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Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Eu hoje anunci antecipadamente o que seria o tema da aula, coloquei uma notinha no Facebook explicando o que eu iria falar, mas evidentemente existem mais tópicos que tem que ser explicados além daqueles que eu coloquei na notinha. Então em primeiro lugar, temos que estar bem consciente de que todo o processo de aprendizado se dá, como ele é descreveu o próprio Jean Piaget que nesse facetou 100%, por um processo duplo que ele chamava de assimilação e acomodação. Quer dizer, por um lado você recebe e absorve certas informações e por outro lado você adapta o seu aparato cognitivo, a situação externa da onde vieram essas informações. Quer dizer, você é modificado e ao mesmo tempo você se modifica para se adaptar às informações recebidas. Toda informação chega a nós sob a forma de signos, quer dizer, coisas que representam, ou seja, sinais que representam por sua vez outros sinais, uma coisa que nós chamamos o signo, o que chamamos significado e essas duas por sua vez remete a algo da experiência real que se chama o referente. Então signo, significado e referente é sempre assim. Isso aí já foi descrito há séculos por Jean-Ducan Thomas e não resta a menor dúvida que a coisa é assim. Isso quer dizer, você conhecer o significado de um signo é somente conhecer outro signo aqui com o qual você já está mais habituado, por exemplo, você pega uma palavra, você vê o significado dela no dicionário, você é constituíci de outras palavras, supondo que você conhece essas palavras. Então você capta o sentido da palavra desconhecida através de palavras conhecidas, mas tudo isso nada significa sem a referência a algum dado de experiência, que pode ser um objeto de percepção sensível, por exemplo, um animal, uma pedra, o nome de uma pessoa, alguma coisa assim, ou que pode ser um dado mais complexo da experiência interna, um sentimento, uma ideia, um próprio conceito pode ser também o referente. E assim por diante. Ora, esses signos por sua vez se organizam em grandes estruturas, em grandes sistemas. O primeiro desse sistema chama-se a gramática. A gramática, como definia Dante, é a construção material da língua, ela se constitui de sons e grafismos articulados de modo a poder veicular significados e referentes. Isso quer dizer que sem o conhecimento da gramática é impossível o acesso a estruturas mais sutis que já se referem ao mundo dos signos e dos significados propriamente ditos. Quando você entra no terreno da lógica, do que se constitui a lógica? A lógica que se constitui de um esquema de possibilidades. Não existe um único objeto real na lógica. A lógica nunca se refere ao objeto real, mas sempre a esquemas de possibilidades, possibilidades cognitivas do ser humano. Então, se você parte para o estudo da lógica, sobretudo da lógica matemática, sem você ter uma sólida base na gramática e sem você ter um acentuado senso da linguagem e sobretudo da tensão permanente da linguagem realidade, porque nenhum signo jamais esgota o seu referente após esgotar o seu significado dicionalizado, mas não o seu referente. Entre, você tem aqui o signo gato, você tem ali o significado de gato, tal como está posto no dicionário ou como alguém lhe explica. E os gastos da realidade, existe sempre uma tensão. O signo, ele ao mesmo tempo, representa algo e substitui esse algo no pensamento, mas não substitui realmente, substitui apenas para fins de pensamento. Quer dizer, ele permite que você se recorde de algo, ou que você pense em algo, ou que você imagine algo, mas evidentemente, essa imagem não conhecida, jamais com objeto real. Ela indica o objeto real, de modo que existe sempre uma tensão entre uma coisa e outra. O senso desta imperfeição é absolutamente indispensável para o domínio da linguagem. Quer dizer, o indivíduo que acredita numa expressão perfeita, aí mesmo ele já mostra que ele não entendeu o que é expressão. A expressão consiste justamente em explorar essa tensão. Por que que nós podemos explorar essa tensão? Porque nós estamos falando com seres que são semelhantes a nós, que pertencem à mesma espécie e que, em princípio, têm o mesmo aparato cognitivo, a mesma possibilidade de experiências externas e internas, e que, daquilo que nós dizemos, entende muito mais do que nós dissemos. Então, por exemplo, se eu digo a palavra gato, todo mundo entende que eu estou dizendo algo mais do que o significado adicionalizado da palavra gato. Você já viu muitos gatos, pelo menos você é capaz de imaginá-los. Então, é claro que, ao enunciar este signo, eu apenas provoquei em você uma certa reação interior. E essa reação vai muito além do que eu disse e do que você mesmo poderia dizer. Só que nós participamos dessa mesma experiência na medida em que pertencemos à mesma espécie. Então, isso quer dizer que a linguagem jamais precisa ser exata no sentido literal da coisa. Na verdade, essa literalidade é quase impossível. Onde você vê um sistema de significados dicionalizados uniformes que permitem as pessoas se refirem sempre aos mesmos objetos e as mesmas situações, você tem uma linguagem padronizada que, na verdade, não se refere aos objetos, mas a possibilidade de várias pessoas manipular os mesmos objetos do mesmo modo. Então, por exemplo, se você pega um dicionário médico, desta você tem lá nomes de órgãos, de substâncias, nomes de procedimentos médicos, etc., etc. Nada disso se refere à realidade, mas somente ao uso que outros médicos poderão fazer dos mesmos conceitos. Isto é, se um indivíduo ler, por exemplo, um termo como traqueostomia, ele sabe que ele faria se estivesse diante de um caso que requeria uma tracostomia e outro médico também sabe. Então, isto não significa que este termo indique nada real a respeito do que é uma traqueia. Na final de contas, a existência de uma traqueia ou de qualquer outro órgão é um mistério insondável, isto vai ser sempre. Então, se você perguntar qual é a essência de uma traqueia, o que ela é na realidade? Bem, nós sabemos onde ela está, nós sabemos como manipular, nós sabemos como ela funciona, nós sabemos como ela opera e o que fazer com ela num caso de emergência, mas o que ela é, nós realmente não sabemos. Nós temos, vamos dizer, uma vaga ideia, um impulso nessa direção, mas todos os órgãos do corpo humano e o corpo humano como uma totalidade, continua sendo um mistério ontológico, algo que a presença é de certo modo inexplicável. E não precisa ser explicado, porque o dicionário médico não é composto para dizer aos médicos o que as coisas são, mas apenas o que eles podem fazer em certas circunstâncias. Então, isto é um vocabularo pragmático, a tese fundamental do pragmatismo é que os conceitos não são descrições da realidade, mas são descrições de procedimentos ou atitudes possíveis do ser humano. Então, o significado de uma palavra segundo o pragmatismo não é essência de uma coisa, mas o enunciado do que nós podemos fazer com esta coisa. Claro que isso não se aplica a toda a linguagem possível, mas se aplica literalmente à linguagem das ciências. Todo vocabular de qualquer ciência é um vocabular pragmático que permite a manipulação comum de certos objetos e situações por uma comunidade de profissionais. Então, isso é assim, em medicina, em biologia, ejearia, e geologia, etc. Então, quanto mais nos aproximamos de uma exatidão literal, mais nos afastamos, vamos dizer, da realidade concreta e mais nos aproximamos do uso pragmático da linguagem. Isso é uma linguagem que permite a manipulação comum de certos objetos, fatos, situações, etc. E não tem evidentemente nada a ver com a natureza ou essência desses objetos. É claro que a linguagem científica nos últimos dois séculos, ela progrediu de tal maneira que as pessoas se desinteressaram do aspecto ontológico da linguagem e se concentram mais no aspecto científico, que é pragmático e manipulativo. Mas evidentemente isso não é eliminar a questão. O fato de você deixar de pensar num problema não quer dizer que ele deixou de existir. O fato é que algo, as coisas são. As pessoas têm uma presença de nós, você sabe que elas não são criações da sua mente, nem mesmo seus estados interiores são puras criações da sua mente, tanto que você pode ter sentimentos ou estados que você não quer ter. É certo que se impõe a você, como se fosse desde fora, portanto existe dentro de nós mesmo um elemento de estranhamento. Então, vamos dizer, o mistério da presença do ser continua intacto, por menos que as pessoas se interessem. É certo que a posição pragmática sempre foi essa. Não vamos discutir o que as coisas são, vamos ver o que nós podemos fazer com ela. Isso é bom, é uma atitude perfeitamente razoável, mas ela não elimina o problema. Então, no uso geral, vamos dizer, a tensão entre as palavras e os fatos dados da experiência permanece sempre. Isso quer dizer que por baixo da comunicação verbal existe toda uma faixa de comunicação não verbal onde as pessoas se entendem perfeitamente. Então, quando alguém diz para você, eu te amo ou eu não gosto de você, você entende isso perfeitamente e você entende que essa atitude não se esgota naquele comportamento verbal daquele momento. Ela expressa sentimentos mais permanentes que a pessoa nem saberia descrever na sua totalidade. Então, como você me odeia? Em que consiste você me odiar? Me troque miudos. Ninguém consegue explicar isso aí, mas você sabe do que elas estão falando. Então, nenhuma comunicação é compreensível sem essa faixa subverbal que nós podemos dizer, que é baseada na percepção real. Nós temos percepções em comum, ou seja, nós estamos dentro do mesmo mundo, existe a mesma presença diante de nós e a nossa própria presença na realidade e é com base neste fundo que se dá toda a comunicação. Daí, vamos dizer, a minha tese, o mundo é o mediador de toda a linguagem. Então, se você quiser considerar a linguagem em si, você já fugiu para uma coisa que só tem existência no sentido pragmático da coisa, mas não tem existência ontológica. Não existe linguagem em si. Isso é uma abstração que você faz. Ora, quando você faz uma abstração, o pior erro que você pode cometer é acreditar que aquele objeto abstraído existe. É claro que ele não existe. Foi você que o abstraído, você que o separou de uma outra coisa sem a qual ele não poderia existir. Por exemplo, nós podemos fazer conceber o planeta Terra em si mesmo e independentemente do sistema solar. Não podemos imaginar que é Terra. Só que, bom, esta Terra concebida assim só pode existir na nossa mente. Na verdade, uma Terra solta no vazio não poderia existir jamais. Quer dizer, para que ela exista, tenha esta forma, esteja neste lugar, é preciso que ela tenha uma série de relações de força com outros planetas. E se integre num sistema. Esse sistema, por sua vez, também não poderia existir isoladamente, ele necessita fazer de outros sistemas, das galáxias, etc. Dez em si, do universo inteiro. Então, como é difícil você pensar o universo inteiro, embora você sempre saiba que ele está lá, e você não precisa toda hora reiterar a presença dele, porque é um dado óbvio e permanente de todo o espírito humano, então você pode se referir a esses objetos separados ou abstraídos, sabendo que eles não existem em si mesmos, separadamente, do conjunto das condições que permitem a sua existência e a sua presença. Este conjunto fica sempre subentendido, porque é, mas é a própria presença do ser. Então, isso quer dizer que os vários sistemas de signos que você vai aprendendo aprimoram a sua relação com esse fundo de experiência. E esse aprimoramento consiste exatamente em você estar sempre consciente da tensão entre uma coisa e outra. Por exemplo, se você aprender todas as regras da gramática do seu idioma, todinhas, até a última, você sabe que há muitas coisas que