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Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Eu tenho insistido muito na importância da formação literária das pessoas, a educação de qualquer um começa pela literatura. Qual é a primeira coisa que você faz para ensinar uma criança, contar historinhas? Você não vai começar dando lição de geometria, não é isso? Ou ensinando engenharia para criança, ou lendo código penal para ela. Se você começa contando histórias. Então a função dessas histórias é muito simples. Cada uma dessas histórias, qualquer história de qualquer natureza, seja uma lenda, seja uma romã, seja uma peça de teatro, é uma sequência de acontecimentos possíveis. É uma vida humana possível ou um fragmento de uma vida humana possível. Ora, as possibilidades da vida humana são inúmero e inesgotável, mas há um certo número de modelos que se repetem. O filósofo francês Etienne Sourieu, que alias lecionou no Brasil, foi um dos primeiros professores da USP. Ele escreveu um livro sobre as situações dramáticas possíveis. Elas são inúmero limitado, embora possam haver variações em escala infinita. Somente o conhecimento disso é que dá para você a medida pela qual você vai jogar e compreender o que está realmente acontecendo. Não dá para você entender o que aconteceu se você não tem ideia do que poderia ter acontecido em lugar daquilo. Então, por exemplo, se um sujeito saia na ruica, um tijolo da cabeça dele e ele morre, você acha que isso é uma coisa estranha, porque a maior parte das possibilidades é que isso poderia não ter acontecido. Então, esse senso do que pode acontecer é a coisa básica para a compreensão de qualquer fato humano. E, portanto, deveria ser o requisito fundamental para qualquer estudo na área de história, na ciência política, sociologia, psicologia, etc., etc., etc. Mas, em geral, as pessoas têm um preconceito contra esse tipo de estudo. Já já não quero estudar historinhas, eu quero estudar ciência. Então, o cara que pensa isso é claro que ele é imbecil, ele não sabe nem o que é historinha, nem o que é ciência. Mas isso, no Brasil, é regra geral. Eu tive a sorte de que a minha educação começou exatamente pela literatura. Eu comecei lendo tudo que estava ao meu alcance da literatura brasileira, usando como guia o livro do Otto Maria Carpou, pequena bibliografia crítica da literatura brasileira, que ainda é talvez o melhor livro na área, porque é claro que ele está desatualizado, que o autor morreu faz tempo, mas desde que o autor morreu, nada aconteceu de tão importante na literatura brasileira que merecesse acrescentado. De maneira que ali você tem a galeria dos autores que realmente importam. E por que esses autores importam? Porque são eles que conseguiram imaginar as vidas possíveis dentro do cenário brasileiro. Claro que não pegaram todas, talvez não pegaram com a profundidade necessária, talvez tivesse lá as suas limitações e imaginárias pessoais, mas é o que nós temos. Depois de ter lido isso, daí que eu comecei a ler a literatura internacional usando como guia também o Otto Maria Carpou na história da literatura ocidental. Eu li a história da literatura ocidental inteirinha, do começo até o fim, marcando todos os autores importantes, quer dizer, o autor ao qual ele concedia, vou dizer, mais de meia página, e eu anotava. Se inscreveu, só duas, três dias eu pulava e ia para dentro. E marcava em baixo e ele dava uma pequena bibliografia de cada autor e eu ali na bibliografia marcava os títulos que me interessaria a ler. E essa é a lista das leituras que estão fazendo até hoje. Você perguntar se completou? Não, claro que não. Não completei. Também isso não quer dizer que o Otto Maria Carpou tivesse lido cada um desses livros, mas ele leu as bibliografias respectivas e leu um negócio que se chama a fortuna crítica. O que é a fortuna crítica? O conjunto das apreciações mais importantes sobre o óbvio de um autor. No Brasil já não se sabe mais que merda é a fortuna crítica. Como se o trabalho era no meio universitario, então a única referência que ele tem é a das opiniões dos pares dentro do meio universitario. Então é claro que tudo isso reduz a um negócio províncial. É uma província da sociedade humana, é um certo grupo profissional e ele só conversa com ele mesmo. Então a ideia, vamos dizer, da cultura mais geral, mais ampla, que reflete as opiniões, a consciência da sociedade inteira acabou. Você só tem a fofoquinha do grupo profissional e os caras acham que isso é cultura, meu Deus do céu. Eu vi alguns camaradas que foram lá investigar as minhas obras e disseram que não, isso é nada porque ele não tem no site de produção acadêmica, ele não está mencionado. Claro que não, eu não tenho produção acadêmica, eu não pertenço a essa profissão, eu produzo livros e artigos para a empresa normal e acho que em publicações acadêmicas, eu não tenho porque ficar cavando espaço numa revista acadêmica porque eu não preciso da profissão acadêmica. O pessoal publica nessa coisa para fazer currícula e aí conseguiu um emprego melhor, eu não vou conseguir nada ali, eu não quero emprego acadêmico porque um professor acadêmico é pelo menos 10 vezes menos do que eu, o que eu vou fazer lá? Ainda tem camaradas pobretão que ensina na última, aqueles barracos fedidos e acha que eu tenho inveja dele. É o fim da picada. Eu quero dizer, no Brasil, isso aí é que nem... Eu não vou dizer o nome do cara, ele nem pinta o termo, ele tem um pinto de plástico e ele acha que é muito importante e é um gostosão. É um negócio terrível po, então, essas camaradas de pinto de plástico ficam se fazendo importantes. Ora. Então, a ideia da fortuna crítica simplesmente desapareceu, mas se você pegar o livro, a pequena bibliografia crítica da literatura Brésilia Verdota, Moina Carpenter, você vai ter ideia do que é. Ele coloca autor, a bibliografia de cada autor, um resuminho, biobiobibliográfico do camarada em seguida, as principais opiniões que foram das a respeito da obra dele. Onde estão essas opiniões? Se estão em livros, estão na imprensa geral, estão na imprensa literária, é assim por dente. Não necessariamente na imprensa acadêmica. Depois que começou aqui, está faltando açúcar nesse