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Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem vindos. Eu desejaria continuar o mesmo assunto da aula passada, mas eu fiquei gripado essa semana inteira, ainda estou, peço desculpas pela interrupção que estiver havida na esta aula, para tu si, espirrar, soar o nariz e outras coisas agradáveis. E no resto da semana estava ocupado escrevendo um artigo que foi pedido por uma revista americana, não diria ainda qual é, sobre outro assunto completamente diferente e não tive se quero tempo de pensar no assunto da aula, então eu vou interromper um pouco esta série que vamos retomar na semana que vem e hoje vou abordar um assunto que eu fiquei estudando durante a semana. Na verdade um curso de filosofia só vale na medida em que o professor seja um filósofo que está nativa e que ensine precisamente aquelas coisas nas quais ele está pensando, não uma matéria estabelecida já consagrada em manuais e livros textos, isso aí não é ensino de filosofia de maneira alguma, isso pode ser um ensino sobre filosofia, mas não é ensino de filosofia. Para aprender filosofia o único jeito é você ver o sujeito filosofano na sua frente, isso é ele falando daquilo que ele está realmente interessado no momento, então eu não acho que essas interrupções, essas voltas que eu dou aqui seja uma coisa prejudicial ao contrário, acho que isso ajuda as pessoas a pegar o que é a verdadeira dialética de uma vida dedicada à filosofia, a filosofia é entendida evidentemente não como pura disciplina acadêmica ou profissão, mas como um modo de ser, isso, tradizia ordem a H.C., que será um filósofo todo o que não pode ser outra coisa, ou seja, se você não tem outro jeito, se não você filosofar, então você é um filósofo, agora se você escolha aquela profissão como poderia ter escolhido ser jogador de futebol, ou cantor de rock, ou qualquer, ou político, então é melhor fazer outra coisa. Então essas notas que eu tive tomando e que são ainda um rascunho para o artigo que eu vou fazer, elas dizem respeito ao fenômeno do populismo, essa revista começou uma discussão sobre o populismo meses atrás, então queriam saber o que que eu penso deste conceito, o termo, como que era o chamado. Eu vou ler aqui uns pedaços e vou comentando com vocês. O sucesso do termo populismo ao longo da última década proveu da sua dupla utilidade. De um lado, fornecia aos adeptos da democracia ocidental um pretês para evitar a palavra comunismo, numa época em que, apesar da sábia, essa advertência de Jean-François Révelle, já volto a ela daqui a pouco, havia se tornado de bontão, fazer de conta que o falecimento do regime soviético levara junto para o túmulo o movimento comunista mundial. De outro, fornecia aos comunistas o véu de invisibilidade temporária de que mais necessitavam para recuperar-se da pancada recebida em Moscou e reconstruir o seu movimento discretamente, sem parecer nem mesmo existir. Aí vocês não podem esquecer aquela famosa declaração do Lula de que, aspas no foro de São Paulo, nós discutimos as coisas sem que as pessoas pudessem perceber do que estávamos falando. Quando eu já foi a sua reverna, você vê que no ano 2000 ele publicou o livro La Grande Parada, que, aliás, foi publicado no Brasil, um título de La Grande Parada, título que em português não ficou muito exato, porque parada em português, em francês, quer dizer, o mesmo tempo parada, quer dizer, com uma marcha comemorativa de sete sete, quer dizer, exibição, exibicionado também. Fer Parada D, quer dizer, você exibir-se alguma coisa, em francês tem essa duplo sentido que o meu título brasileiro se perdeu. E nesse livro ele discutiu o seguinte problema, como é possível que após a queda do Estado Soviético, em 1900, para completar uma década então, o movimento comunista, em vez de diminuir, tinha crescido. Isso no ano de 2000 ele já tinha percebido isso e já descrevia todos os sintomas desse fenômeno, que há muitos parecia esquisito, a outros parecia até inacreditável ao ponto de que não podia percebê-lo, mas para mim, isso é parecido a coisa mais natural do mundo. Continuar aqui. Como conceito descritivo, deveria ser óbvio, à primeira vista, que um termo que se aplicava indiferentemente ao senhor Fidel Castro e Donald Trump ou no Brasil, ao ex-presidente Lula, o deputado direitista Jair Bolsonaro, só podia ser uma amálgama de aparências fortuitas, sem nenhum poder de preenção sobre a realidade substantiva. De fato, um outro autor, que na mesma revista escreveu sobre o populismo, cujo nome é um deputado inglês, esqueci o nome Daniel Hannon, ele disse que nos últimos anos o populismo se tornou o insulto favorito na Europa, você quer escolher um bom senhor, a gente chama ele de populista. Então, você vê aqui, esse termo já teve várias utilidades, todas elas de tipo oportunista e mais ou menos publicitário, mas em nenhum momento ele revelou que fosse um conceito descritivo apropriado para descrever o que quer que fosse. Quando lembro que o referido termo foi posto em circulação por um marxista confesso, Jorge Castaneda, começa a me parecer espantoso que ninguém se perguntasse na época ou mesmo depois se não se tratava de um mero ardil para tirar proveito da ilusão triunfalista de uns em benefício da malícia e a sorrateira de outros. No começo dos anos 90, estava todo mundo celebrando a queda do donão silviete e até teorizando a coisa e generalizando para uma interpretação geral da história, como no livro do Francis Fukuyama, que é na verdade anterior a isso, em que havíamos chegado ao fim da história e que a democracia ocidental havia se afirmado como regime definitivo, não haveria mais mudanças. Seria o democracia ocidental ou nada. Então é isso que eu quero dizer com triunfalismo. Esse triunfalismo, ele evidentemente apareceu aqui nos Estados Unidos, entre liberais conservadores, liberar no sentido brasileiro, não no sentido americano. E no Brasil ele se impregnou muito mais do que aqui, ao