continuam indizíveis nesse idioma, e que não entanto existem. Em país, muitas pessoas têm uma consciência linguística, mas aprimorada, elas estão sempre conscientes disso aí. Na França é muito comum você perguntar para a pessoa como é que se diz tal coisa em francês e ele responde, isso não se diz em francês. Você vai ter que usar uma paráfrase e fazer um arranjo qualquer, porque a nossa gramática não permite dizer isso. Em inglês, a gente observa isso, por exemplo, como você traduz assim, eu estava em tal lugar, em inglês. Então, ah, ah, eu ouço. Ah, eu ouço, é tanto estava como estive. Mas quer dizer que naquele momento preciso, eu estava ali. E não que eu estive, quer dizer, já tinha passado, já tinha ido embora. Ainda estava. Isso aí não se diz em inglês. Você tem que fazer uma paráfrase, você tem que acrescentar outras palavras para dizer isso. Então, toda língua tem essa limitação e é por isso mesmo que quanto mais línguas você aprende, mais você entende a sua própria, entende os recursos próprios dela e as limitações dela. Essas limitações por sua vez também são recursos, porque em literatura, você vê, todo escritor lhes barra a todo momento com as limitações da sua língua. Tal coisa não se diz em português. Então, por exemplo, em russo não existe o verbo ser. Então como é que eles fazem para estudar ontologia? Eles têm que fazer um arranjo. Então, para você dizer em russo, isto é uma casa, você diz, é-ta-dom, isto casa. Todo mundo entende o que você quer dizer. Mas daí se você agora vai e o ser, em que consiste o ser casa? Então aí você vai ter que fazer uma paráfrase, porque não vai dar. Então todas as línguas, por mais ricas que sejam, e a língua inglesa é de uma riqueza oceânica. Você vê o Dicionar Oxford, tem 20 volumes de mil párnas cada uma. É uma monstruosidade, isto é um assinte, isto é de se humana. Ninguém pode saber tantas palavras assim. Se você quiser, a maior parte da parada fala que o Dicionar nunca serão usadas, mas elas têm que estar lá, porque pode ser que algum dia faça falta. Então, o inglês como o tema gramática é muito simples, uma estrutura muito simples, muito pobre até, ele compensa isso com o número de palavras. Então, em português, ao contrário, as palavras não são tantas, mas as possibilidades de construção com esse maravilhoso sistema de verbos e conjunções que nós temos, permite você fazer frases muito complexas que não podem ser traduzidas em inglês, que você tem que picotar. O neguinho faz uma frase de 15, um período de 15 linhas, e em inglês você tem que cortar em vários pedacinhos de duas linhas. Você vê como é hoje mesmo, ele estava lá rezando o credo. O credo em português é uma sentença só, eu começo até o fim. Creio dos Pai, todo poderoso, Creador do Céu da Terra, Íngel do Cristo e o Filho do Senhor, ah, ponto final. Em inglês isso dá mais de dez frases, de separado por ponto. Eles não conseguiriam fazer uma frase tão complexa, ninguém entendia. Então, todas as línguas têm essas limitações que dão a sua rote. Também a sua riqueza específica. Se você não aprendeu a manipular tudo isso, se você não conhece as regras de gramática, o vocabulário da sua língua é o suficientemente, ele fala como você vai saltar daí para aprender relações lógicas, puras, para a noção de possibilidade. Então, se você perguntar assim, possibilidades existem na realidade ou são apenas uma construção mental que você faz a partir de dados fáticos? Isso é uma questão terrível. Isso pode dizer não, possibilidade. Não existem, sim, só existem os fatos. Nós aqui conjeturamos possibilidades futuras, eu digo muito bem, mas se o estado de fato não contivesse em si mesmo certas possibilidades de desenvolvimento, essas possibilidades jamais realizariam. Portanto, a palavra possibilidade já tem esta ambiguidade, ela é algo que você concebe para além da realidade e é algo que de certo modo está embutido na própria realidade. Isso deu séculos de discussão para todo o universo filosófico de lábio e isso é baseado na noção de possibilidade, é absolutamente tudo. Então, tem gente que pode dizer, não, mas tudo isso é apenas uma conjeturação, isso é apenas lógica, e não é. Tem um fundamento ontológico, quer dizer, algo da possibilidade existe na própria estrutura da realidade. Então, se você não aprendeu todas as combinações possíveis de palavras segundo a gramática do seu idioma, muito menos você vai captar o conjunto das relações lógicas, das quais você vai precisar para você pensar isso ou aquilo. Então, você vê aqui os formandos das nossas universidades esbarram já na gramática, o número deles que domina a gramática é ínfimo. Quando as pesquisas mostram que 50% dos formandos são analfabetos funcionais, isso não quer dizer que os outros sejam todos grandes inteligências. E quando você pega os formados, quer dizer, os caras que foram aprovados, você vê que o número de tesas que tem erros monstruosos de gramática já na primeira parte, você só escreveu uma tese, meu respeito, num tal de patxique, ele já começa com o erro de gramática na primeira linha, e daí prossegue outros e outros e outros, e de bom, então ele não domina a estrutura material do idioma, como é que ele vai poder dominar o universo de ideias abstractas, relações abstractas de mera possibilidade que existe em cima disso? É impossível! Agora, ele pode, por exemplo, aprender, vou dizer, lógica matemática, mas a lógica matemática é apenas uma sílogística. O que é sílogística? É o encadiamento das proposições, a ordem linear das proposições que se seguem umas das outras ou não se seguem. A lógica matemática inteira é uma sílogística, e a sílogística é um fragmento da lógica. O fundamental da lógica é a hierarquia dos conceitos. Ora, você pode fazer uma hierarquia dos conceitos baseado em puros significados convencionais. Por exemplo, nós convencionamos que o conceito de seres vivos abrange e transcende o conceito de animal e o conceito de vegetais, mas da onde retiramos esse conceito? Se eu jamais vi algum ser vivo, e se eu não sou capaz de reconhecer se ele está vivo ou morto, esse conceito não significa nada. Quer dizer, esta ordem dos conceitos expressa algo da estrutura da própria realidade, ou então não expressa absolutamente nada. Ora, o conceito de seres vivos é um conceito de vegetais, e agora a ordem dos conceitos significa você dado um fenômeno, você saber dentro de quais outros fenômenos ele está para ele poder existir. Por exemplo, se você diz um conceito, um conceito de classes sociais, ou de um movimento político qualquer, comunismo, fascismo, etc., etc., e você diz que não existe no ar, não foi uma coisa que saiu assim, de repente, na cabeça do sujeito, vou inventar o comunismo. Não. O primeiro calmar que não inventou o comunismo, já existia antes dele. Mas a possibilidade de existir esse conceito depende de certas condições históricas sociais que ele observou e que ele interpretou desta maneira, deduzindo daí todo um programa de ação. Quais são essas condições que permitem que existam o movimento como comunismo, como fascismo, ou como democracia, qualquer coisa. Bom, aí vem a pergunta, quanto tempo você dedicou a observar esses fenômenos antes de entendê-los de ter um nome para eles? Para daí você poder puxar o conceito do comunismo, do fascismo, etc., etc. Eu conheço pessoas, por exemplo, a Marcia Tibur e o Francisco Raço, eles são capazes de escrever livros inteiros sobre determinados movimentos políticos, a Marcia escreve sobre o fascismo e o Francisco Raço sobre o totalitarismo, sem nenhum exemplo concreto, sem nenhuma bibliografia original, sem citar nenhuma teoria fascista ou nenhuma teoria totalitária. Então, é o que? É uma invenção. Eu invento um fascismo, invento um totalitarismo. E daí tiro conclusões e tenho a presunção de acreditar que essas conclusões se aplicam à realidade. O Francisco Raço explica isso, não é que não é um estudo histórico, é um estudo filosófico. Mas é evidente que não é um estudo filosófico, porque se esse estudo filosófico se refere a um fenômeno que existe na realidade, bom, ele tem que estar ancorado na realidade de alguma maneira. Eu vejo que, por exemplo, no livro da Marcia Tibur e como conversar com o fascista, ela define o fascista pela negação do outro. Ou seja, o fascista é aquele que não ouve, não quer ouvir e não dialoga. Eu dei as coisas mais sem dialogar como é que eles construíram a teoria do fascismo, meu Deus do céu. Se você pegar o maior teórico fascista italiano, que foi Giovanni Gentile, a obra de Giovanni Gentile é um imenso diálogo com toda a tradição filosófica. Se ele negasse isso, não quer ouvir, não quer saber o que disse o tal Doristò, eles ou Platão, ou São Tomás de Aquino, ou Marx, vão todos por Raichus Parta. Eu só quero saber do que eu mesmo penso. É ser impossível. Ora, a imagem do fascismo com o mero impulso brutal, tá certo? Ela já está superada há mais de meio século, por um infinidade de estudos. O fascismo, como qualquer outra ideologia, como o capitalismo, como anarquismo, etc., etc. Ele tem uma teoria altamente desenvolvida, integralmente racional, nos seus próprios termos, tá certo? E essa teoria nasce do diálogo, senão ela não seria possível. Bernardo Crochet dizia, não é possível compreender um filósofo sem saber contra quem ele se levantou polemicamente. Ora, para você polemizar com os retos, você tem que admitir que ele existe e que ele tem alguma importância. Né, isto? E se você pegar o próprio nazismo, que é uma modalidade específica de facismo, nascido em um lugar com uma connotação racial própria, etc., etc., ele foi antecedido por décadas de teorização, e teorização de alto nível, como qualquer como comunismo também. Quer dizer, nenhuma ideologia pode ser, nenhuma, absolutamente nenhuma, pode ser baseada na negação do outro, na recusa de ouvir, na recusa de dialogar e na negação da própria existência do outro. Isto não tem jeito. Então, algo a respeito do outro você tem de saber, você tem de admitir no mínimo a presença dele. Você pode deformá-la, pode caricaturá-la, etc., etc., mas algo você tem de saber. Então, é claro que esta negação da existência do outro é um fenômeno que existe, mas sabemos que existem pessoas que assim. Minha própria existência já foi negada tantas vezes, né? Teve o Milton Thammer, ele disse, de boa lado, que a palavra não se fala, então aqui, vou fazer o Vaca Amarelo, Operação Nacional Vaca Amarelo. Então, ele não existe, então ele não precisa ser discutido, nem estudar, nem nada, nada, nada, não. Mas, fizer isso comigo, portanto, eu sei que tem gente que faz isso. Eu não me lembro de ter feito isso com ninguém, eu não me recuso a discutir com nenhum jumento que apareça na minha frente. Aí a prova, eu estou examinando, eu quero que as pessoas escrevam. Então, às vezes tem gente que é reclamado, pô, você fica dando atenção para esses caras, você é bom, é o que existe no momento, é? Não é isso que eu panoar uma cultura brasileira, se eu não vou falar disso, vou falar do quê? Eu vou discutir aqui, Heidegger Nietzsche, lá, me siga o pai, irá lá em cima, é bom, eu posso até fazer isso, aqui não tem nada a ver com a realidade que nós estamos vivendo, é? Então, você vê que essas pessoas, elas não alcançam sequer o domínio do que seja um conceito, porque tomam figura de linguagem, como se fosse um conceito, o que o Francisco Rázio diz do totalitarismo, o que essa moça diz do fascismo, são apenas figuras de linguagem, que expressam o quê? A sua repulsa, por certa coisa. E não tem nada a ver com a estrutura real deste fenômeno, então, o trítico, concebe uma coisa que ele parece horrorosa e daí ele tira conclusões. Eu digo, mas onde está essa coisa? Ela só existe na sua cabeça. E pior, se você pega o fascismo e você o define, só por esse traço que você contribui, que não é definidor do fascismo, porque