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Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Hoje eu queria tocar um tema que não me foi sugerido diretamente, mas que aparece de algumas sugestões. Eu só vi fazendo perguntas sobre a questão da mentalidade revolucionária e nós não podemos esquecer que, em geral, quem se mete a estudar a mentalidade revolucionária são qualquer dos seus aspectos e geralmente o faz desde o ponto de vista da democracia capitalista moderna. Então fica esta dualidade, você tem a democracia, você tem o socialismo, o comunismo, etc. E outras variantes menores como o fascismo. Só que o ar é o seguinte, que o ponto de vista da democracia moderna não é suficiente para abarcar o fenômeno da mentalidade revolucionária, porque uma boa parte da mentalidade revolucionária é produto dela mesmo. Eu já não posso esquecer que a história inteira da modernidade é um vasto processo revolucionário, que começa mais ou menos pelo século XVI e XVII e vai se prolongando, obviamente, com uma revolução religiosa, que é a reforma protestante, chamada Revolução científica do século XVI e XVII. Então tudo isso tem que ser reexaminado. Também é fato que os primeiros manifestações da mentalidade revolucionária, tal como apareceram na fase de Itaburguesa, no século XVIII, foram examinadas criticamente por inúmeros pensadores anti-iluministas, como por exemplo José F. de Mestre, de Bornau, de muitos outros. Originando, vamos dizer, uma espécie de tradição que aos poucos foi se consolidando e columina até no fascismo. Este ponto de vista também não é suficiente, pelo simples motivo, de que os anti-iluministas todos se beneficiam de liberdades criadas pelo iluminismo na fim das contas. E eu acho que a primeira condição de qualquer investigação séria é você saber onde você está no conjunto do quadro que você descreve. E assim, como se fosse um personagem de uma peça, sei lá, um dos personagens do Hamlet, você quer descrever a peça, mas você não sabe qual é o seu papel na peça. Então, evidentemente, todo o quadro fica deslocado e dá um efeito paraláctico se congretiva. E você vê isso em toda essa tradição anti-iluminista. Tanto que ela começa com a crítica da militaridade revolucionária, termina ela própria se transformando num dos movimentos revolucionários mais violentos do século XX. Mas, se você entra nesta discussão, já com base em valores que você assimilou e fazendo com o espírita de jogar, criticar, condenar, você não vai entender nada. Claro, todo mundo tem o direito de jogar e condenar o que ele quiser, mas primeiro ele tem de conhecer. Quer dizer, você tem que proceder nunca como advogado de uma das partes, mas como juiz. Então, você vai ter que transformar os discursos, o que faz o juiz? O juiz houve dois discursos retóricos das duas partes e os articula num discurso dialético, que chega a uma conclusão. A conclusão que não tem que ser cientificamente certa, mas tem que ser pelo menos razoável, da noção, do provável, do razoável, mais ou menos a mesma coisa. Então, em tudo o que nós examinamos, nós temos que fazer isso. É assimilar os argumentos das partes e articularmos dialeticamente para ver se a gente entende. E no fim, você dá uma sentença. Claro, você pode ser que uma parte tenha razão, que a outra tenha razão, que as duas têm razão, nenhuma tenha razão e a verdade seja uma coisa completamente diferente do que todos estão dizendo. Isso acontece também com muita frequência. Isso é um veneno da vida intelectual. Os valores nos quais você se baseia podem ser os mais altos e sacroscentos possíveis, podem ser os valores da santa grecatórica. Mas se você já vai olhar as coisas por esse prisma, você já está distorcendo tudo, porque você não vai entender o que o outro está falando. Não há possibilidade de você compreender sem você se identificar com a mente do cara, você permitir que pelo menos uma parte da sua mente seja igual a dele. Não precisa ser tudo, está certo? Então, realmente a necessidade no caso é de você se abrir completamente aos vários pontos de vista. Pelo simples fato de eles serem vários, você já vê que você não vai se contaminar de nenhum, porque você assimila um depois o outro, depois o outro, depois o outro, depois o outro. Você já vai se considerar a sua síntese do seu modo. Não aprendizado a filosofia, isso é absolutamente necessário. Quer dizer, quando Aristóteles diz que o começo de sua investigação filosófica é o repertório das opiniões dos sábios, isso já significa o seguinte, que a sua experiência direta do objeto não é suficiente, por mais que você o conheça, porque existem outros pontos de vista, outras perspectivas, outros lados pela coisa que pode ser observada e desde os quais aparecem aspectos que para você nem existe, você nem percebeu e jamais perceberia. Você vê que isso foi o grande problema do historiador David Irving. O David Irving todo mundo dizia, não, ele é nazista, não sei o que, ele é desonés, fala, eu não acho que ele seja nada disso, ele só tem um problema. Ele mesmo confessou, eu só leio documentos originais, eu não leio obras de historiadores, ele fala pronto, você não vai acertar nunca, sempre o que você diz vai aparecer distorcido, porque você só olha desde um ponto de vista, tem você aqui o documento ali, não tem um terceiro para dizer para você, olha, mas você não presta atenção nisso aqui, você não viu aquilo lá, então não adianta, então a lição do Aristóteles é imorredora, quer dizer, primeiro o repertório das opiniões dos sábios e você vai se aproximar do objeto através então de dezenas de óleos diferentes, não só dos seus dois, e com esse cruzamento de perspectivas o objeto vai adquirindo, por assim dizer, uma tridimensionalidade na sua frente, em vez de ser aquele negócio chapado, eu sempre comparo isso a um desenho para você dar a tridimensionalidade do objeto, sempre medilo desde várias direções, não só do ponto onde você está. Então, olha, fala no Aristóteles, fazemos um parêntese, acaba de sair na França esta edição, as obras completas de Aristóteles, organizado por um cidadão chamado Pierre Pellé-Rhin, a edição é maravilhosa, é a melhor que eu já vi, ela dá de 10 a 0 o Leonardo Jonathan Barnes, que é muito boa, que é quase uma edição padrão, dá de 10 a 0 nas obras na coleção de tradução do Gilles Tricot, que são em volumes separados, que durante muito tempo só o que havia a disposição do público é de língua francês, e nem se fala ela supera muito a edição espanyola, do Dr. Francisco Samaranchi, que não é uma edição, mas ela tem vários defeitos pequenos, defeitos de tradução aqui e ali, se você não tem acesso a outra, você compra a edição do Samaranchi, que é da editora Aguilar, ela vai funcionar do mesmo jeito, mas esta aqui é insuperável, o Jonathan Barnes eu acho um pouco difícil de ler, talvez porque o espírita da língua inglesa, vou dizer francamente, eu não acho a língua inglesa uma língua boa para a filosofia, a língua inglesa é uma língua altamente poética, tanto provavelmente a poesia da língua inglesa é maior e melhor do mundo, não há nada que se compare a isso, pela musicalidade, pela flexibilidade de você e formar inúmeros jogos de palavras, analogias etc. O pessoal imagina que eu contrato, no Brasil o pessoal tem uma ideia idiota dos americanos e pensa que os americanos só pensam em ciência e tecnologia etc. Você, aqui eu observei isso com as minhas crianças quando foram para a escola, a escola dava muito mais importância a linguagem do que a matemática, ciência etc. Inclusive você tinha não só que fazer inúmeros rezar ações, mas você tinha que falar em público, cada um ali tinha que virar um orador, daí eu notei outra coisa, quando os caras te mandavam uma propaganda de algum objeto, a propaganda era pelo menos 10 parâmetros de texto, os jones faz um vídeo para lançar um remédio e aparece ele falando do remédio durante duas horas, então eu falo, pô, essa americana tem um senso da linguagem que é um negócio extraordinário, quando você vê os diálogos de filme americanos eles são quase intraduzíveis de tão vivos que são, você para criar jogos de palavras similar em português é difícil, então a língua inglesa é muito sugestiva, mas ela nunca chega a ter essa clareza e essa definição que tem o grego que tem o latim, e se tem o latim então tem o português, o português é uma língua filosófica maravilhosa, talvez a melhor do mundo, e quem lê o Mario e o Ferreiro dos Santos vai perceber isso aí, quer dizer, ele consegue fazer um idioma tão claro quanto o latim medieval, latim escoláctico, isso aí não dá para você fazer inglês, não dá para fazer nem alemão, a história que só dá para filosofia alemão, eu digo não, só dá para você inventar a história da caroachinha alemão, para você acreditar em reggae, o Schopenhauer, o Nietzsche, só dá para ser alemão, porque o alemão também é uma língua poética, a poesia alemã é um negócio de