Então, vamos lá. Boa noite a todos, sejam bem-vindos. Eu queria fazer algumas considerações em torno da formação intelectual da classe dirigente. É um dos problemas mais graves do Brasil, porque se você observar a história de outros países ao longo dos tempos, você verá que a coisa mais normal é a presença de homens monstruosamente cultos e de grandes escritores dos altos postos. Aqui, por exemplo, nos Estados Unidos, você pega a eblon link, ou o que é que você pensa do link, ou o que a gente gosta, o que a gente não gosta, mas ele é um dos maiores escritores da língua inglesa. Até de Roosevelt, também, mesma coisa, até hoje, se lê os escritos dele com muito encantamento e com prazer verdadeiro e com muito proveito. Se você pegar, se é lá na Inglaterra, se tinha Gladstone, de Israel, Winston Churchill, são enormes escritores. Se lê os seus livros dele, ainda com grande proveito. Ou na França, então, se você chamar um político e tu contando nome, não liga, mas se você acusar de cometer um erro de gramática, ele vai ficar enfezadíssimo. Então, em todos esses países, você vê que a presença do Churri na classe dominante é um indício de que ele é um homem de alta cultura. E provavelmente ele não é apenas um detentor de alta cultura, mas um produtor dela. Isso tem um normal. No Brasil também foi assim até um certo ponto. Se você vê a história do Brasil, eu sugiro que vocês leiam o ensaio do Machado de Assiso, o Velho Senado, pra você ver o que era a classe política do Brasil por volta de 1870, 1880, por aí. Você não consegue reconhecer quando você vê os figuras que você tinha na época, com o Oliveira Limon, Raquina Bucco, depois mais tarde, um pouco mais da Rua Barbosa. Era um homem de alto cabarito. O que nós temos hoje? Nós temos uma coleção de analfabetos funcionais. Este é um negócio gravíssimo. Analfabeto funcional não é questão de ser da esquerda, de direita. São todos analfabetos funcionais. E isso quer dizer que as coisas mais simples e mais óbvias se tornam para essas pessoas impossíveis de perceber. Eu vejo, por exemplo, agora, essa semana, eu ouvi o discurso do General Morão dizendo que se o STF tentar dar um golpe, haverá um contragope das Forças Armadas. Ele tem toda a razão. É claro, é a coisa mais óbvia. Por que eles demoraram tanto tempo a fazer isso? E por que ele disse se houver um golpe quando está claro que o golpe já foi dado? Ora, quando se fala em golpe, o sentido, vamos dizer, mais banal da palavra é derrubada de um governante. Você tira um sujeito do seu posto e põe outro. Mas será que só isso é o golpe? A mudança total da estrutura de poder não é um golpe de estado? Fala como é possível. Você tirar um governante do seu posto representa muito menos do que você destruir o sistema de poder e criar outro. Você veja. A mudança de governante, por acaso, habilita o novo governante a decretar prisão preventiva para toda a população do país, forçá-los a ficar em casa. Criar esse rodízio que você só pode sair na rua conforme o número do seu CPF já para o IMPER. Isso é uma demonstração de poder que nenhum presidente jamais teve. E a implantação desse novo sistema de poder já é um golpe de estado muito mais profundo e muito mais significativo do que a Mera troca no governante. Você, na verdade, pode trocar um governante sem mudar o sistema de poder existente. Você sempre troca um nome por outro, mais ou menos que aconteceu quando tiraram Dilma. Quer dizer, o sistema de poder no Brasil mudou porque tiraram Dilma? Não, não mudou nada. Então, você veja, derrubaram o presidente não apenas não é a única modalidade de golpe de estado, mas não é sequer o tipo de golpe de estado mais profundo e mais perigoso. Pergunto eu, o general Morão algum dia pensou nisso? É claro que não. Ele está usando a expressão golpe de estado pelo seu significado dicionalizado banal. Só que nós não podemos analisar a realidade de uma sociedade usando as palavras do seu sentido dicionalizado banal. Nós temos que usá-lo com o seu sentido próprio, o seu sentido descritivo correto que corresponda à realidade dos fatos. Você veja, quando as pessoas discutem futebol, elas não usam os termos só para fins de verbalismo. Ela sabe aqui que ela se refere. O tipo de jogada que eles estão fazendo, o nome jogador, a posição deles no campo. Quer dizer, a linguagem tem uma correspondência com a realidade física exterior. Ou seja, você não tem só o significado e significado, você tem o significado referente. Agora, na discussão política só tem o significado e significado, nada tem referente. Veja, para você saber o significado é basta você perguntar para alguém o significado de uma palavra. Você pergunta o que é vaca, o que é elefante, o que é governo, o que é constituição e a pessoa te disse. Agora, para você observar essas coisas no mundo da política e no mundo da vida cultural, é um pouco mais complicado. A palavra que você está usando se refere apenas a um ente físico determinado, como leão, elefante, vaca, no formiga. Basta apontar o bichinho e você sabe o que é, mas as coisas da vida social e cultural não. Elas são processos e sistemas e esquemas muito complicadas. Então, você teria que, para saber o referente da palavra, você tem que saber qual é o esquema de ações, ações humanas que está ali compreendido. Você vê, por exemplo, quando o pessoal usa a palavra comunismo, que nem a idiota do Marco Antônio, o comunismo é a estatização dos meios de produção, então nunca existiu o comunismo no mundo, o movimento comunista jamais existiu, porque nenhum movimento comunista chegou a fazer isso. Então, quer dizer, você já está usando a palavra num sentido idealístico futuro e confundido isso com a realidade presente a qual a palavra se refere, meu Deus do céu. Quando o pessoal