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Vindo, vindo, tudo bem? Sim, sim. Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Hoje eu queria ler e comentar aqui para vocês um breve estudo que eu fiz para o digesto econômico. A vantagem de escrever para o digesto econômico é que os artigos são bem maiores, então dá para você se explicar direitinho. Os artigos na mídia brasileira estão cada vez menores, de maneira que dá apenas para você, expor uma opinião e não para você defendê-la de algum modo, o que certamente empobrece muito o debate entre aspas. Mas no digesto a gente tem um espaço maior, com a desvantagem de que demora muito a publicar isso. Aqui provavelmente só vai sair dentro de um mês. Então eu não posso colocá-lo online para vocês porque ainda é um negócio inédito, mas eu posso ler aqui e acrescentar algumas explicações. Que serão mais úteis para vocês do que para o público em geral. E que está justamente do problema da educação. Então o título é destruição da inteligência. Aprender, imitar e introjetar o vocabulário, os tiques e trejeitos mentais e verbais da Escola de Pensamento dominante na sua faculdade, é para o jovem estudante um desafio colossal e o cartão de ingresso na comunidade dos seus maiores, os tão admirados professores. A aquisição dessa linguagem é tão dificultosa, apelando os recursos mais sutis da memória, da imaginação, da habilidade cênica e da auto persuasão, que seria tolo concebê-la como uma simples conquista intelectual. Ela é na verdade um rito de passagem, uma transformação psicológica, a criação de um novo personagem, apoiado no qual o estudante se despirar dos últimos resíduos da sentimentalidade doméstica e ingressará no mundo adulto da participação social ativa. Quer dizer, aqui eu estou me reportando de maneira mais ou menos implícita ao que eu disse no imbecil juvenil. Quer dizer, você está se esforçando para se adaptar a uma comunidade a qual não se constitui somente de um corpo de conhecimento, mas de um conjunto de hábitos, sentimentos compartilhados, expectativas, regras explícitas e implícitas de comportamento, etc. Então, é um processo muito complexo, porque acompanha de certo modo o desenvolvimento natural do indivíduo, dado a adolescência para a idade madura, ou pelo menos para aquilo que ele imagina que é a idade madura. Então, você adaptar seu ambiente da faculdade, depois de sair do colégio, representa para o aluno a conquista da maturidade, é onde ele vai se tornar um cidadão ativo e perder. Então, há últimas referências da autoridade materna e paterna e passar a ter uma outra autoridade que, curiosamente, ele não interpreta como autoridade, que é justamente a autoridade do meio social, autoridade dos pares, autoridade da patota. Aceptou esta adaptação? É de fato uma mudança psicológica integral, na qual converemos o elemento intelectual pesa muito pouco. É quase impossível que essa identificação profunda com o personagem aprendido não seja interpretada subjetivamente como uma concordância intelectual, ao ponto de que, no instante mesmo em que repete fialmente o discurso decorado, ou no máximo faz variações em torno dele, o neófito júri está pensando com a própria cabeça e exercendo o pensamento crítico. O que me inspirou para escrever isso aí foi um aluno que me escreveu no Facebook dizendo que as duas frases que ele mais ouve na faculdade é, eu penso com a minha própria cabeça e você não respeita a opinião alheia. Então, se eu me fazer um comentário sobre cada um, você não respeita a opinião alheia, é aquilo que eu já expliquei no próprio Facebook. Só existem três sentidos em que você pode respeitar a opinião alheia. O primeiro é quando há, efetivamente, vamos dizer, uma multiplicidade de opiniões todas valiosas, cada uma pegando, aprendendo um aspecto da realidade, mas nenhuma dando conta da realidade inteira e exata, então elas são todas igualmente respeitáveis. Na segunda hipótese, você está em dúvida sobre várias opiniões, então você aceita mais ou menos todas elas. E a terceira hipótese é quando você tem a certeza de que você aprendeu a verdade, que a sua opinião é verdadeira, mas você reconheça os outros direitos de ter opinião errada. Portanto, a expressão respeitar a própria opinião, a coisa de total respeitar a opinião alheia, é uma expressão absolutamente vazia, porque nos dois primeiros casos você não tem opinião nenhuma. E no terceiro caso, você respeitar a opinião do outro significa justamente fazendo um esforço para analisá-la e contestá-la. Quer dizer, se você concede ao outro, essa honra de ser discutido e contestado, ele deveria se dar para o satisfeito, mas no Brasil, quando você argumenta contra uma opinião, se considera que você desrespeita a opinião que você está oprimindo com o sujeito. Então, quer dizer, a demonstração lógica está considerada uma opressão, a tirania do logos. Então, e aqui eu estou analisando o negócio de pensar por si mesmo. A imitação é com certeza o começo de todo aprendizado, mas ela só funciona porque você imita uma coisa, depois outra, depois uma infinidade delas, e com a soma dos truques imitados, compõe no fim a sua própria maneira de sentir, pensar e dizer. No aprendizado arte literário, isso é mais do que patente. O simples esforço de assimilar auditivamente a maneira, o tom, o ritmo, o estilo de um grande escritor, já é uma imitação mental. É como se você tivesse, repetindo mentalmente, uma música. Uma reprodução interior daquilo que você está lendo. A imitação torna-se ainda mais visível quando você decora e declama poemas, discursos, sermões ou capítulos de uma narrativa. No Brasil, isto na verdade é até raridade, mas outro dia mesmo eu estava assistindo o filme, o jovem Winston, e aparece lá o exame no colégio militar de Harold, onde os camaradas têm que decorar trechos inteiros de discursos. E ele aparece lá com um discurso de Lord McColley, e se sai muito bem. Então às vezes na igualde de 10 par, ninguém tinha que decorar. Não é só decorar um soneto, uma coisa assim. Mas se você decora isto, então aí você está imitando mesmo, porque decorava-se