você tirar o chapéu, de você ler Rilke, Hüderling, Goethe, oh meu Deus, é uma coisa grandiosa, mas é uma língua misteriosa, tem uma aura mágica em torno dela, eu pensei, é língua de fadas e doendes, tudo tem uma ressonância mitológica, agora eu acho que as línguas filosóficas, por exemplo, a seleção o grego, o latim e as línguas latinas modernas, por lugar isso, espanhol e francês, o Pellegrin aqui nesta tradução chega ao nível de clareza aqui, no inglês você não vai chegar, tá certo? E a introdução que ele faz, eu acho uma obra prima da prosa francesa, porque a prosa francesa estava sendo totalmente estragada pelo Jacques Derrida, Lacan, estava fazendo uma desgraça com a língua francês, transformando num treco absolutamente exotérico, impenetravel e bocorro, enfim das coisas, né? E aqui você vê o velho francês, claro, de date para uma adinha, tá? Então, beleza, então aqueles que quiserem estudar histórias, olha, vale a pena se dedicar, cinco anos da sua vida se lembrando disso aqui tudo, mas como eu disse numa nota no Facebook, se vale a pena passar cinco anos estudando Aristóteles vale com uma condição de que você não esteja estudando tudo isso para conhecer a filosofia de Aristóteles, porque eu vou dizer Aristóteles estava pouco se lixando para a filosofia de Aristóteles, eles estavam interessados nos objetos que eles estavam estudando e esses objetos eram, por exemplo, a vida dos animais, dos meteoros, a estrutura do estado, o processo da condição humana, a percepção, em suma, fenômenos da vida real, era nisso que ele estava interessado e não estava, vou construir aqui a filosofia de Aristóteles, né? Então, a filosofia de Aristóteles só existe para os professores, para Aristóteles existiu os objetos que ele estava estudando e o que está tentando compreender deles. Se você entra no estudo de Aristóteles, conhece o espírito, você vai ser amplamente recompensado, porque dificilmente você vai ver um autor tão criterioso na busca da objetividade, você não tem, dificilmente você encontra em Aristóteles uma opinião sobre qualquer coisa, 90% do que ele faz é descrição, é descrição do processo cognitivo, descrição da vida dos animais, os livros de Aristóteles sobre zoologia são uma maravilha, tem algumas daquelas descrições ainda são válidas até hoje, ele fez por levar a descrição da embriologia do gato que nunca foi superada até hoje, às vezes foi 2400 anos atrás, então se ver a atenção que o treino prestava, né? Porque enquanto os caras estão criando edifícios cognitivos nas nuvens, estava examinando o gato meu deus do céu, você vê a modesta, a humildade desse homem que era um verdadeiro buscador científico, então se você entra com esse espírito, não vou estudar filosofia de Aristóteles, você vai estudar as coisas das quais Aristóteles está falando, você vai ser recompensado, bom mas voltando aqui ao negócio, você vê que toda a cultura moderna surge de um ímpeto revolucionário, quer dizer de você romper com uma suposta nova ordem existente antes e você inaugurar uma nova era, a noção, vamos dizer, esse impulso da ruptura total aparece muito claramente em Descartes, em Bacon, tudo que se fez de ciência até agora, tudo besteira e eu vou começar tudo zero, os dois fazem isso, Descartes ainda faz alguma descoberta séria mas o Bacon não descobre nada, Bacon é o teórico da ciência que não praticou ciência nenhuma, não conhecia nenhuma e não tem a menor ideia do que os outros estavam estudando em matéria de ciência, quer dizer, ele viveu num dos tempos em que a ciência física mais progrediu no mundo e ele dizia que estava tudo paralisado que não estava acontecendo nada, ninguém estava estudando coisa nenhuma, ele falou como, só você não sabe, quer dizer, você enfiou a cabeça num buraco, não está enxergando nada, você diz que nada existe, então esse espírito da taborrasa é um dos elementos fundamentais da cultura moderna e quando você faz taborrasa, o seguinte, você não precisa examinar o que os outros disseram antigamente, você simplesmente ignora, vira as costas e fala de outra coisa e depois, como todo mundo passa a falar de outra coisa, você diz que aquela que ele conhece mais, que foi superada, ele não foi superada, foi simplesmente esquecido e isso produz uma série de distorções históricas absolutamente monstruosas, que são, quer dizer, em grande parte a origem da mentalidade da revolucionária moderna, é evidente que a mentalidade da revolucionária se volta contra esses mesmos pioneiros, é característico das revoluções, das revoluções, come os seus próprios próceres, os seus próprios pioneiros e líderes, é sempre assim, isso aconteceu, você vê na Rússia, dos membros do primeiro Comitê Central, não sobrou nenhum, só sobrou Stalin, em Cuba mesma coisa, na China mesma coisa, e isso é característico da própria dialética interna da revolução, a revolução se come a si mesma e isso acontece não só do ponto de vista da liquidação física dos seus líderes, mas também da liquidação intelectual das ideias que a gerar, então as mesmas ideias que produzem a mentalidade da revolucionária numa época são condenadas pela própria revolução na época seguinte, o modelo clássico disso aí é o próprio Karl Marx, ele aqui fala, bem existe uma revolução burguesa, agora nós vamos fazer a revolução proletária aqui, em certo modo, continua e destrói a revolução burguesa ao mesmo tempo, assimila e destrói, e dentro do próprio movimento socialista, que já é o editor da revolução proletária, existe em primeiro lugar os chamados socialistas utópicos, que Marx faz, vai absorver os socialistas utópicos e destruí-los, então isso não acontece só no domínio da política e da ideologia, em sentido distrito, mas acontece no mundo das ideias de modo geral, tá certo? E, as ideias da modernidade, elas determinam por assim dizer, as suas próprias formas de contestação, elas limitam a discussão a certos tópicos e os retos que não gostam delas, vai discuti-las mais ou menos no sentido em que já estava previsto dentro delas, isso acontece com todos os anti-iluministas. Quem estudou esse pensamento anti-iluminista a fundo foi o historiador, Israelense Zev Sternhell, chegou ao livro, já absolutamente monumentar sobre o pensamento anti-iluminista. Então, o que nós temos que fazer hoje não é assim examinar criticamente no sentido negativo da coisa, nós tiramos que nos opura a modernidade, mas não sentimos que ninguém não faz isso, ele regulou, odeia a modernidade, fazam críticas devastadoras, às vezes válidas, às vezes não, tá certo, mas ele evidentemente, ele é um beneficiário da modernidade, no próprio movimento editorial moderno, no qual ele se insere, a língua francesa moderna, que ele domina, ele é na qual escreve como um verdadeiro artista, o ensino secundário francês, no qual ele trabalhou tudo isso, era a vida dele, então aí você vê, por exemplo, um dos principais discípulos Reneguerno, que era o Ananda, como era a sua menina, como era a sua menina, como era a sua menina, era tão anti-modernista quanto Reneguerno, mas ele adorava aviação, por exemplo, ele falou, bom, mas cadê a aviação, civilização pré-moderna, não tem, então, algo do moderno você vai ter que absorver, então, a postura crítica, ela não é suficiente para dar conta da modernidade, né, isso, então, tudo que você deseja superar, você tem que absorver, não é só você xingar, é o exemplo que eu dou, a serpente Moisés e as três serpentes dos magos, o que que a serpente Moisés fez com as outras serpentes, com o xingando, as três, não, ela as engoliu, então, vamos dizer, essa cena do antigo testamento, para mim, é a base, é toda a disciplina filosófica, não se opor a nada, como é ser, engolir, superar, transcender, é a única coisa que rende frutos, a oposição cria, vamos dizer, um confruto estático, dualidade de partidos, cria, se partiu, tem o outro partido, e isso pode ficar assim, eternamente, até que os dois se liquidem um a outro, então, a oposição do pensamento burguês e do pensamento socialista, ela está aí até hoje igualzinha e não sai disso, então, o pessoal levanta, por exemplo, o que o senhor inventou, menos marximais Mises, e isso vai levar um tempão para acabar, porque o Mises não transcende o marxismo, ele simplesmente demonstra as suas falhas desde o ponto de vista da ciência econômica, agora, você provar que o marxismo, que a economia marxista não funciona, você não provou que a teoria da história marxista não funciona, que a estratégia marxista não funciona, que a política marxista não funciona, que a cultura marxista não funciona, você não provou nada disso, então, você ainda está na esfera do confronto estático, ele fala, se você examinar bem, o marxismo é o movimento de uma abrangência enorme, não há assunto sobre o qual não exista um ponto de vista marxista, então, ele é uma cultura inteira, e evidentemente, ele só pode ser superado se houver uma cultura mais abrangente capaz