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Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Em aulas anteriores eu já mencionei e todo mundo sabe que o passo inaugural da filosofia moderna é o momento em que Descartes estabelece a certeza que o Iul tem de si mesmo como o fundamento de todo o conhecimento. Também eu já expliquei e está no meu livro Visões de Descartes que no curso da exposição da SIDE Descartes confunde o eu concreto, o biográfico pessoal com o conceito genérico do eu e atribuiam um as propriedades do outro e visiversam. Esta confusão que não foi percebida inicialmente ela se aprofundou ao longo do tempo provocando consequências que de fato se estende até hoje. Uma delas foi a seguinte, se o Iul é o fundamento de tudo e se ele tem a certeza imediata de si mesmo, então ele é a premissa fundante de todo o conhecimento e deve ser possível a esse eu extrair por assim dizer de si mesmo o sistema inteiro dos conhecimentos fundamentais sem precisar recorrer a experiência externa. Então esse foi o projeto do chamado racionalismo com espinosa, limes e que depois de um breve intervalo com canta retorna com Fischte e Regel. Então esta ideia é do sistema filosófico durante dois séculos essa ideia impera sobretudo o pensamento ocidental. A filosofia tem de ser no sistema, esse sistema tem de ser integralmente coerente e ele tem de expressar os determinantes fundamentais de toda a realidade possível sem precisar recorrer a experiência. É claro que ao mesmo tempo que se desenvolve essa corrente se desenvolve também uma corrente empirista que dizia exatamente o contrário que todo o conhecimento começa com a experiência pelos sentidos e que só a experiência dos sentidos é o juiz final de todos os conhecimentos e tudo aquilo que tem a pretensão a ser conhecimento. Então nós temos essa linhagem racionalista e a linguagem e a linhagem empirista mais ou menos em competição. O empirismo viria a triunfar no século 19, que é 3 séculos depois, mas durante um bom tempo o racionalismo é aqui em pera que domina todo o panorama. Essa chegava a dizer mesmo que o conhecimento por experiência não tem validade alguma, já que ele é de natureza puramente probabilística e jamais nos dá certeza de qualquer coisa. O observação que em si mesma é verdadeira. Se o conhecimento por experiência procede pelo que se chama de indução, quer dizer que de vários casos particulares você extrai uma regra geral, essa regra geral só tem valor probabilístico. Pelo fato de que todos os gatos que você viu até hoje meiam em vez de latir ou mugir, você conclui que provavelmente os demais gatos vão também mear e não mugir ou latir. Em geral essa conclusão funciona, mas ela nunca te dá a certeza absoluta, ou seja, nunca se pode acreditar piamente com o futuro e ser aí dentro do passado. Portanto, todo o conhecimento por experiência estará limitado ao círculo que ele mesmo definiu como o seu âmbito de investigação. E Spinoza achava que esse conhecimento em si não tinha valor nenhum, ele tinha um valor muito secundário, derivado, o maior um de acidental, e que o essencial poderia ser obtido por uma construção puramente dedutiva a partir de algumas premissas dadas como evidentes. Então você tinha um sistema geométrico como uma série de teoremas que demonstraram, então, segundo Spinoza, a estrutura fundamental da realidade, por mera análise de conceitos. O Lávium faz mais ou menos a mesma coisa, claro que o sistema de lávis é muito mais rico, muito mais flexível que o de Spinoza e é evidente que o Lávium, que era pessoalmente um cientista muito dedicado, jamais desprezou o conhecimento por experiência, embora sendo um racionalista, em teoria não era tão racionalista assim na prática. E depois de algum tempo, esse tipo de filosofia entra numa crise, sobretudo por causa do exame que foi feito por David Hume. David Hume coloca toda a tradição filosófica sob um exame crítico muito feroz, na verdade, exigindo coerência lógica até o fim, ele chega a conclusão de que, por exemplo, o princípio de causa e efeito que seria essencial em todas as ciências, tanto no sistema racionalista quanto no sistema imperialista, não faz sentido nenhum porque nós nunca vemos uma causa. Causa não é um dado de experiência, causa é uma conexão mental que nós fazemos entre duas coisas. Ele dá o exemplo da bola de bilhá que bate na outra, eu vejo uma bola de bilhá rolando e eu vejo outra, não vi causa nenhuma. Essa análise dele não é das melhores, já demonstrei que isso aí está falso porque na verdade você não vê dois movimentos, você vê um só movimento contínuo, o movimento da segunda bola