produzir de novo. Aquilo que ele foi produzido segundo um modelo dado. Porém, nas suas primeiras investidas na arte da escrita, é impossível que você não copie adaptando-os a suas necessidades expressivas. Os giros de linguagem que aprendeu em Machá de Assis, essa de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Balzac, Standall e não sei mais quantos. Este exercício, se você é um escritor sério, continua pela vida à fora. Quando conheci Herbert Sales, que Otto Maria Carpou julgava o escritor dotado de mais consciência artística já nascida neste país, ele estava sentando o saguão do Hotel Glória com um volume de Proust e um caderninho, onde anotava cada solução expressiva encontrada pelo romancista para usá-la a seu modo quando precisasse. Já era um homem de 70 e tantos anos e ainda estava praticando as lições do velho Anton Albalá. Eu estou me referindo aqui ao livro do Anton Albalá de 1901, que muitos escritores brasileiros usaram para o seu treitamento, chamado La Formação de Estil para la Similação des Autel, a formação de estilo pela assimilação dos autores. É assim por acumulação e diversificação dos recursos aprendidos, que se forma, para e passa, com a evolução natural da personalidade, o estilo pessoal que singulariza um escritor entre todos. T.S. Eliot ensinava que um escritor só é verdadeiramente grande quando nos seus escritos transparece como em filigrana toda a história da arte literária. Então, daí que vem aquele negócio do Jorge Luis Borges, para você entender um único livro para você ter lido muitos livros, que está tudo repleto de alusões e citações veladas e ecos de coisas lidas e em suma qualquer livro, é uma participação num diálogo que vem ao longo dos tempos. E principalmente se você pega os poemas do T.S. Eliot, você encontra Lio Mero, Vergilho, Dante, Ecoando de alguma maneira. Não que ele está repitindo ao contrário, mas ele está dialogando com esses autores e se você não sabe do que ele está falando e com quem ele está falando, você perde muito. Mas ainda nos escritos do Pound, que são declaradamente e propositadamente um diálogo com a tradição, incluindo autores chineses, persas, é uma montanha de autores. Em outros tipos de aprendizado, a imitação é ainda mais decisiva. Nas artes marciais e na ginástica, quantas vezes você não tem de repetir o gesto do seu instrutor até aprender a produzir-lo por si próprio? Na música, quantas performances magistrais o pianista não aprende de cor até produzir a sua própria? Nas ciências e na tecnologia, o manejo de equipamentos complexos nunca se aprende só em manuais de instrução. O aluno tem de ver e imitar o técnico mais experiente, num processo de assimilação sutil que engloba em doses consideráveis a transmissão não verbal. Até dei uma aula sobre isso, baseada no livro Theodore and Porter, Trust in Numbers. A confiança nos números, a busca da objetividade na ciência e na vida pública. Eu não lembro quando foi essa aula, mas eu considero esse livro muito importante. Ao ponto de que alguns teóricos da ciência dizem que a reprodução perfeita do experimento científico é impossível, porque as variáveis pessoais no manejo dos instrumentos de medição são tantas que você nunca tem um controle perfeito do que está acontecendo. E se você diz que vamos fazer um processo mais impessoal de controle, joga tudo pros computadores, então os computadores fazem operações que são tão complexas que nenhum ser humano pode conferir se elas estão certas ou erradas. Então você passou da mera fé no experimento científico à fé no computador. Por que seria diferente na filosofia? Compreender uma filosofia não se resume nunca e ler as obras de um filósofo e julgá-las segundo uma reação imediata ou as opiniões de um professor. É impregnarse de um modo de ver e pensar como se ele fosse o seu próprio. É olhar o mundo com os olhos do filósofo, com ampla simpatia e sem medo de contaminar-se dos seus possíveis erros. Ver esses erros às vezes são muito importantes. Existem erros que são etapas decisivas na dialética da descoberta, na busca da verdade. Se você não cometesse aquele erro naquele momento, você não ia conseguir em seguida entender o que entendeu, compreender o que compreendeu e descobrir o que descobriu. Então esses erros não são absolutamente inúteis. A história da filosofia está repleta desses exemplos. Se desde o início você já leia com olhos críticos buscando erros e limitações, o que você está fazendo é reduzir o filósofo a escala das suas próprias impressões, em vez de ampliar-se até abranger o universo dele. Erros e limitações não devem ser buscados. Devem surgir naturalmente à medida que você assimila novos e novos autores, novos e novos estilos de pensar, pesando cada um na balança da tradição filosófica e não da sua incultura de principiante. Então é isso que eu tenho recomendado desde o início, baseado sobretudo naquele conselho de Leibniz, que dizia, eu acredito em tudo quanto eu leio. Leibniz foi o mais inteligente de Poderistótes. Então eu li isso quando era muito jovem, e falei, isso aqui existe uma dica aí. Se você já lê discutindo mentalmente com o cara, você está criando a sua própria opinião e você não está pegando a dele. Portanto você não está enriquecendo a sua com aquilo que ele poderia lidar. E é por isso que, uma vez o Fritz Hofscholm escreveu isso, eu acho uma coisa muito certa, ele disse, a primeira impressão de concordância que você tem com o texto que você lê, não quer dizer que você o compreendeu, mas apenas que você tenha aptidão de compreender. Se você sente uma afinidade imediata, então você tem aptidão de compreender aquilo. Mas uma verdadeira concordância requer muito mais do que isso. Vamos ver daqui a pouquinho. Erros e limitações não devem ser buscados, devem surgir naturalmente à medida que você assimila novos e novos autores, novos e novos estilos de pensar, pesando cada um da balança da tradição filosófica e não da sua incultura de principiante. Notem bem, não só da tradição filosófica, mas é quando você tenta pensar como o filósofo pensou e leva aquilo até suas últimas