negócio, depois que começou a moda da imprensa acadêmica. Então é óbvio que a discussão literária simplesmente acabou, porque os filhantes que entram na faculdade para estudar letras, ele não vai ler obra literária nenhuma, ele só vai ler estudos sobre obras literárias. Ele lê teoria da literatura, não lê literatura. Pensa bem, pega dessas camaradas que estudam letras, pega a totalidade deles, perguntem quantos desses leram a divina comédia ou a obra completa de Shakespeare. Praticamente nenhum. Então quer dizer, as obras literárias mais importantes são desconhecidas, mas os estudos acadêmicos feitos pelos professores dele, ele lê o todos, porque ele precisa para agradar os professores. Então é isso, gente. Isso quer dizer que o mundo acadêmico no Brasil é tão corrupto, tão porco quanto a classe política. E nós não podemos levar essa gente a sério. Outro dia vocês vivem comentando o negócio do... O menino aí que diz que a minha filosofia política é baseada no Orviu. Ele deu uma coisa de uma estupidez tão monumental, eu não sei o que se intirem entre isso, eu não posso ficar com raiva, porque é muito insignificante. Eu fico com vergonha, tem vergonha de que os alvos feitem a dita isso. Não vergonha por mim, é vergonha por ele. Então a produção literária brasileira, a partir dos anos 70, 80, ela praticamente acabou. Agora eu vejo o ressurgir um pouquinho dentro do meio dito Olavista, entre os meus alunos. É o Diogo Fontana, tem vários aí, não precisa dar o nome de cada um. Então a literatura brasileira está recomeçando. Então é claro que o número dessas obras é muito pequeno. Então ele não abarca nem o milionésimo dos modelos de vida possíveis no Brasil. E no entanto nós temos personagens reais que seria um material incrível para a literatura. Se você pensar bem, a vida do Lula, você já tentou entender a mente do Lula, entender a alma do Lula. Eu acho que ninguém fez um esforço para isso aí, porque as pessoas, o idolatro finge que idolatra, porque eu não acredito que ninguém na esquerda admira realmente este idiota, mas precisa dele porque ele é o símbolo, ele é o proletário, então ele representa simbolicamente o conjunto da esquerda. Então eles precisam do Lula, está certo? E o outro lado desprezo o Lula, e acha que desprezar ela é suficiente. Então o Lula foi um acontecimento histórico, ele marcou a história do Brasil e é muito importante você entender a alma dele em profundidade. Você vai entender como, científicamente, psicologicamente, não é possível, só através da narrativa literária você pode conseguir isso. Quer dizer, você imaginar a vida do Lula ou as vidas possíveis do Lula, o que ele teria sido em tais ou quais circunstâncias. Isso, o que você ia perguntar? Eu tenho também a imagem de você, a vida que Zé disseu também. Nossa, Zé disseu um personagem incrível, mas escuta, nós não estamos trabalhando ficcionalmente, nenhum personagem brasileiro a meio século. Você pensa, o que aconteceu com Fernando Collor de Melo? O que ele fez exatamente? Qual é a dele? Ninguém entendeu nada até hoje. Ele teve só o drama de família que ele teve, meu irmão virando contra ele, depois a mulher também. Você não vai explorar isso dramaticamente? Meu Deus do céu! Eu disse, o que falta que faz nessa hora, sei lá, um dramaturgo, um Jorge Andrade ou alguma coisa assim, mas é verdade a seguinte, a nossa literatura não explorou sequer Dom Pedro I. Dom João VI então nem se fala. A concepção que tem Dom João VI é piadística, é aquele homem que via comendo franguinho. E no entanto, historicamente, Dom João VI até o fundador Brasil, ele criou o Brasil. Você quer saber o resumo da vida brasileira? É assim, a mulher que fez o filme sobre Dom João VI até esqueci o nome desgraçado. Como é? Carla Camurati. Carla fez o filme, assim, o filme caricaturando Dom João VI, se abarca de merda. E o filme foi financiado pelo Banco do Brasil, o qual foi criado para o Dom João VI. Mas isso é tipo da ingratidão poeiril. De jeito que se acha superior àquilo que o sustenta. Então, é a falta de maturidade. E, incrivelmente, obras desse tipo que não merecem esquema cuspida, são bataladas porque interessam politicamente a tais ocrai-gurcos ou comercialmente a tais outros. Assim, não vagem. Se nós não temos uma alta cultura, nós não vamos ter uma política decente, isso é ridículo. Quando começaram a se formar a tal da direita brasileira, e eles apostaram tudo numa eleição presidência, anos de ter criado uma militância, anos de ter uma geração intelectual, isso aí vai... É suicídio. Nós estamos vendo como esse nosso presidente sofre todo dia, ao ponto de chegar hoje o Dado Carlos Vereza, que na sua velhice já decadente como ator renovou o seu prestígio passando pela direita e falando bem do Bolsonaro, agora diz, ah, eu descobri que o Bolsonaro tem plano pessoal de poder e que ele fica fingindo que as pessoas o traem para ele poder destruí-los. Aí ele fingiu a facada, ele fingiu a traição do sepulco caiado, ele fingiu a traição do dói, ele fingiu que os caras o traíram só para ele poder sacar nela. Olha, Vereza, vai pra puta coparia, vai, vai, vai, vai, vai chupar a piroca do fruta, pô. Seja homem, para que essa palhaçada... O que você inventou é tão poeirio, tão idiota, tá certo? Que é um cuspe dia na sua cara porque o cuspe serve para grudá-lo pelo menos, daí ia perder o cuspe. Mas como é possível? Um sujeito que é um ator que tem uma certa fama na porcaria da cultura, mas eu falo uma coisa dessa, invente outra coisa, não estou falando, não é? Você criticou o Bolsonaro? Invente outra coisa, mas isso aí é muito poeirio, é muito idiota, tanta coisa que pode falar mal dele, tem que ser logo isso. Que é assim, obviamente, falso. Não tem nenhum político no Brasil que fosse, vamos dizer, tão achim calhado, tão caloniado, tão deformado desde o primeiro dia. Antes dele fazer qualquer coisa. Não há crime que não tenha sido atribuído ao Bolsonaro, todos os crimes possíveis. Ele nunca foi traído, nunca foi sacaneado, ele aqui inventa tudo isso para poder sacanear as pessoas. E pera aí, como é que o sujeito vai subir na vida sacaneando ele mesmo todo mundo? Ele inventa traidores, demite os caras, acaba com a carreira, vê para ele subir. Que modo de