muita gente faz isso, comunista faz isso a toda hora, fizeram comigo um tempão, então você está projetando o ódio que você sente de certas pessoas, e você está negando que elas tenham uma consistência ontológica própria, você está definindo apenas por um traço que você concebeu e que você projetou neles. Então, olha, você diz que a característica essencial do fascismo é a recusa do diálogo, eu digo, você tentou dialogar com algum fascista, por exemplo, com quase com certeza, você me chama de fascista, eu chamo Bolsonaro de fascista, você tentou algum diálogo? Não. E aí, o que diz, por exemplo, você diz, estava aí o Jean Willis, entrevistado num programa e dizendo assim, eu não contesto pessoas, eu contesto ideias das pessoas, eu digo, sim, por exemplo, você quer botar o Bolsonaro na cadeia, você vai botar as ideias dele na cadeia ou ele concretamente? Quando ele chamou a polícia para protegê-lo da Beatriz Kicis, foi para proteger as ideias da Beatriz Kicis, foi para proteger-lo fisicamente daquela senhora tão ameaçadora, assim, do tamanho do Schwarzenegger, que ele diz, estrangulá-lo. Então, é bonito você dizer isso, eu não contesto pessoas, contesto ideias, é bonito. Só que isso não corresponde a nada na realidade, porque não sabe sequer a diferença entre contestar uma vida e contestar uma pessoa. Eu sei quando eu estou contestando uma ideia e quando eu estou contestando o direito de uma pessoa exercer o papel dela, por exemplo, eu acho que o Jean Willis não tem direito nenhum de ser representando o povo, ele não tem de voto, ele foi parar lá por sorte, tá certo? Então, é literalmente um zéninguem elevado para ser constanso, é uma posição que está infinitamente acima da sua capacidade. Então, eu sei qual é a diferença entre dizer isso e contestar alguma opinião do Jean Willis, mas ele não sabe. Eu vou dizer, ele jamais contestou uma ideia, ele não é capaz de distinguir a ideia da pessoa, então é essa coisa, eu só contesto ideias e não pessoas, é só para parecer bonito, é só uma pose, ele não tem absolutamente nada a ver com a realidade. Do mesmo modo, quando a Marcia Tiburidis, o fascista, recusa o diálogo, recusa reconhecer o outro como um ente existente, recusa com a sua consistência ontológica própria e o considera apenas como uma função, é exatamente o que ela está fazendo com aqueles que ela denomina fascista. O fascista não tem nenhuma ideia ou convicção própria, ele tem apenas a negação do outro, o ódio ao outro. Mas nunca existia um fascista assim, nem Hitler era assim. Hitler passou ano decorando, ele sabia trechos inteiros de Nietzsche, de Kor. Agora eu pergunto, existe algum autor que falou mais mal dos alemães do que Nietzsche? Nietzsche considerava que os alemães eram uma raça de cavalos, ele só respeitava os franceses e o judeus. E Hitler decorava isso, quer dizer, será que ele não percebeu nenhuma diferença? Ele era tão burro que ele não percebeu a diferença entre as convicções dele e a de Nietzsche? É claro que percebeu e teve que fazer um arranjo, portanto ele teve que levar em conta o outro na sua consistência ontológica própria. Tem aqui o Nietzsche, eu aprecio muito, tem umas coisas que ele diz, eu não concordo, mas essa que eu concordo, é algum diálogo ouve, meu Deus do céu, até na cabeça do Hitler, até na cabeça de Mussolini, que é no verdadeiro jumento. Então, essa definição que a moça dá do fascismo é a definição impossível, baseada no quê? Numa figura de linguagem que expressa um sentimento dela. E com este sentimento, a recobra a figura do outro, que cessa de existir enquanto tal e passa a existir apenas como uma função na cabeça da moça de Bury. Ela percebe que ela faz isso? Ela está fazendo isso de sacanagem? Claro que não. Ela não tem a menor ideia do que está fazendo. Essa moça não domina a linguagem suficiente e muito menos domina a hierarquia dos conceitos? Muito bem, agora, vira você. Se você não domina a linguagem, não domina a hierarquia dos conceitos, qual o aparato de que você dispõe para você aprender um fenômeno complexo e inacessível aos sentidos, que é a existência de uma ordem social? A ordem social você não pode tocar, cheirar, ver, você tem que percebê-la através de um tecido de relações, relações, sentimento, reações, símbolos, etc. Por trás disso, então, você capta alguma unidade que diferencia, por exemplo, sei lá, eu estou aqui nos Estados Unidos, e diferenciar olha, o social brasileiro dá o União Social Americano. Essa diferenciação é tão grande que eu não conseguiria nem expressar nem palavras. Eu percebo essa diferença com toda a sua riqueza e complexidade, mas eu só consigo expressar um pedacinho. Mas quando eu expresso esse pedacinho, os outros sabem do que eu estou falando, porque eles também percebem de algum modo a totalidade. Quando nós vemos nas discussões públicas do Brasil, todas, sem exceção, as pessoas só pegam da ordem social dois aspectos, um a ordem legal, tem uma constituição, tem um estruturo do Estado legalmente constituído, etc. E por outro lado, você tem o esqueminho, uma artista extracionada das classes sociais. É só isso que você pega. Eu digo uma escuta, dado uma ordem jurídica e classes sociais, você tem uma sociedade? É claro que não. Isso tem uma metonímia. Você está designando uma totalidade por duas das suas funções. Essas funções para existirem é porque existe muita coisa antes. Por exemplo, tem de existir um território oraios. Você tem uma disposição geográfica na qual as pessoas se colocaram e a partir do qual tentaram criar relações econômicas sociais, etc. Quanto da estrutura social depende do território? Por exemplo, é a mesma coisa que você... Eu lembro da figura lançada pelo Viana Moga. Quando você entra numa floresta americana, você tem árvores bastante separadas. Você enxerga até o fundo. Enxerga o horizonte através das árvores. Agora, quando você entra na floresta amazônica, você não enxerga 10 centímetros para dentro. É a mesma coisa você iniciar uma sociedade num território desse e no outro. É claro que não. É a mesma coisa você iniciar uma civilização numa terra fértil ou num deserto. Não, não é a mesma coisa. Então, agora, na ordem jurídica e no esquimia das relações sociais, cadê o território? Não tem território, gente. Pergunto eu, quantos dos traços e dos hábitos, dos costumes, dos valores de uma sociedade dependem do território um montão? Então, primeiro, tudo o que as pessoas dizem se referem a algo que está no território. O relevo, a vegetação, o solo, os animais, as plantas, etc. Tudo isso é o quadro dentro do qual as pessoas raciocinam. Em segundo lugar, ninguém começa uma civilização do zero, sempre traz algo de outra civilização. Que algo é esse? Quais são os valores? Qual é a língua com que os camaradas, da qual os camaradas dispunham quando chegaram ao território? Essa língua, por sua vez, lhes dava instrumentos de comunicação suficientes para dar conta do território? É claro que não. Por exemplo, o neguinho desembarcava, o cara de Portugal desembarcava no Brasil e ele via lá com a multidão de plantas e bichos e acidentes de hogarapós, porque ele não tinha nome. Claro que ele podia perguntar para o índio. Então, o índio dizia uma palavra, niangatuba. Já está bom, isso fica sendo niangatuba, não sei o que é, mas é o nome que eles dão. Você imagina quantas palavras novas os portugueses tiveram que aprender dos índios ou inventar para simplesmente poder se comunicar a respeito do território onde estavam. Só existe, só existe a Constituição, o Código Penal, o Código Civil e as classes sociais de Karl Marx? Isso quer dizer que pessoas que não têm o domínio da gramática, não têm o domínio da ordem dos conceitos, embora possa ter o domínio da cirurgia, que é a parte mecânica da lógica e que pode ser computadorizada facilmente, aliás, é, com vantagem, um computador faz uma dedução muito melhor que qualquer um de nós, um computador faz deduções e cálculos tão longos que nenhum ser humano consegue acompanhar, e ele foi inventado para isso e faz isso direitinho. Só que isso não tem nada a ver com a ordem dos conceitos. Um computador pode criar a ordem dos conceitos, não, porque isso depende da experiência humana real que o computador não tem. Então, se o sujeito não domina a gramática e a ordem dos conceitos, ele não consegue captar sequer a noção de ordem social. A noção que ele tem é metonímica. Portanto, ele conceita inteiramente de figuras de linguagem que ele acredita apiamente ser em conceito de escritivos apropriados. Agora, você imagina o que são milhares de pessoas dando palpite nesta base? É para enlouquecer todo mundo. Claro que alguns se refugiam no domínio específico da sua profissão. Por exemplo, o sujeito que é um advogado, um jurista. Então ele discute só aquele aspecto jurídico, e ele não vai errar muito. Por quê? Porque o que ele fala é compreensível aos outros juristas e advogados. Mas isso se refere a coisas do mundo real, não, não, não. Se refere pragmaticamente a procedimentos da própria classe profissional envolvida. Então, por exemplo, se você... Bom, não tem nenhum jurista advogado que não sabe o que é um embaro infringente. Todos sabem. Mas existe um embaro infringente? Não, um embaro infringente é uma coisa que alguém faz. Que outro profissional, da mesma área, faz. Então, toda linguagem científica é constituída dessas coisas. É a manipulação pragmática de certos atos e procedimentos comuns a uma comunidade ofício. Não é... Um conjunto de nomes de coisas. E não é uma descrição do universo objetivo. Então você pode se reforjar na sua linguagem científica porque ali você está seguro. Mas você está seguro somente dos procedimentos próprios àquela comunidade. Isso não tem nada a ver com a realidade. Então, por exemplo, você pode decorar o código penal inteiro. Desaber todos os crimes, todos os delitos, as suas definições e as penalidades respectivas. Agora, de repente, apareceu um acusado na sua frente. Você como um juiz tem que decidir se ele cometeu aquele crime ou não. Daí você apera um negócio chamado tipicidade. Vamos ver se a conduta dele foi típica. Muito bem, mas qual conduta? Tem algum tratado de direito penal que descreva a conduta do seu furano ou seu ciclano? Não, não tem. São dados que você tem que obter da realidade, da percepção sensível, dos testimonhos, etc. E na qual a ciência do direito inteiro não se ocorre em absolutamente nada. Porque a conduta real de um criminoso não é uma conduta penal. Ela se torna penal quando vista sob o ângulo do penalista. Só a deste ângulo. Mas, por exemplo, ela tem antecedentes psicológicos, emocionais, inconscientes, etc. Que escapam formidavelmente da mera possibilidade descritiva da ciência do direito e tem que apelar outras ciências, talvez. Há quantas? Um número indefinido. Psicologia, sociologia, geografia, linguística, etc. Ou seja, o conjunto das ciências existentes. Então, por exemplo, se eu dar um tiro no outro, isso aí envolve elementos balísticos que estão formidavelmente fora do alcance da ciência do direito. Você consegue descrever juridicamente o trajeto de uma bala? Não, você tem que apelar uma outra ciência. Agora, pega a balística inteira. A ciência da balística permite explicar por que o sujeito acertou e não errou? Não. A balística só estuda a relação entre um disparo e um álbum. A infinidade de circunstâncias que podem fazer você errar ou acertar, bom, ela tenta abranger alguns, não para descrever a situação como um todo, mas para permitir a sua manipulação. Por exemplo, um atirador expiliente leva em conta a direção e velocidade do vento. Supondo que seja um tiro a longa distância, pode haver um desvio. Então, se ele está meio-vento, ele diz que precisamos mirar aqui, uns centímetros para cá, dois centímetros para lá, e diz que sim, mas por que estava ventando? Por alguma razão estava ventando