consequências, aí é que você percebe a limitação. Se você ler o meu livro sobre Descartes, você vai ver que eu fiz exatamente isso. Quer dizer, eu peguei o método que ele descrevia nas Meditações de Filosofia I e falei, bom, eu vou fazer o que ele fez, do jeito que ele deu a receita aqui. E daí chega um ponto em que o negócio esbara numa dificuldade absolutamente intransponível. E daí você vê uma limitação. Foi você que buscou, quer dizer, você honestamente tentando fazer o que ele disse para fazer, você chegou num beco sem saída. Então, isso aí é como, vamos dizer, um soldado que obedece ao superior. Se você recebe uma ordem e você é compre errado ou você a modifica, você nunca vai saber se o erro foi do superior ou seu. Ao passo que se você cumpria exatamente e de tudo errado, você pode dizer, foi o coronel que mandou, foi o capitão que mandou, e eu fiz igualzinho, então a culpa é dele e não a minha. Então, na Filosofia, exatamente a mesma coisa. Você tem que seguir a receita até que ela se revele ou frutífera ou inviável. Então, eu fiz isso com Descartes, eu fiz isso com Canto, eu fiz isso com Rego. E quando cheguei na limitação, não fui eu que coloquei a limitação lá porque eu queria, porque eu queria sacar né, o Filosofia, porque não dava mesmo. Não seria errado dizer que, entre outros critérios, um professor de Filosofia deve ser julgado, sobretudo, pelo número e variedade dos autores das escolas de pensamento, das vias de conhecimento, que abriam a ELEC para que seus estudantes as percorressem. E até que eu coloquei uma notinha, digo isso com a consciência tranquila e devem haver cumprido esse dever, vocês não estão estimuindo isso. Que eu coloquei no ambiente mental brasileiro mais autores e livros importantes do que todas as faculdades de Filosofia reunidas, e somadas com os formadores de opinião na mídia. Até acho que tem até a lista, a lista parcial, pelo menos no próprio, na própria parma do seminário. Isso é obrigação da gente, né? Agora, no Brasil, o sujeito leu alguma coisa, ele se coloca na frente do autor, e tenta dizer que foi ele mesmo que inventou. É aquele negócio do Chico Anísio, gostou da piada, leve e diz que é sua. No Brasil, todo mundo faz isso, você esconde, em vez de você divulgar, falar, olha, eu estou explicando isso aqui para vocês, mas no livro tal, tem uma explicação muito mais completa, muito mais sólida, etc. É obrigação sua fazer isso, e não é vergonha nenhuma. Mas, agora, no Brasil, o pessoal parece que tem vergonha de fazer isso. Eu lembro que no tempo dele, o Jaguiland Merckior era criticado porque ele citava muitos livros. Eu digo, eu escuto, mas essa é a obrigação dele. Ele é um professor universitário, ele tem que dizer o máximo de fontes que ele usou para abrir o leque, a discussão possível para todos os alunos e leitores. Ele estava apenas cumprindo a obrigação, mas no Brasil, ele é interpretado como pedantismo. Quer dizer para não ser... É o quê? É, ele usava a expressão terrorismo da erudição. Você tem aqui o terrorismo da lógica, que é você argumenta contra o cara, você está terrorizando, ele está oprimindo o coitadinho. Se você cita as fontes, você até tem o terrorismo da erudição. Claro que no fundo disso existe a opção preferencial, pela ignorância e pelo fingimento. Quer dizer, no Brasil, o que interessa realmente é ser ignorante e fingir conhecimento, às vezes aproveitando-se do autor que você mesmo está desencando no mesmo momento. Muita gente faz isso comigo, fala mal de mim e usa as coisas que aprendeu comigo. Isso é quase que norma geral. Quer dizer, eu nego às vezes com 10 anos de atraso, começa a falar do Foto de São Paulo, dos documentos do Obama, etc. E daí fala do Olavo, não, eu acho que o Olavo está com nada. Eu não ligo para essas coisas, tudo isso para mim é cômico. Mas a pessoa que faz isso, ela está se prejudicando a si mesmo e está prejudicando os seus leitores. Está falsiando a história intelectual do país. Não é preciso mais exemplos. Em todos esses casos, a imitação é um gatilho que põe em movimento o aprendizado. Se vocês viram uma criança aprendendo a falar, é exatamente assim. Eu já estava aqui o Dinho, filho do Alessandro, e olhou em as papelinhas com cola que eu pôo para pegar em sete. Ele falou, aqui tem um snake pequenininho, um espairo de grandão. Ele está usando o vocabulario, que ele pegou no ambiente, misturando tudo, fazendo lá o samba do Japão. Mas funciona. E em todos esses casos, ela não se congela em repetição, serviu, porque o aprendizado passa de modelo a modelo. Incorporando uma diversidade de percepções e estilos que acabarão espontaneamente se condensando numa fórmula pessoal irredutível a qualquer dos seus componentes aprendidos. Vou saber que meses atrás eu coloquei na Parno do Seminário, esta lista de influências intelectuais que recebi até a década de 90. Está certo? Para colocar aqui, vamos dizer, até uma sugestão para os alunos, eles podem seguir esta mesma sequência, que não foi determinada por mim, foi determinada pelo curso das coisas, quer dizer, o que chegava até mim, que eu tomava conhecimento que existia, e eu ia buscar aquilo e sempre fiz isto com este espírito de não entrar na leitura como se eu fosse um mestre ou um juiz que estou ali para emitir uma sentença, mas como alguém que está aprendendo, com alguém que mesmo que esteja errado, tem mais experiência do que eu. Então, por exemplo, eu posso ler Nietzsche e discordar, mas evidentemente Nietzsche era um gênio e um homem de uma cultura monumental e de uma experiência tremenda. Então, algo ele vai ter para me ensinar, ou próprio Karl Marx. Até esses dias eu estava lendo uma correspondência entre o Otto Maria Carpo e o Alceau Moroso Lima, e ele dizia para o Alceau, claro, nós como católicos, porque ele se assumia, nessa época ele se assumia como católico. Parência, tem uma cara da mulher dele, o Alceau, já de 81, dizendo que o Otto Maria Carpo usou até o último dia a medalha de São Bento que ele tinha. Então, ele continuou católico mesmo que escondido, continuou. Então, ele dizia, nós temos que combater o Marxino, mas