amorado da alta burguesia, ele comia a mulher do capitalista e assim por dentro. Então, isso tudo tem um lado cômico, ridículo, a vida de tempo, sempre tem, ninguém escapa disso aí. Mas por outro lado, você diz, ele tem razão quando diz que os intelectuais não marxistas não buscam um diálogo com os marxistas, mas os marxistas como é que tratam os caras do outro lado? Ele simplesmente os prende, existe possibilidade de um diálogo com o não marxista dentro de um país dominado por marxistas, na nossa viética, na China, em Cuba, claro que não. Quer dizer que os pensadores não marxistas, declaram-nos como inimigos de classe e são presos ou mortos, então não tem porquê ter um diálogo, esses caras não nos atrapalham absolutamente, nós os matamos e prontem, escala a boca. Então, você exigir que os filósofos não marxistas, no ocidente, dialoguem com os marxistas, é exigir que eles compram um compromisso, que o outro lado está dispensado de cumprir, quer dizer, já virou, evidentemente, uma palhaçada, mas de qualquer modo, você vai ver que o peso relativo da posição social nos significado, nos significado as ideias, em que medida o significado de tal doutrina assim, assim, assim, depende da posição de classe ou do fator social, vários sentidos dependem. Então, primeiro lugar, a linguagem, a linguagem que o jeito usa é evidentemente a linguagem do seu grupo social e não é facilmente compreendida fora dele. Então, você precisa ter referência social para entender o que o jeito está falando. Em segundo lugar, pode haver realmente uma série de hábitos e preconceitos de classe que se introduzem no pensamento sem que os retos se dê conta, isso é muito possível. Quer dizer, então você se torna um representante do interesse de classe que você, na verdade, ignora. Também pode ser, mas quando falamos interesse de classe, eu digo, bom, se um sujeito representa o interesse de classe, ele não representa diretamente esse interesse, mas a interpretação que ele faz desse interesse, mesmo que seja uma interpretação semiconsciente. Porque se fosse, vamos dizer, o interesse explícito da classe, então precisaria haver uma reunião dos representantes dessa classe que formulasse, então, a ideologia de acordo com os seus interesses e passasse aquilo para os intelectuais. Você já viu alguma reunião de burgueses capitalistas? Aqui nós vamos traçar aqui os nossos interesses e vão contratar intelectuais para defender isso. Isso nunca aconteceu, porque quem formula a ideologia da burguesia não é a burguesia, são os próprios intelectuais. Mas esse é o óbvio do óbvio, não é? Quer dizer, a não ser que o próprio capitalista seja ele mesmo um intelectual, o Jorge Soros acha que é. Ele tem certeza que é burro, não é? Quer dizer, ele se acha um filósofo, então é uma coisa eternamente absurda. Quer dizer, o sujeito de ter de ano boa, ou se ele acha um filósofo? Na verdade, é um bobo. E com certeza está rodeada de intelectuais que o manipulam, ele nem percebe. Manipulam para quê? Primeiro lugar, vivem o dinheiro dele. E ele deve distribuir dinheiro para milhões de caras que ele não tem a menor ideia de como estão usando o dinheiro. Então, ver toda essa coisa de pessoas, você disse que pessoas são poderosas, essa imagem é o que tem feito por gente da mídia. E gente da mídia, olha, eu não conheço pessoas mais ingênuas do que jornalistas. Jornalista é um tipo socialmente inferiúo, um coitado que vive no meio de gente importante, é uma coisa horrível. Se você tem... Eu vivi isso, comecei a vida como reporta. Eu tinha um salário modestíssimo, não tinha um de Caio Morto, mas eu vivi ali no meio... Sei lá do pessoal da Jovem Guarda, Roberto Carlos, os milionários, as estrelas, e também entrevistava puta, delegada, essa coisa de tudo. Então eu percorri a toda a gama da sociedade. Eu mais ou menos sabia onde eu estava, eu sabia que eu estava bem embaixo e que eu não mandava nada. Mas eu nunca tive a menor ilusão, nem esperança, nem desejo de me igualar aquelas pessoas. Tudo que eu queria na minha