usa a expressão ideologia comunista, já não sabe o que está falando, porque o comunismo tem umas 200 ideologias lá dentro. Eu já expliquei isso aí. Está lá um série de artigos marxismo como cultura. O marxismo é uma cultura integral, cultura de alcance mundial. Tem ali umas 200 ideologias no meio. Se você comparar, por exemplo, a ideologia do Stalin, a ideologia do Trotsky, um mandou matar o outro, não queria derrubar o outro, o poder, o outro mandou matar. Eles tinha a mesma ideologia que ele seguiu, e falaram, claro que não. Ninguém matou tantos comunistas quanto os próprios comunistas. Por aí você tem ideia do que é a unidade ideológica do comunismo. Essa unidade não existe, porra. O que existe é a unidade funcional de uma cultura. Como, por exemplo, se você pegar uma tribo de índio, pode haver várias disputas na tribo de índio, um comendo a mulher do outro, um robô, o arco do outro, dar algum rolo lá dentro, existe uma disputa de poder, então, pásreio, cacique, tudo isso tem. Mas a unidade da cultura está assegurada, porque a unidade é um conjunto de regras, com o seu e tu de não há regras costumeiras que não precisa estar inscritas, que articulam as possibilidades de ação humana. Então, se você participa disso, então você é o mesmo da cultura, e os próprios conflitos que você tem, a própria diferença, são articuladas de acordo com o sistema cultural vigente, o sistema cultural reinante. Isto é uma coisa que deveria ser óbvia, mas não é. Não é porque... veja, as pessoas no Brasil não têm mais o domínio da linguagem, que é a primeira coisa que você vai ensinar para uma criança. Mas quando é uma criança pequena, o que você vai começar a ensinar para elas? Você vai ensinar cálculo integral para o bebê? Você vai ensinar engenharia para o bebê? Você vai ensinar futebol para o bebê? Não, você vai ensinar a falar, meu Deus do céu. Por que? Porque todos os demais conhecimentos que a criaturinha possa vir adquirir, depender da linguagem. Então, tem que ensinar primeiro o domínio da linguagem. Se você não tem um domínio suficiente da sua língua natal, vamos falar português claro, você não entende nada do que você diz nessa língua. Absolutamente nada. Ora, quando você vê a grosseria dos discursos públicos hoje em dia, a quantidade de erros monstruosos que os caras comete, é tão na cara que eles não dominam o idioma. E, portanto, eles nunca sabem do que estão falando. Claro que de vez em quando, pode acertar por uma coincidência. Ele falou a coisa errada, mas está pensando na coisa certa que pode acontecer, mas é raro isso aí. Então, ver o desprezo que a classe dominante brasileira atual tem pelo idioma nacional, já mostra primeiro que eles não têm patrotílio nenhum. Toda essa afetação de patrotílio é só ostentação de condecorações e espírito corporativo. É só isso. Porque se você ama a sua pátria, a coisa que você mais ama nela é a língua na qual ela te educou, porque foi a primeira coisa que ela te deu. Quando ela te dá língua, ela te dá um instrumento pelo qual você vai poder conviver com os outros seres humanos, exercer um trabalho, ter uma função, entender o que está acontecendo, etc. O primeiro valor que assinala a existência de uma nação, a identidade de uma nação, é o seu idioma, meu Deus do céu. Então, pode entender? Não precisa ser um idioma, pode ser dois. Se você vai na Bélgica, você tem gente que fala lá a língua holandês e tem que falar francês. Mas as duas línguas fazem parte da nação. Então, se você não tem amor ao seu idioma, você não tem patrôtilo nenhum, patrôtilo é só afetação. Eu não vejo como é possível, se você tem amor a um país sem ter amor a língua que se fala nele. Quer dizer, você pode ter... por exemplo, eu estou aqui no Estados Unidos, tenho amor à língua inglesa, eu tenho amor muito moderado pela língua inglesa, eu muito mais pela língua portuguesa, a primeira que eu aprendi, muito mais pela língua francesa, que foi a segunda, muito mais pela língua espanhola, que foi a terceira e assim por diante. Quer dizer, quando fui aprender a minha mãe inglês, eu já era um adolescente, eu não aprendi a pedir uma madeira para minha mãe em inglês. Então, quer dizer, eu até hoje estou aprendendo inglês, toda hora a língua inglesa me surpreende, coisa que tem ali que eu nem imaginava que existia, tá certo? Então, eu posso ter uma simpatia pela língua estrangeira, mas não, um amor como eu tenho, pela minha própria língua. Quer dizer, aí é o teu negócio, o essa que eu não é, quando perguntar se ele falava alguma língua estrangeira, eu falo várias, patrioticamente mal. Quer dizer, o que eu domino é a minha língua, as outras não, só uso. Então, durante um tempo eu notria a ilusão de poder ser um escritor em língua inglesa. Depois de dois anos de tentativa, eu falei isso, sabe quando isso vai acontecer? Nunca na minha vida, nunca, né? Porque eu comecei a usar a língua inglesa como instrumento de comunicação a dia a dia, quando eu tinha mais de 60 anos, 65 anos. Então, quer dizer, você não vai aprender aquilo com o coração, com a sua profundidade, o seu aprendizado da língua sempre vai ser um negócio externo, mais funcional do que vital. Eu for, eu vou, vou dizer, expressar uma emoção profunda, eu não vou conseguir expressar em inglês, vai ficar falso, evidentemente, eu vou estar imitando algum, algo que eu ouvi no filme. Mas, quer dizer, a relação que eu tenho com a sua língua natal, é uma coisa, vamos dizer, de uma identidade vital, é aquilo sangue dele. A língua estrangeira não, é um instrumento, é um meio. Ora, quando eu vejo, hoje em dia não dá pra você ler nem jornal mais, porque o número de eros que tem ali mostra que o jeito que tem no idioma, o seu meio de trabalho, o seu instrumento de trabalho, ele despreza aquele