não antes de haver-lo assimilado completamente, porque é a coisa para mim, é o óbvio dos óbvios. Então, eu tenho certeza de que eu li todas essas coisas e me deixei influenciar profundamente, e isso sem reserva. E isso se traduz e manifesta da maneira mais clara nos escritos que eu fiz nessa época. Escritos que eu, graças a Deus, a maior parte não publiquei, o que publiquei é o Moro de Vergonha. Mas onde eu estou claramente imitando, não há só um estilo de escrever, mas um estilo de pensar, um modo de ver as coisas. É por isso mesmo que eu não incorporo os escritos dessa época ao que eu considero minha obra, porque era tudo apenas exercício escolar. Então, se você pegava, você vai vendo, nos anos 60, você tinha um vocabulário marxista, eu me lembro que escrevi dois estudos, pelo menos dois, em que eu imitava 100% a Escola de George Lucas e Lucian Goldman, que era aquilo que eu estava aprendendo na época. Então, eu pensava como eles e escrevia como eles, e graças a isso eu pude compreendê-los. Quando mais tarde eu cheguei a encontrar a limitação e até os erros, não foi porque eu os buscasse, mas porque eu aprendi mais coisa e mais coisa que eles não sabiam. Então, daí você pode pesar uma coisa pela outra. Eu segui esse processo e deu muito certo, eu recomendo enfaticamente. Você lê com inocência e esperarem de certo modo que os autores se corrigem uns aos outros, sem você se meter na briga. Então, tem lá essa lista, que é ver, são 41 influências recebidas. Eu não tenho certeza de que a cronologia está muito certa. A Roxane que me atestimunha, ele que eu sou ruim de data, eu troco as vezes os tempos, mas eu fiz o possível para reconstituir. Eu diria que eu precisava. Também essa ordem não é importante. Por exemplo, eu vejo aqueles escritos que eu produzi no tempo que eu estava ligado à Tarica do João, eu estava conscientemente imitando o modo de pensar e falar que era da escola tradicionalista. Então, eu considero tudo isso exercícios escolares. Eu só considero que eu me tornei um autor a partir do episódio que eu contei para vocês. Eu estava fazendo a barba, olhei no espelho e disse, pô, Febrei, agora eu já estou um homemzinho. Agora eu já sei tudo a meu respeito. Então, agora eu posso fazer alguma coisa, porque eu não sou mais problema para mim mesmo. Então, aí eu comecei a ter um pouco de objetividade. Até lá, não, eu estava só num longo aprendizado que durou quase 30 anos, está certo? Que não é vergonhoso, porque Aristóteles passou 20 anos na academia platônica e nada do que ele produziu ali dentro se incorporou às suas obras e nada disso determina a imagem que nós temos de Aristóteles. Quer dizer, o que nós sabemos de Aristóteles é o que ele produziu depois de 38, 40 anos. Eu fui até mais tarde ainda, acho que 46 anos, quando eu publiquei o meu primeiro livro em uma edição comercial. Antes faziam os livrinhos assim só para alunos. Então, eu acho que uma verdadeira faculdade de filosofia deveria dar isso, as pessoas deveriam dar esse tipo de treinamento. Quer dizer, você durante esse tempo assim vai assimilar essa escola e assimilar tão bem que você vai pensar e falar como se fosse um membro dela, depois se troca. Isso não escraviza ninguém, justamente ao contrário, você passando de imitação a imitação, uma coisa tem libra da outra. Então, vamos lá. Mas o que acontece se em vez disso o aluno é submetido por anos a fio a uma influência, a influência monopolística de um ensino de pensamento, de um estilo de pensamento dominante. Aliás, é muito limitado no seu esculpo e na sua esfera de interesses e adestrado para desinteressar de tudo mais sob a desculpa de que não é referência universitária. Ou seja, tudo que não se lei, não se comenta na faculdade X, não é referência universitária, portanto não interessa para você. Então, a própria estreiteza do círculo de interesses dos seus professores tinha passado como uma coisa que traz uma autoridade, esse comportador é de uma autoridade. Então, é de fato a autoridade da ignorância. Você vê esses escritores, autores, todos que eu pusho em circulação, quantas vezes eu não recebi a crítica de que eu estava citando autores desconhecidos? Eu tenho desconhecido para você, você ou os desconhece, mas eu os conheço. Então, quer dizer que conhecer um autor que o outro desconhece passa a ser um demérito. Eu li e você não leu, portanto, quem entendeu o assunto é você e não eu. Se durante quatro, cinco ou seis anos você é obrigado a imitar sempre a mesma coisa e ainda temendo que o fracasso em adaptar-se a ela marque o fim da sua carreira universitária, a imitação deixa de ser um exercício temporário e se torna o seu modo permanente de ser, um hábito no sentido aristotélico. É como um ator que, forçado a representar sempre um só personagem, não só no palco, mas na vida diária, acabar sem capaz de se distinguir dele e de representar qualquer outro personagem, inclusive o seu próprio. Pirandelo explorou magistralmente essa situação absurda na peça em Rique IV, onde um milionário louco, imaginando ser o rei, obriga os empregados a comportar-se como funcionários da corte até que eles acabam se convencendo de que são mesmo isso. Toda imitação depende de uma abertura da alma, de uma impregnação empática, de uma suspension of disbelief, em que o outro deixa de ser o outro e se torna uma parte de nós mesmos, sentindo com o nosso coração e falando com a nossa voz. Se praticamos isso com muitos modelos diversos, sem medo das contradições e perplexidades, nossa mente se enriquece ao ponto do Neil Humanum, a mei alienum, nada que é o humanum é estranho, daquela universalidade de perspectivas que nos liberta do ambiente mental imediato e nos torna juízes melhores de tudo quanto chega ao nosso conhecimento. Não é errado dizer que o julgamento honesto e objetivo depende inteiramente da variedade dos pontos de vista contraditórios, inclusive, que podemos adotar como nossos no trato de qualquer questão. Esses pontos de vista contraditórios são uma requeza, são patrimônios extraordinários, porque eles nos permitem olhar objetos sobre diversos ângulos