subir, como é que alguém pode subir na vida desse jeito? Quer dizer, você está criando uma horda de inimigos maior do que a horda dos seus apoiadores, porque eu sabe as pessoas sobem na vida fazendo o contrário. Primeiro, se você se cerca de apoiadores e daí você pode pegar um ou outro traidor que você vai destruir. Agora, você fazer uma horda de traidores para você destruir todos? Ouvereza, porra, volta para a escola, vai aprender a ler. Você é ridículo. Eu prestei um pouco de atenção em você, por caridade. Eu não considero você nem bom ator. Você não tem nem físico para isso, não tem nem voz para isso. Eu sei alguma coisa que é um bom ator. Como eu vi com o Eugene Ocusneth, seu filho. Como eu vi com o Eugene Ocusneth, com a Italianande, com o Raul Cortés, com a Rosa Manoia Murtinho, eu conheci toda essa gente. Algumas eu conheci bem de perto. Ruth Escobar. Eu tive uma vivência disso, numa época áurea do teatro brasileiro. Quando você estava começando. E o que é você para cima de tudo isso? Não é nada. Você não é melhor do que nenhum deles. Então de repente ficou famoso porque arrumpeu com a esquerda e já vi no herói no dia seguinte. Mas peraí, mas a nossa direita é tão superficial, tão buba. Você não tem intelectuais de direita. Só tem youtubers e pessoal de show business, jornalistas. Então você não tem realmente uma consciência conservadora séria. Como você tem uma consciência esquerdista séria? Se você pegar a produção da esquerda, produção literária, sociologia da esquerda, você verá. O melhor livro que se escreveu no Brasil e que eu ainda uso como referência fundamental para explicar a nossa situação é o do Raimundo Faulo, o dono do poder. O cara era praticamente um fundador do PT. A direita fez algo parecido com isso, fez muito antigamente. Mas por exemplo, o livro do João Camilo de Oliveira Torres, um grande filósofo mineiro conservador, mas de toda a produção dele não tem nada que seja tão importante para a compreensão da situação atual quanto o livro do Raimundo Faulo. Eu apelo por Raimundo Faulo toda hora. Eu estou vendo que ele diagnosca o certo. Quem também diagnosca o certo foi o Paulo Mercadante. Ele foi o Conciente Conservador no Brasil, onde ele traçava esta mania aliancista da direita nacional, a mania conciliadora da direita nacional, que é até hoje o problema. A gente não pode ser eleito pela direita que no dia seguinte ele já procura um acordo com a esquerda. Todos fazem isso. Inclusive atual governo. Por quê? É mania positivista. Nós temos que ser superiores ideologias. É uma coisa de uma estupidez tão grande que eu já me expliquei sobre isso, não precisa voltar a este assunto. Política sem ideologia é futebol sem bola, gente. Não existe, isso é uma bobagem. É só uma pose. Isso também não chega a sequer a ser uma ideologia. Isso é um rótulo publicitário apenas. Não tem sentido nenhum. Quer dizer, você não tem um discurso justificador do que você está fazendo? Porque isso é que é ideologia. Você só tem o plano de governo traçado cientificamente e você não argumenta nenhum pouco a favor dele. Como é possível? Me mostra um governante que tenha feito isso. Mesmo que seja um mais tirânico ditador do mundo, pelo menos para os colegas dele, ele vai ter que justificar. Quando ele reúne os ministros, vai ter que justificar alguma coisa, vai ter que argumentar. Não existe nenhum político que será tão obedecido que ele nunca precisa argumentar a favor de nada. Você imagina, por exemplo, Stalin, né? Quando vê a notícia de que o Hitler tinha invadido a Rousse, ele não acreditou. Então, evidentemente, ele argumentava e os generais dele, não é verdade. Os caras, o homem está aí, não, não pode ser. Algumas justificativas tem que dar. E essa justificativa, o que é? É o seu discurso ideológico. Quer dizer, como é possível? Eu penso em generais que me falam de, pô, não pode ter ideologia. O que é isso, gente? Vocês são crianças. Vocês não cresceram. Vocês não sabem limpar bunda. Vocês de sua mãe têm que trocar sua frauda, pô. Você viu outro dia a Abin, né? Dizendo que até o começo de abril ia morrer 5.700 brasileiros, morreu no centro e quanto? 109, uma coisa assim. Como é possível? O que é que a Abin sabe? Não sabe nada. O que é que você pensa em entender inteligência? Nada. A sociedade é um brilhante de burrice. Então, a coisa está muito ruim, gente. Agora, como é que nós podemos exigir que a classe militar seja oculta se os escritores não são? Se os literatos não são? Se os professores acadêmicos não são? Você vê, por exemplo, o Erick Wiergling, ele todo ano relia o Abra Completa do Shakespeare. O Roberto Campos sabia de vir na comédia de cor, em italiano. O que é que você pensa em entender inteligência? Hoje em dia as pessoas leem o quê? Leem tés universitárias, publicado por amigos dele ou puxam pelo chefe dele que ele precisa puxar o saco. Então, assim não dá, porra. Agora, nós queremos corrigir a política brasileira de ter corrido a nós mesmos, de ter corrido a nossa inteligência. E se você não conserta a sua inteligência, o que você vai usar para consertar a situação? A sua burrice? A sua covardia? A sua preguiça? A inteligência é a única arma que nós temos. Força física humana é muito pouca, dura pouco. Chegou nos 40 anos você já não é de mais nada, é ver qualquer esporte, 40 anos ele tem que largar. Então, a inteligência é a nossa força, a única que nós temos. E você tem que dar tudo para desenvolver ela. Porque se você não exerce ela definha. Eu lembro quando falei no Paraná, dos alunos da universidade do Paraná, que um especialista de qualquer área do conhecimento tem que ler pelo menos 80 livros da sua área por ano. Supondo, claro, que um livro que é da área especializada do sujeito ele lhe lhe lê muito rapidamente. Quanto tempo um psicólogo lhe apaleu um livro de psicologia? Dois dias. Ah, se você der um livro de arqueologia egípcia para ele, bom, ele vai ter alguma dificuldade. Mas o livro da sua área profissional você tem que ser capaz de ler muito rápido. E os caras ficaram chocados, acharam que eu era um tirano de querer obrigar eles a ler 80 livros. Ficaram chocadíssimos. Nunca imaginaram uma coisa dessa. Você lê a biografia do Getre, Getre lhe um livro por dia. Claro, isso