idioma. Infequentemente, imita o idioma inglês, porque é o idioma do jornalismo, é o dominante, é o idomínio do jornalismo. Então, o sujeito escreve em inglês com palavras brasileiras, ele não está escrevendo em inglês nem português, e este assim o tempo tudo. Agora, no Brasil também aconteceu um fenômeno muito estranho nos anos 70. Até os anos 70 você tinha o que se chamava alta cultura. A alta cultura se compõe, então, de escritores, de pensadores, de cientistas notáveis, de representantes letrados das grandes religiões, etc. E você tinha um lado o jornalismo. E o jornalismo noticiava os acontecimentos da cultura, como ele noticiava os acontecimentos da política, do esporte, da economia, etc. Uma coisa não se confundia com a outra. O jornalismo era uma espécie de caricatura, o irmão menor da ciência histórica. Ele contava o que estava se passando, mas não com o rigor científico da história, e nem com a abrangência da história. Ele pegava fatinhos isolados, dava uma pincelada rápida para você ter uma imagem tosca do que aconteceu, e isso era tudo. Então, ninguém confundiria o jornalismo com alta cultura. E eu notei que na década de 70 estava acontecendo um fenômeno extraordinário. O jornalismo estava começando a dominar os meios de alta cultura. Então, por exemplo, e o fato de nós, então, vivemos na ditadura militar, foi uma das causas disso, porque a discussão política, por exemplo, desapareceu de dentro das universidades e foi revivida na mídia. Quando você pega revistas como a realidade, a veja, elas eram o centro do debate nacional. Isso era o centro do debate político-lórico, o vírus, o centro do debate cultural também. Então, a classe jornalística se torna a dona da alta cultura, e começa ela a moldar o que será a cultura do país. Ou seja, a alta cultura foi entrega para um bando de analfabetos funcionários. Isso foi uma desgraça tremenda. Não adianta nada você escolher direito à esquerda, porque a direita à esquerda tem o mesmo problema aí. É normal um país ter direito e ter esquerda. Todo país vai ter direito à esquerda e funciona por causa disso. Mas no Brasil, aconteceu o seguinte, que a própria identidade ideológica desses grupos é confusa para os seus membros. Por exemplo, eu acho um absurdo o sujeito ser esquerdista e não perceber que hoje a esquerda mundial inteira trabalha para os grandes capitalistas. Como é possível alguém não perceber isso? Como é possível, em pleno de 2020, o sujeito achar que a esquerda dele ainda é representando o proletariado, quando ele está lá trabalhando com dinheiro dos jorges soros, do Bill Gates, dos grandes bancos, e quando ele está lutando pelas mesmas causas que essas grandes organizações capitalistas estão querendo impor ao mundo, meu Deus do céu. O próprio globalismo não é um deles. Se você vê toda essa discussão em torno do coronavírus, a posição da esquerda é mesmo dos grandes organismos internacionais e do grupo Bilderberg e de todos os bilionários. E do outro lado, você tem pessoas que, em geral, não são de origem, então, Rick Emboraj, alguns bilionários do meio-d, que não pertencem a essa gangue internacional e que estão ligadas a outros interesses mais nacionais ou mais locais. Então, o seguinte é o seguinte, a esquerda virou a elite dominante, a elite rica, que está oprimindo o povo e o povo é, quem espere a vontade do povo é a direita. Isso tem um fator, eu não estou dizendo isso na terceira direita, pelo amor de Deus. Estou descrevendo um estado de coisa que é facilima de comprovar. Qualquer pessoa, basta você até ler jornal para você entender isso. Quer dizer, você veja quem está defendendo as ideias da esquerda. É só banqueiro, só bilionário. É elite, é elite globalista. E o outro lado, você pode ter dois ou três bilionários ali isolados, tipo o próprio Trump. Quer dizer, o Trump é um bilionário, mas ele não pertence à classe bilionária, ele é um cara de fora. Isso é importante. Em um caso do Brasil, então, uma coisa ainda mais óbvia, porque quem representa o aspecto nacionalista? É um zemanéu, um capitão do exército, não tinha de cair morto. Não era nem os generais, para estar tendo. Os generais estavam quietinhos, o capitão estava falando sozinho. Então, como é possível, você ainda se declarar de esquerda e não perceber que essa esquerda foi comprada pelos grupos bilionários, aos quais ele serve hoje? É a coisa mais óbvia. Ora, remontando um pouco no passado, você vê que isso começa com o Escola do Franco. O Escola do Franco pôs por volta dos anos 50, 60, quando ela transfere o campo da luta, dá esfera econômica para a esfera cultural, então, evidentemente, a esquerda perdeu a sua identidade sociológica. Ela não remanada a ver com o proletariado. Agora, é classe média e cara se alta. Se você for ver, por exemplo, o movimento feminista, onde que se difundiu o movimento feminista? Foi no Bar da Rocinha, foi em Vila em Ocuñá? Não, foi na classe alta, meu Deus do céu. O movimento gay, a mesmíssima coisa, você acha que o operário, o cara que está lá trabalhando na fábrica, carregando o peso, ele tem lá tempo de lutar pela sua identidade sexual. Ele nem sabe que é identidade sexual, meu Deus do céu. Então, todas essas novas causas que surgiram, feministas, gayistas, abortistas, etc., é tudo de interesse de gente de formação universitária, meu Deus do céu, não do povo. Você acha que o pessoal da Escola do Franco por um percebeu o que estava fazendo? Fizendo isso de inocência? Claro que não, meu Deus do céu. Eles sabiam para quem eles estavam trabalhando, eles sabiam que estavam demolindo a identidade sociológica da esquerda, criando uma outra identidade, ou seja, eles estavam integrando a esquerda no modo de vida das classes altas. Foi só eles que fizeram isso? Não, Stalin instruiu o