e depois tentar articulá-los, que é exatamente o método que fazia Aristóteles. Ele começava por fazer o repertor das opiniões do sábio, essas opiniões eram evidentemente contraditórias entre si e depois ele tentava articular uma com a outra para ver, distinguir o seguinte, sobre que aspecto esse filósofo, aquele filósofo, tratou do assunto e vamos ver se esses aspectos não se articulam formando um todo. Em contrapartida, o enregestimento da alma num papel fixo, abusa da capacidade de imitação, até corrompela e extinguira por completo, bloqueando toda a possibilidade de abertura empática a novos personagens, a novos estilos, a novos sentimentos e modos de ver. Habituado a tomar como referência única o conjunto de livros e autores que compõe o universo mental da esquerda militante e a olhar com temerosa desconfiança tudo mais, o estudante não só se fecha num provincionismo que se imagina o centro do mundo, mas perde realmente a capacidade de aprendizado, tornando-se um repetidor de tiques e chavões, caquético antes do tempo. Quem não sabe que no meio acadêmico brasileiro a receita uniforme a mais de meio séculos é Marx, Nietzsche, Sartre, Foucault, Lacan, Derrindá, não se admitindo outros acréscimo, senão os que pareçam estender de algum modo essa tradição como Slavoj Tschech, Estra Mezaros, ou os arremes de pensamento que levam no Estados Unidos o nome de estudos culturais. Isso é tudo que as pessoas lerem. Daí a reação de horror sacrosanto, de ódio irracional, não raro de repugnância física, com que tantos estudantes das nossas universidades reagem a toda opinião ou atitude que eles pareçam antagonica ao que aprendendo de seus professores, não que estejam realmente persuadidos intelectualmente daquilo que eles ensinaram. Se eles estivessem, reageriam com o intelectual, não com o estômago. O que os move não é uma convicção profunda, séria refletida, é apenas a impossibilidade psicológica de desligar-se mesmo por um momento do eu artificial aprendido, cuja construção lhes custou tanto esforço, tanto investimento emocional. Então, não é que o indivíduo está convencido realmente daquilo que ele está defendendo? Não, na hora que ele defende aquilo, ele está se defendendo a si mesmo, ele está reclamando de que você o coloca numa posição que é estranha a ele, na qual ele se sente desconfortável e amedrontado, e às vezes até ofendido. Justamente, a convicção intelectual genuína só pode nascer da experiência do contato demorado com os aspectos contraditórios de uma questão, o que é impossível sem uma longa resignação ao estado de dúvida e perplexidade. A intensidade passional que se expressa em grito de horror e insultos, em afetações de superioridade ilusória, marca na verdade a fragilidade ou ausência completa de uma convicção intelectual. Quer dizer, o apego que você tem uma opinião ou um modo de dizer ou de pensar não é uma convicção intelectual verdadeira, ele é apenas um apego emocional, não é mais nada do que isso, e esse apego emocional às vezes não é tanto ao conteúdo explícito daquela ideia, mas a simples fórmula repetível que lhe dá uma sensação de segurança e familiaridade. O que significa que você não precisa nem entender aquela fórmula, basta que ela lhe dê essa sensação de familiaridade e de conforto e de pertinência a um grupo. A construção em bloco de um personagem amaldado às exigências sociais e psicológicas de um ambiente ideologicamente carregado e intelectualmente pobre, fecha o caminho da experiência portanto de todo o aprendizado subsequente, você não é apenas que, é por isso que eu não gosto de usar a expressão doutrinação, a empresa fala doutrinação esquerda na escola, a palavra doutrinação remeta a doutrina e isso é claro que se você só pode ter uma doutrinação, você tem outra a qual ela se opõe, então você tem que conhecer mais ou menos as duas, tá certo? Eu acho que isso não é uma doutrinação, isso é uma impregnação, impregnação de atitudes, de cacuetes, de sentimentos e não uma adesão intelectual a uma doutrina. Você pode dizer que existe doutrinação, por exemplo, em um seminário católico, de vida e vida, fica estudando doutrina católica, tem que conhecê-la e trai-la para a diante. Agora você acha que esses pessoas que a hedista conhece doutrina marxista? Eu digo mesmo antigamente, eu me lembro do tempo que eu estava ligado nesse meio, os únicos que estudava, só tinha conhecido dois, nem que estudava marxista, três, nem que estudava marxista, que era eu, o Roberto Negro de Lima, que era um aristocrata, neto do governador do Guanabara e o Nabocaris de Blit, que era um abdioitenta ano, o resto bicho. Você acha que Zedircio, Rui Falcão, estudaram marxismo, eles estão brincando, porra, pegavam aqueles slogans, aquelas atitudes e imitavam que isso era suficiente para suas demandas intelectuais, do momento que continuaram as mesmas ao longo do tempo, hein? Aí a racionalidade da situação é ainda mais enfatizada, porque o discurso desse personagem o adorna com o prestígio de um rebelde, de um espírito independente em luta contra todos os conformismos. Poucas coisas são tão grotescas quanto a coexistência pacífica, insensível e inconsciente e satisfeita de si, da afetação de inconformismo com a subserviência completa à autoridade de um corpo docente. Quer dizer, o negro está fazendo o papel de rebelde na memória que ele está dizendo, amém, sem senhor, e não percebe a contradição que está vivendo. No auge da alienação, o garoto que passou cinco anos intoxicando-se de retórica marxista, feminista, multiculturalista, gaysista nas salas de aula, que reage com quatro pedras na mão de qualquer palavra que antagonize a opinião de seus professores esquerdistas, jura, depois de ler uns palágrfios de Burdie para a prova, que a universidade é o aparato de reprodução da ideologia burguesa. Então é simples, eles não sabem onde está. Quer dizer, se ele foi intoxicado de ideologia anti-burguês, na universidade, obviamente a universidade não pode ser o aparato de reprodução da ideologia burguesa, mas esse é o que ele assegura que é, porque ele leu isso, não porque