prosseguindo o da segunda e depois mentalmente você divide em dois movimentos. Então você sintetiza dois através de uma ideia de causa, ao contrário, você vê um movimento único e você mentalmente o analisa. Essa análise que ele faz não é das melhores, mas tem algumas que são terríveis. Ele disse, por exemplo, eu examinando o meu próprio conhecimento das coisas, eu vejo que eu tenho sensações e tenho ideias, só que me aparecem sensações, me aparecem ideias, mas eu não vejo nenhuma consciência atrás disso aí. Ou seja, a minha própria consciência não é objeto de experiência, é uma suposição que eu estou fazendo. E se não há consciência também não há, provavelmente não há nenhum eu atrás. Isso não quer dizer que David Kim não acreditava que eu houvesse consciência, ele acreditava sim, só que ele achava que isso não podia ser provado racionalmente. Dados da experiência milenar que nós aceitamos por uma espécie de confiabilidade nos testemunhos dos antepassados e não porque nós tenhamos disso uma prova científica. Então David Kim na verdade não era acético, coisa nenhuma, ele era acético com relação aos procedimentos racionais de conhecimento, mas ele aceitava a existência do mundo exterior, a existência do erro, etc. Tudo na base da confiança e do senso comum. Mas é claro que esses exames feitos por David Kim, eles derrubavam completamente qualquer pretensão de construção de um sistema universalmente válido. Então, embora Kim não fosse o cético, o efeito que a obra dele teve foi de espalhar os procedimentos do contralado e inspirou o nosso rechamado Kant. O seguinte problema era que ele tinha um prova que o conhecimento é impossível, mas a existência da física de Newton prova que o conhecimento é possível. Então os dois têm razão e nós temos aqui um problema que nós temos a verdade contraditória e para resolver isso ele criou todo o sistema das chamadas críticas, a crítica é razão pura, a crítica é razão parática, a crítica é do juiz, etc. O que ele mesmo chamou da filosofia crítica por oposição ao que seria a filosofia dogmática. Aqui é a filosofia dogmática, a filosofia afirmativa que pretende expor a realidade do mundo em tesis. E a filosofia crítica, ao contrário, em vez dela sair afirmando coisas sobre o mundo, ela se voltava sobre si mesma e examinava o processo do criticamento, o processo do conhecimento humano. Então ele dizia, ó, você atacar diretamente os problemas da realidade sem você ter examinado criticamente o processo do conhecimento humano é uma ingenuidade. E por meio deste exame ele chegava à seguinte conclusão, tudo o que nós conhecemos absolutamente tudo depende de duas coisas, a estrutura da nossa percepção e a estrutura da nossa razão. Então, a estrutura da nossa percepção é os sentidos, eles têm a sua forma própria e eles são limitados. E as estruturas da nossa razão também são limitadas, só temos isto. Portanto, tudo o que nós conhecemos é o reflexo da nossa estrutura cognitiva, da estrutura do nosso aparato cognitivo e nós não somos capazes nem de imaginar alguma coisa que esteja fora disso. Então, por exemplo, tudo o que nós percebemos está limitado a um espaço e a um tempo, o que não quer dizer que só exista coisas no espaço e no tempo, mas o que estiver para lá do espaço e no tempo nunca vamos saber nada a respeito. E mesmo aquilo que está no espaço e no tempo, nós só conhecemos através deste filtro que é, por assim dizer, a nossa própria mente. Isso quer dizer o seguinte, com relação àquilo que é estero, não há nós, nunca temos certeza nenhuma. Todas as certezas que nós temos, advém do fato de que eu percebo as coisas de um jeito, o Zé Mané percebe de outra, a Mariazinha percebe de outra, e entre todos esses modos de perceber, existe uma coincidência, uma confluência. Então, essa confluência cria o quê? A confiabilidade da comunidade humana. Ou seja, se nós estamos errados com relação ao mundo exterior, nós estamos todos errados juntos e o fato é que jamais saberemos se estamos errados. Então, restaura, por assim dizer, a confiabilidade do conhecimento por baixo, por assim dizer. Então existe, na verdade, a Conselha de Comunidade Humana, o Conselho Central da Filosofia de Canto, a comunidade humana é praticamente só o que existe. Todos os seres humanos têm a mesma razão, têm a mesma estrutura e percepção e todos nós vemos as coisas mais ou menos do mesmo jeito. Portanto, há um acordo universal. Agora, quanto às coisas em si mesmas, as coisas consideradas independentemente do conhecimento que temos delas e, portanto, independentemente do nosso aparato cognitivo, nós nada sabemos. Porém, existem coisas que nós não