não é exigível todo mundo. Mas é lá, dois livros por semana é muito, não é muito. Se for livro da sua área, existem livros que você pode levar anos para ler. Por exemplo, você pega os cantos do Ezra Pound. É um negócio, tem tanta referência, tanta literatura mundial que você não sabe do que ele está falando. Então, praticamente cada palavra você tem que ver, mas que porcaria é essa? Tem que ir lá ver o que é. Então, para o lado de cada página você vai levar uma hora. Isso acontece. Você não pode jogar o livro por isso. Claro, jogar o livro pela sua dificuldade ou facilidade é o fim da picada. Então, existem livros fáceis que são excelentes, livros difíceis que são excelentes e vice-versa. Mas em geral, eu acho que três ou quatro dias para ler um livro da sua área não é exigido demais. É isso. Um livro recente, publicado na linguagem do nosso tempo que não oferece grandes problemas filológicos. A filologia existe para tornar o mais legico, conservar a legibilidade dos textos, longo tempo depois da sua publicação. Porque a linguagem muda, as referências somem. O cara está falando de uma rua, de um estátua que não existe mais, fala de uma pessoa que também não existe mais. Você vai ter que ter um filólogo para te ajudar. Essas edições críticas que as pessoas fazem de textos e antigamente é para isso. Às vezes, sem esse aparato crítico, você não consegue ler o livro. Por exemplo, se você pegar as boas edições da Divina Comédia, cada página tem dez, quinze notas. De quem é o personário do qual o Dante está falando, está falando um Papa que você não sabe quem é, de um Conde não sei das quantas, de um bandido. Mas se você não tem referência, eu não entendo exatamente o que o cara está falando. Isso não quer dizer que você não vai apreciar, porque a Divina Comédia tem uma musicalidade mesmo que você não entenda o que ele está falando, você adora aquilo. Então esse é apenas um primeiro contato que você tem com o texto. Você tem que saber o que está falando. Então eu vi que as pessoas não têm mais esse amor à própria inteligência. É despreza a inteligência. Todo mundo é assim no Brasil. Então eu vi, por exemplo, qualquer discussão pública. As pessoas não têm menor senso de proporção. Então, por exemplo, nós temos aí o coronavírus. Agora, para para pensar. Se o coronavírus desenvolver a sua máxima letalidade nos Estados Unidos, que é um país mais atingidos, se ele chegar a matar o máximo que se espera que ele mate durante um ano, ele tem liquidado 200 mil americanos. É muita coisa. É muita coisa. Só que é o seguinte, isso é menos que um milésimo da população americana. Como é que você pode medir uma coisa desse como se fosse uma catástrofe mundial? Não é um grama local dolorido, claro. Mas não é um risco de extinção da humanidade, como está mostrando. No Brasil, até hoje, morrendo sente poucas pessoas. Tem uma moça que percorreu vários hospitais, os hospitais estão tudo vazios. Quer dizer, o problema não é a mortalidade. A mortalidade é mínima, na verdade, comparado com outras doenças. Até com a gripe comum. Ah, o problema é o acesso a correria aos hospitais, que vai superlotá-los e daí vai ter a destruição do sistema de saúde. E por tanto, a destruição da economia. Só que se vai nos hospitais não tem ninguém. Deve ser falado com os cidadãos, eles dizem, mas tem, as pessoas estão no UTI. E fala, não, no UTI também não tem ninguém. Ah, mas isso aí é só hospitais especializados. Não, era hospitais gerais, inclusive, ó, está aí. Então, cadê os doentes, porra? É o número mínimo ífimo e a correria aos hospitais simplesmente não está havendo. Então, qual é o grande risco de destruição? Olha, só que a gente contém o seguinte, em 2018, o Council on Foreign Relations realizou um estudo simulado de uma catástrofe mundial causada pelo coronavírus. Então, eles estavam totalmente preparados para isso. Será que eles não ajudaram nem um pouquinho os cineses a lançar esse negócio? Será que eles não têm vínculo com os cineses? Então, na dinta de culpar os cineses, ah, o chin-chipinho fez, não sei o que, claro que ele fez, mas teve gente aqui ajudando e está ajudando ainda. Então, veja, o conjunto de medidas tomadas contra o coronavírus é infinitamente mais perigoso do que o coronavírus, gente. Essa miséria, essa destruição total da economia de um país, o que você pensa? Mais ou menos 200 milhões de pessoas. Onde é que você vai arrumar dinheiro para sessenta e duzentos milhões de pessoas? Ah, nós damos seiscentos reais para cada um por meio e elas vão gastar onde? Elas vão só no posto do governo. Isso, então, é que nem aquelas fazendas antigamente que o único lugar que você tem para comprar comida é o armazém do dono da fazenda. Então você devolve para ir o dinheiro que ele te pagou. Então estão criando este sistema no Brasil. É o socialismo mais rasteiro, mais grosso do mundo. Isso nunca pode funcionar. Então isso é genocídio, gente. O que esses caras, esses Dórias e Sepulgo Caado e Mimimitzel, então é genocídio, não é brincadeira. Veja lá o documentário que a Sara Winter fez, o que eu botei, eu botei, ela entrevistando os caras na favela. O que eles estão contando? O que eles já estão passando? Não tem comida para dar para as crianças. E o governo vai fornecer. Mas o governo vai fornecer comida de onde? Você não está produzindo comida? Como é possível você ter a distribuição sem ter produção? Se você tem que falar uma coisa dessa, você tem que responder com dois tapas na cara. Não pode discutir com o cara disso, não se discute. Isso não se discute. Quer dizer, você vai ter a distribuição de comida sem ter produção? E os caras falam isso? E a Mida repete como se fosse uma coisa muito inteligente, muito respeitável. Não tem respeitabilidade nenhuma. Aqui no Estados Unidos o pânico é bem menor do que no Brasil. E mesmo assim, o número de mortos que se calculam aqui é bem maior do que o Brasil. E no entanto, vocês não viram esses documentários que aparecem chinês contaminando comida de propósito. Vocês acham que os chinês estão fazendo isso por maldito? O chinês é malvadinho. Não, esse trabalho é para o governo chinês. Ou, sei lá, para quem? Para o CFR, para qualquer procaria. Se tem tantos doentes de coronavírus, por