o vento? Não venta porque sim. E isso ultrapassa infinitamente a ciência da balística. E isso faz parte da realidade concreta. Então, por exemplo, vendo os livros do Jim Corbett, que eu adoro os livros, que são grandes caçadores de tigre, você vê que para você um tigre mora em um território de, sei lá, 200 quilômetros quadrados. Então, vou dizer, vou cá essa tigre, digo, não, não, não, a primeira coisa é que eu acho que é a tigre. E isso é de uma dificuldade monstruosa. Então, a quantidade de conhecimento que o sujeito precisa ter ultrapassa, qualquer formação científica que ele possa ter. Então, você sabe, por exemplo, que certos pássaros, quando o vento começa a piadre, que nem os desesperados, e, bom, de repente, uma raça de passarinho que você não conhecia, você não sabe o que ele vai fazer. É isso. Então, você imagina também a variedade das marcas que um bicho andando pode deixar no mar, no chão, nas árvores, nas folhas, alimento que ele deixou ali pelo pé. É uma coisa que não termina mais. Então, isso aí só se resume no tré-curve que... O RTAG, você falou, nós precisamos criar uma ciência da experiência da vida. É claro que é uma coisa hiperbólica. Essa ciência é quase impossível. Mas tem muita coisa que se chama a experiência da vida. O Theodore Porter, no livro sobre as quantidades, a crença nos números, ele explica que para você aprender a manipular um aparato científico qualquer, que não precisa ser tão complicado quanto um reator atômico, pode ser um simples bisturi. Isso depende do aprendizado pessoal, no qual o seu instrutor não conseguirá verbalizar tudo o que ele tem a transmitir a você. Ele pode dizer, ó, você faz assim. Você tem que olhar ele fazer, captar a intenção, muda dele e fazer igual. Ou seja, você tem uma margem de comunicação não verbal imensa, sem a qual a ciência são impossíveis e que, no entanto, faz parte da prática diária. Então, você imagina essas deficiencias. Quer dizer, o nego não tem o domínio da gramática, não tem o domínio da hora e dos conceitos. Não é capaz de saber, por exemplo, se um conceito está dentro do outro, isso quer dizer que os objetos, os respectivos, estão dentro do outro rigorosamente. Por exemplo, nós sabendo que o conceito de seres vivos abrige animais vegetais. Mas, existe uma infinidade de seres que você não sabe se estão vivos ou não, se eles fazem parte do orgânico ou do inorgânico. Isso é uma verdadeira maravilha, porque mostra o iato intransponível entre a linguagem e a realidade. Então, você fala o nome de certos entes, na biologia marítima, tem vários desses tipos. Você não sabe se eles são animais ou outra coisa. Mas as pessoas sabem que eles estão lá e sabem do que você está falando quando você refere a eles. Então, se essa comunicação não é verbal, seria impossível. Você ia pegar a hora e dos conceitos e se apegar a ela como se ela fosse a tradução perfeita da ordem da realidade, coisa que ela jamais pode ser. A lógica inteira não funciona se você não tiver experiência da realidade e não tiver a memória dessa experiência. E se essa experiência não transcender infinitamente o quadro lógico que você tem. Então, toda essa percepção tem que ser desenvolvida pela educação, gente. Claro que o ser humano nasce com a capacidade para aprender isso, mas se a educação não desperta, é a mesma coisa que... Todo ser humano nasce com a capacidade de andar de bicicleta. Supondo que tenha as pernas perfeitamente funcionais. Quer dizer que se ninguém ensinar a bicicleta, ele nunca tentar, ele vai aprender sozinho, aprender espontaneamente. É montar na primeira bicicleta e sair andando. Por exemplo, eu vi uma coisa extraordinária, o meu filho, o Google, gente, eu tinha uma piscina dentro de casa, os dois meninos, e eu nada. O Google não nada, ele ficava sentado olhando, olhando, olhando, olhando. O Google não vai nada, não. Não. Chega um dia, é onde ele pulou na água e saiu nadando perfeitamente. Bom, é um cara que aprende por observação sem o esforço muscular, perspectivo. Mas a maioria não é assim. Eu mesmo já vai conseguir aprender a nadar deste jeito, eu tive que me afogar várias vezes. Não adiantou olhar, não aprendi nada olhando, eu tive que tentar por mim mesmo. Mas ele aprendia com os olhos. Você tem imensa variedade de possibilidades humanas aí. Vamos dizer, estes sensos, dessas ambiguidades, dessas tensões, isto é o principal de tudo aprendizado. E isto não é inteiramente comunicável por palavras, é aludível por palavras. Mas só funciona se você tiver a mesma experiência. É isso. Então, quando o aprendizado se dá eminentemente pela transmissão da palavra escrita, o risco de um hiato, de um abismo entre palavras de experiência, se torna imenso, imenso, imenso. Então, muito bem, essas pessoas não têm condição de aprender o que é uma ordem social. Só apegam metonimicamente e não sabem que é metonim. Eles pensam que as coisas que eles estão falando são reais. Como é que essa pessoa pode pegar em seguida a noção, no sentido de uma ordem cósmica, que abrange a ordem social? A ordem cósmica para eles são apenas as leis da física. Se eles souberam as leis da física, é isso. Mas as leis da física são a ordem cósmica? Não. Elas são expressão de uma ordem cósmica, que nós sabemos que existem e que têm de existir, mas que nós não aprendemos diretamente, que nós podemos vislumbrar, às vezes, com uma imensa dificuldade de expressar aquilo. Por exemplo, toda questão do simbolismo natural. Eu já expliquei isso há muito tempo, em uma apostila chamada triplo intuição. Todos nós sabemos que, universalmente, a luz simboliza consciência e inteligência. Mas por que é assim? Você não consegue pensar no escuro? É por um motivo muito simples. Se você recoa tempos imemoriais, você vai chegar a uma época em que o ser humano não tinha nenhum domínio dos meios de iluminar um ambiente. É dizer, quando havia luz natural, ele enxergava, quando a luz não assumia, não via nada. Então, isso quer dizer que ele tomar consciência da luz é o mesmo ato que ele tomar consciência de que ele está enxergando. Então, você tem, inseparabilmente, uma intuição física, externa, e uma intuição interna, as duas, inseparáveis. Então, isso é um exemplo simbolismo natural. Existem milhares de outros simbolismos naturais. Por exemplo, quando você vê, quando associam, por exemplo, a Lua ao fenômeno do transcurso de tempo. Essa percepção da luz, só é uma coisa instantânea. Mas, e a Lua? Como é que você vai saber que aqueles vários objetos que aparecem no céu, com figuras diferentes, aparecem e desaparecem, são o mesmo? Você tem que ter observado o ciclo várias vezes. Portanto, sem tempo, meu filho, você nem entende o que é Lua. Esse é outro exemplo simbolismo natural. E assim por exemplo, existem números de simbolismo naturais. Vocês podem divergir um pouco, conforme a região, conforme o paisagem, etc. Mas, existe um núcleo de simbolismo natural, quer dizer, que a presença é absolutamente inegável. Como é que eu posso tentar conceber algo da ordem cósmica sem perceber esse simbolismo natural? Ou sem nunca ter pensado no assunto? Você acredita que todos os simbolismos são criações culturais do ser humano, totalmente arbitrarias e desligadas da realidade física? Bom, eu terei de concluir que todo o simbolismo universal é apenas uma arbitrariedade humana. E quando eles construem as civilizações inteiras baseadas nisso, essas evaluações não poderiam durar duas semanas. Quando você vê que existem civilizações inteiras baseadas na interpretação de símbolos naturais, como a civilização egípcia, por exemplo. Como é que eles conseguiram durar tanto tempo? Se toda a noção que eles tinham do significado e da ordem das coisas, da ordem cósmica, que a ordem social tentava imitar, era tudo puramente inventado, era gratuito, isso não é possível. Pergunto eu, quantos estudios de cenas sociais no Brasil chegaram a pensar nisso por cinco minutos? Eu não conheço nenhum. Pode ter algum, claro, não é? Toda a universidade sempre tem um ou dois carinhos inteligentes, fica bem quietinho no seu campo, quando incomodem os outros, e que está pensando coisas que ele mal pode comunicar para o seu meio. Agora eu digo, você não tem sequer a noção da ordem cósmica. Como é que você pode ter a noção de uma ordem divina? Se você pensa a ordem cósmica, bom, ela abrange a unidade inteira. Mas com certeza, ela se fundamenta em certos relações de possibilidade que transcende o próprio universo. A lógica é o que? A estrutura da possibilidade do universo. Então, as relações lógicas, matemáticas que vigoram no universo são independências da existência desse universo. Elas são eternas. Um mais um vai dar dois em qualquer universo concebível. Está certo? Não tem nenhum universo onde um mais um possa dar três. Então, isso quer dizer, esse conjunto de relações da mera possibilidade antecede e transcende esse universo. E é isso que eu estou me referindo quando falo ordem cósmico, ordem divina. Ora, para qualquer filósofo da antiguidade, a existência desses vários níveis era uma coisa óbvia. E hoje, quando você fala ordem divina, as pessoas pensam que isso é a crença religiosa. Então, muito bem que pode ser uma crença religiosa, mas toda a crença implica algum conhecimento sobre a realidade. Conhecimento que das duas umas. O verdadeiro é falso. Por isso, se você pegar uma religião inteira, olha aqui, você tem um conjunto de dogmas ou de crenças. E, bom, pelo menos uma parte deles se refere à estrutura da realidade. Que é verdadeiro ou falso? Você conhece alguém que coloca esse problema? Na hora que você define as religiões como sistemas de crença ou produtos culturais, você fez abstração da validade ou falta de validade cognitiva. Ou seja, você fez com a religião inteira, o que a Marcia Tibur e o Desconfacista faz com os outros. Você negou que aquilo tem uma consistência ontológica própria, a religião passa a ser apenas aquilo que você carimbou em cima dela. Quer dizer, do ponto de vista do seu doutor em ciências sociais, as religiões são apenas sistemas de crença ou produtos culturais. Elas não têm nada a ver com a esfera do conhecimento que é exclusivo das ciências. Isso quer dizer que o conjunto do que as religiões diz, não tem nenhuma referência à realidade, não tem nenhuma pretensão de validade fática. É claro que tem. E se você não examina as religiões sobre esse aspecto, você não a compreende de maneira alguma, você as compreende só como criações culturais. Portanto, como arbitrariedade. Ora, basear neste conceito como é que você pode saber se uma religião é verdadeira ou falsa? Não tem como saber. Então você as decreta como falsas precisamente porque você não quer estudá-las. Isso está fora da nossa área. Nós só consideramos como sistema de crenças, como portanto, como partes da estrutura social. Portanto, se é isso o universo da crença, o universo da arbitrariedade humana é nada a ver com o conhecimento. Ele disse que foi você que as escolhiu do mundo do conhecimento. Foi você que disse que não vai examiná-las do ponto de vista de veracidade ou falsidade. E em seguida você proclama falsidade. Isso é um erro quase universal, não é no Brasil só, é do mundo inteiro. Richard Dawkins faz isso, Daniel Dane, todos esses caras fazem isso. A coisa principal em qualquer religião é saber se algo da estrutura da realidade ela captou. Então, quando você estuda metafísico hinduco e quer que você pense dela, é absolutamente inegável que algo da estrutura da realidade e algo muito sério eles conheciam. Então, isso quer dizer, pessoas que não dominam a linguagem, não dominam a hora dos conceitos, não conseguem captar o que é maior na sociedade, não conseguem captar o que é maior em cosmos e muito menos uma hora divina, estão, eu tempo todo dando palpite sobre religião, moral, política, etc. E para que servir se não para lançar