Partido Comunista Americano para que esquecesse os proletários. Ele tratasse de ganhar o apoio dos intelectuais, dos figuras do show business e dos milionários, porque precisava de dinheiro para o Partido Comunista. Então, para o nosso Tentão do Partido Comunista Soviético, a esquerda americana foi virada de cabeça para baixo. Ora, se conhece algum comunista que tem observado já isso? Não, eles não sabem a história social do seu próprio movimento, eles não sabem do que eles estão falando, mas nem podem saber porque eles não têm o domínio da linguagem. Se você pegar os escritores de esquerda no Brasil, a linguagem deles é só chavão o tempo todo. Você pega esses pessoal do teatro, é só chavão feminista, chavão abortista, chavão gaysista, o tempo todo. Não tem nenhuma originalidade, quer dizer, não são... a linguagem não é individual. A minha se pode gostar ou não gostar, mas não tem nenhuma parecida com ela. Foi eu que inventei tudo, do meu jeito, para poder dizer as coisas do jeito que eu via, não do jeito que um outro, Zé Maner via. Eu nunca escrevi uma palavra em nome de qualquer grupo, nunca. Por que que o jornalista não percebe isso? Porque eles não são capazes de ler o que ele escreveu, eles não têm capacidade. Então, vira hoje mesmo eu estava comentando, uma frase que eu li no livro, na biografia do Richard Wagner, ele diz que você pode me dir a fama do homem pelo número de equívocos e de mal-entendidos que circulam em torno dele. Então, nesse sentido, eu achei que eu sou o Brasil, ele era o mais famoso de todos os tempos. Porque se você ler tudo o que a mídia escreveu, a meu respeito, durante 20 anos, é tudo errada, é tudo invencionista. Não tem nada, sabe que é nada que corresponda? Por exemplo, eu escrevi vários livros e dei vários cursos. Então, acredito que é um fato notório e eu tenho todo um pensamento filosófico do qual eu deduzo ali uma certa filosofia política. Quer dizer que é um tentativo de descrever e explicar o sistema do poder. Em baixo eu tenho uma filosofia da cultura e também, no andar mais baixo da coisa, eu tenho alguns palpites sobre a situação política do dia. Simpatias ou antipatias que eu tenho por um personagem da política, do futebol, do show business, etc. E é evidente que as opiniões de um filósofo sobre assuntos menores dependem e só podem ser compreendidas em função da sua doutrina filosófica maior. Você não pode separar uma coisa da outra. As opiniões sobre pontos de passagem do noticiário de Arco não têm autonomia. Elas nada significam por si mesmos. Elas só significam algo quando colocada dentro do esquema filosófico geral. É uma coisa tão óbvia que tem que explicar isso já é uma fergonha. Quer dizer, se você ver, por exemplo, o Jean Paul Sartre aplaudiu o Pol Pot, o genocida. Ele disse que tem muito comunista que aplaudiu o Pol Pot, mas o Jean Paul Sartre aplaudiu o cara só por ele ser um comunista? Não. Tem toda uma filosofia dele que justifica essa atitude dele. Se ele está certo, pode ter errado, não é esse o ponto que eu estou discutindo. Mas você não pode entender essa opinião separada do arca-bouso filosófico que assustenta. O arca-bouso filosófico do meu pensamento não tem um pobre do jornalista que já conhece. E não tem nenhum que será capaz de entender. Porque o cara mais compreensivo que escreveu a respeito foi o Ricardo Mute. Ele até escreveu um artigo de São Ricardo Mute porque ele deu dois livros. Você vê que ele fez um esforço enorme para entender os dois livros. Só que o seguinte, o Leonardo Nenke filosofia deu dois livros de crítica cultural. Ele achou que esses dois livros de crítica cultural eram o centro da minha obra. Ele falou, mas como? Se a crítica cultural fosse o centro da minha obra, eu jamais diria que eu estou escrevendo filosofia. Isso seria apenas crítica cultural. Eu seria uma espécie de Paulo Francis. Aliás, o falecido Ricardo Tívita, mais um milionário idiota, achou que eu era uma espécie de Paulo Francis porque ele deu um artigo meu e interpretou a minha obra a partir do artigo. O artigo era uma interpretação que hoje eu acho que está errada. É o motivo do sucesso do nazismo. O nazismo não fez sucesso na Alemanha. Na Europa inteira tinha gente aderindo aquela pocaria. E eu tentei explicar por que isso aconteceu. Hoje eu acho a minha explicação um pouco tosca. Mas era apenas uma explicação de um fenômeno histórico. Isso não é filosofia, meu Deus do céu. Isso realmente é crítica cultural. Mas pensa bem. Quando o senhor Ricardo Tívita lê um livro de filosofia, nunca na vida dele, se você der um livro de Aristóteles de Higlop, ele morre. Ele tem corretão cerebral e morre. Então isso quer dizer que o topo da visão do mundo dele é o Paulo Francis. Ele não é capaz de conceber nada acima do Paulo Francis. Então quando ele me lê, ele acredita que eu sou uma espécie de Paulo Francis. E o jornalismo inteiro é assim, gente. E digo, olha, você faça um favor, você comece por me comparar com aqueles filósofos com os quais eu estou dialogando. Não com aqueles autores que são do seu interesse, e cinco que são do meu interesse. Por exemplo, quanto tempo da minha vida dediquei o estudo de Paulo Francis? Eu era amigo pessoal do Paulo Francis, mas pelo leo do livro inteiro dele, eu li tudo em uma semana e acabou. Agora, Aristóteles eu fiquei lendo 20 anos. O próprio Karl Marx, no mínimo, no mínimo, no mínimo, no ano de 8 anos. Karl Marx, Regal, Louis Laval. Então você tem que me comparar com esses caras. Não com o Paulo Francis, meu Deus do céu. Agora, se eu não soube nada conhece acima do Paulo Francis, ele vai me comparar com aquilo que ele conhece. Às vezes até abaixo. Às vezes nem o Paulo Francis, ele vai me comparar com o Zé Neymar e Pinto. Entendeu? Que para mim é apenas um velho