que precisa falsificar a testada de óbito? Como esse maldito Doriana obriga as pessoas a fazer? O sujo caiu no terceiro da área do prédio, causa mortes. Gente, já fizeram isso com o tabagismo. Era a instrução da Organização Mundial da Saúde, que é uma porcaria de um órgão comunista, é uma organização fraudulenta. Se um fumante morreu de qualquer coisa, que tem algo a ver com o coração, respiração, etc., etc., é causa morto e tabagismo, sem exame. Não precisa exame. Então é claro que a quantidade de mortes por tabagismo aumentou formidamente. Eu tenho uma tia minha que morou quase por 90 anos, que causa mortes e tabagismo. É o fim da picada. E... Também no Cafézinho. Tem um artigo do Walter Williams. De mais de 10 anos atrás, acho que 20 anos atrás, analisando a campanha entre tabagistas sobre este aspecto, como um balão de ensaio de grandes campanhas de controle social. Procurem isso se você se vê como é esclarecedor. Ora, se fizeram isso com o tabagismo, com o cão, vamos dizer, um sucesso mundial, ao ponto de fazer milhões de pessoas acreditarem nesta bobagem do fumo passivo, que é uma coisa que jamais foi comprovada no mundo. Não é? Por que que não vai fazer com o coronavírus também? Ou com qualquer outra coisa? O que importa é você ter um sistema de divulgação de ideias que atinja a massa popular e espalha o pânico e dispõe a população a obedecer qualquer pocaria. Ora, note bem. O próprio fato do noticiário ter elementos contraditorios ajuda a funcionar, porque a estimulação contraditória paralisa a inteligência e cria a chamada psicose informática. Se você recebe tanta informação contraditória, ele não consegue processar, aceita qualquer coisa, torna todo mundo doce, é isso que está acontecendo. Quer dizer, se você só sai disso, a hora que a fome bate, fala, pera aí, pera aí, agora, isso aí não tem jeito, como é que você vai programar o sorri de panão sem que a fome que ele não tem o que comer, não dá. Então só diante de uma realidade, o desmentido físico, é que as pessoas faltam a pensar. Agora vamos esperar até quantos brasileiros precisam morrer de fome para isso acontecer. Então, também você vira, no Brasil também a falta de cultura desce o nível moral das pessoas a um ponto que elas não são capazes de julgar. A situação moral é mais óbvia, eu vou dar um exemplo, essa semana aparece a revista Isto é merda, né? Dizendo assim, pô, o morão na presidência tudo se resolverá. E o morão não é capaz de dar uma entrevista dizendo, eu não estou contra o presidente de maneira alguma, eu apoio e não adianta tentar me seduzir com a mosca azul da presidência. Eu não estou aqui para isto. Eu estou aqui para ajudar o presidente e não passar canela. Mas ele não tem senso moral suficiente para saber que ele tem que dizer uma coisa dessa. Mas ele não tem, ele não é uma pessoa moralmente madura. Ele nunca pensou em questões morais mais de cinco minutos na vida dele. Se ele tivesse recebido treinamento literário desde o início, onde você estuda situações, fictícias e você tem que pesar moralmente as várias alternativas, o que você faria no lugar do personagem e tal, o outro. Bom, você desenvolveria o seu senso moral. Sem isso, não tem senso moral nenhum. Quer dizer, o sujeito do senso moral dele, ele aprendeu no regulamento disciplinário do exército e essa é a maior, a mais alta moralidade que ele conhece, meu Deus do céu. O que que você está falando? Eu quando era jovem, eu pegava livros do ensino secundário no estado do Unir, da França e me educava por aquilo. Porque eu ensino o que eu encontrava nas escolas, porque era muito ruim falando. Você tem que procurar uma coisa melhor. E um dos elementos fundamentais era este, você representar cenas ou históricas ou ficcionais e colocar os alunos no lugar dos personagens para eles tomarem as decisões morais e justificarem. Por exemplo, você, sei lá, você é Júlio César e você voltou das guerras e você está ali na porta de Roma sabendo que os seus inimigos tomaram o poder e que você entrando, você perde o seu poder porque o comandante do exército tinha poder total sobre os seus comandados. Ele ia perder aquele poder e ia ser apenas um senador como os outros. O que você faria? Júlio César decidiu dar um golpe e derrubou os senadores e ele virou o chefe. Você faria o mesmo? Então você tem que conhecer a situação, conseguir imaginar as várias enredos possíveis. É assim que se educa moralmente uma pessoa, gente, não existe outra maneira. Não adianta ler Bíblia para o cara 24 horas por dia, não adianta. Não adianta ler o regulamento do exército, não adianta ensinar moral para o cara, porque ele não sabe quais são as alternativas, meu Deus do céu. Às vezes na Bíblia tem um pouco disso, tem situações onde o personagem não sabe exatamente o que fazer. Então, por exemplo, quando a Abraão vê que ele não pode obedecer o pai, o que eu vou fazer? Vou brigar com meu pai, vou me revoltar, vou obedecer e ele decide ir embora. Essa por exemplo é uma situação altamente pedagógica. A mesma coisa já concelei para muita gente que tinha problema com o pai e com a mãe, não brigue com ele, não se briga com o pai e mãe. Se não dá para conviver, você faz sua malinha e sai educadamente. De ver enquanto você vai lá visitar, mas eles são muito chatos, então você vai lá ficar cinco minutos, dá um beijinho e vai embora. Mas não brigue. Você falou que a Abraão fez. A Bíblia tem essas situações, mas elas são poucas na verdade. São muito esquemáticas. Existem situações mais complexas que você só vai aparecer na literatura mundana mesmo. Então, por exemplo, a situação, vamos dizer, de um revolucionário russo que veio no novo regime que lutou para implantar, o regime é mais assassino que o do Tsar. O que ele vai fazer? Existe essa situação na Bíblia? Não tem. Você vai ter que estudar a vida do revolucionário russo. Como aparece? Ah, mas tem todas essas cenas tão relatadas na história? Não, sempre se apelar a literatura de ficção. Por exemplo, eu cito muito o livro do Eugênio Cortes, Roma assista italiano, que chama Processo e Morte de Stalin. É uma peça, na verdade, que o Stalin convida seus acessores, seus parceiros mais importantes para um jantar na casa de Campo dele com a intenção