de absorver e transcendê-lo, não? Eu acho, por exemplo, que a obra do Eric Feigler é um elemento disso, a obra do Eric Feigler é uma inspiração, porque ele de fato, ele engolha o marxismo nos pontos em que ele estudou, e vai em frente, não fica só criticando, muito bem, agora, todo este processo que eu estou mencionando, ele começa com uma auto-image da cultura europeia criada no século 16 e 17, que é a auto-image da própria modernidade, a ciência moderna, a revolução científica, etc., etc. Eu acho que tudo isso tem de ser resaminado a fundo, porque há um fortíssimo elemento de propaganda, está certo? E de propaganda enganosa, há elementos de propaganda enganosa na revolução científica, há elementos de propaganda enganosa na reforma protestante, há elementos de propaganda enganosa na formação dos estados modernos e assim por diante. E quando aparece, depois disso, os seus críticos, socialistas, marxistas, etc., etc., eles não vão corrigir essas mentiras, eles vão simplesmente criar novas e oporam umas as outras. Então o nosso interesse não é o combate partidário, propriamente dito, que não está disputando no terreno da verdade, não está disputando no terreno das preferências populares, nós temos que pegar esse assunto de uma maneira completamente diferente, como uma maneira diferente. Nós vamos ter que pegar os elementos rejeitados da ciência antiga e ver quais são os pontos em que a revolução científica moderna não nos compreendeu e ver em que medida nós podemos reintegrar esses elementos numa cultura que também abrange a revolução científica moderna. Nós não vamos trocar nada fora, nós queremos tudo, nós não estamos contra nada, nós queremos tudo, tudo que for para o nosso benefício, ótimo. Eu vejo, por exemplo, que um dos segredos do sucesso da revolução americana foi a capacidade que ela teve de integrar elementos iluministas e cristãos, isso é notabilíssimo na revolução americana e foi só aqui que isso aconteceu, o iluminino na Europa, na França, era tremendamente entre cristãos e aqui não. E você viu os caras lendo Voltaire e a Bíblia e de certo modo acreditando os dois. Eu não sei da onde apareceu isso, isso aí eu precisaria estudar direitinho a biografia de cada um dos Falney Fathers para saber da onde essa ideia foi se formando. Então basear nesse exemplo, nós podemos inspirar nesse exemplo histórico, não vamos jogar nada fora, não vamos aproveitar tudo, você deve aceitar e amar a verdade, pouco importante da sua fonte. Se vier os satanais e disser para você que dois é mais quatro, você vai dizer que não só porque foi um satanário. Então o amor à verdade é o aspecto principal e primeiro do amor a Deus. Então você não ama a verdade em si mesma, independente da sua fonte, então não tem amor a Deus nenhum. Então também não adianta você alegar que você tenha boas intenções porque a esfera da moralidade é submetida à esfera da realidade. Você não pode sobrepor a ideia do bem e do mal, a ideia do real e real, do verdadeiro e falso. Você já começou a fauciar tudo se você fizer isso. Então não existe boa intenção sem amor à verdade, não existe amor à verdade sem busca da verdade e não existe busca da verdade se você não está disposto a sair da verdade e tal, vem ela de onde vier. Então eu vou pedir aqui para o Alessandro traduzir para vocês uma parte de um livro importante de história do pensamento moderno, o autor Harry Proch, que chama-se a Gênesis da Filosofia do século XX, onde ele vai remontar até a Revolução Científica do século XVI e XII. Esta parna vai ilustrar para vocês exatamente o que eu estou querendo dizer. Você pode traduzir para eles? Eu vou virar um microfone para lá. Eu vou ter um espelho aqui. Capítulo 1, A Revolução Copernicana. As noções medievais a respeito da natureza do cosmos, a totalidade do universo existente, nos espantam como contos de fadas. E, no entanto, como contos de fadas, há algo naturalmente encantador e satisfatório a respeito delas. Se nós nos esforçamos para sentir o nosso caminho ou para achar o nosso caminho de volta para dentro delas. Todo mundo naquela época parecia familiar e pessoal. Tanto quanto, talvez, o mundo nos aparecia quando éramos crianças. Desta época, eu suponho que nós todos poderíamos dizer com o World's Worth. A Terra e toda a vista comum para mim parecia vestida em uma luz celestial. Talvez quiséssemos ir adiante e dizer o que ele então acha necessário adicionar a isso. Isso não é agora como outra hora fora. É claro que certamente não é. Tanto para nós adultos ou para nós homens modernos. E como o World's Worth continua a dizer, uma certa glória da Terra já passou parece apenas, parece verdade apenas quando nós comparamos as nossas visões frias e duras das coisas. E chegamos a entender algo daquela glória que brilhara sobre o mundo. Quando nós retomamos a nossa história, na virada do século 16, nos dias de Leonardo da Vinci, Michelangelo e Lutero, o homem ainda sentia uma sorte de ação. Uma sorte de parentesco animado e pessoal com todas as outras coisas no mundo. Esse sentimento de parentesco pessoal era parcialmente um remanescente ou uma transferência de um animismo franco, sincero, dos antigos, tanto do lado grego da família europeia, quanto do lado nórdico. Para eles, o Sol havia realmente montado na sua... Eu esqueci a palavra charg, eu tenho português a... Caridade? Não, é carroça. Carroagem? Carroagem, obrigado. Para eles, o Sol tinha realmente dirigido a sua carruagem flamejante através do céu. O vento do norte tinha realmente soprado. Essas personificações pagãs, de fato, deificações dos elementos naturais e das forças natureza em geral, foram apenas parcialmente apagados pelo cristianismo. Eles se demoraram ou permaneceram ainda como creças supersticiosas e vagas nas personalidades desses elementos. Da parte dos mais ignorantes, como uma creza supersticiosa, como uma vaga e vagas a creza supersticiosa nas personalidades desses elementos, da parte dos mais ignorantes e como uma personalização poética e imaginativa deles da parte dos mais sofisticados. Esses últimos, de fato, não acreditavam que os elementos eram pessoas ou deuses. No entanto, eles achavam uma verdade poética e bonita em tal apreensão imaginativa das coisas. Desde que as atitudes, a respeito da natureza que coincidiam com uma personificação poética da natureza, eram consideradas como verdadeiras ou atitudes apropriadas. Na medida em que elas pareciam decorrer de uma crença naquilo que nós chamamos cristianismo fundamentalista, junto com os compromissos assumidos em relação a certas ideias seculares antigas, concernentes à natureza das coisas. A análise das coisas naturais, ou a análise da natureza em termos de fins naturais ou propósitos que as coisas perseguiam ou não seguiam, tinha sido herdada, remotamente de Aristóteles e tinha sido mesclada ou fundida por São Tomás de Aquino com a aqueitologia cristã. Aqueitando pelo meio do século XIII, de tal maneira que, ainda que o homem educado geralmente não supunha que as coisas naturais eram pessoas, nem que a perseguição dos seus fins naturais fossem necessariamente uma atividade consciente, no entanto, elas adquiriam a sua vida. E essas coisas adquiriam algo como um caráter de relação pessoal para o homem, uma vez que, como ele mesmo, elas todas, como o próprio homem, elas todas, de alguma maneira, perseguiam ou se esforçavam para atingir os seus propósitos. Nada na natureza, portanto, era totalmente morte, morto ou inerte, ou sem sentido. Todo mundo, todas essas coisas, ao menos potencialmente, tornaram-se ou eram, tornaram-se ou amigos pessoais do homem ou seus inimigos pessoais. Nintanto, o homem era também capaz de acreditar em momentos contemplativos e poéticos que o propósito geral de todas as coisas era realmente bom. Mesmo que alguns propósitos perseguidos por algumas coisas, às vezes, contradiziam os propósitos temporais do homem, ele conseguia conceber que esses inimigos naturais, esses seus inimigos naturais, no fim, serviam seus propósitos últimos. Ainda que eles servissem apenas com punição para os seus pecados. Porque a sua religião cristã lhe dizia que tudo, todas as coisas, em última instância, servia o propósito de Deus e que o homem era o mais alto propósito da criação divina. Não o homem, tal como ele existia nesta terra, baixa, mas o homem no cumprimento, na realização da sua potencialidade última, sua felicidade última na companhia de Deus. Já deu mais um ano para entender o que está. A visão que o Harry Proche apresenta aí é muito parecida com aquela que nós levamos no CS Liu, a visão que o Harry Proche apresenta aí é muito parecida com aquela que o CS Liu apresenta no seu livro The Discarded Image. O ponto de partida dele é o seguinte, a cosmovisão medieval foi derrubada pela ciência moderna, mas nós ainda encontramos nela algum valor de tipo estético ou psicológico, ela nos satisfaz esteticamente