uma confusão monstruosa, miserável na cabeça todo mundo? Ou seja, para um idiota fabricar outros idiotas igualzinhos. Eu digo, por exemplo, você vê o número de pessoas que têm opiniões sobre um treco chamado pecado, todo mundo tem alguma opinião, não é isso? Se você pegar essas pessoas e dizer o que é um pecado, é pecado é uma conduta que tal como sociedade, tal como religião, decreta como errada, incoveniente, maligna, criminosa, etc. É de bom, mas pera aí, a conduta errada em função do que? Da ordem social? Me prove que certos pecados trazem algum dano à ordem social. Mas ainda, elas podem trazer dano a uma ordem social que será destruída e subcipida, tal vezes, por uma ordem social melhor. Então, isso quer dizer que haverá inúmeros pecados que são socialmente úteis. Né, isto? Alguém pode negar isto? Por exemplo, o pecado da usura. Se o pecado da usura não tivesse surgido jamais do capitalismo moderno, meu Deus do céu, a gente estaria tudo morrendo e fome. Então, foi socialmente útil, portanto, esta definição do pecado como algo que é prejudicial à sociedade, simplesmente não funciona. Quando você vai examinar, por exemplo, a doutrina cristiana do pecado, eu digo, não há nada na doutrina cristiana do pecado, nada, nada, nada, nada, nada, nada, que você possa compreender fora da noção de um destino postmortem do cidadão. A mentalidade se implora, pode dizer, dizem-se que você quiser algo, tal coisa, Deus vai castigar você no outro mundo. Mas por que que Deus vai me castigar no outro mundo? Por exemplo, eu como uma mulher do vizinho, e diz, bom, Deus vai me castigar no outro mundo. Por que que Ele vai me castigar no outro mundo? Se não existisse nenhuma conexão entre esta conduta e o destino do ser humano numa outra dimensão de realidade, por que que Deus irá me castigar aos raios? Ademais, a própria noção de castiga é uma metonina. Você de Deus vai castigar você por isso? Você tem certeza do que você está falando? É disto realmente que se trata ou ao contrário? O seu pecado traz já um dano para o seu destino postmortem, mesmo que Deus não te castiga, mesmo que ele não quer te castigar. Existe uma relação, ou não? A maior parte das pessoas, como não tem essas condições, não tem sequer imaginação para conceber o que poderia ser a existência do ser humano no outro plano. Eu já sei que não concebe nem a ordem social daqui, como é que eu vou conceber a existência para dizer o infernal? É mais fácil dizer que o céu e o inferno não existem. Eu não sei se eles existem, mas para dizer isso eu tenho que saber o que são. Tenho que entender o que estavam querendo dizer com essas expressões. E preciso saber se essas expressões com o seu significado não têm um referente, ou estão se refinindo a coisas erradas. Isso requer um pouco de imaginação. Como o ser humano qualifica a sua imaginação para ele poder conceber algo de um outro plano de realidade? O ser humano nasce pronto para isso? Nace maduro para isso? O neguinho nasceu e está lá sujando as fraudas? E ele já tem uma noção do que é a vida após-mortem, etc. Ora, entre tudo o que nós sabemos aqui e o que possa ser uma existência celeste, existe um hiato quase intransponível pelo seguinte fato. Todas as percepções sensíveis que nós temos são instantâneas e fragmentárias. Todas absolutamente todas. Não temos uma única percepção contínua. É tudo picotado. Você não ouve um som continuamente, você não capta o estímulo visual continuamente, você não tem um gosto continuamente, você não tem uma impressão táctico continuamente. É tudo picotadinho. Muito bem, então, eu estou ali vendo um gato. Eu tenho várias percepções visuais picotadas dele. Eu não tenho uma visão do gato, tenho várias. E, no entanto, eu sei que entre uma percepção, por exemplo, enquanto eu dou uma piscada, eu sei que o gato não se só desistir. Só que a realidade deste gato me é inacessível. Eu só tenho as percepções dele. Me é inacessível sensorialmente. Então, alguma coisa o gato é continuamente, embora eu só perceba descontinuamente. Essa é uma das experiências fundamentais do ser humano. Então, eu me lembro quando eu era pequeno, eu tinha até hoje, miopia no olho direito e permetropia no esquerdo. Quer dizer que eu via duas coisas completamente diferentes, só corrigiu quando botou óculos. E eu tinha uma coleção de tartarugas. Oito tartarugas. Eu tinha uma infecção, uma bronquita, etc. E as velhas diziam que tartarugas eram boas para isso, então, todo ano meu pai me dava tartaruga nova. Ele passava cola no longo da tartaruga, cheia de purpurina e colocava um lacinho. E no dia de natal, eu recebia mais uma. Mais uma, a chefe dela chamava-se biju, a outra não lembrou. Então, eu botava tartarugas no tanque para nadar. E eu ficava olhando e olhava com o olho lá. Oh, elas são assim ou assim? Até que um dia me ocorreu uma ideia brilhante, eu falava, quando olha assim é do jeito, quando olha assim é do outro, mas tem uma coisa que permanece igual. A direção para onde elas estão indo. Se elas estão para a esquerda, os dois olhos vêm para a esquerda. E se vão para a direita, também eu vejo para a direita. Então, existe uma ordem geométrica. Esta ordem geométrica é constante. Eu não apercebo com os olhos, apercebo com outra função, que é a função abstrativa que falava a Aristóteles. Quer dizer, você capta a forma essencial da coisa que está dada nela, mas que é a sua inteligência que capta. E esta forma intelectual, ou este forma essencial, estrutura aquele objeto para mim. Então, existe uma forma essencial do gato, uma forma essencial da tartaruga, uma forma essencial do movimento da tartaruga, e tudo isso a gente vai captando com inteligência. Através dos sentidos, mas para além dos sentidos. Esta operação é instantânea. Que você capta primeiro a pura figura física e depois você faz essa sensação. Não, isso é instantânea. No próprio ato, você vê. A percepção sensível já tem a inteligência embutida nela. Se não, isso seria impossível. Quer dizer, primeiro eu tenho sua percepção sensível, da qual não entendo nada, e depois se acaba a percepção sensível, entendo. E não vai dar, não é? Então, através da constante meditação, da percepção sensível, da inteligência, do processo abstrativo e da percepção de formas mais sutis da realidade, é assim que se desenvolve a inteligência humana, mas é outra coisa. Este é o aprendizado e todo mundo tem que passar por isso. Mas, meu filho, se você não terminou nem a gramática, não dá nem para você entender o que eu estou falando agora. Então, você imagina, se eu não consigo pegar, se quer perceber com sentido, se quer a forma permanente de um gato, eu só percebo uma parte da abstração. Como é que eu poderia captar uma outra modalidade de existência na qual tudo é permanente? É quase impossível. Tudo chega a mim através de percepções fragmentárias. E eu, através do arco de abstração, eu apriendo aquilo. Mas eu só apriando, não é esfera conceitual, é um vejo. Eu sei que está ali, mas não vejo. Agora, como é que eu faço, por exemplo, eu quero conceber, sei lá, uma única existência eterna, é do anjo, por exemplo. Como é que eu faço? A igreja diz, você, existe uma preparação para isso. Você reza, confessa, com o mundo, pratica as virtudes, corria de seus pecados, etc. Você é um pouco conseguindo a concentração espiritual para você conceber um pedacinho disso. Agora, eu acho que isso funciona, pela minha experiência funciona. Você tem toda a experiência do santo, dos místicos, do profeta, e está dizendo que isso tudo funciona. Como é que você vai saber se você tentar nunca? Não vai saber. E é justamente a pessoa que não vai saber, se elas que já têm ouvir não pronta. Claro, os acreditam porque ouviram dizer que sim. Então, que o Papa disse, o Papa disse, o Poster disse, talvez isso facilite para que eles tentem, mas não vai passar daí. E tem umas que também negam, porque alguém diz para eles que não existe. E de uma ninguém colocou seriamente o problema. Então, as discussões públicas sobre a religião, tudo baseado nisso. Está aí o seu Leandro Espiritual, que dá um livro inteiro sobre o pecado, diz que que ele sabe para ver o pecado, meu Deus do céu. Ele acha que o pecado é uma conduta feia. É? Um ato feio. É digo não, meu filho. Porque parece feio ou maligno nas horas humanas. Meu Deus pode ver de outro jeito. O pecado é porque o pecado é em função do seu destino eterno, e não da conveniência momentânea. É? Por exemplo, se eu comer a mulher do vizinho, eu posso estar fazendo um favor para ela, com o herde, deixar ela largar, depois de 40 anos, sai para a vendaia, vai comer as prostitutes, deixa a mulher lá no toco. Daí um dia a alma bondosa do cedão, vai lá e faz amorzinho a mulher. Ela vai ficar grata. Quer dizer que no plano terrestre não foi mal. Deus é que vai ver as coisas do outro jeito. Diz, olha, isso pode ter sido outro, ali no plano terrestre, mas o fato é que eu não fiz você para você de disfrutar só do plano terrestre. Eu fiz você para ter no destino eterno, e nesta outra escala, a sua conduta pode te prejudicar. Só nesta outra escala a gente tem. Claro que há pecados que trazem um perjuízo imediato para a pessoa. Está certo? Físico, terrestre, mas muitos não. Então por que eles são pecados aos raios? Não é em função da ordem social, não é em função de usos e costumes. É em função de uma outra concepção, a que você não tem acesso muito fácil. E que se você não busca, então se você não buscou, você não tem direito nenhum de ter opinião a esse respeito. Eu acredito piamente que o direito de opinar é proporcional ao tempo de atenção que você deu ao assunto. Se você pensou cinco minutos, você tem o direito de opinar durante cinco e você tem o direito de opinar durante cinco milionésimos de segundos. Então já ouvir sua opinião não precisa falar mais. Se você dedica um ano, você dá para gente ouvir você cinco, dez minutos. Agora tem pessoas que estão pensando que a sua opinião está vindo de trinta anos. Elas merecem ser ouvidas porque elas dedicaram algo da sua atenção sinceramente, sinceramente a aquilo. Então o que elas estão falando pode nem ser verdade, mas pode ser um indício valioso. Ora, eu pergunto assim, no Brasil quantas pessoas têm esse senso de ouvir um sujeito, saber se ele está falando de algo que ele realmente meditou, pensou, sentiu, experimentou ou se apenas combinou palavras bonitinhas. Já dá uma boa impressão. As pessoas não têm mais esse senso. Se tivessem, não ouvirem dois minutos a Marta de Buri ou Leandro Efeitual ou Kloves de Buri, nenhum que tudo isso é a combinação de palavras para dar um efeito. Então é uma arte da manipulação de sons, é uma espécie de prestigitação, uma arte de circense, na verdade. Isto eu vejo como um fenômeno geral no Brasil. Praticamente todos os formadores de opinião em todas as áreas estão fazendo isto. O Brasil já perdeu esse senso da linguagem. Nos anos 50, 60, todo escritor, todo, todo, todo, todo sem exceção tinha o senso de se uma determinada construção era postiça, autêntica. E com base nisso é que se fazia o julgamento literário. Quer dizer, a narrativa literária ou a expressão poética ela tinha que ter algo, vamos dizer, da experiência originária. E não da simples imitação de alguma construção verbal aprendida. Todo escritor tinha isto. Você lê, por exemplo, Graciliano Gramos tinha isto ao ponto do enervamento completo. Ele tinha crise de nervos, quando ele escrevia um treco que ele dizia, ''Ei, está estando falso.'' E não aguentava isto. Outros nem tanto, mas mais ou menos todos tinham. Agora ninguém mais tem. Você vê as construções mais fortes, mais forçadas, mais idiotas do mundo. As pessoas leem num centro e acham bonito. É isso. Então, gente, é o seguinte, eu estou preparando vocês, não é para um movimento político, não é para tomar o poder, tá sendo? Não é para tomar o poder, não é para