um gagá. Eu não acho ele um cara desonesto, mas ele é gagá. Então isso quer dizer que o baixo nível cultural dá ao sujeito uma série de certezas que só valem para ele, que é tudo ilusão, evidentemente. Mas é o negócio do Dúlion Krugger. Quanto menos você sabe, mas você acha que sabe. Isso é fatal, que acontece. Por quê? Para você perceber que sabe pouco, você precisa saber um pouco mais. É o problema que eu sempre disse para vocês do mapa da ignorância. O que é o mapa da ignorância? É a lista do que ele falta saber para você entender melhor aquilo que você já sabe. Totalmente ignorante, você não é. Alguma coisa você sabe. Mas está faltando mais isso, mais aquilo, mais aquilo. Para você poder pesar o valor daquilo que você sabe. Se... Eu estou estudando uma questão qualquer e eu me informo do que é o status questiones. O que é o status questiones? É a história da evolução dos debates a respeito desde que ele começaram até agora. Daí você consegue medir a validade, o valor e o peso do que você, das suas próprias opiniões. Você sabe onde você está. Às vezes você está pensando que você está emitindo uma opinião que você criou agora. Quando você vai visitar repetindo algum filósofo do século XII, do século XI, que você não sempre conheceu. Então você pode estar atrasado de um milênio no debate e achar que você está na tecnologia de ponta. Isso acontece o tempo todo. É isso. Então... O cidadão comum, que não vive de uma tarefa intelectual, ele depende que os intelectuais forem em forma do que está se passando. E não pode ele por si mesmo sair investigando. Ele não vai lidar com assim, ah, eu vou procurar as fontes primárias. Não, não vai fazer isso. Quem vai continuar é um historiador e o historiador dá então um relato para ele daquilo lá. E daí o jornalista lê o relato do historiador e fala alguma coisa. E você acha que o jornalista é que é a fonte primária. Quando é assim, ele é o sujeito que eu vi o falar. É aquele negócio da... Até brincadeira aqui. Ele toma a sopa na casa do outro, a sopa está vargoada. Ele diz que não é a sopa do pato, isso é a sopa da sopa da sopa do pato. O jornalista quer dizer que é sempre a sopa da sopa da sopa do pato, não é a sopa do pato e muito menos o pato. Vocês têm que ter consciência disso. O jornalista está muito longe das fontes primárias e muito longe da discussão real. Quando... Quando as pessoas falam hoje, todo mundo da mídia inteira, ao Bolsonaro, está contra a ciência. O que que é a ciência que eles entendem? É aquele pedaço da ciência que agradou a opinião média das redações. E eles somos isso de ciência. Claro que isso não é ciência de jeito nenhum. Então, se você não é capaz de articular a discussão científica, você não sabe o que a ciência está discutindo. E, portanto, o que você chama de ciência é apenas o que você ouviu no ginásio. Por exemplo, se você pega a crastornalista inteira, ela acredita piamente em teoria e devolução e acha que isso é a ciência. Quando você vai ver o estado da teoria e devolução hoje, ela é uma teoria semi-morta. Não tem como provar. Não tem mais mesmo. Tudo dentro daquela falsa. Pode ser que seja verdadeira, mas não tem prova e tem muita prova contra. Como é que eu sei? Eu li um montão de livro a respeito, meu Deus do céu. E lhe senti um preconceito, porque eu, no começo da minha vida, era evolucionista e entusiasta. Eu gostava desse negócio de antropóides e dinossauros, etc. Então, claro, quando eu descobri que isso era furado, que tinha argumentos sérios contra, eu fiquei muito desanimado. Então, até hoje, eu não tenho nenhuma opinião sobre teoria e devolução. Mas, um tempo atrás, tudo que eu leio a favor, eu concordo. Agora, não está assim. Agora, a teoria e devolução já decaiu na minha credibilidade faz muito tempo. Simplesmente, eu não acredito mais. Não estou negando, mas não acredito. Mas, no ambiente jornalístico, é assim. É como se fosse o modo de professores de ginásios. E o cara que diz que professores de ginásios são a ciência. É? Não é incrível? Por exemplo, eu penso assim, quando eu estava nos ginásios, quantos professores eu tive que eu pudesse chamar de cientistas? Eu tive um, que era um professor de matemática, ele era assistente do Benelito Castro, que era o malmátema de São Paulo. Então, ali era um homem de ciência, e ele era o pior professor que a gente tinha. Acabou-se demitido por total inépsia. Ele sabia matemática, eu não sabia ensinar. Botava ele para fora. E no colégio inteiro, o único jeito de defender ele foi eu, que era o pior aluno de matemática que tinha ali. Então, que noção de ciência nós tínhamos ali? Nenhuma. Assim, as experiências que eu tive, que mostraram a incultura dos adultos que tentavam nos educar, foi um negócio impressionante, gente. Eu contei ao 14, 15 anos, eu entendi que eu estava na mão do mundo de analfabeto, era assim, como se eu tivesse num barco, num primeiro tempo prestado, um barco pilotado por um bêbado, um mapa traçado por um louco. E eu ali viajando e dependendo deles. Eu não fiquei revoltar, nunca me foi revoltar como coisa nenhuma. Eu falei, agora eu tenho que achar um outro. Um outro maneira de estudar as coisas, eu fiquei aqui nesse colégio, não vou aprender nada. Você vê, quando eu pego todos os que eram o primeiro da classe, ali no colégio que eu estudei, onde eles foram parar? Todos são jovens ninguem, todos. Não tem um sujeito de sucesso. O único aluno ali que teve sucesso, é este que você fala que era o pior aluno daquela bocadinha. E eu na época não queria estudar nada, só queria saber das meninas e dos bailinhos. Então, eu considerava o colégio um instrumento para obter essas vantagens. Eu fui para frente, porque eu não esperia o colégio me ensinar. E quando eu fiquei 14 anos, eu decidi que eu