ponto de que no Brasil até hoje, quer dizer, decorridos 25 anos da Fundação do Foro de São Paulo, e uma década e meia depois da conquista de 12 países pelos componentes do Foro, ainda tem gente persuadida de que o comunismo não existe mais. Então você vê o poder de impregnação de um fravão, dos fenômenos mais impressionantes. Pessoas que não sabem absolutamente nada sobre o assunto, ouvem aquela expressão e aquilo se impregna na sua mente de uma vez para sempre. Uma força de persuasão superior a qualquer amontoado de provas e documentos e fatos que você possa arrumar. Pinha aproximando eles, podem participar da minha tosse, os piros etc. com mais dramaticidade. Nem a ilusão, nem a malícia, não entanto. Surgiram de improviso, de repente em resposta a súbita e imprevista derrocada do Estado Soviético. Ambas tinham uma longa pré-história, sem a qual a própria aceitação repentina e simultânea do termo populismo entre amigos e inimigos do movimento comunismo internacional se tornaria incomprensível. Ou seja, você já tinha toda uma atmosfera cultural preparada para que o termo comunismo desaparecesse do mapa sendo substituído por populismo, igualmente entre procomunistas e entre comunistas. A ilusão remontava por ironia, a doutrina dita realista da política internacional, apresentada pela primeira vez por Han J. Morgental em 1948, em oposição à tendência que ele denominava idealista, a qual enfatizava a importância dos ideais e ideologias nas decisões dos agentes políticos. Morgental ensinava que o fator decisivo na política internacional, portanto no curso da história mundial, era os interesses objetivos dos estados nacionais. Ou seja, entre os agentes políticos, os mais eficientes e mais marcantes são os estadistas, os chefes de governo. E ele dizia que as ações desses indivíduos têm de ser interpretadas não em termos dos seus ideais, das suas crenças, etc., mas do interesse nacional objetivo. Isso não é totalmente errado e nós vamos ver daqui a pouco as limitações desse conceito. O Morgental se alientava o seguinte, que a condensação das ações políticas na forma dos estados nacionais e dos seus agentes, portanto os estadistas, era um fenômeno histórico, uma produção da história e que, portanto, não era uma coisa que ia durar para sempre e que um dia isso ia acabar. Parintes, prevendo já com isso o advendo o globalismo, prevendo e desejando, no fim das contas, mas que na presente fase da história, a expressão dele, as ações dos estadistas tinham de ser interpretadas em função dos interesses nacionais objetivos e não das suas ideias ou convicções. Você pode exemplificar, isso aí, por exemplo, você ver que no tempo da revolução russa de 1917 e durante a Primeira Guerra Mundial, a doutrina comunista oficial era que os movimentos nacionalistas eram todos de ordem reacionário que trabalhavam para os interesses das grandes burguesias nacionais e que, portanto, eram inimigos por natureza da revolução socialista. Isso era doutrina oficial na época. Quando chega na Segunda Guerra, o Stalin adota uma, esquece por instantes a verborreia tradicional marxista e adota um discurso nacionalista da grande mãe rússia, grande guerra patriótica, apelando a todo um sentimento nacionalista que parecia enterrado, fazia décadas, mas que entre o povo ainda estava muito vivo. Então isso aí, por exemplo, confirma o que estava dizendo, confirma a teoria do Morgental, isso realmente acontece. Essa doutrina teve tanto sucesso que durante a Segunda Decada Vermelho, a Segunda Cicatriz Vermelho, chamava de Red Scar, o que aconteceu nos anos 30 com as discussões em torno da penetração comunista no governo americano, que depois se repete o que ele chama Segunda Cicatriz Vermelho, Segunda Red Scar, entre 1950 e 1956 com as comissões de inquérito que apareceu na Câmara dos Deputados e no Senado, esta última chefeada pelo famoso senador Joseph McCartney, que durante toda a Segunda Decada Vermelho as investigações sobre a penetração comunista na política americana se concentraram em identificar possíveis agentes soviéticos, desprezando como idealistas inofensivos os meros comunistas ideológicos. Isso era um critério assim, parecia tão óbvio a eles que ninguém chegou a discutir isso aí, que se você tinha um suspeito, tudo o que interessava é saber o seguinte, se ele trabalha para o neo-soviético, ele apenas um sujeito e tem ideias, se é apenas isso então mandamos ele para casa, ele é inofensivo, não tem problema. Então era importante saber duas coisas, primeiro, se ele pertencia oficialmente ao partido comunista e segundo, se ele trabalhava para KGB ou Serviço Secretário Militar Soviético, se não fosse nenhuma coisa nem outra, podia ir para casa. Temerosos de instaurar nos Estados Unidos uma polícia do pensamento similar a que existia na ditadura soviética que combatiam, nesse ponto o senador Joseph McCartney e seus mais ferozes detratores estavam de pleno acordo, não se tratava de perseguir uma corrente ideológica, mas somente de defender o país contra a intromissão de uma potência estrangeira hostil. Você vê que aí está subentendida a influência da doutrina morgental, que é isso os agentes principais são os estados nacionais e os estadistas que as representam, então é claro que as ideologias não têm nenhuma função autônoma nessaquela, são usadas pelos estadistas assim em função dos interesses nacionais que eles estão defendendo. Portanto o que interessava era saber se havia, vamos dizer, na intromissão comunista uma ação do governo soviético. Por ironia, mas não por coincidência, eram puros comunistas ideológicos, alguns até mal vistos pelo estabelecimento soviético, que naquela mesma época preparavam nas universidades americanas a revolução cultural, que dos anos 60 em diante faria da esquerda a força política hegemônica nos Estados Unidos e demonizaria o macartismo como se fosse uma polícia do pensamento mil vezes mais feroz do que a soviética, selando a vitória completa da propaganda