tomar o poder, tá sendo? Não é para fazer a impeachment da Dilma, tá sendo? Eu estou preparando vocês para que vocês varam do ambiente cultural brasileiro esta geração de picaritas, imitadores, palhaços, papagaios. Um país não pode sobreviver com gente assim dominando o debate público, não pode. Porque nada tem poder de preenção sobre a realidade, meu Deus do céu, sem a linguária nós não conseguimos fazer isso, senão dominamos, se não é a linguária, como é que vamos dominar o destino de um país? Ah? É o que você não consegue pensar, você não consegue fazer. E é este o problema do Brasil. É claro que alguns que têm vocação para a luta política se dirigirão, aí isso se faz muito bem. Só que, se este é o seu caso, se você quer entrar na política, em 99% dos casos a pessoa fala, não, eu tenho que entrar, participar da política, então vou me candidatar, vereador, vou entrar no partido tal, etc, etc, mas isso não é política, meu filho. Isso é apenas política eleitoral. E você chamar política eleitoral de política é metonímia. A política é o exercício do poder. Poder significa o seguinte, quantas pessoas te obedecem? Não é qual cargo você ocupa. O sucesso para estar na presidência da república e ninguém obedecerá. Ah? Então, eu tenho um amigo, não vou dizer o nome, mas muita gente vai saber quem é. Era um empresário que estava criando uma liderança empresarial poderosíssima. Quer dizer, era um grande formador de opinião. E aí chega um dia que ofereceram um ministério para ele. Ficou boa a carreira dele. Ali onde ele estava tinha poder. Com o ministro ele tinha um cargo. Com o ministro, com o deputado, com o senador, você tem um cargo. O verdadeiro poder está no contato com a sociedade humana e com a criação de uma liderança. Quer dizer, a liderança significa que as pessoas confiam em você e te obedecem de algum modo. Ou você quer isso ou você quer um cargo, meu filho? As duas coisas ao mesmo tempo, vou dizer, é quase impossível. Por quê? Uma liderança pessoal se exerce diretamente. O neguinho chega no lugar, fala e todo mundo sabe que ele fala. Autoridade que é uma pessoa confiável, então ele se acredita e obedece. Agora, se o neguinho fala em nome de um cargo, ele não está falando em nome próprio, ele está falando através de uma rede de canais que o sustentam lá e com a qual ele tem um monte de compromissos. Então isso quer dizer, o simples fato de você ter um cargo eletivo ou nomeado, já tira 90% da sua autoridade. Então o que é importante é criar liderança pessoal na sociedade humana, nas igrejas, no CIDCAS, nas escolas, centrocadêmicos, todas as organizações da sociedade civil, no seu bairro, na sua rua, isso quer fazer política. Política ele vai falar uma casquinha. Então, se você quer entrar realmente na luta política, entrar realmente na luta política, não apenas na nomenclatura, eu posso ir da alimentação, ela vai dar um curso disso. Então, eu não sei, já um curso que vai ser uma guerra cultural, história e estratégia. Essa semana eu vou anunciar um programa do curso, é para estas pessoas. Não são todos, evidentemente, todo mundo pode ter interesse nisso, claro, mas não quer dizer que todos vão se dedicar a isso como projeto de vida. Mas se esse é seu projeto de vida, bom, eu tenho alguma coisa ali, senão, é porque eu tenho décadas de experiências de luta cultural bem sucedidas, gente. Eu entrei nisto em 1993, com aiva nova era a Revolução Cultural, por 1996 com o imbecil coletivo, o imbecil coletivo sozinho bastou para quebrar a hegemonia intelectual da esquerda. Eu distinguei hegemonia intelectual e hegemonia cultural, e hegemonia cultural controla os canais de difusão, mídias, editoras, etc., controle material. E hegemonia intelectual é a posse das ideias mais abrangentes e da linguagem na qual todo mundo tem de falar, porque não há outra linguagem disponível. Isto eu destrui completamente, ainda não se formou uma outra linguagem, mas todo mundo já sabe que a linguagem estabelecida da esquerda são um ban de chavões, que não funcionam, não dizem a realidade, só serve para mentir. Todo mundo já percebeu isto. Pessoas sem instrução percebem isto. Antes ninguém percebia. Quem foi quebrou isto? Foi eu, sozinho. Não veio o reino ao deserver, dizer que era o... Você nem entende isso aí. Inclusive porque ele é um especialista em usar chavões de esquerda. Quando ele fala tal coisa, anti-democrático, etc., etc., temos aqui o estado de direita, nem uma linguagem, é só chavão, gente. Tem pessoas que sabem escrever sem chavão? Tem, o Paulo Brigueio escreve sem chavão. O Rodrigo Jé escreve sem chavão, só que eles não tomam na luta política, é outra coisa. O Yuri Vieira escreve sem chavão. A Lorena Miranda. Lorena Miranda Kotlak escreve sem chavão. Só que ela está fazendo poesia, não está na luta política. Na esfera da guerra cultural, eu acho que não tem ninguém para preparar. Ninguém sabe ainda o que é isto. As pessoas que entram com ideias boas, elas não têm uma ideia da guerra cultural. Então, você não tem o que tem a formação, você não tem a ideia da cultura. Então, você tem a formação jurídica, literária, ouís filosófica, etc. E não entende, a guerra cultural é uma disciplina, meu Deus do céu. E tem que ser aprendida. E tem que ser aprendido com quem inventou, quem inventou, os comunistas. Então, eles sabem fazer. E você pode aprender com eles. E você pode fazer melhor do que eles. Eu, o canto, não é para me gambar, como diz o Lula, mas eu fiz uma sozinha e ganhei. E continuo fazendo até hoje. Em hegemonia intelectual, que a gente acabou, sobra hegemonia cultural, quer dizer, o domínio das instituições e canais materiais. Isto ainda tem. Isto eu não posso derrubar sozinho nem pretendi. Um dia vão perder. Mas para isso, você precisa de muita gente preparada. Então, muito bem. Fui tudo claro? Vamos fazer uma... Dá tenta de fazer as perguntas? Eu fico muito tarde. 10h30, 12h30. 10h30, é? Para responder a pergunta ou não? Eu vou perguntar para a Oxen. Ela manda em mim. Tá bom, então vamos retomando. Daqui 10 minutos não voltamos. Então, vamos lá. Aqui eu vou conseguir responder uma fração ínfima das perguntas. Eu sei muito, rupo, mas não tem jeito. Diego Reggiano pergunta. O professor seria correto afirmar que só foi possível filosofar após a invenção da escrita, da gramática. Eu acho que não. Existe o famoso Levo do Paul Radden, o homem primitivo como filósofo. Eu sugiro que você dê uma olhada nisso aí. Por outro lado, a gramática... Eu não quis dizer respeito. A gramática é a resposta decisivamente não. Porque no tempo da aristótica não existia a gramática. O quanto à gramática começa a se devolver quase 100 anos depois a partir de conceitos criados por a aristótica. Eu não quero dizer que as línguas não tivessem uma gramática imprista. Mas é mais a gramática como ciência, expressão verbalizada e organizada as regras impristas. Isso aparece só 100 anos depois da aristótica. Mas eu já li professor brasileiro dizendo que toda a obra da aristótica não é senão uma transposição de regras da gramática para a filosofia. É uma estupidez fórdica comum. Porque não há venda gramática. Eu tenho que dar uma de que a aristótica poderia tirar essas coisas. É disso um vilela para o que é importante o trívio do quadril para o que acabou de ser explicado. Bom, essa importância é absolutamente fundamental, mas não precisa se tratar do trívio do quadril e eu compreendizo formalmente como disciplina. Quer dizer, algum tipo de prática desse tipo você vai precisar. Você não vai precisar seguir os canones do velho trívio do quadril, mas algo de gramática, lógica e retórica você vai precisar ter. Na verdade a gramática é de elética e retórica. O que se dava nesta fase não era bem a lógica, a analítica, era a dialética. Agora, em todos esses estudos, inclusive a gramática, nem sempre estou me referindo ao estudo formal da gramática. Há pessoas que têm uma certa capacidade de abstração linguiça, que elas captam a regra implícita, antes mesmo de saber formulá-la. Outras não. Tem pessoas que, no caso do Google, tem alguém que aprende pela experiência e outro que aprende sem experiência, só observando a experiência leia e tudo isso aí, varia de pessoa a pessoa. Eu mesmo só fui aprender gramática portuguesa depois dos 28 anos. Eu só tinha nojornado, só aprendi gramática latina na verdade. A aula de português eu fugia porque era muito chata. Mas a pessoa de latina era extraordinária. Então aprendi um bocado de latinha ali e com a gramática latina eu escrevi a corretamente em português. Quando eu fui buscar o meu primeiro emprego de jornalismo aos 17 anos, eu já escrevia corretamente sem ter a menor noção do que fosse em português, na junta do verbião e assim por diante. Conheci a nomenclatura latina, mesmo assim, mesmo a latina eu conhecia parcialmente porque o nosso professor, embora usasse a oleos do Napoleão Mezalmede, a gramática latina do Napoleão Mezalmede, ele é mais pela prática e pelos exercícios do que pela exposição teórica primeiro. E funcionou de algum modo. Então o que é mais importante é você ler os grandes escritores da língua, ler-los e imitá-los, imita um, imita outro, imita outro, imita outro. Você vai pegando essas torturas. Se você está um pouco de gramática depois, você vê que facilmente você reconhece as regras que já estavam implícitas ali. Do mesmo modo com relação à lógica. Estudos especializadas de lógica não ajudam muito. O que ajuda muito é você aprender com os filósofos raciocinálogicamente e dialéticamente. Isso é muito mais importante do que você saber a lógica enquanto disciplina específica. Você pode estudar um bocado de lógica e não ser capaz de raciocinálogicamente. Você só sabe repetir as regras e só sabe... Vamos dizer... Isso é como você aprender a dirigir e entender mecânica de automóvel. Não são a mesma coisa. Você pode saber muita mecânica e não sabe dirigir. Pode saber dirigir e sair sabendo a mecânica. Toda disciplina tem esses dois lados. Então a reflexão teórica, ela tem, evidentemente, a sua função, mas a reflexão teórica sobre o que não existe não adianta absolutamente. Então é preciso vamos dizer uma prática da lógica, uma prática da dialética. Mas é simplesmente ler texto filosófico, já vai te dar isso aí. Olha, se você ouvia essas aulas, eu estou aqui praticando dialético o tempo todo. Você já tentou captar, assim, qual é a ordem de dispositivo que eu uso? Eu vou por aqui, daí eu dou uma volta, e meendo ali. Por que eu faço assim? Para criar o suprifício de contraste para vocês poderem compreender umas coisas a partir da sombra que outras projetam nela. Como você faz em desenho? Na verdade, você não desenha as coisas, desenha sombras imaginárias. Fábio Vicente perguntou, eu noto que no ambiente científico fiz uma série de símbolos com um buraco negro, inteligência artificial, o universo paralelo, e isso é que é preciso tanto tudo fazendo essas coisas como se falassem de algo da realidade. Que concelho eu te ajudar para quem quer recuperar os seres corretas a linguagem, particular no ambiente da sessão natural. Faça você um esforço de descobrir se esse conceito tem um fundamento ontológico ou não. Se você chegar à conclusão de que são figuras de linguagem, essas figuras expressam alguma impressão que as pessoas têm. Uma figura de linguagem serve para você expressar a impressão que você ter dentro de uma coisa que você não sabe o que é. Mas se as figuras de linguagem são sempre uma aproximação da realidade. Quando se aproximou, o que falta? Exercer a análise crítica em cima desses conceitos. Espremer, espremer, espremer até ver o que sobra. Não há outra maneira de você aprender, você aprender pelo exercício. Claro que existem já livros que tratam desses assuntos. Exelentes de filosofia da sessão, o livro do Wolfgang Smith, Edmund Husser, a crise da ciência europeia, são