de algum modo como os contos de fada nos satisfazem. Nós sabemos que os contos de fada não são verdadeiros no sentido fático da coisa, mas algo eles nos dão. Então a primeira coisa que nós observamos aí é a separação radical entre o elemento cognitivo e o elemento estético. Existe por um lado a verdade dos fatos tal como a ciência os descreve e por outro lado existe o universo dos símbolos das imagens, dos sentimentos humanos etc etc etc e evidentemente a cosmovisão medieval expulsa do domínio científico cognitivo sobrevive como um valor estético. Essa concepção permanece viva durante pelo menos quatro séculos, então em um primeiro momento é claro que a cosmovisão medieval foi toda jogada fora, foi achincalhada por isso, esquecida de jogar no lixo, mas depois apareceram os restauradores do seu valor pelo menos estético ou psicologo, quer dizer nós encontramos algum conforto naquela imagem como encontramos nos contos de fada. Então essa separação radical do estético e do cognitivo corresponde exatamente, milimetricamente a distinção que foi feita inicialmente, acho que em parte foi por Newton, por Bacon etc entre os aspectos primários e secundários das coisas físicas, então os aspectos primários são aqueles que podem ser medidos, como por exemplo o peso, a extensão etc etc e o resto é chamado secundário porque, porque são aspectos que não estão nas coisas mesmas mas dependem da relação deles com o ser humano, como por exemplo o gosto, a cor etc etc. Então o mundo todo é dividido entre os aspectos objetivos e os subjetivos, só que acontece o seguinte, aí o que é definido como objetivo é aquilo que pode ser medido e queimede, é o próprio ser humano, medira você comparar uma coisa com a outra, então como que você pode dizer, vamos dizer que a extensão e o peso de uma coisa estão nela mesma, nós sabemos por exemplo que o peso de um elemento qualquer, está na cara, a própria ciência moderna, depende de milhões de fatores, a gravidade, o atrito etc etc etc, a ser portanto é por uma série de medições convencionais que o ser humano determina aquela medida. Então medida vem do que? Mensoar mente, então a medida é uma atividade da mente, então como é que nós podemos dizer que os aspectos mais objetivos, mais independentes do homem são justamente aqueles que a mente humana aprende ali, e determinar como subjetivos aqueles aspectos que não falam a mente humana mas ao corpo humano, então por exemplo o gosto de uma coisa não é algo que eu me digo que pela minha mente eu determinem lá mas algo que o meu corpo capta, então aí você teve já uma curiosa inversão da realidade, os aspectos mais subjetivos, mais dependência, uma atividade da mente humana são tidos como os mais objetivos, e aqueles que falam diretamente ao corpo humano são subjetivos, é claro que eles têm uma inversão total, mas essa divisão do estético e do cognitivo, dos aspectos primários e secundários, ela vai se consolidando ao longo dos tempos e se torna um dos elementos fundamentais da ideologia burguesa, o mundo do burgueso é o mundo de dualismos, não é isso? Então o Max Weber vai chamar isso desencantamento do mundo, quer dizer, todos aqueles aspectos de falar vão à imaginação humana, são exorcizados pela ciência moderna e sobra apenas um mundo vazio feito de puras matérias mensuráveis, está certo? E dentro deste mundo, anônimo e pessoal, puramente maquinal, e continuam existindo as aspirações humanas, os desejos humanos, que vão se expressar então na cultura como objeto estético, religioso, etc. Isso é característico do mundo burgueso, a distinção, o abismo entre real e ideal, que justamente o Marxismo tentará superar através da noção da praxis, onde essa que total noção de ideal é particularmente repulsiva para o Marxista, porque ele não considera que o socialismo seja um ideal, ele considera que o socialismo é a própria natureza do processo que está se desenrolando materialmente dentro dele, e se ele deseja aquilo, se ele aspira aquilo, ele não está aspirando a um ideal, mas a uma realidade superior que já está em gestação. A tentativa marxista de superar este dualismo burguesa, ela fracassa porque ela tem a própria raiz materialista, se você já determinou que é a matéria, o elemento fundamental da realidade, você já caiu dentro do dualismo burguesa, e por mais que você espereia e contra ele você é ainda filho dele. Então é claro que isso aí não basta, nós temos que fazer uma crítica muito mais aprofundada dessa, vamos dizer, da revolução científica, e sobretudo não da revolução científica, nós temos que contestar a descobrir a científica, mas de refazer a sua história, contar a coisa como ela efetivamente se passou. Nós sabemos que o número de falsificações históricas ali, de facto, é muito grande. Por toda a imagem criada de Newton, nós sabemos que a imagem é 100% falsa porque Newton era sobretudo um alquimista e um teólogo, isso é o que ele era, e a contribuição que ele fez à ciência física era, no entender dele, a parte mínima. Ele descobriu toda a lei da gravitação universal para botar dentro de um argumento teológico total no qual ele desenvolvia uma teologia antitrinitária, desenvolveu uma espécie de teologia da unidade absoluta parecida de certo modo com a unidade absoluta islâmica. Então ele negava a trindade e falava, vamos dizer, de uma unidade absoluta. Era um argumento teológico no fim das contas. Ninguém se interessou por isso, esqueceram e criaram a imagem do Newton como se ele fosse um cientista laboratório do saclo-int. Isso é totalmente falso. Inúmeros mitos se formaram nessa época, o mito da inquisição, é um deles, o mito das perseguições horríveis sofre-se por Galileu, foi o outro, e assim por diante. Mas, vamos dizer, esses mitos factuais são só aspectos menores que vão compor uma imagem total e essa imagem total, elas se consolido ali, vamos dizer, no dualismo burguês, sem som de dúvida. Agora nós temos que perguntar o seguinte, existe alguma percepção estética possível sem valor cognitivo? Como é que é isso? Se eu separo o estético do cognitivo, não há nada dentro do estético. É tudo imaginação, mas o que eu imagino é real ou irreal? Por exemplo, vamos supor que você está pensando em uma bela mulher, em traduções românticas e fantasias eróticas em torno dessa mulher. Muito bem, imagina ao mesmo tempo que essa mulher não existe, cabou sua fantasia. Ou seja, o poder da fantasia depende de que você acredite nela, ou pelo menos, como dirá o Colerish, suspenda a descrença. Ou seja, durante aquele tempo você vai acreditar que aquilo é real. E se você acredita que aquilo é real, sempre é legítima a pergunta, mas é real mesmo ou é só uma invenção? Então não tem jeito de você escapar da pergunta cognitiva, da pergunta sobre a realidade do objetivo quando você está lidando na dimensão estética. A separação é materialmente impossível. Então, se você pegar mais bela fantasia do mundo, se você quando está contemplando e disser tudo mentira, o belo se transfigura no horrível, porque é o engano total. É como se fosse aquilo que era, vamos dizer, uma visão divina se torna um ardil demoníaco, como o geneo mal de Descartes. O diabo inventou tudo isso, o universo, as estrelas, é só para me enganar. Qual é? Algum problema? Isso quer dizer que o ponto de partida fundamental da mentalidade moderna é absolutamente inviável, tem alguma coisa errada nele. E não adianta você querer recuperar na esfera do estético aquilo que você jogou na lata de lixo cognitiva. Ou seja, se esta visão medieval nada tem de verdadeiro no sentido científico, o valor estético dela é uma piada demoníaca. Não tem como escapar disso aqui. Então isso significa o seguinte, se nós transpomos toda essa cosmovisão medieval para uma linguagem imaginativa e poética e passamos a entendê-la nesta clave, então é preciso que deste elemento imaginativo e poético você consiga localizar e abstrair os elementos cognitivos, ou seja, as verdades que isso transmite. Então como evidentemente este legado estético contém junto consigo um legado cognitivo absolutamente inegável. Então para regitar-lo foi necessário falsificá-lo. Então quer dizer, este processo que ele está descrevendo nunca aconteceu. Nunca ouvi isso, a cosmovisão medieval ser derrubada, destruída e continuar existindo apenas como valor estético. Isto nunca aconteceu. Aconteceu o seguinte, que a cosmovisão medieval foi simplesmente esquecida. Pessoal, largou esse de lado, tanto que você vai ver, pegue algum dos autores modernos do século 16, 17 que examina em profundidade a filosofia escola que acontece. Eu procurei, não tem, nenhum fez isso. Ao contrário, alguns aproveitaram elementos, o próprio Dekarta utiliza elementos da filosofia escola que ele não contesta, ele não discute aquilo. Outros então com o Bacon, Bacon era uma ignorância enciclopédica, um negócio incrível. Vocês lerem o livro do José F. de Messer sobre o Bacon, falam, não