sobre o ciência das proporções. Quer dizer, nessa época ela tinha vindo para os Estados Unidos, Max R. K. Eimer, Teodora Dona, Escola de Frankfurt inteira, ali estavam, vamos dizer com o seu famoso livro, a personalidade autoritária vendendo para a molecada a teoria de que a sociedade americana era igualzinho à sociedade fascista. É curioso que eles tinham fugido de uma sociedade nazista, onde se arrascava a ser morto, não só por serem pró-comunistas, mas por serem quase todos eles judeus, e se instalar nos Estados Unidos com toda liberdade, com excelentes cargos protegidos pelo governo e achar que era exatamente a mesma coisa. Quer dizer, esse é um caso de paraláctica cognitiva em enesimo grau, porque eu não acredito que eles tivessem, vamos dizer, conscientemente mentindo, não, é realmente aquilo que eles concluíam de análise estatística, etc., eles pareciam tão real quanto a sua experiência pessoal viva deles próprios. Então, eles estavam vivendo a diferença entre uma sociedade democrática e uma sociedade nazista fascista, e ao mesmo tempo em que na teoria negavam essa diferença por completo. O livro de personalidade autoritária, que é uma obra coletiva feita por vários membros dessa escola, se destinava a demonstrar que a mentalidade da família média americana é por 100% fascista, e que, portanto, os Estados Unidos estavam indo rapidamente na direção do fascismo. Esse longo trabalho da escola de Franck, porque tornou possível mais tarde vários movimentos, o sucesso de vários movimentos, como, por exemplo, um movimento pelo desarmamento, você não pode esquecer que todos os movimentos pelo desarmamento nuclear só aconteceram no Ocidente, ninguém pediu desarmamento da Rússia jamais, na nossa vida não teve nenhum movimento, então era um desarmamento unilateral. Descentivado, claro, e dirigido pelo governo soviético. Ora, se não fosse esse longo trabalho da escola de Franck, dentro das universidades americanas, o caráter puramente soviético e ardiloso desse movimento, pela parte, teria se tornado evidente para todo mundo. Por que que não foi? Porque a intelectualidade, a estudância já estava com a mentalidade preparada para entender se nós estamos numa sociedade fascista, portanto, está a sociedade belicosa, temos a obrigação de desarmar esses falcões que querem soltar bomba atômica para todo lado e explodir o mundo. Ouvi um longo trabalho cultural que tornou verocímio, tornou aceitável para as gerações seguintes os slogans da campanha desarmamentista. Do mesmo modo, a campanha contra a guerra do vietnam, ouvi alguma campanha contra a guerra na rússia, na china, nada, absolutamente nada, quer dizer, a população apoiava 100%, eu faço aqui nos Estados Unidos, foi boicote geral. Então, vocês não podem ter que ir vendendo um movimento culminante, que foi a famosa ofensiva do TET, onde apareceu na televisão aquela cena dos funcionários da embaixada fugindo pelo TET, tomando helicóptero, etc., etc. Isso foi apresentado a toda a nação americana, sobretudo pelo Walter Cronkite na televisão, que era o comentário mais famoso, como se fosse a derrota total das forças americanas ali em Saigon. Quando na verdade, hoje nós sabemos que nenhum único soldado vietnamiano entrou na embaixada, porque não todo na porta, ou seja, a batalha estava ganha, e claro que eles retiraram os funcionários civis, porque essa é a obrigação número um deles, pouco importa que vietnamiano vai perder, você vai ter que retirar os funcionários de qualquer jeito. Mas a ideia era de que o exército vietnamiano tinha tomado a cidade e tomado a embaixada, isso foi apresentado assim. E o presidente Lyndon Johnson viu aquilo e falou, o Cronkite me tirou a reeleição aí, e imediatamente então inicia as gestões de paz, que acabaram concedendo ao vietcong tudo que ele queria. E até hoje as pessoas acreditam que houve uma derrota militar das forças americanas, quando não houve nada. O exército vietcong depois dessa ofensiva estava totalmente destruído, não existia mais simplesmente, e na embaixada não entrou nenhum, todos que tentaram morrer na porta. Então na verdade foi uma vitória militar americana, mas foi uma vitória publicitária do vietcong, graças a tipos como Walter Cronkite e outros. Ou seja, você já tinha na atmosfera cultural toda uma preparação para isso, as pessoas estavam prontas para aceitar, mas é ver o similhança dessas versões, e isso tinha começado já na década de 40, enquanto estava lá o Morgan Town ensinando que só as ações dos estados e dos estadistas que o representam contam, estava lá o pessoal da escola de Franco, porque não tinha nenhuma conexão com serviço secreto nem com o governo soviético, ao contrário, eram mal vistos pelo governo soviético como dissidentes, como revisionistas, como eles chamavam, porque eles escapavam da ortodoxia marxista e choreavam e modificavam a coisa. Então, estes camaradas com uma ação puramente cultural estavam já preparando a atmosfera onde as ações do serviço secreto soviético, as ações chamadas medidas ativas, que não tem nada a ver com os pionários, penetração efetiva na sociedade inimiga, obtiam uma eficácia, um poder de penetração infinitamente maior do que tinha tido na década de 30. O senhor que deu na toda década de 30, o Partido Comunista sempre teve um eleitorado mínimo nos Estados Unidos, sempre foi um facaça eleitoral. E quando chegam na década de 60, as tesis propagandeadas pelo governo soviético a respeito da guerra do Vietnam, armamento atômico, etc. Entram assentos por praticamente toda a população americana como se não fosse nada. E o pessoal nem sabia que aquilo vinha do ano soviético, porque no local já havia toda a preparação cultural para isto. Então você vê, olha, quem fez isso? Não foi o serviço secreto soviético, foi esse pessoal nas universidades, sem conexão orgânica, nenhum, não eram sequer membros do Partido Comunista. Então é bom, é claro que existe aí algum outro fator que a doutrina Morgan-Tall não estava