de matá-los, mas eles descobrem, decidem, prendem o Stalin e fazem o julgamento dele. Então ele argumenta que tudo que ele fez foi rigorosamente de acordo com a adultrina do Marxismo Leninismo, ele não fez nada por arbitrariedade, nada por ambição pessoal, foi tudo feito na aplicação estrita do Marxismo Leninismo. E eles julgam aquilo e dizem, olha, você tem razão, você fez tudo certinho, mas não vou matar você assim mesmo. Então, onde é que você vai encontrar uma situação dessa na Bíblia? Você tem, você está entendendo? São situações novas que aparecem na história, só numa outra situação muito peculiar do século XX, então é só a literatura que vai ensinar você a lidar com essas situações. A meditação moral é o fundamento da compreensão literária, é assim, o que eu faria no lugar deste personário. Quem não fez isso? Não tem formação moral nenhuma, não tem compreensão moral, é moralmente imaturo. E, portanto, não é capaz de elaborar moralmente nada, exceto sob o ponto de vista dos estereótipos, que a mídia lhe impõe, que era o parecer bonito durante a mídia, então o que eu devo dizer? Você quer saber, a consciência do seu morão é isso, não é a superior à isso. Então, pessoal, não botaram ele trigênio, terceiro grau maçônico, eu digo, o que? O cara com esta tosquice moral é trigênio, terceiro grau maçônico, mas o que é o trigênio segundo, então? Quer dizer, que escolha uma mação, que essa negócio de maçonaria já virou, porra? Agora, não é só maçonaria, não, é na Igreja Católica, é a mesma coisa, porra. Você pega lá o bispo cardial também, não tem, não tem imaginação moral, não é capaz de julgar o que ele está fazendo, porra. Agora, o pessoal acha assim que moral é você cumprir regras, moral não é isso, gente, é você saber o que fazer em situações para as quais não há regras, mas você tem que descobrir aquela famosa pergunta, o que que Deus quer de mim? Teve três ou quatro maneiras diferentes de reagir, você quer saber qual é a melhor, o que que se... Qual aqui vai tornar mais próximo de Deus? Eu já vi situações desse tipo, né? É o Mileno Padre Gregorio, fundador do Mauro Fanatic, que havia em São Paulo. Ele era um agricultor gaúro casado, porque tinha dois filhos. Ele está andando no campo e baixam o raio, o raio mata as mulheres dos filhos. E ele ficou sozinho e não sabia o que fazer, foi para o seminário, até certo. Ele ficou vários anos achando que nada fazia sentido. E ele perguntava para Deus, Deus, o que é para o fazer? E um dia está rezando sozinho na igreja e aparece um menininho pedindo para dormir ele na igreja, ele deixa o menino, e de seguida aparece o outro menino, e o outro menino, e o outro menino, e o outro menino, e aquilo virou o maior forado de São Paulo. Então o sentido da vida dele apareceu para ele, em resposta à pressa. Isso aconteceu. O meu amigo Dr. Miller também não sabia o que fazer, ele entrou na igreja e não saiu daqui enquanto eu não descobri o que é que eu vou fazer. Ficou lá rezando, sei lá, dois dias. Isso acontece. Então, isso é meditação profunda do sentido da vida. Isso é a base da moralidade, gente. Você acha que tem alguém no governo federal, na Câmara Federal, ou na nossa esfera acadêmica, que tem a se preocupar com isso uma vez na sua porca-vida? Não tem nenhum, pô. E o pessoal fica cobrando moralidade, quer que acabe os políticos corrup... Mas o jornalista que está cobrando o político corrup também não tem consciência moral. Claro que os reis que não tem consciência moral podem vir de enquanto para acertar. Se... Por exemplo, você vê um político roubando, então você fala mal dele, você está certo nisso. Mas é claro que a sua orientação moral não pode depender desses casos onde você casualmente tem razão. Nesse... O espinosa que perguntava, se um louco em pleno dia diz é dia, você pode dizer que ele tem razão. Nem tem razão e nem não tem. Quer dizer que o que ele disse coincide com a verdade, por acaso. E a coincidência casual da frase com a verdade não é uma verdade. Então eu sempre assisto os comentários do Neumann. Em 80% dos casos ele é certo, mas quando ele é, é o Reliar do Amor, é tão fragurosa, tão monumental. E você vê que o acerto foi o acerto mais ou menos casual, um negócio óbvio demais. Se ele pega lá, sei lá, o PT desviou o trilhão, é claro, você vai achar ruim. E você está certo de achar ruim. Mas isso mostra a consciência moral? Não. Quer dizer, isso é apenas escolher uma bação jornalística. E isso é o máximo que você chega a dizer. Isso é retórica. Isso não tem nada a ver com moral. Se você não é neer retórica, isso é apenas propaganda. Você acha por isso que esses nossos deputados, senadores, que fazem pose de moral ofendida. Você acha que alguma vez eles pararam para pensar o que eles deviam fazer e tal, qual a situação? Não, nunca pararam, porque eles não têm ideia da variedade da vida humana. Eles não conhecem a variedade das situações humanas. Então como é que pode ter uma meditação moral? Entendo que toda a formação, toda a educação humana começa com a literatura, gente. E muita literatura, não é um pouquinho. Não existe outro meio. Claro que se você assistir filmes, o Peça de Reteat também vai ajudar, mas isso é um subproduto da literatura. E dificilmente você vai encontrar... Bom, eu já vi casos em que a versão filmada era melhor do que o livro original. Mas o caso do filme lá do Dr. Lecter, eu achei que o filme saiu melhor do que o livro. Pode acontecer, mas isso é uma variedade. Em geral, o filme é um subproduto do livro. Entre em núcleo, se você pegar... Quantas pessoas já filmaram Guerra e Pai? Mas 90. Qual das dessas versões se nivela ao Guerra e Pai? Uma. Eu assisti, por exemplo, o Rei Lir, ruso, não lembro de nome do diretor. Era uma maravilha, mas ele chega na altura da peça, claro que não. E assim por diante. Então a literatura é a base de tudo. Deu para entender. Eu estou pensando em dar um curso sobre isso. Depois mais tarde eu vou dar um programa, literatura e político, literatura e vida social, baseado nisso, a aprimorar um pouco a técnica de leitura, a leitura literária. Mas por enquanto já está anunciado o que é o mais importante. E este festival de falsa moral que a gente está assistindo, é tudo causado por