sobra pedra sobre pedra, o cara era um idiota completo, um charlatão mesmo. Quando você inventa um método científico absolutamente inviável, impraticável, que ninguém jamais usou porque não dá pausar. E é tido como pioneiro da ciência. Então, você me mostra alguma investigação científica feita de acordo com os canos de Bacon? Não existe. Então, isso quer dizer, a visão medieval foi em parte esquecida e em parte falsificada para fins de glorificação de uma nova época. Isso é normal de acontecer. Você parece com a novidade, você dirá, eu sou o primeirão, tudo que veio antes de mim é besteira. Isso o pessoal do século 16 e 17 fez isso, depois o iluminino fez de novo e o romantismo fez de novo, o marxismo fez de novo e assim por diante. Só que nós não estamos interessados, nós não somos portavós dessas revoluções. Nós não estamos fazendo propaganda de nada, nós estamos querendo entender como dizia o rei Paul de Sván Ránck, como as coisas efetivamente se passaram. E nesse sentido, você vê que algumas mentiras fundamentais, não sobre este ou aquele fato, mas sobre a cor-movisão em geral, se impregnaram de tal modo na visão moderna, que é quase impossível você remover. Um deles é o negócio da revolução copernicana, que na cor-movisão medieval o homem estava no centro, no topo da realidade, e que a revolução copernicana tirou de lá e o jogou no fundo do poço. Antes ele era o senhor da criação, agora ele é apenas uma formiguinha, um átomo solto no espaço, etc. Exatamente, isso é a inversão total da realidade, porque é só você examinar qualquer mapa cosmográfico medieval, que na verdade não era pura cosmografia, sim cosmologia, depois explica a diferença. A Terra está colocada sempre o ponto mais baixo do cosmos. A posição do homem no cosmos não é significante de maneira alguma, porque você tem em cima o Impírio Amor Adidílios, depois você tem a Esfera dos Anjos, depois você tem as Esferas das Estrelas Fíxias, depois você tem as várias Esferas Planetárias, deus ter a Lúida, aí você tem a Esfera Sublunar, que é onde nós estamos. Abaixo disso só tem um treco, o inferno. Então como é que você vai dizer que Copérico destronou o homem? O que aconteceu foi exatamente o oposto, porque tão logo surge essa concepção científica moderna, Decate vai fazer toda a construção do cosmos depender do ego humano. O ego humano se transforma no Supremo Juiz e medida de todas as coisas. Depois com canta coisa vai se agravar, nós nem sabemos se quer que o universo existe, nós só temos certeza de uma coisa, todos nós não enxergamos mais ou menos da mesma maneira porque nós temos a mesma estrutura cognitiva, nós temos as mesmas categorias do entendimento e as mesmas categorias da percepção. Então tudo o que existe é o universo humano, o universo da cultura começa, passa a ser o centro de toda a realidade e o universo físico é apenas uma imagem que nós temos, é um elemento da nossa cultura. Então o processo histórico é exatamente o inverso do que as pessoas dizem. Então quando você chega, a ter a mentalidade revolucionária em sentido estrito, que é toda ela baseada em inversões e aparentemente ninguém se dá conta disso e todo mundo tá achando as inversões inteiras mais normais, isso não poderia acontecer, jamais se desde a origem da modernidade não tivesse se consagrado várias inversões deste tipo. Então a redução do estético ao puramente subjetivo e a consagração dos elementos matematizáveis como se fossem eles, a realidade física é uma inversão monstruosa, é o que o Wolfgang Meckl vai chamar bifurcação. Isso quer dizer que nós jamais poderemos estar em condição de entender verdadeiramente a mentalidade revolucionária, se não nos livrarmos da mentalidade burguesa que se origina justamente na revolução científica moderna e depois se consaga no iluminismo, que se agrava no romantismo, porque o romantismo voltando-se contra esta ideia de uma objetividade puramente matematizável, ele vai consagrar os sentimentos humanos como se fossem o topo da realidade. Então ele não sai da mentalidade burguesa, ele ainda está prisioneiro dela. De o que que nós vamos fazer? Então também existem os caras que querem voltar a idade média, voltar a idade média para que depois tem outro renascimento, tal reforma protestante, tal revolução, outro iluminismo, outra revolução francesa, outra revolução rússica que é exatamente onde nós estamos. Isso é tudo absurdo e isso vem do desejo dos sujeitos se opor em termos de valores, axiologicamente alguma coisa, em vez de tentar compreender ela primeiro. Por que você coloca o bem e o mal acima do verdadeiro e falso? Você já começou errando, começou falsificando tudo. Então o que você é a favor do quê? Bom, em primeiro lugar eu sou a favor da verdade, conhecer a verdade, de qualquer maneira e por todos os meios possíveis, sem jogar nada fora. E aí sim, a minha que você começa a compreender o processo, você já inaugurou uma nova época que absorve as anteriores e pega os valores positivos de tudo o que foi sendo deixado pelo caminho, chegando àquela proposta do Mário Ferreiro do Santos, vamos dizer, o sistema integral das positividades adquiridas pela filosofia ao longo dos tempos. E esse deve ser o nosso objetivo, não? Não que este sistema vá resolver todos os problemas. É óbvio que não, porém nós nos libertaremos de todas essas antinomias, de todas essas oposições estáticas, de todo esse confronto estático moderno. Quando você vai ver para o todo pensamento liberal, economia liberal, economia austríaca, raieque, mísia etc., tudo sai pensamento burguês. Não sai da esfera do pensamento burguês. E nós só conseguiremos, vamos dizer, um pouco de objetividade efetiva na medida em que nós conseguimos transcender as ideologias de classe. Quem pode transcender as ideologias de classe? É o que eu disse no outro curso da política e da ética da cultura no Brasil, é o ponto de vista do bastardo, como dizia o Jean Paul Sartre. Só que o Jean Paul Sartre só proclamou da boca para fora, ele nunca foi o bastardo, ele sempre foi o queridinho da classe alta. Então ele também estava dentro do mesmo ideologio de classe do qual não conseguia sair. Então você tem que se colocar fora das classes. E você só consegue isso se você de fato se colocar no fundo da sociedade. Se você for realmente o Zé Ninguém, o Zé Ninguém é assumido, feliz da vida. E vamos dizer, tendo essa adotada, esse ponto de vista do Zé Ninguém, é claro que alguma posição na sociedade, objetivamente, você vai continuar ocupando. Só que essa posição pode ser móvel. Eu posso me gabar já ter passado por todas as classes sociais, um pouco de cada uma. E eu não me senti bem nenhuma delas. Isso quer dizer que existe um aspecto meu que não cabe nem nenhuma ideologia de classe. E é ali neste ponto que está o melhor da nossa inteligência. Está entendendo? A sociedade não é sujeito do conhecimento. Você conhece alguma descoberta que tenha sido feita coletivamente e depois informada aos indivíduos? Albert Einstein pegou a teoria da relatividade, todo mundo descobriu a teoria da relatividade e daí explicou para Albert Einstein. Foi assim? Isso nunca acontece, é sempre um indivíduo. Quando o Nicola Tesla descobriu o negócio da transmissão da eletricidade sem fio, todo mundo sabia de que foram contar para o Nicola Tesla ou ele descobriu quando explicou que os caras nem entendiam o que ele estava falando. Então é sempre esse indivíduo isolado, é sempre o Zé Ninguém que descobre alguma coisa. O Nicola Tesla não fez essa descoberta como representante da burguesia, nem como representando proletariado, nem como representando de coisa nenhuma. Ele fez como um indivíduo material, um indivíduo de carne e osso. Uma terra de carne e osso, todos nós, são mais ou menos iguais, o burguesio, o proletário, o preto, o branco, o asiático, etc. Então é só quando você assume a sua identidade carnal de ser humano e daí você tem a parte dela, uma visão que pode transcender as várias classes. E você então se integra, vamos dizer num diálogo que atravessa os milênios, onde é tão natural você conversar com o Lao Tse, o Aristóteles, o Confúcio, qualquer um, você está a contar nessas coisas. Por que eu dei o carnal? Não é o Leandro do Carnal, Leandro do Carnal não é carnal, ele é o Leandro Espiritual, carnal sou eu. Por que? Da onde surge eminentemente o pecado no ser humano? Você dá ilusão que ele tem de ser um ser espiritual, quando nós participamos no mundo espiritual, nós não somos espirituais. Você, se você não ser um ser espiritual, você tem os direitos e os poderes dos anjos. E é justamente esta presunção que leva você a ser o poravantar de Deus. Quando você baixa a bola e vê, pô, mas eu sou apenas uma coisa de carneoso, sou uma bela porcaia que está aqui, aqui tem diabete, carapato, hemorroida, gonorreia. Aí você começa a descer para a realidade, e você começa a entender que você não tem as prerrogativas