podemos saber, mas que nós temos a obrigação de crer, porque se não acreditarmos nela, nós vamos baixar para um nível infromano. E uma dessas é para você ter que acreditar em Deus, você ter que acreditar no bem, você ter que acreditar na vida eterna, etc., etc., etc. Isso é chamado imperativo categórico. Quer dizer, é uma coisa que você não sabe, mas que você tem de crer porque isso está na base da sua própria Constituição humana. Então você vê que é como se ele apagasse o mundo e em seguida o restaurácio como o reflexo da comunidade humana, do pensamento comum da sociedade humana. É claro que isso criou problemas terríveis, quer dizer, por um lado tudo virou subjetivo, mas esse subjetivo passa a ter uma validade, um objetivo, porque é universal. Então, é como se você se disse assim da seguinte maneira, nós não conhecemos a verdade, mas conhecemos a universalidade, e a universalidade quer dizer que todos nós pensamos igual, sobre esse ponto. Então, é evidente, começa a surgir aí a ideia de reconstruir o universo cognitivo, a partir dessas descobertas ou invenções do canto. Eu acho que ele não descobriu nada, para mim é tudo isso, é invencionista. Mas acharam que ele descobriu e que, portanto, era preciso reconstruir a ideia do conhecimento objetivo verdadeiro, a partir destas verificações do canto. Uma das primeiras tentativas é a do Yohan Gotlib Fisht, que diz o seguinte, segundo toda a tradição que vem de Descartes à Cante, a única certeza é o eu. Então, o ai, por que vamos continuar com a estrela de si uma coisa subjetiva? Na verdade, ele é a realidade. Da série de tudo o que existe, são diferentes aspectos assumidos pelos estados do eu. Então, longe desse eu ser uma prisão subjetiva, ele é o fundamento da, não só do conhecimento, como dizer, mas é o fundamento da própria realidade. Depois que Fisht disse isso, apareceu o Regal, e o Regal disse, olha, então é o seguinte, na verdade, partindo disso, dá para reconstruir todo o universo do conhecimento e dá para construir um novo sistema racionalista, que já leva em conta as objeções do Ryume e as verificações do canto. E como é que nós fazemos isso? Nós temos que levar o nosso conhecimento até o nível do puro conceito. E quando obtemos conceitos suficientemente universais, não dele, nós deduzimos o resto. Mas como funciona esse conceito? Por exemplo, se você pegar o conceito do absoluto, o absoluto incondicionado, bom, nós temos essa noção do absoluto e do incondicionado. Porém, como funciona este absoluto? Se nada existe fora dele, o absoluto é a totalidade e nada existe fora dele. Então evidentemente ele não se conhece como tal, então ele é uma vasta inconsciência. Mais do que isso, ele diz que se você considerar isso como o ser, ele vai dizer que o ser considerado de maneira abstracto, universal e indeterminada, é a mesma coisa que o nada. Porque não há nada fora dele, então ele não tem como se distinguir, então não dá para dizer o que ele é. Nós só podemos dizer uma coisa que se distingue da outra. Então ele diz o seguinte, este absoluto, então ele vai se autoconstituir não pela sua mera presença, quer dizer, identificar o nada, mas pela sua autonegação. Ele vai criar um não absoluto, um não eu, um não ser, pelo qual ele se definirá. E o processo desta autonegação do ser, que vai ser através de uma série de negações, será o universo inteiro. Então o universo inteiro é um conjunto de negações e afirmações do absoluto no curso do tempo. Cada nova negação do absoluto que aparece, ela se nega por sua vez a si mesma e é substituída por uma outra e outra e outra. Um exemplo disso, por exemplo, são os seres mortais. O que define o ser mortal é a sua mortalidade, portanto na hora que nasce ele já está morto, ele já traz a semente da sua morte em si. E o parêntese, essa observação, isso é um erro de lógica absolutamente monstruoso, porque o que define os seres mortais não é a mortalidade de jeito nenhum, é o fato de que são vivos. Se já nascessem mortos, eles simplesmente não existiriam. Então a mortalidade não é a forma da sua existência, mas a forma da sua supressão. Então, o regoi está invertendo a coisa. A mortalidade não é a forma da existência do ser mortal, mas é a limitação da sua existência. Só que para reguel, a sua altura, como o próprio absoluto se define pela sua negação, muito mais o ser mortal. O ser mortal se define pela sua mortalidade e pelo fato de que ele já traz a morte no instante em que nasce. E a sucessão de todas essas negações, autonegações, reis, reições e novas mortes, isso é o processo universal inteiro. Portanto a partir do conceito absoluto nós podemos deduzir o