isso, gente. A instrução moral é muito superficial. A instrução moral não tem meditação, não tem análise de situações reais para você tomar uma decisão. Então a pessoa não tem formação moral nenhuma. Ele pode parecer bonzinho porque ele entrou na maçonária e ele segue direitinho os preceitos, ele entrou na academia militar e segue direitinho. Isso não é moral, gente. Isso é apenas adestramento. Isso não é educação, é adestramento. Isso não é nem humano, isso é animal. Adestramento é animal. Isso é o máximo que a pessoa consegue no Brasil. E é isso que nós temos que consertar antes de você pensar em consertar a política brasileira, tem que consertar isso. Tá bom, gente? Então, bom, daqui a pouco voltamos para as perguntas. A Marca Marca pergunta, como é possível criar uma história para um personagem inspirar no Lula, José D'Irceu, sem ter convido bastando os meus petitos ou eskerdias? A experiência ter vindo desses meios não seria fundamental. Não, porque na literatura você não depende da experiência pessoal, mas depende da experiência imaginativa. O que importa não é você conhecer concretamente os personagens, mas você ser capaz de imaginá-los com verossimilhança. Quer dizer, verossimilhança na ficção é um conceito absolutamente fundamental. Você ali não está contando a verdade, mas você tem que contar algo que pareça ser verdade. E essa parecência, essa verossimilhança, ela tem que funcionar. Quer dizer, você tem que ser capaz de imaginar as coisas como elas realmente poderiam ter sido. Então, aí está todo o segredo da arte e da ficção. Nada do que você coloca na sua narrativa pode parecer forçado, absurdo, mesmo que seja uma narrativa absurda, por exemplo, uma narrativa cômica absurda, um teatro, um teatro absurdo, como é o Gênio Ionesco. As situações são absurdas, mas dentro da absurdidade existe a verossimilhança interna. Quer dizer, aquela situação não vai acontecer jamais, mas se fosse acontecer, ela teria daquele jeito. Então, o que importa realmente é a nitidez e fidelidade da sua imaginação, não conhecimento histórico. Você não vai narrar a vida do Lula, você vai imaginá-la. Por exemplo, você não pode imaginar corretamente as emoções de um personagem, se você o odeia ou despreza, não tem jeito de fazer isso. Então, você vai ter que ter uma compreensão humana profunda daquilo ali. Se não quer dizer que você vai perdoar a conduta dele, não é. O julgamento moral fica fora, você não está julgando o personagem, você está tentando imaginar o que ele realmente pensou, o que ele realmente sentiu e assim por diante. Esse realmente não é o realmente histórico, é o realmente da coerência ficcional. Está entendendo? Diga. Você uma vez comentou que você na sua biografia pessoal jamais vai conhecer alguém extremamente mal ou um santo. Provavelmente a gente não vai conhecer um santo, um vida, mas que você só pode ter contato com essa realidade existente, muitas vezes só através da literatura. Nesse sentido você não precisaria conhecer um personagem através de um registro histórico ou de um livro completamente para poder imaginar como ele seria e diferenciar a experiência. Em geral as pessoas que nós conhecemos são mediúcaras, porque a maior parte dos seres humanos é de gente mediúcara, está certo? Então você não vai encontrar ali nenhum santo e nenhum monstro. Então isso quer dizer que em geral a medida que as pessoas têm das possibilidades humanas é muito mesquinha, não imagina ninguém, nem muito melhor, nem muito pior, mas você lendo literatura você pode adquirir essa experiência. E na literatura sacra, aí é um problema porque na literatura sacra você realmente não sabe se você está lendo uma cena histórica ou uma cena mitológica. Você vai ler a história de Abrão. Todos os pedaços ali são factuais. Aquilo que passou com Abrão, mesmo é um outro personagem que ali foi tratado como se fosse Abrão. Nos livros muito antigos de ordem e ordem e sacra, é difícil você saber essas coisas. As pessoas estão estudando isso há dois mil anos e não chegaram a uma conclusão. Mas se você está lidando com obras de ficção mais recentes, você está mais próximo da realidade. Por exemplo, se Napoleão foi abordar de muitas obras de ficção e nas obras históricas, o historiador tem que usar recurso de ficção também porque ele não tem documentação sobre todos os fatos. Ele tem que imaginar a passagem inteira que ele tem que imaginar. Por exemplo, nós sabemos o que se passou durante a Batalha de Waterloo, mas nós não sabemos exatamente o que que Napoleão pensou para tomar esta aquela decisão. Você tem que imaginar. Então, até o historiador tem que ter a capacidade inventiva do autor de ficção. Então, é como se você tivesse... O historiador é um romancista também, só que ele está preso ao documento. Ele não está livre para imaginar, mas ele tem que imaginar tanto quanto o ficcionista. Então, de novo, nós temos aqui o mesmo problema, que não é de você conhecer o personagem realmente, factualmente, é de você conseguir imaginá-lo dentro, vamos dizer, da coerência ou incoerência da sua própria vida. Então, você não pode... Vê já. Na vida real, nós nos permitíamos ter sobre as pessoas todos os preconceitos que nós quisermos. Nós temos direito de... É dizer, eu não sou... Não tenho obrigação de compreender o Lula, compreender o Fernando Collo de Melo, compreender o General Mourão. Não, nós já criamos opinião e ponta acabado. Sua opinião é a minha e ponto final. Mas como escritor, você não pode fazer isso. Quer dizer, como escritor, você tem que obedecer a ver os similhanças. Portanto, você tem que inventar um personagem que seja coerente com ele mesmo e com a sua situação real. E esse é um exercício absolutamente maravilhoso. Não é que você precisa fazer isso quando você vai escrever um livro literaturo. Não, para você ler também tem que fazer. O leitor também faz isso. Porque é com esse julgamento que você vai avaliar o realismo ou não das várias cenas possíveis. O personagem está agindo de uma certa maneira, de repente ele muda de critério. Então, você está vendo o personagem dentro da sua psicologia real e de repente ele começa a agir como um estereótipo. São falhas narrativas. Quando o leitor percebe isso, ele perde o gosto