aprendendo. Um aspecto essencial da realidade política havia escapado portanto ao realismo de Morgan-Tall. Desde logo, o comunismo como o movimento político organizado em escala mundial antecedera de seis décadas a instauração do regime bolshervista na Rússia, são seis décadas, meu Deus do céu, não é? Ou seja, se o movimento já existia em escala mundial, era aquela altura antes da revolução de 17, já era o maior movimento político do mundo e daí foi a revolução bolshervista na Rússia. É claro que a Rússia imediatamente assume um papel central no movimento comunista, certo? Mas não se pode dizer como o movimento comunista dependesse da Rússia, porque ele já existia antes dela e, aliás, ele fez a revolução russa. A terceira e seis décadas a instauração do regime bolshervista na Rússia, que sem o apoio dele, não teria sobrevivido aos desafios dos seus primeiros anos. Você não pode esquecer que ontem, quando veio a revolução russa, veio em seguida a guerra civil, metade da Rússia estava contra, tinha exércitos formidáveis e havia algumas forças estrangeiras também, sobretudo inglesas, ajudando o chamado rússos brancos. Não eram muitos soldados estrangeiros, mas tinham uma certa quantidade. E sem o apoio internacional que recebeu não só do movimento comunista, nos Estados Unidos, na Europa Ocidental, etc., mas até de bilionários americanos. Eu posso dizer que, sob certo aspecto, a revolução russa foi um empreendimento americano, um senhor de ano americano que ele não teria acontecido jamais. Ou seja, sem esse apoio que recebeu do movimento comunista com o expôr toda a parte, o regime soviético não teria durado uma semana. Então, do ponto de vista do movimento comunista do Morgental não era, se não, um braço, um pseudópodo, por assim dizer, do governo soviético. Mas isso implicava esquecer primeiro o movimento comunista anteceder ao neo-soviético. Sextenta anos ele tornou possível e realizava a revolução soviética. E além disso, não foi ao neo-soviético que o cordenou desde o início a partir da revolução. Ao contrário, o movimento comunista tinha uma autonomia. Ele era o sustentáculo da revolução soviética e não ao contrário. Foi só a partir de Stalin, quando Stalin lança o Cominterno. O Cominterno acho que foi de 1922, ou 1922. E evidentemente, o Cominterno, depois de ser lançado, ele não adquire sua plena força imediatamente, ele dá, leva uma década para se organizar. Então, nós podemos dizer que o movimento comunista internacional, ele se torna um braço do neo-soviético a partir de 1930. Mas antes ele era outra coisa. Ele era uma força autônoma por si mesmo, capaz de fazer uma revolução no neo-soviético e sustentá-la com apoio mundial. Em segundo lugar, no momento mesmo em que a doutrina Morgental se espalhava entre os acadêmicos e os analistas políticos, os intelectuais da Escola de Frankfurt, transplantados aos Estados Unidos, estavam demonstrando na prática as imensas possibilidades de um movimento comunista mais flexível doutrinariamente, separado de toda ortodoxia soviética, e menos dependendo do comando soviético. Mas nem por isso menos solidário com a estratégia antamericana do neo-soviético. Então, enquanto a ação comunista nos Estados Unidos consistia exatamente naquilo que o Morgental imaginava, ou seja, um pseudópodo da união soviética, não teve a menor eficiência. Foi só quando a Escola, o pessoal da Escola de Frankfurt nas universidades criou um outro movimento comunista informal, não ligado à ortodoxia soviética, totalmente independente do neo-soviético, que o ambiente se tornou propício, a amação soviética muito mais eficiente mais tarde. Então, isso quer dizer, esses comunistas informais conseguiram aquilo que os agentes soviéticos não tinham conseguido, conseguiram popularizar as teses comunistas, que se impregnaram na cultura americana de tal maneira que mais tarde permitiu a ascensão de tipos como o Hillary Clinton, o Hillary Clinton, Barack Obama, etc. Nas condições mais inverossíveis possíveis, etc. E consolidaram toda esta mentalidade politicamente correta, que é a invenção da Escola de Frankfurt, então sendo a moral dominante nos Estados Unidos. Quer dizer, é um sucesso espetacular e sobretudo não foi obtido pelos agentes soviéticos e sim pelo pessoal da Escola de Frankfurt. Claro que os agentes soviéticos tiraram proveito disso e tiraram muito proveito, mas eles por si não conseguiram fazer. Foram intelectuais e independentes que fizeram isso. Aqueles que criaram a New Left e o principal orgulho da New Left era não ser dependente da união soviética. Em muitos casos, até o estilo da governo soviética. Isso se apresentava como uma alternativa, um comunismo mais democrático, mais humano, mais intelectualizado, sobretudo, mais sofisticado. Em terceiro lugar, mas disso o morgental não podia saber na época, o crescimento mundial do movimento comunista e pro-comunista na década que seguiu a queda do Estado soviético. Fenômeno que Jean-François Revereu já descreditia em detalhes no ano 2000, seis anos antes de Castaneda nociais para a teoria do populismo, trouxe a prova cabal de que, se sob certos aspectos esse movimento constituir um instrumento da política exterior soviética, ele não se reduzia a isso de maneira alguma, mas conservava um tremendo poder de iniciativa autônoma e autroorganização. Qual o ponto cego da teoria morgental? Por exemplo, por que morgental, que era um homem tão esperto, tão inteligente e que se considerava um realista e oposição idealista, não viu essa coisa óbvia? Ele falou, olha, existe o nosso soviético, existe os agentes soviéticos, mas existe um outro trem que tinha um movimento comunista internacional que já existia antes e que é capaz de desenvolvimento totalmente independente, além das ordens que veio de Moscou. Como é que ele não percebeu isso? De uma ansiede opor se a visão idealista, ela só enxergava dois fatores em ação no tabuleiro político, de um lado, ideias e ideologias, de outro, interesse