livros absolutamente indispensáveis. Eu acho que a crise da ciência europeia é um enorme, ler a crise da ciência europeia é um enorme exercício. Você lhe as investigações lógicas de Edmund Husser, que não é um livro de lógica, é um livro de filosofia da lógica, em que ele está tentando descobrir, a que ordem de realidade pertence às conexões lógicas. Então ele parte, por exemplo, de uma escola chamada psicologismo, que basicamente é George Stuart Mill, cuja lógica fez um sucesso enorme no século XIX, e que identificava a lógica com a psicologia. A lógica seria as leis do pensamento efetivo, como nós pensamos. E o Husser demonstra que não é nada disso, quer dizer, o processo real do pensamento é uma coisa, e a forma lógica é outra, completamente diferente. A forma lógica, daí ele criou a noção da lógica pura, quer dizer, uma lógica desconectada dos atos reais, desconectada não, distinta dos atos reais de pensamento. Então, eu dei um curso de vários mesmos sobre as investigações lógicas dentro do mundo Husser, eu acho que aquilo fez muito bem para as pessoas. O Husser é, assim, meticuloso, assim, até o fim. E é um exercício excelente aquilo. São dois grandes livros da humanidade, a investigação e a lógica, sobretudo a longa introdução, que é a introdução dos antas págras, foi uma das coisas mais úteis que eu lia na minha vida. Ler isso e entender já é um exercício, porque no início, ele está falando de coisas tão abstráticas que tem a impressão que você não sabe o que ele está falando, mas faça um esforço de imaginação. Cada coisa que você lê, procura um exemplo concreto. Não vai lendo assim, é por isso que eu acho que para a leitura desses livros, o método do Ander não funciona. Ele diz, primeiro você lê tudo uma vez, depois você vê as palavras que se repetem ao longo do livro, que são os núcleos principais do livro. E depois você decompõe, falando, tem livro que não dá para você lê assim. As investigações lóricas não dá para você lê direto, é impossível, você tem que parar cada frase, você tem que parar. Os livros do Husser, o Husser era matemático de formação, então os livros dele são como o livro de matemática, você vai ter que refazer aquele cada cálculo para saber do que ele está falando. Você pode pegar o livro de geometria, que tem lá, sei lá, 200 teoremas, você lê assim, só se você já for um gênio geométrico, você já faz a demonstração na sua cabeça rapidinho, pode acontecer, mas em geral não é assim, então você vai ter que refazer cada demonstração. Portanto, você vai levar, às vezes, um dia para ler uma parna, às vezes, ou dois dias, não tem importância. Quem está com pressa? Se você fizer isso com o livro Husser, eu não vou passar por lá na seguinte, se eu não estiver certeza de que eu entendi o que ele disse aqui. Você pode levar um ano para ler o livro, dois anos, mas o ganho que você vai ter é formidável, porque você vai dar densidade ao que ele está falando. E essa densidade é tudo, essa densidade que destingue, se o sujeito compreendeu ou se ele está apenas macaqueando. Então, vamos dizer, a lição fundamental deste curso é essa, não adianta você ler muito, meu filho, você tem que dar densidade a cada linha que você lê. Eu, pessoalmente, eu costumo, tem claro coisa que a gente só lê para se informar rapidamente, mas quando há uma leitura mais séria, eu não leio, você não pretendo memorizar, você não pretendo guardar aquilo para sempre, eu não leio. Eu vou esquecer no dia seguinte para o que é que serve. Claro, com o livro da Marcia Tibura, eu pretendo esquecer daqui três horas e meia, mas se eu conseguir, mas, exceto, vou dizer as lições que eu posso ter tirado não do livro, mas da análise que eu mesmo faço dele. Marcia são livros sérios, como as Crises da Cência Europeia, investigação lógica, dedica um tempão da sua vida, não tem a pressa de ler muita coisa, lê com profundidade um livro, não passe para a parte da seguinte, você tem entendido tudo do que está a ler, e quando eu digo entender, que é o que é o seguinte, você tem que chegar a visualizar. Se você não tem exemplo concreto, se a sua imaginação não acompanha a leitura, você não entendeu realmente. A Amanda Kelly diz que ela fica perplexa com o diante do Islam. Em princípio, o respeito de toda a religião que não tem o sacrifício humanos ou abuso sexual, procura sinceramente a conexão consagrada, mas conversa difícil de estruturar o Islam. Espera aí, o Islam não é uma religião, o Islam é uma civilização inteira, tem tudo ali dentro. Então, em primeiro lugar, você vai ter que admitir que existem distâncias incomençuráveis ali dentro. Quer dizer, é aquilo que tem um místico sufre tentando praticar o que ele chama o Grande Jihad, que é a luta contra a sua própria alma, e fica ali fechado dentro de um cubículo recitando nomes de Deus até ter a concentração suficiente para eliminar certas tendências malignas ou subir um pouco na escala obstrativa, e tem outro lado de gente que está cortando cabeça. Alguma ligação existe entre as duas coisas, evidentemente, mas essa ligação realmente não é simples. Também você não pode esquecer que, por exemplo, visto de dentro de uma sociedade islâmica, fenômenos comunasismo ou fascismo são parte da civilização cristã. É assim que eles veem. Eles falam, o que você fica falando de nós? Vocês inventaram o comunismo fascismo, vocês cristãos? E eles não estão errados quando dizem isso. Só que são aspectos antagônicos que existem dentro da mesma civilização. Uma civilização não é um bloco de coerência, não é um tratado de lógica, é uma realidade humana, enorme, mente, vasta e complexa, na qual cabe tudo. Para você chegar, por exemplo, eu quero saber se o islâmico é uma religião autêntica, você é uma falsificação, você vai ter que fazer abstração de todos os dados civilizaçonais e se ater, vamos dizer, aos textos originais. Isso não tem nada a ver com o exame do terrorismo, você pode fazer isso aí. Como faz, por exemplo, o Joel Richardson, no livro que chega a conclusão de quanto em Cristo islâmico, ele faz isso a partir do exame dos textos. Claro que isso tem uma repercussão na conclusão que você vai tirar sobre terrorismo, radicalismo islâmico, etc. Mas ele não está tentando, vamos dizer, abarcar num sol e olhar todo esse corpo de fenômenos. Ele está isolando, você pode entender. Vamos dizer, o Korong, o Hadith, os ditos e feitos do profeta Muhammad, você pode entender isso sem referência ao que veio depois, porque na época em que isso foi emitido, não tinha acontecido o que aconteceu depois. Portanto, a coisa tem um sentido em si próprio. Ele pode ter gerado o que veio depois, pode ter influenciado o que veio depois, mas ele não é afetado pelo que aconteceu depois. Então, você pode fazer essa abstração e examinar a coisa. Só nos seus textos originares. Acho que isso facilita um pouco a tarefa. Também seria uma brutalidade, você atribuir a religião islâmica, as virtudes da religião islâmica, tudo o que a filosofia islâmica produziu, por exemplo, na pérsida, porque muitos desses filósofos são considerados eréticos, que são desviantes. Então, se eles têm algum mérito, é o mérito próprio que não deve a tradição religiosa, embora se relacione com ela dialeticamente. Vamos ver. Aqui tem o mensagem, Felipe Lessar. Aqui é, Felipe Lessar, peço que você anuncia o primeiro encontro europeu de estudantes do Seminar de Filosofia, que ocorrerá no próximo fim de semana, 5 a 7, de agosto, em Lyon, França. Inicimos a atividade na sexta-feira com o Hangout, com o Senhor, com o tema Vida de Estudos no Isílio. Essa conferência de mais atividades do sábado serão transmitidas via web, sobretudo para as residências na Europa que não puderem vir até Lyon. Aos interessados em vir, que ainda não se inscrevam, pense que acesse a parte do evento do Facebook, ou me escreva no FelipeLessarjaRobaGmail.com. FelipeLessarjaComEssoArobaGmail.com. Francisco Augusto, a Universidade Plano e TudoCir e a Direção Principal do Filosofio, Lila Velho. Ou seja, não existem graus de ser. Como o Senhor relacionaria a noção com a noção de São Tomás de Aquino e da analogia do ser, segundo a qual a modalidade... Bom, não existirem graus de ser, não quer dizer que não exista modalidades diferentes. Essa é a coisa mais simples. Por exemplo, você acha que uma equação de segundo grau existe na mesma modalidade que um gato ou um jumento, para ser impossível. Dentro dessa escala de modalidade, você pode distinguir entre o ser mais permanente e o mais relativo. Existem também diferentes amplitudes da existência. Quer dizer, por quanto um ser, a existência de um ser, afeta o restante. Eu acho que a questão da... Eu acho que a Universidade, tal como diz Lavella, ele quer dizer o seguinte, não existe o intermediário entre ser e não ser. Ou que é uma coisa, aliás, óbvia, que o próprio Santo Amado aqui concordaria. Não existe graus nesse sentido, meio ser, um quarto de ser, um décimo de ser. Isso é uma coisa, agora, a modalidade é outra coisa completamente diferente. Então, eu não vejo como, a Universidade, tal como a expressa Lavella, possa ser considerada antagônica a teoria da analogia antes. Eu acho que esse problema não existe. Marcel Martín, então, em qual relação é a interação de vinho no discurso poético? Uma vez que vamos dizer respeito ao campo das possibilidades. O discurso poético ou mito poético é a forma preferencial da certa expressão ou de apreensão da ordem de vinho. Não quer dizer que se limite a isso aí. Em qualquer texto de vinho, você tem partes que são realmente mito poéticas e outras partes que são históricas. Então, outras partes que estão falando de leis naturais, vamos dizer, comprováveis científicamente. Então, você não pode dizer que tudo na Bíblia, por exemplo, é discurso poético. Não, é possível. Você ali, se você tem pelo menos os três primeiros graus poético, retórico e analítico. Existem autores que dizem que o tipo, a modalidade de discurso bíblico, o que eles chamam o querigma, que é uma mistura de poético retórico, quer dizer, por um lado a expressão simbólica, por outro lado, está transmitindo uma ordem e tem uma força persuasiva. Pode ser, mas eu acho que em qualquer leitura você vai ter que distinguir os vários níveis. Se você pegar, sei lá, um tratado de geometria, por exemplo. Você não vai poder negar que ele tem uma dimensão poética, ele tem uma forma e essa forma, por sua vez, simboliza algo. Você vê que, com frequência, os matemáticos têm emoções diante de certas demonstrações, eles vêem uma beleza. Olha, essa beleza está incluída no significado da coisa, não no seu significado funcional, pragmático, mas, por assim dizer, no seu significado literário, quer dizer, algo foi escrito a esse respeito. Então, o literário artístico, todo discurso tem as quatro dimensões. Existe uma dimensão fundamental que articula as outras. Quando você está lendo a Aristóteles, ele está fazendo discurso dialético, evidentemente, mas quando ele vai definir deus como noésias, noésios, a coisa se eleva subitamente a um nível poético. Não tem como negar isso aí. Alguém pergunta aqui... Pedro Vernecke. Diz no livro Técnica e Civilização, o Lewis Manford diz que a popularização do relógio mecânico foi muito mais importante para a revolução industrial para a formação da mentalidade moderna do que o motor avapou, mas sem sombra e dúvida. Quer dizer, a própria ideia do homem como mecanismo, homem relógio, eu escrevi um artigo sobre isso, chamado Homem Relógio, que é um relógio de um homem, eu escrevi um artigo sobre isso, chamado Homem Relógio. Quer dizer, a popularização do relógio mecânico, de fato, modificou a visão que as pessoas tinham e tudo, porque o ser humano cria equipamentos e em seguida usa esses equipamentos como metáforas para descrever o processo real, que não tem nada, que não depende desse equipamento, nada. Então, inventou