angélicas que você imaginava. A única chance que você tem é você obedecer a Deus, não tem outra. Se você tivesse poderes angélicos, você podia ser rebelar como o Satanás rebelou. Nós nem podemos fazer isso, meu Deus do céu. Então rebelar-se contra a condição carnal é o Satanismo, propriamente dito. E, curiosamente, é a sua falsa identidade de ser espiritual que o identifica com as classes sociais, com os grupos, etc., etc., porque carnalmente você não participa de nada disso. Carnalmente você é um indivíduo isolado no espaço, com contatos muito precários com os outros. Você lembra o soneto que eu fiz para a Rochane? Porcaria das minhas carícias, que mal-rosso a superfície dela não chega no... O marido de mulher vive junto 30, 40 anos, e você ainda só toca na superfície, homen... Esta é a condição carnal, mano. É deprimente, mas é verdade. E um contato íntimo verdadeiro, você só tem isso em Deus. Diretamente você não tem. Então a partir do momento em que nós assumimos a nossa condição carnal, material verdadeiro, na mesma medida nós nos libertamos da ideologia de classe, do espírito da época, etc., etc., porque eu digo, olha, o seu corpo está no espírito da época, meu filho. Não, seu corpo é estruturalmente o mesmo, chinês de 5 mil anos atrás. E é através desse corpo que nós nos libertamos do que? Do mundo. Entendem? Então... Em esquerda, aqui, todo o legado medieval e antigo, ele tem que ser recuperado na esfera cogletiva. Então, por exemplo, quando você pega a antiga cosmografia que tem lá, a imagem descendo tudo, o primo imóvel até a Terra, no meio da Terra tem o inferno, essa imagem foi superada? Por que que a ciência atual busca tanto a famosa teoria unificada? Porque eles acreditam que acima de tudo existe uma lei que governa todo o resto. Então, eu diria a lei suprema. E abaixo dessa lei existem outros domínios menores abrangidos por ela, mas que não é abranja, e que vão descendo até a esfera dos fenômenos, vamos dizer, materiais mais elementares. Ou seja, o esquema cognitivo que está no fundo da ciência moderna, é exatamente o mesmo da Idade Média. Se você entendeu aquele, agora, se você lê este material medieval e antigo, partindo no princípio de que os autores da Quirã, todos os engenhos eram crianças e você é o adulto, aí só respondeu que nem o Gugu e o Thales respondiam, quando eles tinham 10, 12 anos, alguém dava uma ordem para eles que não fosse o pai e a mãe, eles olhavam de modo expresso e falassem adultinho. Então, quando nós vimos as outras épocas, como se fossem crianças e nós como os seus adultos, nós não passamos de adultinhos. Então, fazendo um papel, um papelão feio, que parece que qualquer criança nos desmonta. É a visão do Pirula, o doutor Pirula, é. É uma coisa muito disseminada no ambiente, sobretudo, ginazeal, mas que no ginazo impregna e quando se faz para universidade ele continua com essa pocaria na cabeça, quer dizer que é uma falta de consciência historiográfica monstruosa, é uma incultura presunçosa. Então, eu creio que eu estou dizendo isso até como uma espécie de prefácio, nota para eliminar do meu curso, o seu baguio cultural. Isso aqui não faz parte do curso do guerra cultural, evidentemente, mas eu estou dizendo algumas condições culturais mais gerais sem as quais ninguém vai entender jamais o que é a tal da guerra cultural. Porque você vai querer estudar ou do ponto de vista do burguês liberal, conservador, que é contra o socialismo, contra o comunismo, porque ele é a favor da propriedade privada, a favor do direito humano, a favor disso daqui, e ele vê no outro a imagem inversa. E você, portanto, você vai estar dentro do mesmo processo que gerou tudo isso e você já padece das inversões iniciais que só são agravadas na mentalidade revolucionária, mas que são as mesmas no fim das contas. Então, a verdadeira independência cognitiva reside nisso, meu filho, e isso está ao alcance de qualquer ser humano que será feito de carneoso. Porque, como eu disse, é a nossa condição carnal que nos liberta do condicionamento histórico social. Está entendendo? Porque carnalmente nós não somos dependentes da nossa classe social nem da nossa composição étnica, etc., etc., nós somos dependentes de uma estrutura anatomofisiológica que é substanciamente a mesma a Milênios. Então, na vida que nos identificamos com a carnalidade humana, nos identificamos com a natureza humana que está acima de todos os condicionamentos epocais, por assim dizer. E por isso, diabo, todo homem é filho da sua época, eu falei eu não. Eu não. Eu posso ser sobrinho da minha época, primo, qualquer coisa. Filho, eu sou filho da natureza humana. Isso que me constituiu tal como eu sou fisicamente. E a participação nesses elementos culturais, ela é sempre parcial e periférica. Deu para entender? Então é isso. Daqui a pouco nós voltamos para as perguntas. Então vamos lá. Nós temos aqui 10 parnas de perguntas e isso não é tudo. Evidentemente eu vou responder uma fração mínima, não tem nada mais que eu possa fazer. Tamires Barbosa pergunta, eu gostaria de me inscrever no curso Guerra Cultural, mas como não tem como acompanhar as aulas online na terça, posso ter gravações de outro dia? Sim. Todas as gravações ficarão à disposição de todos os inscritos. Ficarão para sempre à disposição de todos os inscritos. As aulas, o professor, como lidar com os apetites do corpo, com as emoções dominadoras? Ora, é simples, casar-se com uma mulher gostosa e comar. Ponto, acabou, não há mais nada o que fazer. São tomaraquino diz que isso é um direito inalienável. Então é um sônico de seguida. A primeira ruptura é a passagem do mito para a filosofia com a lógica do órgão. A segunda ruptura seria feita por Descartes Bacon, tendo como lógico o novo órgão de Bacon. Isso é um absurdo. O novo órgão de Bacon não rompeu nada, não mudou com a existência nenhuma, não influenciou ninguém exceta a propaganda. Não existe uma única pesquisa científica baseada no método de Bacon, não existe, não pode existir. O método é impraticável. Esses aqui, os crujitaram a partir de impressões consolidadas na cultura da época. A terceira ruptura, se é a dialética apoiada por um terço, se é um órgão que está se desenvolvendo presente, inseriu o próprio bachelar. Bom, bachelar foi um desses que tentaram recuperar no domínio estético e psicológico essa cultura do simbolismo, essa coisa toda. Bom, não nego que ele fez alguma coisa nesse sentido e que ele tinha uma certa habilidade para lidar com esse símbolo. Mas ele ainda está operando dentro da ideia dessas rupturas. Isso. Por exemplo, você disse aí, olha, houve um passário do mito para a filosofia com a lógica do órgão. Quer dizer, se o mito desapareceu ali no ingresso da filosofia, como é que ele persiste durante toda a idade média e tem que se romper de novo depois? Quer dizer, essas periodizações são como a lei dos três estados do Conte. Você não pode caracterizar nenhuma, nenhuma, nenhuma época por uma denominação geral abrangente. Nenhuma época é marcada por um estilo, mas para convivência e conflito, simultanidade, de vários estilos e de várias provisões. Todas elas são assim. Como é? Esses rotos são sempre propagandas, só nada mais. Então, antes de esta periodização, ela faz parte da própria autoafirmação do espírito da época. Ela não é um discurso científico, é um discurso de agente no sentido da história. J.S. Enrique pergunta. Lembro de ter uma vez, eu preciso recomendar uma vez em alguma aula que o segredo para superar a timidez era a prática do amor ao próximo. E com isso eu sugiro, durante um mês, nós deveríamos ser atentos com todas as pessoas buscando ajudar nas resoluções de seus problemas. Com tudo esse conselho, muito sábio, o sinal parece a meu ver, ir de encontro com outro conselho que o senhor nos deu pelo Facebook, o senhor disse que nós deveríamos, se possível, evitar conviver com pessoas medíocas. Pois isso pode, de certa forma, nos alienar. Pois, muito bem, sendo assim, há contradição alguma, eu disse para você ajudar as pessoas e não para você se impregnar do espírito delas. Ao contrário, quanto mais você as ajuda, mais você se liberta delas. Eu vou te dar um exemplo. Se você tem uma pessoa que você ama, convive com você de algum modo e você a despreza, não faz nada por ela, nunca tenda as necessidades delas, quando a pessoa mora, você sente uma falta engraçada. Agora, se você fez tudo pela pessoa e ela morreu, você vai, certamente, você não vai sentir tanta falta, porque não ficou um buraco dentro de você. Você fez o que você podia, você amou, está certo? O que você fez por ela? Persiste e continue existindo. Então a gente deve ser bom para todos, está certo? Mas não deve-se a pegar ninguém muito menos aos medíocres, meu Deus do céu. Se ele precisa de alguma coisa, você ajuda. Mas qualquer vigarista se vier pedir a sua ajuda, você deve ajudar. Então eu sempre agir assim. A pessoa me faz o