vida tem um pouco de sucesso para eu poder estudar. Por isso mesmo, na verdade, o meu salário jornalista, embora fosse muito modesto, para mim era mais do que suficiente. Tudo que eu queria era comprar livro, recebia meu salário na Notícias Popular, zia na Livra de Azar, me enchei de dinheiro e... Encontrava ali os intelectuais do dia. Tem uma cena engraçada no dia, estou lá comprando, ali aparece o professor Otavio Gane, que era um dos mentores da USP, de ciências sociais da USP, e ele chega lá e pergunta assim, se eles têm aí o último livro do Der Fineto, já fala, não, não chegou ainda. Ele saiu do puto da vitra, são para a província Caipira mesmo. Ele saiu do puto da vitra e eu fiquei ali dando risada. Eu não sei da onde ele era, se ele se colocava, se ele era do Raco Parque. Mas... Eu vivia assim, no meio, ou do lumpio proretarado, ou de pessoas importantes, mas no mesmo dia. Isso aí, para mim, foi uma experiência muito boa. Mas também me alertou para, vamos ver, para essas contradições da teoria da ideologia de classe. E eu cheguei a conversar, não existe ideologia de classe, existe ideologia com um intelectual, atribui a uma determinada classe. Não é isso? Ele nem precisa pertencer, por exemplo, quando Karl Marx descreve a ideologia do proletariado e da burguesia, ele não é nem um proletar, nem uma burguesia, não é um proletar, nem um capitalista, ele é um terceiro negócio. E ele descreve a dos dois, e pode ser que o proletariado se reconheça naquilo, o burguesiado também se reconheça, e pode ser que ele rejeite e não pensa em outra coisa. Na verdade, o que se viu na Primeira Guerra foi que os proletários estavam interessados em outra coisa completamente diferente. Ele está muito mais interessado nos interesses nacionais do que no seu interesse de classe. E isso foi um susto e um trauma para os comunistas. Então, por outro lado, você ignorar o problema da posição de classe é um erro terrificante, porque de fato você não é uma pessoa isolada. Eu acho que, eu não creio como diz o Gramp e o outro, que o ser humano é um produto do seu meio social. Isso é uma besteira fora do comum. Para ser um produto do meu meio social, seria preciso que ele me formasse fisicamente, biologicamente. Quer dizer, quando eu nasço, eu já tenho toda uma herança biológica, o que que essa herança deve ao meu meio social? Absolutamente nada, deve ao meu avô, bisavô e etc. Um monte de pessoas já morreram. Quer dizer, eu tenho uma constituição biológica relativamente pronta quando eu entro no meio social. Essa constituição biológica me dá um cérebro, um sistema perceptivo, isso é que tudo isso não depende de nada do meio social. Mas o material que eu recebo vem do meio social. Como é que eu vou trabalhar isso? Eu não posso ser uma massa informe e passiva, que recebe o impacto do meio social. Não dá para ser isso. O aprendizado seria impossível. Qualquer pessoa sabe que a gente só aprende coisas quando você faz um esforço para aprender. E você só aprende aquilo que você quer aprender. Portanto você mesmo seleciona o que você quer e o que você não quer. Então, se não, todo mundo aprenderia tudo. Então, isso quer dizer, existe o impacto do meio social, da cultura, da linguagem, etc. E existe a sua iniciativa. Esse processo é muito complexo. Não é fácil de você descrever isso aí. Eu sempre me faço a pergunta de onde vem as minhas ideias. E não tem nenhuma que eu possa dizer, receber totalmente pronta do meio exterior ou a crer pelos meus próprios miolos. Todas aquelas que eu tenho são a mistura das duas coisas. É evidente. Então, se você perguntar para mim, o que consiste a originalidade de um artista? Quer dizer que ele não aprendeu nada com os outros, não compiou nada, não é impossível. Então, isso acontece que o material que ele recebeu do meio, ele dá um formato que não existia antes. E esse formato que ele inventou. É evidente. O material, praticamente, todo pode vir de fora. Mas ele dá uma fórmula pessoal que o torna inconfundível. E é isso que nós chamamos o