ia, se eu queria entender literatura brasileira, eu ia ter que ler a literatura brasileira. Não esperava o professor mandar? Então, eu peguei o livro do Antônio Acarpo, pequena bibliografia crítica da literatura brasileira, e foi anotando os títulos dos livros principais, e foi lendo tudo aquilo. Ou seja, da literatura brasileira, eu li praticamente todos os livros importantes. E isso já me deu uma ideia de onde eu estava, porque o conjunto da literatura de um país é o imaginário daquele país. Ele não diz o que está acontecendo no país, mas ele diz como as pessoas estão imaginando, o que elas imaginam que está acontecendo. A imagem que elas têm da realidade, essa imagem pode ser falsa, mas enquanto imagem, ela é verdadeira. Ela é uma verdadeira imagem do negócio que pode ser falso. Tudo o que eu escrevi depois na vida, tudo o que eu escrevi até hoje, depende disso. Você está entendendo? Eu sabia que os brasileiros imaginavam o que estava acontecendo. Podia ser um negócio totalmente falso, mas era a imagem que eles realmente tinham, por exemplo, quando após o golpe de 1964, começaram a aparecer romances cridos por autores comunistas, ou procomunistas, como o Antônio Calado, quando eu li o Quarup do Antônio Calado. O Quarup é a história do padreco, o seminalista, que se mete lá no meio de umas mulheres, se mete no meio de uma droga, começa a cheirar nessa perfume, era a droga que tinha. Termina entrando no movimento de esquerda e no fim entra para a guerrilha. Isso aí foi antecipação de 30 anos de história da teologia da libertação. Quando eu li muito mais tarde a frase do Hugo von Ralfmarsal, nada está na política de um país que não esteja primeiro da sua literatura. Isso não foi só uma frase, eu vi isso acontecer. Aqueles vários livros que saíram do Carlos de Tocque, do Carlos de Tocque, do Antônio Calado, Pedro, com o Le do Ivo, que vieram um monte de romances, que era a reação da imaginação esquerdista contra o golpe. Isso tudo para mim não era uma teoria, era uma realidade que tinha visto aquilo. Quantas vezes mais tarde, arrumaram, por exemplo, um emprego para o Freibeth na folha, e o pessoal da redação juntava para levar o Freibeth para o escuteiro. Isso já estava no livro do Antônio Calado, meu Deus do céu. Quer dizer, eu li no Antônio Calado, achei que aquele só imaginação dele foi não. Isso aconteceu mesmo, ou seja, ele antecipou. Então nesse sentido é um grande livro. O livro é cheio de demagogia, tem mentiras sólidas ali, a famosa história dos bebês, tem o cemitério de bebês no convento. Todas as freias tudo grávida, matavam os bebês, e interrava. Isso era mitologia anti-cathólica, mais porca, porca, porca, porca. E o que sempre gostaria do Antônio Calado, um pouco, escrevi isso e repito. Era um tremendamente honesto. O Coni não, o Coni era um homem de bem. O Eduívo também era um homem de bem, porque tinha muita altura na esquerda que era um homem de bem, mas o Calado não. Então, eu vi essas coisas acontecendo, isso aí não era teoria literária, não, isso era minha vida, eu estava vendo aquilo no dia a dia, porra. É isso. Então, eu vi isso e também vi, por exemplo, quando fui trabalhar no Estadão, eu vi ali os velhos comunistas da regação, combinando para onde eles tinham que levar o filho do dono do jornal, filho do rume escrito, que tinha 14, 15 anos na época, eles tinham que levar para os lugares que eles achavam educativos para o rapaz, para torná-lo de algum modo, em defeso contra a influência comunista. Não que fosse convertê-lo como comunista, claro que não é isso. Pô, você é... Até hoje, eu me surpreendo com gente que acha que a finalidade da propaganda comunista é tornar todo mundo comunista. Que idiotíssimo o Deus do céu. Quer dizer, você pensa que comunismo é um time de futebol, que você larga um time, entra por outro time, você acha que o negócio é esse? Pô. Vê, quando você vê a instrução com o Stalin, deu para os comunistas americanos, esqueçam, proletar, cuidem dos milionários e das figuras do showbiz, de gente importante. Você acha que ele ia converter todo mundo para o comunismo? Mas é claro que não, será muito mais fácil ele converter os proletários. Então, o negócio não era conversão, não era convencer ninguém de nada. Era você poder inserir o sujeito dentro de um esquema defensivo em favor do partido. Então, por exemplo, se você tinha um sujeito que era nominalmente conservador, democrata, etc., mas que num momento decisivo, ele tomava partidos da Unão Soviético em alguma disputa, isso valia muito mais do que você, doutrinal comunista. Então, também, para o uso da desinformação, o pessoal pensa que desinformação é só mentira. Não, não, não. Desinformação, é você passando informações falsas para o governante inimigo. Ou seja, você vai orientar a política externa do inimigo. É complicado, para caramba. Você acha que isso é uma questão de propaganda? Claro que não, porque, primeiro lugar, para você fazer desinformação, você precisa usar fontes que o inimigo considere confiáveis. Então, não pode ser um sujeito comunista que está dando opinião. Tem que ser um cara que é fama de não ser nada comunista. Se você pegar, por exemplo, Henry Kissinger, Henry Kissinger para a sua vida inteira dele, ajudando o lado de lá. Mas se você disser, Henry Kissinger é comunista, é a falsa. Ele não é comunista. Ele é ajudante comunista. É. A convicção pessoal dele, ideologia pessoal, não tem importância. Não é disso que se trata. Então, nesses detalhes, eu fui vendo como as pessoas são despreparadas para entender a realidade política. E é desse despreparo que surge o fato de que agora, em 2020, o general Morão reage a uma coisa que já está acontecendo a 40 anos. Gente, o golpe já foi dado. Pessoal, o Comuno Larápio tomou conta da mídia