universo inteiro. Então isso aí, é claro, caiu como uma bomba, no meio filosófico alemão, numa época em que todo mundo que sabia ler acompanhava a discussão filosófica e como se fosse partir de futebol. E a impressão foi a seguinte, o regoi resolveu todos os problemas, acabou a filosofia. Não há mais nada do que dizer depois disso. E a gente ficou entusiasmada com isso. Os que mais tarde viriam a tirar outras conclusões complementando o reggae, como disse Calmar, virando de cabeça para baixo. Calmar conserva o mesmo critério do reggae, eu só queria dizer, este processo se dá não no conceito, não no desenvolvimento de um conceito, quer dizer, não é o conceito que vira a realidade, mas contrário, esse processo se dá na própria natureza material que é construída também da sua autonegação. Daí segue-se o marxista, que no meu ponto de vista não existe, não é um material imediatamente nenhum, mas isso não é o nosso assunto. E evidentemente houve gente que não gostasse da coisa do reggae, o reito na época que era em meu quarto achou que ele chamou isso de oniciência fácil, quer dizer, o reggae eu fiz, aí ele estava lá de dentro, expliquei tudo, acabou tudo agora, cala a boca. Embora não sabendo contestar o reggae, ele sabia que tinha algum treco errado no meio disso. E justamente, nessa altura, ele se lembrou do Schelling, Schelling é um jeito que começa com uma filosofia parecida com a do Fisch, quando era muito jovem, entre 18 e 20 anos, em uns raríssimos caras de precoçidade filosófica na história, entre 18 e 20 anos ele publica texto que faz um sucesso extraordinário, que ele dê uma fama de higênio, mas que em sustância não são muito diferentes da filosofia do Fisch. Mas Schelling era um jeito que sempre estava buscando novos temas e se abrindo para novas dificuldades, ficava um pouco difícil você dizer o que era realmente a filosofia do Schelling, porque ela estava mudando a todo momento. E ele teve alguns problemas pessoais, inclusive no casamento escandaloso, ele casou com a mulher divorçada, não éis amigo dele, ele até roubou a mulher do amigo, né, e casou com ela e foi ver aquilo, foi um escândalo, ele teve vários, vários problemas e ele durante décadas ficou quieto, não publicou nada, não falou mais nada, se retirou de um cantinho e ficou lá. Mas todo mundo sabia que ele continuava investigando, trabalhando e escrevendo, só não estava publicando. Então, o rei o chamou para Berlim, oferecendo o melhor emprego da filosofia alemã. Na época, é bom você saber, um professor de filosofia tinha um estatuto no alemã e dentro do ministro de Estado, quer dizer, era uma autoridade pública, não? Então, o rei percebeu que aquela ideia do reggaeu ia criar uma espécie de dogmatismo fanático muito, muito isso, perigoso, porque os reggaeuianos eram os caras que sabiam tudo e não há como se opor a eles, então, minha vontade é ler. Foi muito bem percebido isso aí, ele falou, bom, alguém tem que dar um jeito nisso e chamou o rei Schelling, então, a disparar uma série de objeções, não só contra o reggaeu, mas contra toda a tradição racionalista, como ele diz, pinosa, lábina, etc., que hoje nos parecem de uma lucidez absoluta e extraordinária, porque toda a filosofia que se desenvolveu depois confirma o que Schelling diz. De acordo com o reggaeu, a filosofia de reggaeu tinha chegado a sua culminação, você vê que a Aristótese, a filosofia começa com o espanto, quer dizer, com coisas que você não entende, que você está vendo, não entende. E o reggaeu disse, olha, a minha filosofia acabou com o espanto, não tem mais espanto, nós já sabendo tudo. Então, assim, ou você enterrar a filosofia junto com o reggaeu, ou você fazer alguma coisa completamente diferente. Então Schelling começa a formular objeções fantásticas, em primeiro lugar, ele disse o seguinte, olha, toda esta filosofia tem um problema, ela se apresenta como se esse conceito estivesse se expondo a si mesmo. E a autoexposição do conceito se identifica, por saber, com o próprio processo da realidade. Só que quem está fazendo isso não é o conceito, é um surreito chamado reggaeu. Então, tem um cidadão que mora na rua tal, no iro tal, e foi ele que inventou tudo isso. E na hora que ele está dizendo essas coisas, ele está esquecendo que foi ele que pensou, ele está fazendo de conta de que ele é o conceito universal e obviamente ele não é. Então tem algo errado, o que tem de errado é ter uma paralaxe cognitiva, que é um termo que Schelling não usa, fui eu que inventei, mas esse é um caso característico de paralaxe cognitivo, quer dizer, o indifíduo está criando um edifício, um imenso edifício ficcional