estilo. O estilo é uma marca pessoal. Então, é um absurdo dizer que isso é um produto do meio social. Todo homem é um produto do seu tempo de como. Eu li as obras do Santo Maedaquino. Eu via ali, quem foi que influenciou o Santo Maedaquino? Ele teve uma certa... Influência dos mestres dele. Mas nenhum mestre influenciou tanto quanto a Aristótia que tinha morrido 1.400 anos antes. Ele pode ir inteiro lendo Aristótia de vez em quando ele conversar. Como o Santo Alberto, como o Suboventura. Então claro, teve um intercâmbio. Com o secretário dele, João Arreinaldo. Então, ele recebeu certamente alguma influência do meio. Mas ninguém no meio influenciou tanto quanto a Aristótia que não estava presente nesse meio. Isso quer dizer o seguinte, o ser humano pode escolher as influências que ele vai sofrer. E esta não quer o que era aquela. Então, quem, por exemplo, sei lá, eu li o Raide e ele li o o Leila Velho. Eu falei, eu não quero o Raide, o Raide que eu não quero. Eu gosto disso. E fui ler o Leila Velho. Qual dos dois determinou que eu fizesse isso? Não fui nenhum dos dois, fui eu mesmo. Foi eu que escolhi. Eu podia ter escolhido o contrário. Foi incrível que pareça você ver a primeira sujeita que despertou em mim a ambição de estudar mais filosofia. Foi uma sujeita que leu para mim o livro. O que é isso também, a física do Raide. Mas, ele era um admirador do Raide. Eu não gostei do Raide, mas gostei da ideia. É isso aí que eu quero fazer. Não profissionalmente, eu nunca quis ser filósofo de profissão, porque eu acho absurdo, o filósofo fez ser uma profissão, um absurdo. Você vê, Descartes foi filósofo profissional? Não, Descartes era militar. Lámes foi filósofo profissional? Não, Lámes era um diplomato. Só que ele era um filósofo profissional? Não, só que ele era um empreiteiro. E assim por diante. Quer dizer, você tinha Platão no filósofo profissional? Não, Platão era um cara de família rica. Não tinha profissão nenhuma. Não trabalhava. Quer dizer, não precisava disso. Ele era virtualmente um candidato ao governo. Mas ele desistiu, foi cuidar de filosofia. Da onde ele tirava o dinheiro dele? Da família dele, raios. Nunca precisava trabalhar. E assim por diante, né? Santo tomou mais daqui não filósofo profissional? Não, não, não tomou mais daqui não. Um monge, meu Deus do céu. Monge ganhou dinheiro, poé. Então você vê, com o número de profissões associados da filosofia, é uma coisa de uma imensa variedade. A filosofia como profissão universitária só vem se constituindo na modernidade. Na verdade começa um pouco na idade média quando, por volta de 1300, criam o regulamento da Universidade de Paris. Mas mesmo assim, a constituição profissional era muito relativa, porque naquela época o reitura da Universidade era um aluno. A Universidade era um clube de aficionados que se juntavam pegar um dinheiro deles próprios de pessoas... A sociedade ajudava muitos estudantes, né? Então, para contratar um professor do jeito que eles queriam. E o sucesso maior ou menor do professor dependia do quê? Dependia da audiência. Não era uma hierarquia burocrática como é hoje. Então... A gente tinha uma época chamada de questionas codolibretárias quer dizer, questão... que são questões, como você queira. Então, se ele chegar no topo da profissão universitária, tinha que fazer questão de cobre limito. Você reunia a congregação inteira, professores e alunos e você tinha que responder qualquer pergunta que eles fizessem. É um negócio horroroso. Se você saísse bem todo mundo bateu a palma e você fazia sucesso. Não era uma hierarquia funcional que decidia isso. Era a plateia. Então, é como se fosse um livre mercado. Isso era a Universidade na Idade Média e por isso mesmo que no século 13 funcionou tão brilhantemente. Aliás, a respeito dessa... Espera, quando você estuda um pouquinho além do que você diz no meio universitário você acaba descobrindo coisa que você só fica decepcionado o tempo todo. Toda hora você percebeu por mim enganar de novo, de novo, de novo. Aquela história