material, poder no assisto dos estados. De um lado, você tem as ideias, que eu não fui uma coisa totalmente extraita, um fator puramente espiritual, por assim dizer, e material, e do outro lado, o fator material, bruto, quer dizer, os exércitos, a força armada, quer dizer, o poder nacional dos estados, no meio não havia nada. Ao enfatizar esse último aspecto, quer dizer, o poder material em detrimento do primeiro, isso é, das ideias, ela se dispensava de perguntar se não havia um terceiro fator mais decisivo que ambos. Olha, quantos fatores existe? Esse fator chama-se o movimento comunista. Você vê aqui, se você ler os livros de Dostoevsky, você vê que esse movimento, antes de sequer dele ter alguma unidade ideológica, ou seja, em uma época, digamos, de 1860, por aí, quando se misturava ideias comunistas com anarquistas com projetos messiânicos, tudo está misturado na cabeça dos russos, esse movimento já tinha consciência da sua unidade e todas as pessoas que participavam dele tinham um certo senso de solidariedade, fraternidade, por assim dizer. E como se chamava isso? O próprio Dostoevsky, diz, chamava-se o movimento. Não era um movimento comunista, não era um movimento anarquista, era o movimento. Eu acho que Dostoevsky pegou bem o espírita da coisa, mas, tântonos, vamos ver, a importância desse conceito do movimento sem qualquer definição a mais, sem qualquer detalhamento a mais. Aí eu vou ter que lembrar a vocês, uma série de três artigos que eu publiquei entre dezembro de 2003 e janeiro de 2004, no Ronaldo Tarte, sobre o tema do marxismo como cultura. Então, por um lado você tem uma unidade doutrina ideal, que é doutrina marxista, está expressado, formalmente, nos manuais de marxismo, Leninismo da Academia de Ciência da Não Soviética, especialmente aquele escrito pelo famoso Otto Kuzinan, que era o doutrinário oficial do regime soviético na era de Stalin. Eu praticamente decorei esta porcaria quando eu tinha 18, 19 anos. E por outro lado, você tinha a organização material dos estados que não tinha absolutamente nada a ver com a teoria marxista, por exemplo, a estrutura de um exército, era mesmo, não se vieram, que nos Estados Unidos, na Alemanha, as cadeias de comando eram as mesmas, os tipos de armas eram os mesmos, o treinamento era mais ou menos o mesmo. Qual é a diferença, vamos dizer, entre o treinamento de um soldado marxista e de um soldado nazista, tem diferença alguma, você viu mesmo exatamente. Então, toda essa estrutura de poder material era para o morgental o fator decisivo, e as ideias não importavam, mas quais que é que sejam as ideias? Na hora H, o que interessa será defender o poder material dos estados e os estadistas agirão realisticamente em função desse interesse, em vez de nublar e melar tudo com as suas ideologias. Em parte, ele tinha razão, isso de fato aconteceu várias vezes, mas presta atenção, de um lado você tem as ideias, do outro lado você tem o fato material, e no meio você não tem nada. Então, você não está o que que conecta uma coisa com a outra. Daí eu me lembrei de uma coisa que eu tinha lido no livro do Joseph Conrad Under Western Eyes, antes dos olhos do ocidente, que é um romance, vamos dizer, dos revolucionários russos, no época anterior ao comunismo, não é porque está tudo misturado, anarquismo, comunismo, messianismo, etc. Agora eu perdi aqui a parte das raios.hape, touringaj apprentice. Però套a. Isso é um chatting. Não, não é essa farna, não é essa farna. Está marcando o pedaço que eu estava lendo agora mesmo, mas esta coisa é... Tá, achei. Tá, tá a cajilar. Então, aqui o narrador, que é o próprio Conrad, evidentemente, um alter-égo do próprio Conrad, se apresenta como um inocente professor de línguas vivendo em Gênebra Suíça, uma taxa de exilado russo no tempo do tsarismo, hein. Conhece lá uma senhora e sua filha, que são a mãe e a irmã de um terrorista russo, que já tinha morrido a essa altura e elas não sabiam que tinha morrido. Em uma das conversas que ele tem com a moça, com uma pessoa muito sensível, muito inteligente, ele, depois de ter confessado que ele não entende absolutamente nada da mentalidade russa, ele não entende a violência do russo e nem as suas absurdas pretensões de santidade. Eu quero que você pergunta a Moçim. Ideias antagonísticas, será que podem ser reconciliadas mais facilmente? É que as ideias são um pouco incompatíveis, mas por meio de uma ação violenta e do sangue, elas podem formar uma espécie de unidade. É evidentemente uma unidade que não se dá no plano das ideias, mas tem algum outro plano de realidade. Ele diz que para mim isso é inconcebível, mas era exatamente o que estava acontecendo na Rússia. Quando você vê que no dia seguinte, os revolucionais começam a se matar uns aos outros, você vê que a violência e o sangue da revolução foram o fator que cimentou essas ideias antagonísticas de uma aparente unidade. Ele diz que ele é um inglês, um cara imbuído da mentalidade racional, científica, experimentalista, etc. Ele diz que isso para mim é inconcebível. Daí ela responde, tudo é inconcebível, o mundo todo é inconcebível à estrita lógica das ideias e no entanto o mundo existe para os nossos sentidos e nós existimos nele. Deve haver uma necessidade superior às nossas concepções. Nós russos encontraremos uma forma melhor de liberdade nacional do que um conflito artificial de partidos, o qual é errado porque é um conflito e é desprezível porque é artificial. Vai caber aos russos encontrar uma coisa melhor. Você vê que tem um conflito de culturas. Para a cultura russa você pegar um monte de ideias antagônicas e cimentá-las numa unidade, numa unidade do mar são sangrenta. É uma coisa inteira natural, mas por inglês isso é totalmente inconcebível porque é uma contradição lógica. Então ela diz, se nós seguimos a pura lógica das ideias, tudo se torna inconcebível. E no entanto o mundo físico, o mundo dos sentidos existe. Só que ele nos impõe coisas que não cabem na nossa lógica. A