e ele acredita que a própria realidade que está falando pela boca dele não é ele que está escrevendo. Então, aí acaba não havendo diferença entre a subjetividade de reggaeu e o próprio processo universal. Então, é como se o processo universal estivesse falando, já nem é pela boca de reggaeu, porque reggaeu não aparece em parte alguma, não tem um eu que escreveu aquele negócio, é coisa que parece que se escreveu a si mesma. Mas está do leve estraus, vai chamar isso de pensamento anônimo, é um pensamento que não tem autor e o Schelling fala um pensamento que não tem autor, não existe. Então, nós temos que começar por examinar isso aí, se dobe o seguinte, ponto de vista, a diferença do processo universal e a pessoa do seu reggaeu, não é isso? Mas ainda ele disse, reggaeu está descrevendo um processo lógico, quer dizer, o processo de auto desenvolvimento de um conceito e ele está dizendo que o universo material é isto, só que até agora não vi nada de material ali, você só está vendo o conceito, quer dizer, qual é a prova de que isto é o universo material? Na verdade ele virou as costas ao universo material e criou este universo ideal e depois diz que é o material porque ele me esqueceu do universo material. Agora, quando diz Schelling, quando examinamos o universo material, nós vemos que ele não pode de maneira alguma ser reduzido aos seus elementos lógicos, porque quando Deus criou o mundo, ele criou naquele mesmo instante a inteligibilidade do mundo, quer dizer, ele fez um mundo inteligível, não é isso? Mas isso não quer dizer que o próprio Deus seja inteligível nessas condições, quer dizer, a inteligibilidade faz parte do mundo criador, não da eternidade. A criação do universo é um ato livre de Deus, não porque ele precisava fazer, não porque ele tinha boas razões para fazer, mas porque ele quis fazer. Então, deste ato livre surge o mundo e a sua inteligibilidade e desta inteligibilidade faz parte da existência da razão humana, da qual faz parte a razão do seu regão. Então, o que o regra está fazendo é uma gigantesca metonímia, ele está tomando o seu pensamento como se fosse, não só o pensamento universal, mas o próprio universo. E Schelling dizia, isso aí chegaria a ser cômico se não fosse pelas consequências devastadoras que isso vai criar, quer dizer, ele já intervia todas as consequências devastadoras, que de fato vieram a ter através do marxismo e de outras escolas que se desenvolveram a partir daí. Você imagina no momento em que esta presunção de você ter a chave do desenvolvimento temporal do universo e da história se transformasse em ação política. Então você tem uma elitica que sabe tudo que tem a chave da natureza da história e que não adianta você se opor a ela. Então se você se opõe, é sinal, veja, os reguelianos na época dizem, só se opõe a nós pessoas de mente fraca. A presunção de oniciência dos caras chegava a esse ponto. Então chega esta mente fraca do Schelling que era 100 vezes mais inteligente do que ele, e faz essas observações e diz, olha, a ideia de um sistema que encerra dentro de esse universo é apenas uma projeção, é uma metonímia. Quer dizer, é um universo ficcional que um sujeito criou e depois ele esquece que foi aqui criou, é mais ou menos como o gato Félix, que se desenhava a si mesmo. Ou então quando alguém estava perseguindo ele pegava um borracho, se apagava, desaparecia, é um efeito desse tipo, ou uma escada do Escher, escada que começa e termina no seu próprio topo. Era um efeito desse tipo, é um defeito de visão, é uma paráquice cognitiva mesmo, é um deslocamento entre o eixo da construção intelectual e o eixo da experiência real. Então Schelling inverte o negócio do regalo 100%. Ele diz o seguinte, nenhuma filosofia tem por finalidade explicar o universo inteiro. Por que? Porque ela é uma manifestação da razão humana, a qual é uma manifestação da inteligibilidade real, a qual foi instaurada por Deus na criação do mundo. Nós não estamos fazendo nada mais do que prolongar, na medida da nossa capacidade, da nossa pequena expressão, um processo de inteligibilidade que já foi instaurado desde o começo dos tempos. É evidente que a razão de nenhum indivíduo poderá abarcar a inteligibilidade universal e que a própria inteligibilidade universal não poderá abarcar a totalidade do ser, porque ela foi instaurada por Deus, ela não abrange o próprio Deus. A não abrange, a libera não tem como a sua razão explicar um ato livre, um ato de pura vontade. Então qual é a função da filosofia? A função da filosofia não é abarcar o conjunto aprisionário numa construção, é refletir o que ele chamava a exuberância do ser, que