de ler. Vamos ver. O senhor já falou várias vezes sobre criar uma linguagem própria na discussão dentro da direita, porque a esquerda possui uma linguagem própria. O que percebi e o senhor também já disse isso, é que a direita está sempre na defensiva e sempre pensa na linguagem da esquerda. E isso é percebido até como presidente. Ele está preso da defensiva e não sai disso. Mas escuta, mas é só a esquerda que tem uma cultura literária. Eu já me ensinei aqui a profusão de livros de literatura produzidos em resposta ao golpe militar de 1964. Alguns desses livros são muito bons, outros são muito ruins, mas o fato é que você vê que a esquerda conseguia raciocinar ficcionalmente antes de raciocinar na verdade. Esses livros, por exemplo, você pega o livro do António Calado ou do Carlos Hitorconi, eles não estão documentando nada. Então inventam personagens e o personagem ficcionalmente responde àquela situação. Você não sabe se aquilo aconteceu realmente, se tem alguma pessoa parecida com aquilo ou não. Mas trabalhar uma situação de maneira com a coerência ficcional da situação, gente, essa é a primeira operação do espírito no trato com as coisas humanas. Se você não sabe fazer isso, sabe que você sabe fazer matéria de política, sociologia, nada, nada, ser culto literário, você não é nada. Se você pega a obra de grandes psicólogos, o Liputzon, o Jung, o próprio Freud, a referência literária deles é gigantesca e é por isso que eles são grandes psicólogos. Se não, você tem a sua concepção da vida humana é muito pobre, muito pequena, você só consegue imaginar os tipos que você conhece no seu meio social. Está entendendo? Então não adianta estudar sem humana, sem isto. Conrado Rosa, na aula 7 o senhor recomenda que todos nós leamos, antes dos poetas e ficcionistas clássicos do literatório português e brasileiro. É importante começar por camões de bocajo ou de os brasileiros em primeiro lugar. Sem dúvida, mesmo porque você, lembrando os autores portugueses, você já tem uma certa dificuldade de linguagem. A linguagem deles é muito diferente da nossa. Em alguns casos a diferença chega a ser desesperadora, a ver, para você ler, por exemplo, aquele leno ribeiro que é um baita no escritor, ele escreve numa linguagem muito local portuguesa e nós praticamente precisamos ir adicionar em cada linha. E às vezes, adicionar só não resolve, você precisa usar um pouco de imaginação. Então comece por aqueles que têm uma linguagem mais próxima da sua. É isso. Tales, Souza dos Santos. Por quais autores deu começar a leitura de poesia? Aí não tem jeito de responder isso aí, você tem que ler aquilo que você gosta de primeiro lugar. Se tentar impingir um autor ou outro, não vai dar. Então vê. Vai procurando nos autores reconhecidamente bons, especialmente os recomendados pelo próprio Otto Maricarpou, certamente você vai ter as suas afinidades. Isso. Você gosta mais de um e menos de outro. Isso não é um julgamento. Você gostar mais de um escritor não quer dizer que ele seja o melhor, quer dizer apenas que ele é mais próximo de você. É isso. Então eu tive as minhas preferências desde o início. Quando eu era adolescente eu gostava muito do Cruz de Souza. Hoje eu já acho o Cruz de Souza um pouco verbozoso demais, um pouco elaborado demais, mas na época eu gostei. Depois eu fui aprimorando o meu gosto, entre os autores brasileiros. Também tem, e tu é poeta que não são tão grandes, mas que escreveu duas ou três obras primas. Por exemplo, Augusto Mayer foi um grande crítico, um homem eruditíssimo. E como poeta ele foi mais ou menos, porém ele escreveu duas ou três coisas que são obras primas insuperáveis. Isso acontece também. Você tá entendendo? Um poeta que o pessoal não conhece muito, mas que é dos grandes do Brasil, Alfonso de Guimarães Filho, não Alfonso de Guimarães Pai. Alfonso de Guimarães Filho é um tremendo do poeta, um homem de uma profundidade extraordinária. Melhor no meu gosto do que o Carlos do Modendralha. Carlos do Modendralha gostava muito da poesia, é óbvio, né? Os dois brasileiros. Quem? Os dois brasileiros. E assim por diante. Já Dilsson Jr., o desenvolvimento da moral se dá somente pela literatura ficcional? Não, mas ela é o principal instrumento. Porque você nunca vai ter a experiência moral direta tão rica quanto as situações que a vida pode lhe colocar. Por exemplo, todo mundo tem opinião sobre políticos, né? Você já foi político algum dia. Você já teve no Congresso Nacional, você não tem a experiência pessoal, nenhuma daquilo. Então você vai ter que usar instrumentos ficcionais para você entender aquilo. Existem muitos livros sobre, livros de ficção sobre a vida política. Nesse teio do Alima Barreto, Numa e a Niva, né? Ou o que mais que você poderia lembrar agora? Deve ter muitos, né? Isso. Do Cílio dos Anjos, né? Escreveu o Muntanha, é um livro sobre a vida política, né? Tem muitos. Então é por ali que você vai começar a elaborar. Eu não sei se a vida política foi devidamente explorada na literatura brasileira. Eu acho que na verdade não. Nos Estados Unidos tem muito mais, né? Româncias sobre a vida política. Não, é uma infinidade que não acaba mais. No Brasil não é tanto, mas alguma coisa tem. Isso aqui não é uma dica de bons políticos que são bons escritores? Não existe, isso não existe mais. Atingamente todo mundo que entrava para a política, que entrava escrevendo, praticamente todos. Isso aí, vamos dizer, em alguns países é uma tradição, por exemplo, na França, se você pegar todo o presidente da França, todos eram escritores, todos eles. O mais burro era, entendeu? Agora tem lá o macon, não sei se o macon sabe somar dois mais dois, não tem ideia, né? Mas no Brasil eu recomendo que você dê um texto do Machado de Assis que se chama Velho Senado. Machado de Assis começou a vida dele como repórter político. E ele, nesse texto, ele pôs recordações do que ele viu no Senado. E você vendo ele, você fica impressionado, diz-me com o nível dos caras, nível tanto intelectual quanto moral. Isso hoje seria absolutamente impensável. Bom, por hoje, gente, vamos para aqui, né? Foi suficiente. Então, tá, guarde o programa do meu curso, Literatura e Vida Política, o título similar. Até a semana que vem, obrigado.