mal, etc., depois me pede a ajuda, eu vou falar, eu estou te ajudo, claro. Não é o problema. Você não deve criar dívidas morais. Marcelo Henrique Ferreira. Aqui é o Marcelo de Kayapô Negoiás. Eu gostaria de saber se dentro do processo cognitivo intelectual que parte do dualismo burguês, avisando outra que a Cristiana é afetada, é afetadíssima. Você não pode esquecer que o cristianismo hoje chega a nós através da mentalidade burguesa. Então você tem certas características que nós achamos inerentes ao cristianismo e que são, por a mentalidade burguesa. Por exemplo, você vai ver como o pessoal conta hoje a história de Abelard e Luisa. Eles tiveram lá um caso extra conjugal e o moralismo da época então os perseguiu. Isso é uma maneira burguesa de ver a sua vida, porque não foi nada disto que aconteceu. Na época os professores comeram as suas aluninhas, era considerar uma coisa normal, acontecia. Se alguém gostava muito, mas deixava, havia ampla tolerância com essa coisa. E ele ficou lá comendo a garota anos, não aconteceu nada. O problema surgiu quando ele quis fugir com ela para se casar, porque daí casando ele virava o tomate realmente herdeiro do pai dela. E daí a família não gostou e mandou capá-la. O problema não foi o moralismo sexual, não foi mesmo. Porque esse moralismo sexual ele entra em cena muito mais tarde já na época burguesa sobre o século 19. Se você pegar a civilização cristã católica mesmo, ela sem legitimar nem conestar o pecado, ela sempre foi marcada pela paciência, pela tolerância maternal. E não por horror. Ninguém ficava com o horror das pessoas porque, sei lá, dois jovens saíram e deram uma transação. Ninguém ficava com o horror deles no caso disso. E isso aí é o século 19, onde a ideia da moral se mistura com a ideia da higiene. E daí todo mandamento divino que se incorpora na cultura, ele se torna um instrumento de pressão social. Necessariamente. Olha, todo mandamento divino só faz sentido em função da vida eterna. Quer dizer, Deus quer que você aja dessa, dessa, dessa maneira para ele poder meter você no céu. É só para isso, está certo? Se você tira a referência à morte e à vida eterna, o mandamento moral se torna apenas uma pressão social. Se torna um elemento, já não é da moralidade divina, se torna um elemento da decência. E qual é o século da decência? O século 19, o século da burguesia que vive disso. A decência é uma ideia eminentemente burguesa. E ela, vão dizer, ela é uma cópia inferior da moralidade. Ela é baseada sobretudo na aparência, do que você vai mostrar. Você sabe que esse negócio de mostrar, isso aí é importantíssimo para o burgues. Por quê? Até o século 18 você tinha uma estratificação social muito clara. Essa estratificação social aparecia claramente na humanidade das pessoas vestirem. Quer dizer, na hora que se viu isso, ele já sabia que a classe social perdesia. Você sabia, por exemplo, se ele era um côn de um barão, se ele era um zemané, se ele era um burguesa, etc. Está muito caro. Em certas tribos indígenas, por exemplo, tribos da África, quando você vê aqueles índios masai, o escudo que eles usam tem toda a história social deles. Então você já sabe quem é quem, eu sei que esse é um zemané ou se é um cara que matou 100 mil lheões, etc. E isso, a vira, quer dizer, os trajes eram a expressão real da posição social do indivíduo. De repente não tem mais isso. Então é importante você demarcar a sua posição social através de atitudes, da certa língua, de modo de falar, pelos meios que você frequenta, etc. Você vê que um senhor de terra medieval, ele não tem nenhum problema dele conviver com o camponês da terra dele. Era comum isso aí do livro do George Colton, que é, ele chama medieval village, manor, manor and monastery, que ele, George Colton é o Robert Freedy, em inglês, história social em inglês. Ele mostra que a convivência do senhor de terra, o senhor feudal com os seus servos, etc. Era uma coisa de todos os dias. A gente ia lá, visitava os caras, dava carona no cavalo, e você não tinha também, vamos dizer, uma grande diferença de meios de agressão. As armas que o senhor de terra tinha não eram muito diferentes do que o camponês podia ter. Então você tinha uma proximidade muito maior. De repente no mundo burguês você tem que demarcar uma diferença muito grande, as pessoas têm que se tornar inacessíveis. É mais difícil você falar com um presidente de banco, de qualquer banco, vagabundo que seja, do que você falar com um rei na idade média. Ainda no tempo de Luís XIV os reis davam audiência pública. No século 20, em países fora do ocidente, como que mataram o rei da Arábia Saudita? Fiquei sem o nome do homem agora. No começo do século mataram o rei de uma audiência pública. O rei ficava lá na sala aberta, todos os cidadãos iam lá falar com ele, reclamar o que queriam. Era assim. Na civilização burguês você tem que criar distâncias artificiais e simbólicas. Então a decência passa a ser tudo. O senhor que enquanto os padrões de julgamento eram os da igreja, você não pode separar um elemento da moral católica dos outros elementos, mas uma vez desfeita a síntese católica certos elementos que lhe parecem os mais importantes podem ser destacados. Por exemplo, é claro que a nossa sociedade, não de hoje, porque hoje já está se dissolvendo nas sociedades burguês, no século 19, ela podia ter mais horror aos pecados da carne do que a maledicência. A maledicência era generalizada e era valorizada. Agora dentro da igreja católica isso não faz o menor sentido. Então o adulto comete o pecado da ordem privada. O maledicente corrompe a sociedade inteira, não tem medida. Não tem como é que se diz? Não é medida comum dessas duas coisas. Então é aquilo que disse o Scherstert. O mundo está repleto de ideias cristãs enlouquecidas, perderam o seu contexto, perderam o seu lugar no sistema, perderam os seus proporções e viram fetiches morais. Então olha, eu pergunto descobrir isso e levamos um tanto tempo. Tem que estudar como era mesmo a luz grama, como os caras aplicavam. E ver que outras épocas haviam uma tolerância, uma paciência, uma bondade muito maior nesse julgamento dessas coisas. Diga. E como foi o mais perto? Eu não sei em que medida isso procede, mas eu lembro vagamente do que você falou, que até o conceito de casamento, tal como ele se apresenta hoje, o vestido da noiva. Sim, o casamento civil, que é uma instituição moderna. Então dentro da concepção cristã, por que você deve fidelidade a sua esposa? Porque você fizeram um formato perante Deus, é um compromisso assumido pelos dois perante Deus. Está certo? Não é um direito inerente a pessoa. Agora dentro do casamento civil, passa a ser um direito dos conjugers. Direito inerente a eles. Então isso é uma presunção divina. De que direito tem, a mulher, a fidelidade do marido, vocês não casaram na igreja, direito nenhum. Só tem direito perante o estado burgues. Então tudo isso, por exemplo, a fidelidade matrimonial é uma dessas ideias cristãs enlouquecidas que fala o Chesterton. Quer dizer, um dever que você diz, para com Deus, agora você tem que falar com a dona fulandital ou seu fulandital. Então praticamente tudo que é passado hoje como moral cristã está profundamente contaminado de mentalidade burguesa. Também não pode esquecer que se você está numa sociedade extratificada, uma das pessoas nascem numa classe social e ficam nela. Quer dizer, você casa com pessoas da sua mesma classe social, você é rabar, você é raul, e você, a sua classe social, a sua casta, por assim dizer, ela é respeitada na sua constituição e nos seus direitos. Por exemplo, o Camponé Medieval, se ele ficasse descontente com o Senhor de Terras, ele podia se deslocar para um outro fiel do qual era obrigado a recebê-lo. Então, e hoje como é que você faz? Você intera, você segue daqui, vai fazendo o outro, e te dá um tiro. Então se você está numa sociedade extratificada e onde os papéis sociais das várias classes se manifestam até mesmo na indumentária, você não tem conflitos de ascensão social. Ninguém espera se o sujeito nasceu, plebeu, ele não espera se tornar um nobre, ele só tinha um jeito dele subir na vida através do clero. E por isso mesmo dentro da igreja havia disputa, um queria ser bispo, passava na frente, só havia ali dentro. Na sociedade de geral não havia isso. A parte da democracia burguesa, então todos têm o direito de subir na vida. Então isso quer dizer que a competição, a inveja, entra em maciçamente e os que estão em cima têm que criar inúmeros meios de impedir a ascensão dos outros. Não precisava que ninguém pretendia subir. Boa pergunta, Jorge Ruiz Rauch, é mais ou menos a mesma coisa, já está respondido aqui. Lucas Bezerra, o marxismo inimigo aliado, produto ou ele instrumentaliza o pensamento burgues, as duas coisas o pensamento burgues também o instrumentaliza. Isso é uma relação conflitiva e dialética, inseparável, por assim