nunca para de apresentar novidades e aspectos desconhecidos e assim por diante. Então esta é a função da filosofia e, note bem, a explicação que ele dá num certo momento no livro, o Fundamento da Filosofia Positiva, é idêntico ao que depois eu viria a dizer com a definição da filosofia como unidade do conhecimento e não unidade da consciência. Ele não usa esses termos, ele escreve isso de um maior um pouquinho mais complicado, mas no fundo é a mesma coisa. Então, ele não usa esses termos, ele não usa esses termos, ele não usa esses termos, ele não usa esses termos. Então, a mesma ideia orgânica dá a ideia de Schelling da natureza humana. Nós existimos enquanto indivíduos, é um continuo processo de autodiferenciação, no qual as possibilidades do futuro projetam-se de dentro da estática a realidade do passado e do presente. Ou seja, o passado e o presente já estão, por exemplo, em grávida de um futuro e nós estamos continuamente avançando isso aí. Como Schelling repetidamente enfatiza, a tarefa da vida, da educação e da cultura, é as suas libertárias de si mesma. Então, ser em cada momento você tem as estruturas criadas pelo passado e que estão vigentes do presente, mas você tem que dar um passo a mais e abarcar um pouco mais da exuberança do ser. Neste mesmo livro, Fundamento da Filosofia Positiva, Schelling diz o seguinte, o contexto destas conferências não é adequado para o típico livro texto. Ele não consiste de uma série de proposições acabadas que possam ser afirmadas individualmente. Seus resultados são gerados em um continue a mais sério progresso e movimento. Então isso de fato é a filosofia inteira do Schelling, é esse continue o movimento. E nesse movimento o que ele faz? Ele tenta abarcar o máximo do conhecimento disponível e dale uma forma unitária possível naquele momento. Esta forma será em seguida superada, abolida e substituída por outra. Mas este movimento, isto é a própria filosofia. Então, olha, isso aí é a unidade do conhecimento e a unidade do consciência e vice-versa. É exatamente o que ele está fazendo. Só que ninguém tinha pensado nisto nesses termos desde a antiguidade. Para Aristóteles, evidentemente que a filosofia era isto. A Aristóteles sempre estava buscando os interes de Aristóteles pelos fatos. É tanto, tanto, tanto que 80% dos escritos dele são escritos de ciência e não de filosofia. São coisas que ele está observando sobre a geografia, sobre a vida dos animais, sobre os meteórios, elementos de história, também as constituições dos países, os costumes, as leis, etc. Ele está continuamente absorvendo novos fatos que dissolvem a visão que ele tinha estrutural no passado e abrem para uma nova, que por sua vez será dissolvida e inserida, absorvida, superada numa outra. O verbo alemão auf reber, auf reber, abrange e supera. Quer dizer, não joga fora. Quer dizer, aquilo que parecia ser a verdade total agora é uma verdade parcial dentro de uma verdade mais ampla. E esse é o mecanismo essencial da filosofia. Você vê, isto tinha sido perdido de vista desde Descartes. Todos eles, Descartes, Pinoza, Limes, Wolf. E reggae, a ideia de fechar tudo e chegar no sistema definitivo. E o que que Schelling está afirmando nisso aí? O primado dos fatos sobre todas as teorias. A criação do mundo é um fato como é que começa o Gênesis. No princípio, Deus fez o céu e a terra. Não é que ele falou o céu e a terra. E aquilo que ele fala vira realidade na mesma hora. Ele faça-se a luz. Então, a luz não se encerra num número enunciado. De aquele negócio, tomada aqui, nós falamos com palavras, mas Deus fala com palavras e coisas. Então, o verbo divino, ele, se, para assim dizer, se transmute em realidades. São fatos, atos de Deus. Então, sempre o fato terá prioridade sobre todas as doutrinas. E isso aqui é o que gerou a discussão com as doutrinas, que pensam que são os santinhos, os donos do dogma. Inclusive sobre a doutrina da igreja católica. Inclusive sobre a Bíblia inteira. As católicas já rus, protestantes também já rus. Inclusive sobre a Bíblia. Os atos de Deus têm prioridade absoluta sobre a Bíblia. Os fatos da ordem divina. E se você duvida, você me responde a seguinte pergunta. Quem veio primeiro? A criação do mundo ou a primeira edição do Gênesis? Quem veio primeiro? O que Deus fez? Ou o que Moisés escreveu a respeito do que Deus fez? Então, isso quer dizer que a Bíblia inteira não é se não registro às vezes tardio de fatos e atos da ordem divina, meu Deus do céu. Se não, a religião cristã inteirinha na versão católica ou protestante não passaria de uma estrutura verbal. O que seria, por exemplo, obrigatória? Todo mundo tem