que que isso nos remete? Nos remete ao tema anterior do curso. Você vê que para o canto só existe duas coisas. Existe a ordem da razão, que é tudo que nós conhecemos. E existe do outro lado o mundo material incognoscível, do qual nós só conhecemos as aparências fenômenicas, mas nós não sabemos o que existe por trás deles, a coisa em si. Então, vamos dizer, existe uma materialidade absurda por um lado, inapriensível, incognoscível. E por outro lado existe a ordem da razão, não tem mais nada no meio. Então, esta ideia ela penetrou profundamente no meio anglo saxônico, sobretudo através da sua versão positivista. Quer dizer, tudo aquilo que não é experiência matematizável, portanto que não é pura materialidade, mas é materialidade matematizada, portanto, submetida aos cânomes da razão, tudo que não é isso é remetida ao campo do irracional e do incognoscível. Então, é mais ou menos como se o canto disse, essa razão só se conhece a si mesmo. Do mundo exterior, ela só conhece o que ela projetou nele. E o que que tem por trás disso? O que que é o mundo material por trás disso? Jamais saberemos. Então, nessa perspectiva, foi perdida completamente a concepção antiga, que era a de Aristóteles, informalmente a de Platão e também a de todos os Colássicos, da razão como um processo natural que emana do próprio mundo dos sentidos. Digo que para Aristóteles, pelo menos até que eu cheguei a conversa no populismo, eu tenho que voltar lá para o Platão. Se não você não tem nada, não bom, não bom. Para Aristóteles, os entes materiais, eles se apresentam a você com uma forma. Quer dizer, a forma não é indiferente aquilo que eles são. Aqui tem uma panela e ali tem um gato. Como é que vocês sabem que eles não são a mesma coisa? É porque eles têm uma forma diferente. A forma não quer dizer só a aparência física, quer dizer que a sua estrutura interna é diferente. Portanto, o seu modo de funcionamento. Você pode dizer que o que era Aristóteles, se chama de forma, é como se fosse o algoritmo da coisa. Hoje que nós temos a ciência da topologia, por exemplo, nós somos até capazes de equacionar isso matematicamente. Fazer a forma da panela, a forma do gato. Um momento, pausa para o café. Então, água. Não acho que ainda tem um pouquinho aqui, mas não estou precisando. Tem água e tem café. Quer dizer, para Aristóteles, essa fórmula representa a essência. Isso é aquilo que aquela substância é, aquilo que aquele ente é. A forma do gato é o que o gato é, por isso mesmo ele é diferente de uma panela, que tem a forma do que a panela é. Esse é esse quid. Essa essência está dada na forma, essa forma é acessível aos sentidos. Nós a aprendemos e dali nós obtemos por um processo de abstração, a definição da essência do que aquela coisa é. Em cima dessa definição entra o trabalho próprio da razão que não consiste senão, em tirar consequências daquilo que já está dado na própria definição, ou seja, na própria essência. Já decoutar o trabalho da razão é muito próximo do trabalho dos sentidos. Ela não passa de um refinamento dos sentidos. Baseado naquilo que já está dado na definição e que está evidente na forma. Isso quer dizer, a razão não é uma função totalmente estranha aos sentidos, mas é algo que provém dos próprios sentidos por um processo chamado abstração, que é abstração de separação. Se a razão fosse totalmente heterogênea em relação aos sentidos, não seria possível o processo da abstração, porque da onde você vai abstrair os conceitos do próprio material sensível. Então, a famosa regra, que, aliás, não são palavras testuais, da Aristótia, que está ao lado dos Ecolás, como é que traduz o que ele está dizendo? Nada está na inteligência que, primeiro, não estera nos sentidos. Então, não existem duas funções heterogêneas, aqui o sentido e ali a razão. Mas, quando o Kant diz, pelos sentidos nós só aprendemos aparenças fenomênicas e não temos ideia do que as coisas efetivamente são, ou seja, isso é exatamente o contrário do que a Aristótia está dizendo. Ele está dizendo a primeira coisa que nós aprendemos nos objetos dos sentidos é o que eles são. A essência está dada aonde? Não, é um negócio misturado, é dada na forma. Quer dizer, eu vejo um gato, ele tem a forma de gato, eu sei que é um gato. O Kant diz ao contrário, eu só pego uma aparência fenomênica de gato, pois eu não sei qual é a essência dele, não sei o que ele é. Então, claro que por esta hipótese, a forma dos objetos se torna absolutamente incomprensível, gratuita. Quer dizer, isto aqui tem a aparência de um gato, mas pode ser um elefante no mundo da coisa em si, talvez seja um elefante, e o menos talvez seja um elefante. Quer dizer, é uma premissa absolutamente gratuita do Kant porque os fenômenos não traduzem a essência do que mais então, porque eles existem? Da onde eles surgem? É com a coisa de uma gratuidade total. Acontece que esta ideia de Gilico, do Kant, se impregnou em toda a cultura acidental, e especialmente no mundo anglo-saxônico, certo? Portanto, a razão passa a ser um processo autônomo. E o mundo de sentidos é um enigma. Só podemos conhecer dele aquilo que é a razão, própria razão, projetou nele. Daí que o Kant conclui que a ciência se coloca perante o mundo da natureza, o mundo material, não como um observador que espera para ver o que a natureza diz, mas como um juiz, um policial que interroga essa natureza e obriga a responder as perguntas que ele quer. Portanto, você só sabe da natureza que você projetou nela. Eu só tenho as respostas, as perguntas que eu mesmo fiz. A natureza por si não me diz nada. Então, daí é a famosa regra do Kant de que o método cria o objeto. Ou seja, o método da estrutura interna de uma ciência, a racionalidade intrisca dessa ciência, ela então se projeta sobre a natureza que em si mesmo é incognoscível, e ela constitui livremente o seu objeto. Quer dizer, claro, aproveitando dados que recebeu de fora, mas em fates ou Kant esses dados do sentido são sempre caóticos. A forma deles