dizer. Quando eu trilhei a botena no Facebook, a frase do Oswald Spengler, ele disse, nunca existiu um movimento comunista que dê um serviço ao dinheiro, que fosse delimitado pelo dinheiro. É claro que é assim. Revolução custa dinheiro, gente. E como dizia o assessor financeiro, Zerdo Lenin, Curso, não escapa agora. Ele disse, a melhor maneira de nós derrubarmos capitalista é nós mesmos virarmos capitalistas. Se você estuda um pouco as finanças do Comintern, o Comintern é uma organização mais rica do planeta. Não tinha um burguês que tivesse mais dia do que eles. Eu estou respondendo pela ordem só. Se considerar marxismo como a cosmovisão assim, como a idade média, quais conceitos marxismo representam objetividades positivas? Por exemplo, bom, essa é uma pergunta muito interessante. O marquino não serveu para nada, o marquino não descobriu nada. É claro que ele descobriu. Em primeiro lugar, a inseparabilidade dos elementos dialéticos. Ele pegou isso de reggae, mas deu uma expressão até mais clara para isso. Quer dizer, os conflitos dentro da sociedade são a própria estrutura social. Isso é uma descoberta. O marxismo sempre raciocina na categoria da totalidade. Ele não compartimentaliza as coisas. Essa compartimentalização, esses dualismos insuperáveis para eles são o que eles chamam isso de metafísica. Se você pegar os livros do Caio Prado Junior, todos eles são baseados na defesa do conhecimento dialético contra o pensamento de metafísico. Mas o que eles chamam de pensamento de metafísico é o dualismo burguês, o qual nada tem de metafísico. Mas é a terminologia deles. Em terceiro lugar, o marxismo criou os melhores instrumentos de transformação social que o ser humano já concebeu. Quer dizer, a estratégia marxista é uma obra, prima evidentemente. Nós não podemos expressá-la, fazer agora o pensamento burguês que acredita no primado da economia, coisa que nem o marxista acredita. Ele, como a economia marxista não funciona, ele acredita que nada funciona. Eu digo, olha, a economia não funciona, mas a estratégia funciona. Então, quer dizer, não é porque tem um defeito que tem todos. Francisco Zé, Bari Xnet, pergunta, três valorizações dos valores irumais do revolucionar, teria Nietzsche um atitude burguês ao vincular os valores nobres à classe dominante. Olha, o Nietzsche é difícil porque todo o pensamento do Nietzsche é feito de relâncias, de súbitas iluminações que ele teve aqui e ali. E aquilo não forma um sistema de jeito nenhum. O Heidegger escreveu um livro enorme, quatro voluntes brilhantes sobre Nietzsche, só com Nietzsche que ele estava falando lá, não é o Nietzsche, é ele mesmo. Então ele dá um senso de unidade para aquilo, mas que era um unidade que só existe na cabeça do Heidegger. O Orgen Finch, que era o secretário do Husser, ficou anos na filosofia de Nietzsche tentando descobrir qual era o sistema, descobriu cinco. Então Nietzsche é mais ou menos como uma quevela, ele será um enigma que jamais vai ser resolvido. Bernardo Jordão, como posso começar a adquirir de maneira segura no sonhos básicos de simbolismo e astrologia medieval? Muito bem, existe um autor chamado Julio Bernadouran, D-U-R-A-N-D, ele escreveu vários livros excelentes sobre isso. Você pode começar por ali. Mas um dia você vai ter que ler os livros do René Guenon, do Anandá Comarassoume, etc. Os quais, na verdade, são os melhores livros sobre isso. Ninguém domina o simbolismo como o René Guenon. Só que a obra inteira do René Guenon está dentro de uma estratégia de islamização do acidente, você não pode esquecer isso. Portanto, ele é confiável em parte, ele é confiável nos detalhes, mas não no conjunto. Tudo que é inscribido sobre o simbolismo, eu acho absolutamente perfeito sobre tudo no livro, símbolos fundamentais da ciência sagrada ou simbolismo da cruz. São explicações absolutamente magistrais sobre o simbolismo, inclusive o simbolismo cristão. Você não pode esquecer a obra do Luiz Javon Olaçé, Lebestiano do Cristo, que era um discípulo do René Guenon e era um arquiteto que percorreu todas as igrejas medievais desenhando os símbolos animais do Cristo e fazendo uma enciclopédia dos simbolismos animais. Por isso ele é bestiago. Bestiago é uma coleção de animais. Não é um bestialógico. Então, bestialógico é assim, na universidade do Brasileiro. Minutinho. Agora vou mandar para comer açúcar, estou usando esse negócio aqui. Funciona até certo por outro. Então, Thiago Bantas pergunta, é possível conseguir o livro traduzir por Mara assim, em seu comentário. Você acha isso em Cebo? Quando eu comprei, eu já não encontrei nem Cebo, eu comprei direto da família, da filha dele, da Yolanda. Tinha lá alguns exemplares, porque a família dele é que dirigia a gráfica dele, então sobrando vários livros, eu ainda tinha. Eu não sei se aí as realizações comprou esse patrimônio. Você que comprou os direitos de publicação da obra do Mário Ferreira, mais de 50 livros dos quais publicou 3 ou 4 até agora e vai levar 235 anos para publicar os demais. Então olha, só em Cebo, talvez alguém tenha colocado isso na internet. Não é impossível ter um PDF por ali. Eu achava que uma tradução completa, revista, uma revisão profunda e séria que a realização não fez. Todos os textos do Mário Ferreira do Santos eram uma coisa urgente, era uma coisa mais urgente para a cultura brasileira. E a realização, ela comprou os direitos e está publicando os textos mais ou menos como eles estavam. O que eu acho um assinte, porque ali precisa fazer o que chama a revisão, o que chama tecnicamente para a revisão conjetural, quer dizer, você vai ter que corrigir certas frases. Você vê quando tem uma absurdidade evidente, então é claro que é um lápisos língua, ou seja, a gente pensou uma coisa e escreveu outra. Sem contar o fato de que praticamente todos esses livros são transcrições de gravações, feitas por uma pessoa que não compreendia direito o que ela estava transcrevendo, que era a esposa dele. A esposa dele não era uma pessoa de grande cultura filosófica e a família confessava que na maior parte dos casos não entendia direito o que o homem estava falando. Então se uma pessoa que não entende o que você está falando faz uma transcrição, a transcrição vai estar cheia de erros. Então exige uma correção em profundidade. Eu tinha colocado um grupo de alunos mesmo para trabalhar dois textos do Mário Feira do Santos, a Teoria Gerard das Tenções e uma outra que eu não mesmo quero. O trabalho estava quase pronto quando aí a realização começa a soltar os livros no estado em que estavam. Ou seja, é mais um desastre editorial. Como aconteceu pelo plano Colômbia do Gustavo Corsão, que até hoje está empacada, porque é de alguém da família que não quer, tem uma discussão de direitos autorais, e são tragédias. Quer dizer, eu acho que o interesse cultural da nação deve prevalecer sobre esses interesses individuais, sem sobre dúvida. Não em todos os casos, evidentemente. A legislação de direitos autorais é justa. Mas em caso de você ter um obo interesse nacional, eu acho que simplesmente aí é um caso de ser anti-liberal. Falou governo em campo e publica e acabou. Isso é patrimônio nacional, não é do seu fulano, dona fulano. Ainda um próprio Thiago Dantas. Podemos alegar que é fenômeno de rússer quando ele rejeita esse universo de conceitos modernos. É uma aceitação dessa realidade carnal humano em grande parte. É isso que se formou das inspirações do rússer. É difícil dizer se ele conseguiu fazer isso ou não. A obra do rússer é imensa. Ela até hoje não acabou de ser publicada, ele deixou 40 mil págras de manuscrito. Então não sabemos até que aquilo vai terminar. Mas eu acho que quando ele faz a proposta de uma ciência descritiva dos fenômenos, ele está no caminho certo. Não pode não ser o caminho inteiro, mas isso aí é uma etapa necessária. Acho que eu vou parar por aqui mesmo. Agora não dá mais, eu sinto muito. Então... É, não dá. Dereck, provando alguns conhecidos que tudo que se vê, ideias de massa no Brasil, ou é positivo em vez de científico, se é marquista social, cheguei a perguntar se conhecia algum filósofo. Esses são clóveis de burros, leandro espiritual e o pessoal do café filosófico. Se eu visse esse pessoal de hoje baixariam suas caras e se limitariam a resmungos semimudos, o que é o que acontece? Eu acho que eu vejo essas coisas, eu posso fazer, posso xingar. E quando o sujeito não tem mais nada o que fazer, eu já vi muita briga na minha vida. O sujeito ficava xingando, era aquele que estava caindo no chão e se tem burcho. O sujeito que bateu um saiqueto, o que apoiou foi xingando. Tá bom, então é isso aí, gente. Lembres do meu curso, Guerra Cultural História e Estratéria, deve começar no dia 20, não é isso? E as inscrições abrem que dia? Abram segunda-feira as inscrições. E o vídeo de apresentação está no próprio site do coffee. Tá bom? Muito obrigado a todos e até a semana que vem.