ele experimentou e vivenciou. Aí já não se trata nem mesmo de paralaxia cognitiva, mas de um completo e definitivo divórcio entre a mente e a realidade, entre a máquina de falar e a experiência viva. Se conforme se observou em pesquisa recente, 50% dos nossos estudantes universitários são abrinalfabetos funcionais, não havendo razão pausível para o supor que a quota seja menor entre seus professores mais jovens, isso não se deve somente uma genérica e abstrata má qualidade do ensino, mas um fechamento de perspectivas que é buscado e imposto como um objetivo desejável. Não que a presente geração de professores que daoutou nas universidades brasileiras tenha buscado de maneira consciente deliberada a estupidificação de seus alunos. Quer dizer, eles não fizeram maron de azer, vamos estupidificar todo mundo. Não, eles não fizeram isso. Apenas iludidos pelo slogan que os qualificava desde os anos 60 do século 20 como a parcela mais esclarecida da população, tomaram-se a si próprios como modelos de toda a vida intelectual superior e acharam que impondo esses modelos a seus alunos estavam criando uma pleia de indigênios, porque os gênios eram eles mesmos. Medindo-se na escala de uma grandeza ilusória, incapaz de enxergar acima das suas próprias cabeças, tornaram-se portadores endêmicos da síndrome de Dunenkruger e a transmitiram às novas gerações. Síndrome de Dunenkruger é a incapacidade que o indivíduo tem de comparar as suas habilidades com as dos outros. Como ele não compara, como ele não mede, ele sempre fica, o gostosão, qualquer coisa aí. O 50% de analfabetos funcionais que eles produziram são a imagem exata da sua síntese de incompetência e presunção. Então isso foi uma desgraça, quer dizer, essa geração que é a minha geração, são os caras que estão com 60 anos agora, eles que dão o tom nas universidades e de tanto repetir aqueles longos, nós somos a parcela mais esclarecida da população, ninguém, pois, parecia que eu sou esclarecido mesmo, deixa eu me comparar com, vamos dizer, isso eu fiz a minha vida inteira, quer dizer, quando eu estava estudando algum negócio, eu ia tentar ver o que se estava estudando daquilo nas universidades francesas, ingleses, alemães, para ver se eu estava mais ou menos no nível, se eu estava pelo menos a parte da bibliografia, a parte do status question, quer dizer, o que eles estão discutindo, afinal de contas, às vezes eu via que eu estava muito abaixo, falo, não, então não posso dar palpitas nisso, porque eu não estou nem entendendo a discussão deles, vamos esperar um pouco, e às vezes, ao contrário, consegui envelar que ele tinha alguma certeza do que estava falando. Isto é sobretudo o que a universidade deveria dar aos seus alunos o senso da medida do seu conhecimento. E a capacidade de avaliar o que você sabe, o que você não sabe. Agora, se isso existe uma medida, uma medida é o professor, o que o professor falou é referência universitária. Então, acabou, você não compara nada com nada, existe a medida única, e você está muito satisfeito de si, precisamente, no momento em que você está imitando a ignorância daquele seu professor. Eu até escrevi um outro artiguinho que foi para a folha, dando um exemplo característico disso, no caso do professor Igor Fuser. Acho que esse artigo vai sair no dia 17, mas eu não vejo problema em ler-lo aqui para vocês, como ele é apenas uma ilustração do que eu estou dizendo aqui. Quer dizer, que eu estou dando panorama geral e daí peguei o Igor Fuser como um exemplo característico, ou seja, dessa transmissão de burrice. O artigo é assim, pensar até um burro pensa. O que distingue a espécie humana é sua capacidade de confrontar o pensado com o conjunto dos conhecimentos disponíveis e regular o curso do pensamento pela escala de credibilidade que vai do possível ao verocímeno, ao provável, o razoável e, em certos casos, à certeza. Então, isso aí são os quatro discursos. Isso foi o que a Aristótia descobriu, embora ele não tenha formulado exatamente com essas palavras. Então, você tem ali a escala que lhe permite medir o valor e a solididez dos seus conhecimentos. Quando você acredita em uma coisa, pera aí, você acredita que isto é apenas possível, você acredita que é uma coisa verocímil, quer dizer, uma coisa com que outras pessoas também concordariam se você dissesse. Que é uma coisa razoável, ou seja, que tem um grau de certeza maior do que a mera verocimilhância, ou você tem uma certeza absoluta como 2 mais 2 são 4. Se você não sabe medir com essas quatro graus, os seus conhecimentos, isso quer dizer que você não sabe nada. Se você não sabe o quanto vale o conhecimento, então você não sabe se ele vale alguma coisa ou não vale nada. Portanto, você não sabe coisa nenhuma. A Aristótia já ensinava isso. Infelizmente, no Brasil, então você verá, essa é a obrigação estreita do universidade, é dar esse senso de medida aos alunos. Primeiro, dá a todo o mostrório das comparações possíveis, e depois incentivar o aluno a essa análise crítica. Eles vêm falando de crítica, mas isso faz crítica dos outros. E crítica dos outros não é crítica, crítica dos outros é mala licência. A crítica só funciona quando ela é uma autocrítica em primeiro lugar. Quer dizer, eu estou corrigindo seu erro porque eu já cometi esse erro, sei como ele funciona e eu sei que está errado. Então, mas é curioso que as pessoas, embora nenhuma universidade é isso, elas dizem que nós precisamos da universidade para nos dar um método, nos dar... Que método, vocês estão loucos! Eles não temeram ideia do que é método, meu Deus do céu. A gente está vendo exemplos disso toda hora, é Vladimir Safatli, é emmerçada, é Igor Fuser, desculpa, eu já ia falar Fuser, Igor Fuser, é toda uma cambada que você vê que eles enxagam um palma dentro do nariz, não sabe o que estão falando. Então, vamos lá. Infelizmente, no Brasil, raros opinadores têm o senso dessas distinções. A maioria imagina que para pensar com proveito, basta um pouco de lógica formal e algum domínio dos travões mais caros ao coraçãozinho da plateia. Em debate recente, o professor Igor Fuser, uma estrela do casto universitário esquerdista, assegurou que aspas não se podem julgar a maldade de um regime pelo número das suas vítimas. Fecha aspas. 