do judiciário de todo funcionário público de boa parte das forças armadas, de todo ensino secundário e das universidades. Você tomou conta da sociedade. Sobrou um treco lá em cima, que é o Carlos Pris. da República. Não estava na mão dele. Você acha que o esquema de poder com o Mundo Larápio perdeu alguma coisa? Não perdeu nada. Uma escola, uma ginásia estadual que era comunista e passou a ser conservador. Você não vai encontrar nenhum. Por quê? Quando apareceu o movimento conservador, os ditos líderes conservadores liberais só pensavam na sua carreira eleitoral. Era eu, Quim Catapiroca, era essa ajeita, Fernando Olheudei, né? Só estão pensando em se candidatar e subir na vida. Não pensarem criar militância. Não pensarem adestrar o povo para a luta. Agora é tarde. E é milicado. O milicado tinha que ter agido na década de 90. Eu dei toda a descrição do que estava acontecendo. Eles não ligaram nem um pouco. Se alguns ligaram, o general Sergio Cotinho ligou. O general José Fabro, ele também ligou. A maioria não queria nem saber. Ao contrário, estava lá o general Eli Biappina, procurando aliança com o pessoal da hora do povo. Tava num grupo de generais tramando com o pessoal da antiga esquerda nacionalista. A turma do petróleo é nosso. Para nos livrar do imperialismo americano. E mais que imperialismo americano? Estude um pouco a presença americana no Brasil. E você vai ver que no último 40 anos não houve presença alguma. Só houve ausência. O governo americano chegou a não ter, se quer, o que eles chamam de diplomacia pública. Queria diplomacia pública. Alguém fala mal do país. O embaixador dá uma entrevista reclamando. Ficou 40 anos sem isso. Não tinha um embaixador dizendo uma palavrinha a favor do sado unido. Se o Instituto Cultural Brasil e Estados Unidos fechou. A biblioteca, e tem a biblioteca do Úsis ali na Faulista, fechou. Quer dizer, os americanos futuram cada vez mais ausentes. E os chineses entrando, tomando conditudo. E ninguém percebeu, meu Deus do céu, estou falando de imperialismo americano ainda. Gente, a Aliança brasileira é uma coisa assim que um dia terá que ser descrito. Mas eu acho quase impossível descreve-lo. Porque é vasta demais. E a nossa primeira missão na vida é corrigir a visão que o Brasil tem de si mesmo. Esta é a função da classe intelectual. Não é fazer propaganda conservadora. Aliás, se a pessoa me pergunta olá, você é conservador, ou se é libera, eu não sei. Eu não tenho a menor ideia. Nunca me preocupei com isso aí. Em apoiar no determinado grupo ideologo. Nunca me preocupei com isso. Por quê? Eu acho que o problema ideologo vem em 15º lugar. Antes disso, você tem o problema do poder real. Quer dizer, pessoas que estão colocadas em postos chave, que estão mandando na situação. Então, olha, o que eu fiz não é nem conservador, nem liberal, é anti-comunista. Isso é assim. Mas não é só anti-comunista. É como no Lará. Eu estou no esquema. Eu só tenho tomado de posição negativa. Quando eu propus a alguma coisa para resolver algum problema no Brasil, eu nunca na minha vida. Quando a pessoa me pergunta qual é a solução para a educação do Brasil, eu não sei. Eu sei a solução para a educação dos meus alunos. Nunca sugeri política alguma. Agora, que você pegar toda a mídia das que eu sou o líder do conservadorismo, do liberalismo, eles não sabem distinguir o que é uma postura crítica do que é uma proposta política. Quer dizer, se você é anti-comunista, você pode ser anti-comunista porque você é católico, porque você é protestante, porque você é judeu, porque você é musulmano, porque você é um capitalista racionário, porque você é um pobretão que foi explorado pelos comunistas. Você não tem unidade isso. O anti-comunismo não é uma ideologia, é uma atitude real que várias pessoas de várias origens de ideologia definidas para tomar. É preciso ser muito inteligente para perceber isso. Por exemplo, o falecido Adolfo Bloch. O que é o Adolfo Bloch? O Adolfo Bloch era um judeu que saiu fugir da Rússia, era o que a mais anti-comunista que tem no Brasil. É? Então, ele era, sei lá, um católico racionário? Não! Eu sempre ia dizer qual é a posição política do Adolfo Bloch? Não sei, ele só tinha um anti-comunismo. E o resto, o resto, ele não estava nem aí. Quer dizer, a tomar de posição negativa, muitas vezes é o essencial. Programas positivas, as pessoas esquecem no meio do caminho. Mas o nome dos seus inimigos você não esquece. Deu para entender? Deca a pouco nós voltamos com a pergunta. Então, vamos lá. O Bernardo Cristian pergunta, na primeira metade do século 20 o mundo foi inundado com uma milheta de grandes escritórios ou maioria católicos. Após o Concilio Vaticano II, essa cepa parece ter sido cortada. E hoje, os poucos que existem, falam especificamente para o seu nicho católico, liberal, tradicionalista, carismático, revolucionário, etc. Pergunta, teria o chamado espírito do Concilio vencido à força daquela literatura que o antecedeu? Olha, ainda existem grandes escritórios católicos, como por exemplo, você pega no Canadá, Michael Bryan, o Eugene Ocorde, tem muitos. Mas eles não têm mais a importância social que tinham naquela época. Naquela época os escritórios católicos não eram ativos como escritórios católicos, mas simplesmente como grandes escritórios. Como se fosse um grande escritor comunista, não eram. Um grande escritor comunista era um grande escritor. Os escritórios não estavam presos nos seus nichos sociais. Hoje estão todos. Quer dizer, você escreve se você é preto, você escreve literatura para preto, se você é católico, você escreve para católico, etc. Quem criou isso foi a mídia. Claro que o Concilio Vatican na vida em que enfraqueceu a presença pública da cultura católica, porque se deixou infectar