é dada pela nossa razão, não é isso? Quer uma coisa final, não precisamos discutir agora, mas que é outra estupidez monumental. Então, o que está fazendo o Morgan Tau aqui? Pegando a metodologia de sua ciência, qual é a raciência de relações internacionais? Do ponto de vista das relações internacionais, a regra do Morgan Tau é perfeitamente válida, porque as relações internacionais, tudo o que? As relações entre os estados. E qual é o fenômeno decisivo nas relações entre os estados? Os interesses internacionais representados foram os respectivos estadistas. Mas o que é isso? Isso é a autodefinição da ciência das relações internacionais. Então, a definição desta ciência, a autodefinição desta ciência, define por sua vez o seu objeto. Se existem outros aspectos que estão fora da alça desta ciência, danem-se. Você vê o desastre que foi, vamos dizer, a ruptura do idealismo alemão com a filosofia antiga, da Aristótica. Eles perdeu a continuidade do mundo dos sentidos para o mundo da razão, e eles se tornam então heterogênios e incomunicáveis. É evidente que, por exemplo, o estudo das culturas não faz parte das ciências das relações internacionais. Isso é problema por antropólogos, sociólogos, historiadores das ideias, o que você queira. Não é da nossa conta. Então, as ciências das relações internacionais constituem o seu objeto, e ele passa a ser o que ela decidiu que é. Outros fatores que estejam, por exemplo, não são da conta desta ciência. O que é que isto aqui é uma herança canteana maldita. Isto impediu o morgental de perceber que, além das ideias que ele achava irrelevantes e da força material de interesse material ao estado, poderia haver um terceiro fator mais poderoso do que ambos, um terceiro fator que os criava e definia, que era justamente o que? O movimento comunista como cultura. Ora, se o movimento comunista consistisse apenas de ideias e ideologias, então seria a coisa mais fácil. Você discutindo ideias e ideologias, convencer no sujeito a deixar de ser comunista na hora que você provasse. Que é que as ideias são autocontradiitoras ou absurdas, etc. E nós sabemos que não é assim. Nós sabemos que muito mais do que uma crença, a condição de comunista, o próprio comunista, socialista, etc. é uma condição existencial, que o respeito reveste, é uma estrutura de personalidade, que ele não pode desvestir como este, pode se livrar como quem se leva de uma ideia. Quer dizer, para ele abandonar aquele exército, precisa abandonar ele mesmo. Então, aí eu me reportaria esses artigos que eu escrevi em 2013 e 2004, que até hoje parece que está difícil da pessoa entender. Depois, investigando durante décadas a natureza do marxismo, acabei concluindo que ele não é só uma teoria, uma ideologia, ou um movimento político, ou seja, duas faturas do morgental. É uma cultura no sentido antropológico, um universo inteiro de crenças, símbolos, valores, instituições, poderes formais e informais, regras e condutas, padrões de discurso, hábitos conscientes e inconscientes, tem modos de dizer, modos de olhar, caretas que as pessoas fazem, meu Deus, toda uma comunicação não verbal. Ou seja, é uma coisa que tem uma força de penetração, enorme dentro das consciências. Então, mesmo com o sujeito, por exemplo, se você pega uma sorte que é musulman e você o convence a abandonar o islam, ele abandona ele, vira cristão, vai na igreja, 30 anos depois, ele ainda manterá vários hábitos materiais pequenos, que são transmitidos junto com a religião islâmica. Por exemplo, você tem que entrar com o pé direito nas casas, isso é noisão, é uma regra formal, vai para do adab, adab é o quê? Regas de conduta do profeta. Se você vai vestir uma roupa, você tem que vestir primeiro lá direito, calção, sapato, primeiro sapato, direito. Quando você faz cocô, não basta você usar o papel higiênico, você tem que lavar o seu distinto bumbum. Isso é regra, no islam. Ou seja, o ismusulman passa 30 anos e ele é cumprista essas coisas. O que faz parte do quê? Da cultura islâmica, não da doutrina formal. O islam tem essa característica, que ele tem a doutrina formal, que está tirada do corão, e tem as regas de cultura que estão registradas nos raditos, que são os ditos e feitos do profeta. Existe 40 mil raditos, ou seja, quanto tempo leva para o conego assimilar o islam? Ele aprendeu cinco pilares, assim correga o fundamental, ele lê um pouco do corão, pronto, está lá, ele adere. Mas para ele se impregnar da cultura islâmica, ou seja, virar um musulmano de verdade, eles calculam em 28 anos, porque foi o tempo que Malmé levou para receber a revelação inteira. Durante esses 28 anos, você vai aprender a se vestir com Malmé, para você ter que pegar comida com a mão direita, com três dedos. Você verá uma multidão de... Você não pode pegar com a mão esquerda, nem com quatro dedos, nem com a mão inteira. Você verá uma multidão de esmos humanos fazendo isso 30 anos depois de estar largado o islam. Ou seja, é mais fácil você abandonar a doutrina, ou abandonar uma cultura. Você, por argumentos, você pode convencer o suéto a largar uma teoria. Mas você não pode convencer um índio do Xingu de que ele é um cidadão sueco, nem convencer o sueco de que ele é um japonês. Por mais que ele tente, vai levar muito tempo para ele se adaptar, e quando ele se adaptar, ele não será um japonês, ele será um ex sueco que tentou vir a japonês. Todos nós sabemos, vamos dizer que o imigrante, por mais que ele se esforce, ele nunca se integra totalmente na cultura local. Porque essa cultura local não faz parte da sua biografia desde o início. Ela tem um data de início que é posterior. Então a primeira fase da sua existência continua presente do sujeito aqui, mas ele se lembra da sua infância na Ucrânia, na Itália, na Polônia, no Brasil, no Raco-Parta. Então o processo de assimilação dos indivíduos ao movimento comunista não é um processo de doutrinação, jamais. Eu suprimiria esta palavra 100%. Isto é uma visão superficial boboca, é