obrigação de acreditar nisso, mas não passaria de uma estrutura verbal. Se não tem por trás dela a materialidade do fato, então não é nada. É dizer, por que você tem que acreditar na resurreição do nosso Senhor Jesus Cristo? É porque a Bíblia diz o que aconteceu. É porque aconteceu, meu Deus do céu. E a Bíblia diz o que aconteceu. Então, a Bíblia tem a confiabilidade, o texto da Bíblia tem a confiabilidade da mensagem divina. Mas ela não tem em si a realidade do ato divino. O ato divino apresede. A cena em que Jesus se apresenta para os apóstolos, olha, aqui em Soil, aqui em Vigilho da Silva, e tal. E São Tomé não acredita que tocar a ferida, para saber se ele é ele mesmo. Este tocar a ferida, ele tocou materialmente com um dedo material, uma ferida material, meu Deus do céu. E isso aconteceu muito antes de que isso fosse relatado no Evangelho. Portanto, tem cara assim, acredita na Bíblia, não acredita em Deus. Isso, ele acredita só no que está escrito, de que não acredita em que Deus fez nada disso. Então você está submetendo Deus ao texto da Bíblia. Isso não é possível, isso é materialmente impossível. Isso é 100% ilógico. Ou então você está submetendo, vamos dizer, adógnas da igreja que foram proclamadas depois ainda. Se a igreja está proclamando de dogma, até hoje. Tudo foi proclamado, é uma colada de concepção, foi 1854. O Papa disse, a própria Maria foi concebida sem pecado. Bom, na igreja tem a gente que já acreditava isso desde o começo, e tem outros que nunca tinham pensado no assunto, e tem ainda outros que achavam que não. Você vê, o nosso Rui Barbosa, que era metido a Teólogo, ele foi contra esse dogma, ele era uma pretensão do grupo que chamava os velhos católicos. Aqui não eram tão velhos assim, porque a Imaculada de Conceição era uma coisa que já se falava desde o começo, só não tinha sido promulgada como dogma, então não era oficial. Em 1854 aquilo se torna oficial, a fila doutrina da igreja. Por que? Por que que acontece a Imaculada de Concepção? Porque o Papa disse, não, ao contrário, o Papa disse por que aconteceu? Portanto, a Imaculada de Concepção, como fato da ordem material, tem uma pretensão de prioridade enorme sobre a doutrina que o Papa promulga a respeito do mil ano depois. Tudo isso é de uma obviedade tão monstruosa, que o simples fato de que alguém discute mostra que o pensamento metonímico e a inversão reguiliana entrou na cabeça dos próprios cristãos. Eles estão pensando como regra, estão confundidos, o escrito com a realidade. E o Deus deles é um Deus de papel, feito só de doutrinas e dogmas e etc. Então, na verdade, as doutrinas só existem, porque Deus fez alguma coisa, orais. Então, você vê aqui, isso é um resultado da fraqueza humana. As doutrinas, os dogmas, as autoridades, a hierarquia toda. Bom, são criadas a partir de uma instituição divina, de uma ordem divina, evidentemente mais são criadas por pessoas, por seres humanos, e elas vêm investidas de uma autoridade. Agora, quem está por trás dessa autoridade? É um ato de Deus, meu Deus do céu. Na hora que Jesus Cristo manda no fundo da igreja, isso é um ato real que Ele fez. Isso não aconteceu só no texto do evangelho, aconteceu num lugar do espaço e do tempo. Ele estava lá com o Pedro e ele disse, olha, mas é assim, é assim, isso aconteceu, não aconteceu. Se não aconteceu, o evangelho está mentindo. E se aconteceu, o evangelho está dizendo a verdade, porque o evangelho está submetido a um fato anterior. Dá certo? Bom, tudo isso é óbvio, mas você veja aqui por que que teve que aparecer o Schelling para explicar essas coisas? Porque alguém tinha confundido a coisa muito bem confundida. E confundido de uma maneira muito engenhosa. Então engenhosa, que o Erick Verlandi disse, que toda obra de reggae é um ensaio de feitiçaria. Ele disse que isso é um feitiço, e, vamos dizer, muitas filosofias são realmente obras de feitiçaria, elas em feitiço hipnotizam o ser humano e o aprisionam dentro de um quadro conceptual do qual ele não consegue sair. Você ver a Gortegas, ele conta assim, ele diz o seguinte, eu fiquei preso 10 anos na jaula cantiana. As vezes elas são os retos de sair dela, mas a jaula cantiana ela está ainda, tem muita gente. Caindo, quando você pensa assim, o que que é a ideologia de gênero? É uma forma extrema de cantismo. Porque a identidade sexual do sujeito é uma criação cultural. Ele diz que ela não pode ser uma criação cultural, porque senão seria um sexo meramente mental. A sua mente não tem o poder de por si mesma e só com os seus próprios elementos geraram um desejo sexual. O desejo sexual tem que ser desejo de alguma coisa, a qual