que você não sabe que no renascimento eles redescobriram o legado greco-romano que estava esquecido durante a Idade Média e como? Quer fazer na Idade Média? Só pensar em patão. Era estótis, meu Deus do céu, o tempo todo. Quer dizer, como é que os textos antigos tinham sido esquecidos se eles estavam estudando isso o tempo todo? Né? Na verdade, quando você vai ver os comentadores de Platão ele está aqui, aparece o racimento e tal e infinidaduramente superiores aos seus antecessores mediais. Aqui comentares produziam diaristóquia que pode se comparar aos comentares de São Tomás de Aquino, ao livro da Física ao livro da Alma e etc. Não tem nada que se pareça com aquilo. O São Tomás de Aquino não lia grego eu não sabia ler grego, porra. Então ele lia um negócio traduzido pelo amigo Delo Reinaldo. E mesmo assim os comentários são de uma profundidade extraordinária. Até hoje a gente precisa ler aqui, você não entende. Não conhece o São Tomás de Aquino de Reinaldo, se você não lê os comentários. Então essa história de renascimento é uma bobagem. Aliás, se você compara também, por exemplo, a arquitetura do renascimento, com a arquitetura da Idade Média, porra, faz uma decadência. Porque você pega esse catedral, esse catedral uma catedral pode ser lida, meu Deus do céu. Ela é um edifício de símbolos e ideias. E você pode passar o resto da vida lendo aquilo e tem conteúdos espirituais, teológicos, de uma riqueza extraordinária. Quando você pega arquitetura da renascença, é só pumpa e circunstância, porra. Era mais rico, tinha mais dinheiro, tá certo? E em vez de ir pra cima a igreja se espalhava pelos lados. Tem trechos bonitos, lindíssimos, do Pierre Francastère, sobre essa mudança de estilos, né? Pierre Francastère, um tremendo, tremendo estudios da arte. Então tudo isso aí pra lembrar pra vocês. Você ter sempre em mente esse problema, em que medida as ideias são dependentes de um contexto social, em que medida se destacam e vão acima dele. Isso é absolutamente fundamental. Isso mesmo porque o simples fato de um livro ter uma certa idade mostra que pode ter uma mudança linguística, que se você não conhecer bem o contexto social linguístico da época, você não vai entender. Então também existem, vamos dizer, as convenções linguísticas que são espalhadas no meio, né? Hoje mesmo eu estava lendo um livro a mulher chama-se Denise, a autora chama-se Denise Bonomo sobre o aspecto esotérico das poesias da Afro-Edivini. Quantas pessoas sabem que tem esoteria no Afro-Edivini? Quase ninguém. Você vê que ali você tem muitos elementos da revolta moderna contra o cristianismo tradicional exposto de uma linguagem esotérica. Então você tem ali, de fato, uma espécie de conspiração esotérica, um retorno do gnosticismo. Quem ia pensar isso na Afro-Edivini? Ninguém pensou. Essa mulher foi a primeira que descobriu esse negócio e está muito bem. Eu não leo o livro inteiro, estou lendo agora. Também ela descobriu esses esoterinos contra o Voltaire. É esoterico, Voltaire, Místico, está lá. Não é Mística Cristã, é gnóstica, mas está lá. Então, se você pensar, por exemplo, em que medida os escritos de teóricos tradicionalistas como Renegas Nochon dependem de um contextualismo. Isso é de uma circunstância social específica. Muito interessante. Também ninguém estudou isso até hoje. Eu vejo, por exemplo, a organização. Por exemplo, eu conheci bem a organização do Chon. A forma daquela organização pesava sobre as ideias das pessoas, inclusive ideias do próprio Chon. Você tirar essas ideias daquele contexto social e fazer de conta que elas são universalistas, você pode estar um pouco enganado. Olha, as nossas ideias têm um sentido universal na nossa pretensão, o que nós queremos. Nós queremos dizer coisas que não dependem da nossa posição social, que são verdades universais. Todos nós queremos isso, mas nós conseguimos. Às vezes sim, às vezes não. Tudo isso é muito relativo. Tá bom? Então, hoje vamos por aqui. Não vou nem responder perguntas. Já falei demais hoje, tá? Obrigado.