um processo de aculturação. Ou seja, você vai conviver com novas pessoas, você vai falar de outras maneiras, você vai vestir de outras maneiras, você vai ter outros sentimentos. Tudo isto está ligado. Então, não é fácil tirar o sujeito dali. Ora, esta cultura já estava presente na Rússia 50 anos antes da Revolução Comunista. Todos os livros doutrinos documentam isso abundantemente. Então, uma doutrina por absurda que ela seja no seu conteúdo ela se apresenta como um sistema de ideias que pode ser defendido racionalmente e que tem argumentos. Mas não é uma cultura, não. Uma cultura não pode ser sequer toda formulada em palavras. Ela se constituiu amplamente de comunicação não verbal. Por exemplo, o tom com que as pessoas falam. Por exemplo, você percebe que entre esse pessoal de esquerda é a coisa mais natural do mundo. Quando você se defronta com um adversário, um partidário da, sei lá, um anticomunista qualquer você mostra nojo físico da pessoa. Para eles é natural. Eles podem até falar não, nós temos que dialogar etc. Não é cheio agora. Acontece como aconteceu essa semana com o Robert Denier, encontrou Schwarzenegger e disse assim, se você vai voltar no Trump não quero nada que saber com você, não fala com você. Então, desprezar ou adversar o ponto nojo físico é normal essa cultura. Não há comunicação possível. Ou seja, o debate é considerado, vamos dizer, uma extipição burguesa criada pelo artificialismo dos partidos, aqui, senhoras e senhores, é aqui no no livro do Conroto. Agora, no mundo comunista não tem partidos, só tem um. Você pode ter divergências dentro do partido, mas elas são resolvidas porque pela unidade da cultura. A unidade da cultura jamais é contestada, o valor da cultura jamais é contestado. Ou seja, e dentro dessa cultura, podem se desenvolver inúmeras versões ideológicas diferentes. Você vê aqui, diferentes interpretações do Marx, já existiu antes da revolução comunista e ela aparece na própria na própria no próprio movimento revolucionário de 17, menchevix e bolchevix. Depois mais tarde aparecem revisionistas, aparecem a Quarta Internacional, o Trotskyismo etc. Tudo isso faz parte do movimento. Ora, um estalinista não reconhece o Trotskyista como membro da mesma cultura, imediatamente, instantaneamente. Ou seja, ele pode até que ele fusilar o Trotskyista, mas o Trotskyista não é um tipo estranho para ele, ele entende o que o Trotskyista está falando. Ele pretende discutir com ele racionalmente até tirar essa ideia da cabeça dele. Mas esse diálogo todo, esse diálogo confronto existe dentro da cultura. Agora, se aparece um cara que é, sei lá, católico, tradicionalista, ou liberal, está certo, está fora da cultura. E não há o que compreender no discurso dele. Portanto, o debate não é possível. Então, tudo isso escapou a esta doutrina morgental por causa, do preconceito canteano de que a razão, portanto a autodefinição da ciência, cria o seu próprio objeto. De acordo com a sua própria racionalidade interna, e sem ter contas, sem prestar mais mínima atenção na natureza do objeto enquanto tal. Ou seja, aquilo que o morgental chama de realismo, é um idealismo canteano elevado a inésima potência. Ele acreditar que ele fosse realista, só porque ele se opunha ao que ele chamava de idealista, que é o que? As pessoas que levavam as ideias em consideração como fatores decisivos no curso da história, que ele achava que não eram decisivos. Você ver com tudo isso, eu não cheguei ainda no ponto decisivo, que é o populismo. Eu vou ter que deixar isso para aula que vem. No próximo aula, em vez de voltar ao cante, nós vamos continuar isso aqui, onde eu vou discutir o próprio documento do Jorge Castanhedo que fazemos uma espécie de adaptação da doutrina morgental. Divido a esquerda latino-americana em duas. Existe a esquerda boazinha, que é democrática, moderna é certo? Racional que leva em conta, vamos dizer, a racionalidade superior da economia de mercado, etc. etc. Existe a esquerda malvada que é populista. Então, o populista coloca, por exemplo, o Fidel Castro. Mas curiosamente, ele vai colocar o Lula como protótipo da esquerda moderninha e democrática. Enquanto isso, o Lula estava fundando o Castanhedo, que veio em 2006, nessa altura o Forno de São Paulo tinha 16 anos. Ou seja, o indivíduo que ele mostrava como o protótipo, vou dizer, da esquerda moderninha, democrática etc. era o fundador do movimento comunista da nova fase do movimento comunista de teramênica, em perfeito acordo com o Fidel Castro que o Castanhedo considerava o protótipo do populismo populista, ou seja, do comunista antiquado, grosseiro, malvadinho etc. etc. Gente, ele publicou esse artigo Castanhedo, o que era artigo? Na Foreign Affairs, que é a revista do Council on Foreign Relations, que é o maior think tank dos Estados Unidos. Isso aí, subsidiado por bandebillionários, ou seja, a Foreign Affairs é o centro de discussão da elite da elite americana. E você ver até que ponto esses camaradas podem estar longe da realidade. Mais longe da realidade, mas criando uma espécie de segunda realidade que expressa o que? Não o que, as coisas, não o que está acontecendo realmente, não a realidade das coisas, mas a unidade desse grupo. É um símbolo da unidade desse grupo, um símbolo da unidade da elite globalista americana. Então, uma ideologia, evidentemente. Então, entendeu? Muito bem. Nós vamos parar por aqui e por hoje. Eu prometo voltar o Castanhedo na próxima aula. Mostrando como ela é uma continuação da Doutrina Morganta, uma adaptação da Doutrina Morganta. E depois conectando tudo isso, o que nós estávamos falando do idealismo alemão, que aliás já perceberam que ela é a conexão. E eu não vou responder perguntas hoje, porque eu ainda estou com essa gripe miserável e eu preciso parar de falar e eu preciso ficar quieto. É a melhor coisa que eu posso fazer o benefício da minha própria saúde. Então, vamos parar por aqui. Hoje não tem pergunta. Até semana que vem. Muito obrigado.