tem de existir na realidade. Quer dizer se o cara nascesse numa ilha, fica sozinho lá, nunca vi sua mulher, ele não ia poder inventar a mulher da cabeça dele. Então é claro que todo desejo sexual tem uma base natural anterior. A imaginação pode operar em cima disso e fazer as variações mais incríveis que você acabar achando com a tartaruga, tem um tremendo sexo apiúdo. Tudo isso pode acontecer. Mas isso está acontecendo na sua imaginação e só acontece porque? Porque tem uma base factual anterior que é possibilita. Ou seja, existe o corpo humano com a sua forma, com a sua diferençação sexuada e com os seus instintos e respectivos. O qual em seguida pode ser trabalhado pela imaginação, mas a imaginação não pode trabalhar o que não existe, o que ela nunca viu de maneira alguma. Quer dizer, a nossa imaginação está limitada também para a nossa percepção sensível. Na verdade, você fala até a imaginação criadora, é um pouco errado, a imaginação não cria, ela apenas mistura elementos. É o exemplo da proeristócia. Você fala assim, a montanha de ouro. Você pode inventar isso porque você viu a montanha e viu o ouro. Você combina e faz a montanha de ouro. Você pode fazer um dragão que é um lagarto que voa, que é você viu um lagarto e viu alguma coisa que voa. Daí você mistura e cria o dragão. Você viu coisas que soltam fogo, você viu um vulcão, por exemplo, então você pode inventar um dragão que solta fogo, e assim por exemplo. Ou seja, a nossa imaginação é combinatória e não criadora. As combinações são uma reunidade criadora, mas os elementos não. Então é claro que qualquer identidade sexual que você vem a inventar só pode ser inventada porque ela se fundamenta numa coisa anterior que não foi inventada de maneira alguma. Então nós chegamos ao absurdo de os caras e dizer que não, todas as identidades sexuais são estereótipos criados pela sociedade de impostos às próprias criancinhas. Então nós temos que abolir os estereótipos. Eu digo mais daí como é que vai ser dos travecos? Vocês não têm o estereótipo feminino para copiar, eles vão copiar o quê? Um hipopótamo? O cara não... Mulher não existe, é apenas um estereótipo. Então, e chega um absurdo de pretender que se um menino desenvolve identidade masculina, se tem um odioso estereoto que foi imposto na cabeça dele, mas se ele desenvolve uma identidade feminina, então é a pura natureza dele que está aparecendo. Como se ainda houvesse sentido em falar de natureza, depois que você diz que tudo é determinado culturalmente? Quer dizer, nós estamos chegando num ponto de burrice que não teria sido possível sem esta inversão, sem esta série de trocas do factual pelo mental que começa com o próprio Enel Descartes. Então nesse sentido, aqui você vê que o próprio Schelling tinha a razão quando ele disse que no começo da modernidade a filosofia caiu para um nível poeirio. Quer dizer, cometendo erros monstruosos que uns séculos antes, no tempo escolasco ninguém cometeria. A vantagem da filosofia moderna é que ela absorve novos conhecimentos que estamos surgindo das ciências, não só das ciências, mas das grandes navegações, de informações chegando para todo lado, uma espécie de integração planetária maior, um universo de facto imenso, mas é claro que com toda esta injeção de novidade, eles estavam fazendo confusões e essas confusões se prolongam até hoje. Você vê, foi por isso que a obra do Schelling, no século XIX, embora fosse muito aplaudida, não foi lida na verdade, não foi compreendida. Ninguém fez o esforço para compreender. Esse esforço começa só no século XX e os caras começam a ler e falam, ó raios, mas o que ele está dizendo, o que é filosofia, é exatamente o que nós já estamos fazendo. Nós não criamos mais sistemas universalmente explicativos, nós estamos continuamente absorvendo novos conhecimentos, criando estruturas unitárias provisoras que depois serão absorvidas em outras estruturas provisoras, como é próprio de todos os seres vivos. Os seres vivos estão continuamente, ou seja, desaparecendo e sendo absorvidos em novas estruturas e assim por diante. Então, eu vou parar essa aula por aqui mesmo, eu acho que já disse coisa suficiente, e eu vou confessar para vocês, eu estou com sono porque eu recebi a visita felicíssima do Jeffrey Nyquist, nós passamos a noite inteira trocando figurinha, eu dormi muito pouco cansado, então vou pedir até que vocês me dispensem das perguntas, inclusive terça-feira nós temos mais uma aula do curso Guerra Cultural que não está dando pouco trabalho, então eu vou pedir que vocês se contemem com o que eu expliquei até agora, e boa noite a todos até a terça-feira de hoje.