10 minutos depois desmentia-se fragurosamente ao alegar que a ditadura brasileira aspas perseguiu milhares de pessoas. Se o número não interessa tanto faz perseguir uma, perseguiu milhares ou não perseguiu nenhuma? E que o número de cristãos assassinados no mundo está muito abaixo dos 100 mil por ano? Que é a taxa descoberta pelo Michael Horowitz, não o David Horowitz, Michael Horowitz, que é o cara que provavelmente mais estudou esse assunto até, pelo menos até alguns anos atrás. Subentendendo, portanto, que a ditadura foi um horror e que os matadores de cristãos nos países islâmicos e comunistas não são tão maus como se diz. Ou seja, você não pode medir a maldade de um regime pelo número de suas vítimas, e seguido ele começa a medir a maldade do regime pelo número das suas vítimas. Quer dizer, como é que não percebe uma contradição tão óbvia dessas? O problema não é ele cometer a contradição, o problema é não percebê-la. Mas o pior não é isso. Mesmo sem esses autodismetizos grotescos, a afirmativa geral que os antecedeu, a mais comumente alegada por devotos comunistas empenhada em salvar a honra dos governos mais assassinos como o mundo já conheceu, é perfeitamente desprovida de sentido. Para perceber isso, basta medir-la com a escala de credibilidade. Em política, admite-se universalmente, as certezas absolutas são raras ou inexistentes. O próprio Aristotle já colocava a política, não, entre as ciências apodícticas, mas o que ele chama as ciências prudenciais, baseadas na frônesis, que é o sentido, é o bom senso, a experiência, etc. E portanto, limitada à razoabilidade. O meramente possível reflete a liberdade da fantasia. O verocímeno é apenas questão de opinião, gosto ou preferência. Não servem como argumentos. Resta a probabilidade razoável. Quem quer que a argumenta seriamente em política, procura nos convencer de que a razão com altíssima probabilidade está do seu lado. Todos os argumentos políticos, se eles não são mera propaganda, portanto mera verocimilhança, mera conquista de simpatias, então caem na esfera do quê? Do raciocílio dialético e da razoabilidade, da probabilidade razoável. Acontece para a tristeza dos tagarelas que todo argumento de probabilidade depende eminentemente do elemento quantitativo que o fundamento explícito ou implícitamente. Ou seja, mesmo que você não tenha uma quantidade exata para você assimilar, você está supondo que é pelo menos mais de 51%. Se diz que o candidato X vai vencer as próximas eleições com uma probabilidade de 0 a 100%, não disse absolutamente nada. Tanto vale dizer que com o governo é igualmente malvado, se não matou ninguém ou se matou milhões de pessoas. Quando um comunista se perdeu contra o que se chama de contabilidade macabra, tem, é claro, uma boa razão para fazê-lo. Contar dos cadáveres é impossível negar que o comunismo foi o fragelo mais mortífero que já se abateu sobre a humanidade. Diante disso, só resta pegar seu subterfuge insano de que o macabro não resiste em fazer cadáveres e sim em contá-los. Somando a insanidade do fingimento, a proibição de contar tem de ser suspensa quando se fala de regimes de direita, onde se conclui que os 400 terroristas morsem no regime militar, a maioria deles de arma na mão, são um placar muito mais hediôndo e revoltante do que os 100 milhões de civis desarmados que os heróis do comunismo assassinaram na União Soviética, na China, na Hungria, em Cuba, etc. O senso das quantidades e proporções é exigência mais básica e incontornável, não só da conduta honesta, mas da racionalidade em geral. Dissolvendo pouco a pouco na plateia, os fuzeres da vida destroem não só a moralidade pública, mas as próprias condições elementares do funcionamento normal da inteligência humana. Se você percebe que este tipo de modelo de pensamento, que é baseado na defesa incondicional do indefensável, é imposto como um modelo e copiado, que se você não copia, você fica mal na fita. Você percebe que isto é uma deformação profunda da inteligência que está sendo imposta dia após dia. Quer dizer, não é só com os direitos convencidos do cara de ideia errada, isso não tem por ser uma ideia errada, não tem importância, desde que você conserve a inteligência pode pôr corrigir. Mas se você já danou a inteligência, já danou o processo normal do funcionamento da inteligência, então acabou. Não só você já pegou a ideia errada, você é incapaz de aprender qualquer coisa que depois possa levá-lo a superar essa ideia. Então daí é a conclusão mais ou menos idêntica do autoritivo. Se nas ruas de universidades brasileiras há uma cota de 40 a 50% de alunos analfabetos funcionais, isso não se deve só uma genérica má qualidade de ensino, mas ao fato de que há décadas o discurso comunista e procomunista ONI presente espalha nas mentes dos estudantes doses maciças de estimulação contraditória e obstáculos cognitivos estuprofacientes. Então, eu conheço bem o repertório desses obstáculos. Por quê? Porque eles já apresentaram no meu caminho também? Não com a gravidade ONI presença de hoje, mas eles já existiam de algum modo em germe quando eu estava aprendendo. Mesmo como isso não era tão imbecil naquela época, mas a gente já via ali a raiz da estupidez que ia crescer depois. Quer dizer, o problema não é o conteúdo da ideia errada. O problema é inviabilizar a comparação, inviabilizar a dialética, e destruir já na base a possibilidade da comparação e da gradação de conhecimento. Quer dizer, os jeitos não distinguem entre o possível, o verocínio, o razoável e o certo. Então, ele não sabe absolutamente nada. E justamente porque ele não sabe absolutamente nada, ele tem de reiterar aquilo como uma espécie de autoperçoação hipnótica. Então, isso não tem nada a ver com a persuasão intelectual, e é por isso mesmo que discutir com essas pessoas na esfera intelectual não adianta, porque não é uma convicção intelectual, é um processo inteiramente psico-emocional, que só pode ser