por esta bobageada de literatura, de teoria de libertação, etc. Decaiu, destruiu o seu próprio prestígio cultural. Mas olha, mesmo no primeiro metade do século 20, você não encontra o escritor da altura do gênio Corte. Esse é o maior de todos. Tem um artigo chamado Fundo Disastre, eu explico isso aí. Marcelo Taqueda Ono. Gostaria de saber se o senhor tem alguma previsão do início do curso sobre literatura. Vai ser o mais breve possível. Eu estou aguardando só para ter uma inspiração para fazer o radio e o programa. Eu vou ver se faço ainda esta semana. Dalton pergunta, como apender nossa própria língua de forma profunda e verdadeira. Existe alguma gramática? Muito bem. Eu acho que o essencial. Eu só fui estudar gramática quando eu tinha 28 anos. Eu escrevia perfeitamente. Por que? Eu tinha lido muitos escritores e aprendi pelo único método que existe que é você imitar os grandes escritores. Você pega o estilo de cada um, com os vários estilos que você vai aprender, você compõe o seu. Sempre foi assim e não deu outro jeito. Então, você vai ter mais exercícios de você escrever como fulano de tal. Escreve aqui como Graciliano Ramos, como José Geraldo Vieira, como Leandro Ivo. É assim que você vai aprender. Gramática não ajuda muito. Não é a gramática que vai ensinar você a escrever certo. Escrever certo é um hábito. Ele não é a aplicação de uma teoria. A gramática é uma descrição teórica dos usos e costumes da língua. Mas o que interessa não é a descrição dos usos e costumes, são seus próprios usos e costumes. Quer dizer, você saber descrever bem uma partida de futebol não é a mesma coisa que você saber jogar futebol. Sugiro que você aprenda jogar futebol primeiro e aprenda a descrever a partida depois. Emílio Teixeira. Seria preciso dizer que metaforicamente a língua é uma espécie de Gregor, da coletividade nacional, mas sem sombra e dúvida. Se ela não é a própria Gregor, ela é o símbolo materializado dessa Gregor. Gregor é uma entidade psíca coletiva. A própria palavra Gregor é mais metonímida do que uma realidade. Mas eu entendo o que você quer dizer. E está certo. José Neto. A literatura atual do nosso país reflete o imaginário do povo brasileiro hoje. Que instrumentos usar para ter uma noção mais próxima do brasileiro atualmente? Olha, se você pegar tudo que tem de literatura, pegar o que tem de melhor na literatura, é deste tamanho assim. Em comparação com o tamanho do país e o tamanho da complexidade da experiência humana no país nos últimos 40 anos. Mas não se... A nossa literatura não reflete o que se passou no país durante 40 anos. Eu escrevi um artigo sobre isso. Se você pega a literatura até os anos 50, 60, ela reflete a sociedade brasileira. Você tinha ali os vários aspectos da sociedade brasileira. Vamos dizer. Desde a vida das classes altas no Rio de Janeiro, no Joaquim Club, até o povo mais miserável do Nordeste, do Amazonas. Você tinha o Brasil inteiro ali. Agora você não tem mais, pô. Sumiu. Por que? A partir de 1964, o interesse básico dos escritores de esquerda foi a experiência do próprio grupo esquerdista. Se você pega esses livros que eu estava citando, eu lei do Ivo, o Carlos de Torconi, a esquerda contando a sua própria experiência e imaginando que aquela era a experiência nacional. Quando era a experiência de um grupinho desse tamanho. Você não pode negar, porque durante o período da regime militar o povo vivia muito bem. Você tinha segurança, prosperidade. Você tinha... O PNB crescia pra caramba. Agora, para umas 10 mil pessoas que eram esquerda, que estavam horríveis. E eles acham que foi tudo horrível. Então, a imagem que eles foram, é uma espécie de umbigo projetado numa lente de aumento. E isso matou a literatura nacional. Ela virou instrumento de, como você diz, reclamação da esquerda. Só isso. E depois isso pifou. Então, o que sobra. Você vê, o estúdio era um morreu esse escritor, Sérgio Santana. Querendo que o Bolsonaro morresse que morreu foi ele. Também o Paulo da Reica morreu, não aconteceu nada. Quer que o Bolsonaro morre que morreu foi ele. É isso aí, é um ódio impotente. É um ódio que destrói o seu próprio portador. E a esquerda brasileira ela é isso. Porque hoje a esquerda só existe como instrumento na mão de tipos como Doria, como Auschwitz, etc. Ou seja, a esquerda virou instrumento da direita corrupta, meu Deus do céu. E ela não é mais nada além disso. Quer dizer, foi um fracasso medonho. Claro que o que eles conquistaram durante esses anos, eles ainda conservam, não, conservam a mídia, conservam o sistema educacional. Mas eles não têm mais força. Ninguém, fora do grupo deles, os aceita mais. Eles só convencem a si mesmo. E só falam com eles mesmas. E ficam lá, pensando em Bolsonaro, tomara que mora, tomara que mora, tomara que mora. É o supassumo da impotência. Você não pode fazer nada para o cara. Você fica rogando praga para ele morrer, meu Deus do céu. Quer que o cara morre? Vai lá, mata ele logo de uma vez. Nem isso você consegue fazer. Você fica montando macumba para matar o cara. Deixa eu ver se temos mais alguma coisa aqui. Marcos Moreira, se nada está na vida pública do país, sem isso, se está na sua literatura, onde você acha hoje, em que autor, está o futuro do Brasil? Isso tem um problema. A nossa literatura não tem nada. Eu ver, por exemplo, tem o livro do Diogo Fontana, interessante, os escritos do Fabio Gonçalves, interessante, do Júlio Gerard, interessante, mas nós ainda não temos o Brasil, não tem uma literatura ainda, ele tem livros. Aqui e aqui, eu estou ali. Os escritores que foram formados pela pessoa da esquerda, estão todos decadentes, todos. O sol que você vê no meio deles é vaidade grupal. Tem um vácuo vazio, horrível. Por hoje vamos parar. Até a semana que vem. Obrigado.