o relógio, bom, automaticamente o cosmos, passa a ser um relógio, o ser humano passa a ser um relógio, assim por dentro. Quando inventar computador, a mesma coisa, os modelos computacionais do cérebro, que hoje já estão totalmente desmoralizados, embora a maioria no Brasil não saiba. Também é isso, você cria um equipamento, esse equipamento lhe sugere analogias com a realidade, então você usa a estrutura de equipamento para descrever a realidade, mas isso é só analogia, isso é um discurso poético que parece um discurso lógico-científico. Nós nunca nos livramos das metáforas, das analogias do símbolo, nunca, nunca, nunca, em etapa nenhuma do conhecimento. Quer dizer, os quatro discursos não são totalmente destacáveis, eles são distinguíveis, mas não destacáveis na prática. E uma aula aqui, Rafael Machado. Uma aula do copo, você diz que o brasileiro em geral fica na camada 4, chega pelo que é na sexta. Pergunto, não chega a camada 7 pela falta que temos aqui no Brasil de símbolos culturais que representem a ideia do bem comum. Sim, a ideia do amor ao próximo não está na cultura brasileira. Ela não é importante, as pessoas sabem que existe, mas é um dever religioso, mas isso não está no dia a dia do brasileiro. No americano está, todo americano tem o senso de que ele tem um dever para o próximo. Você nota isso até as piores pessoas, isso está na cultura. O número de americano que faz serviço voluntário, tira um ou dois dias a sua semana para trabalhar, sei lá, para um hospital, para uma empresa pública, para os presidiários, é enorme, enorme, quer dizer, isso está na cultura americana. Então, também está na cultura a ideia de fazer a coisa certa, quer dizer, em cada momento da sua vida, existem vários procedimentos possíveis, alguns dos quais são éticos, são superiores e você vai ter que analisar a coisa para saber qual é a coisa certa, porque os deveres morais não vêm prontinho, isso que vem é uma forma geral. Mas, na situação concreta, você vai ter que descobrir, então eles discutem para saber qual é a coisa certa a fazer. Isso está profundamente arraigado na cultura americana. Você não pode esquecer o seguinte, a sociedade brasileira foi criada pelo exército. Foi assim, onde você tinha um quartel, ali começava a civilização. Então, você sabe por que? Porque o território era muito hostil, não era qualquer um que sobrevivia lá, então houve um sujeito com um senhor de terra, com uma tropa já armada até o ex-dente se ocupava para o território, ou era o papo exército. Aqui nos Estados Unidos foram as igrejas, então a igreja era na frente, em torno da igreja se criava uma comunidade. Então é claro que a educação religiosa do América não foi muito mais profunda do que a Brasília, sem contar o fato de que durante o Império, com todos os méritos que o Império tivesse, a igreja católica foi boicotada, mas eu ensino um religioso quase que acabou na dor de um século. E só voltou mesmo com a República, é um paradoxo. Então tem muitas pessoas que são monarquistas católicas, eu digo, bom, pera aí, você não pode esquecer que as duas coisas não são a mesma. Então, e que já houve conflitos profundos. Então o Brasil e uma terra de educação religiosa foi realmente lesado. Então a religião continua, vamos dizer, um dado externo na sociedade, não faz parte da estrutura do dia a dia. É um negócio ritual e formalístico, e às vezes estético, as profissões, as profissões, as festas religiosas, etc. Tem todo um lado estético bastante desenvolvido. Mas a noção, um dever para como próximo, eu acho que não entrou ainda. Muitas pessoas têm isso, têm porque tem, ou porque receberam alguma influência, mas isso não faz parte da cultura de ver. Quando você vai ver, por exemplo, qual é o grande romancista católico brasileiro, Otávio de Faria? Então ele escreveu aquela série tragédia burguesa, que é uma maravilha, embora seja muito mal caprichada nos detalhes, no conjunto, é um negócio fórum do comum. Muita escritura que escreve obras grandiosas, eles são ruins de detalhes estéticos, como o Bausacro, por exemplo. E Otávio de Faria escreve esse livro que é a grande visão católica da sociedade brasileira. Com o que ele começa? Ele começa com a história de um seminário, que fica se masturbando todo dia e fica lutando para não se masturbar. Mas peraí, essa é a porta de entrada do cristianismo? A moral sexual a porta de entrada do cristianismo? Claro que não, mas no Brasil você fala em cristianismo e a pessoa pensa em moral sexual imediatamente. É a coisa que mais chama a atenção. Então, o que já revela uma superficialidade do sentimento religioso, é que precisava escrever assim como o Padrão que Dremont escreveu, história do sentimento religioso na França, uma obra gigantesca, oito volumes. A evolução do sentimento religioso tal como aparece nas letras francesas e na literatura religiosa. É uma evolução altamente complexa. Então, precisaria fazer uma história do sentimento religioso no Brasil. Ninguém fez isso até hoje. Nem mesmo o grande João Camilo do Liberator chegou a essa profundidade. Então, os estudos brasileiros se concentram muito ou no aspecto econômico, ou no aspecto folclórico, ou no aspecto puramente ideológico. Obras que tentam em mais profundamente para captar a evolução psicológica do povo brasileiro são raridades. O Gilberto Freire fez um pouquinho. O Gilberto Leide Barros, esse livro maravilhoso da cidade do Planalto, fez mais um pouco. O Luiz Martins, no livro patriarco, abaixaram. Por exemplo, o Luiz Martins é um episódio apenas para que o mestre não recubre. Felipe Rousseau disse, eu lembrei da primeira aula do senhor sobre a sinceridade. Sem ela é impossível ter o senso de se algo soa falso ou verdadeiro. Mas, evidentemente, é por isso que tantos escritores brasileiros, que ou não tinham religião, não tinham partido político, eles usavam a literatura como o seu instrumento de alta educação moral. O desenvolvimento do senso artístico coincidia com o cultivo da sinceridade para consigo mesmo. Por exemplo, se você pega o liu-a-barreto, o que é que o liu-a-barreto gritava? Ele só gritava numa coisa, na arte literária. O resto ele teria uma ideia aqui, mas não tinha importância. O Graciliano não pertencia a partir do comunismo, mas era muito mais fiel as exigências da arte literária do que do partido, onde ele vivia a Românica, em Crenca. Então, a literatura no Brasil foi um grande instrumento de educação moral. Sempre foi. Por isso que eu não posso concordar com a tese do Martin Vásquez de que a dimensão moral está ausente na nossa literatura. Eu acho que não cabe discutir isso aí. É só você estudar, a vida e a autoeducação literária dos autores, e você vai ver que o senso da sinceridade artística funcionava para eles, como instrumento de alta educação moral, na falta de outro. E isso é um dos elementos mais constantes da literatura brasileira. É claro que a sinceridade literária não é a mesma coisa que a sinceridade comum, mas é uma espécie de sinceridade, é uma forma de sinceridade, e ela pode servir como modelo das outras. Paulo Amariza perguntou, no exemplo da Dutério, como podemos conter algo que produz fatalmente frustração? Uma arida frustrada por um encontro de satisfação com a esposa de uma perpé, depende do que você entende para o casamento. Se o casamento é prelioso, então ele é um sacramento. O sacramento é oferecido a Deus, como uma forma de autodisciplina visando a existência da vida eterna. Portanto, não tem nada a ver com a hora social, nem com o bem comum. Se for um casamento civil como o predominante hoje, tanto faz como tanto fez, quer dizer, se você faz sexo com a mulher do vizinho, você cometeu uma pequena infração civil, nem infração penal mais, e que importância isso tem? Quer dizer, o casamento civil é um voto sagrado, só se você acredita na religião do Estado, você acredita que o código civil é uma espécie de corão. Eu não acredito em nada disso, na verdade eu acho o predominante do casamento civil uma imoralidade. Só porque assinou um negócio no cartório, agora eu tenho direito à sua fidelidade. Aqui nos Estados Unidos você acredita muito nisso, quer dizer, eu nem o caso do cartório, passa depois de dez anos, mulher enjou do carro, ela começa a olhar para o outro, ele já pensa assim, meu mundo caiu, quem mandou você acreditar nessa balela? Se não tem Deus para garantir o negócio, não vai acontecer nada, minha filha, sua fidelidade é apenas o esforço vão que você está fazendo, para agradar uma cretina que está do seu lado. Agora, se é Jesus que está entre nós, o Espírito Santo fala em outra coisa completamente diferente, meu Deus do céu. Então, eu acredito só se pode falar em adultério realmente, quando há um casamento religioso, sincero, verdadeiro, profundo, se não. É tudo comédio humano. Bom, eu acho que por hoje não vai dar mais para o que o dominante. Desculpe os outros. Bom, agora eu tenho mais uma. Wellington Camargo. Eu falava da gramática da língua, lembrei que o senhor nos orientou o estudo pela gramática do Napoleão Mendes Alvedo. Só podia falar um pouco da importância desse estudo para a prática filosófica. E muito bem, a gramática no Napoleão Mendes Alvedo não é orientada linguisticamente, não é uma gramática tão científica, mas é uma gramática eminentemente pedagógica, a preocupação dele não era, vamos dizer, como se tornou depois, refletir os fatos da língua com fidelidade científica. Essa é uma fidelidade eminentemente pedagógica e construtiva, por isso mesmo é a força que ela tem. Agora, ver assim, aprender as regra da gramática não são leis do código civil, também não são leis divinas. Elas são, vamos dizer, um conjunto de exigências que buscam tornar a língua maximamente uniforme na medida do possível. Quer dizer, mãe, que todos se entendam, essa é a gramática, é o centro de convergência de todas as comunicações. Mas em toda comunicação, sempre você vai admitir uma infinidade de exceções individuais de momento que se tornaram compreensíveis para quem compreende as regras. E se você não compreende as regras, porém, eu vi uma infinidade de vezes que eu escrevo alguma coisa perfeitamente óbvia, e se a pessoa diz não entender, eu digo, como é possível não entender isso? Isso é falta de domínio da língua, se você não conhece, vamos dizer, a estrutura da língua, ele também não pega as variações, ele não pega as variantes e, portanto, não sabe jogar o valor de elas. Às vezes, por exemplo, eu escrevo língua de caipira, em vez de escrever mulher, eu escrevo mulher, e assim faço essa brincadeira toda hora. Então, qual é o peso disso? Só quem está acostumado com a gramática formal da língua pega essas variações. Então, por hoje é isso gente, muito obrigado, até semana que vem, não esqueçam do primeiro encontro de Alonso Seminário Filosofio na Europa, de 5 a 7 de agosto com Monique, com Feli e Plessage, com esse só, arobajimeio.com. E aguardem esta semana a divulgação do programa do curso Guerra Cultural História e Estratégia. Eu propositadamente não respondi as perguntas sobre guerra cultural aqui, porque há uma sede de noções que eu acredito que eu preciso transmitir primeiro para depois entrar nessas questões específicas. Alguém me pergunta qual é a função do humorismo na guerra cultural? Peraí, que é exatamente guerra cultural, qual é a alcance disso aí, em que medida toda a atividade cultural está envolvida na guerra cultural, a qual medida não está, tudo isso é o que eu vou tentar explicar no curso. E vou começar com uma coisa fundamental, história da guerra cultural. Se você não sabe a história da guerra cultural, você não sabe em que capítulo dela você está entrando. Você está entrando na guerra cultural tanto na escala mundial quanto na escala brasileira. Até a semana que vem, muito obrigado. E durante a semana eu divulgo o programa do curso.