desativado por meio psicológico, e não por meio de argumentação lógica, etc. Então, muito bem. Vamos fazer um intervalo de capungnazotana. Pode fazer? A Loh, por favor, vocês estão ouvindo a visão pelo chat. Tudo certinho? Então, vamos lá, tenho aqui várias perguntas, eu queria avisar o seguinte. Perguntas que pedem indicação bibliográfica, sobretudo quando pedem listas. Eu não posso responder na hora, às vezes eu preciso um tempo para pensar, assim, eu não tenho toda... não tenho bibliografia pronta na cabeça. Às vezes eu preciso olhar até a minha biblioteca para ver coisas que eu li vim 30 anos atrás, que eu nem lembro direito. Então, eu vou deixar sempre, sistematicamente, essas perguntas para a aula seguinte. Eu espero não me esquecer delas. Fernando Golombiesk pergunta, como manter a luz da consciência sobre esses fenômenos e da alternação provisional, quando ultrapassa a imitação e chega numa espécie de envenenamento e pinótico habitual na própria vivência? Quais são os sinais para auto-perceber-se? Bom, eu acho que o primeiro sinal mais evidente é o medo de você contrariar o seu grupo de referência. Quer dizer, você está confundindo dois processos. Um é o processo, vamos dizer, do seu aperfeiçoamento intelectual, do seu aprendizado. O outro é o processo de integração numa comunidade. Você vai ver facilmente que os interesses predominantes na comunidade universitária não são interesses comunitivos ou intelectuais de maneira alguma. Você vai ver que, por exemplo, os interesses sexuais predominam amplamente. O desejo de apoio de comunhão no meio, isso tudo é muito mais intenso. Quando você começa a sentir o medo de perder os amigos, pronto, você já está lascado. Você vai ver que esses dias mesmo eu estava lendo espinosa e ele diz o seguinte, que não existe maior felicidade no mundo do que a convivência com homens honestos que buscam a verdade. Você se aceita neste meio, é um prêmio, é uma oportunidade que eu só tive muito raramente, de vez em quando conversar com o David Washington, uma pessoa assim. A maior parte do tempo eu fiquei sozinho, mas eu sei que isso é muito bom. Porém, o ser humano odeia a solidão. Mesmo aqueles que dizem que querem a solidão, não, ele quer uma solidão controlada, onde eles tenham acesso a tudo que é necessário para sustentar a sua vida e a sua psique. Então, esse horror, a solidão, nos faz, faz com que a gente se venda barato. Busca a integração e busca a afeição de pessoas que às vezes não merecem amarrar o nosso sapato. Não merece lambeira sólida dos nossos sapatos. A gente precisa de alguma maneira, de alguém. Então, para suportar a solidão, só se você tiver muita fé em Deus, e tiver verdadeiro amor a Deus, você precisa disso, se não você não sobrevive. Mas o sinal principal de que você caiu no negócio hipnótico é o medo de perder os amigos. Se eu disser tal coisas, não vão mais querer falar comigo. Você ver um dos motivos que eu tive para fundar esse seminal de filosofia, esse curso, não foi só a formação intelectual, mas também propiciar a vocês um outro tipo de convivência com pessoas que estão interessadas na música da verdade. Então, aí começa a verdadeira convivência intelectual, efetivamente. E isso é muito melhor do que você buscar a integração no meio de pessoas que estão interessadas em parada gay, margem das vadias, tomar pico. É claro que é melhor. Então, você já tem, embora os contatos mais pra ter por internet, muitas pessoas acabam se conhecendo, apareceram namores e casamentos e amizades. Isso tudo é muito importante para dar a sustentação. A capacidade de sobreviver é absolutamente sozinha neste meio. É uma coisa rara, está certo? Não tem nada a ver com a capacidade intelectual. A pessoa pode ter uma resistência maior à solidão sem ser um grande cérebro. Eu, outro dia, contei a história do um cidadão que morava no interior da Bahia, que era um grande erudito de literatura, história e língua romana. Eu, absolutamente sozinho no interior da Bahia, não sei como ele sobreviveu. Não era nenhum gênio, mas era um estúdio sério. Você conseguiu sobreviver assim, mas isso é uma capacidade rara. Um indivíduo pode ter, por exemplo, como vamos dizer, o próprio espinosas. Pode ser uma grande inteligência, mas você precisa de amigos que estiverem interessados no que lhe interessa. Aqueles amigos que, como o dia Santo Amar, querem as mesmas coisas e rejeitam as mesmas coisas. Se você não encontra esses amigos, se acaba se apegando ao que estiver no meio. E aí você está lascado. Aqui, a obra que é uma exceção para as perguntas sobre bibliografia, porque eu vou indicar apenas dois livros. Lucas Lacerda perguntou se estou lendo a história da origem e estabelecimento da inquisição em Portugal, da Elefandra Ruculano, como par do exercício de leitura dos clássicos da língua portuguesa. Se eu poderia me indicar obras com dados atualizados, pesquisas históricas sobre a inquisição para complementar essa leitura, sem dúvida, o principal é uma obra coletiva de um congresso que foi realizado em Roma por iniciativa do Papa João Paulo II, que convocou especialistas de todas as áreas, de todas as religiões, não foi um negócio confecional, são, chamam-se, l'inquisitione. É um livro de Milparnas. Você encontra, eu não me lembro o nome da editora agora, mais tarde ou mais, pelo título inquisitione você consegue encontrar. Esse é o melhor que existe, o mais atualizado. Um pouco antes disso, surgiu o livro do Henry Kamen, K-A-M-E-N sobre the Spanish Inquisition. Esse livro também é muito importante. Eu sabia que muito da concepção do Alexandre Cullano, assim como do Henry Lee, que é o clássico aqui americano do fim do século XIX e do XX, também são concepções amplamente mitológicas, derivadas de fontes protestantes. Ricardo Sobral de Onísio. A primeira pergunta é muito pragmática. Estou de Portugal, vivo em Lisboa. Como posso arranjar os seus livros? Eu acho que se você escrever para a vida editorial, você pode encomendar na parada da vida editorial. Como é que chama a parada? Vida editorial mesmo? Vida editorial.com.br. Eles mandam os livros para você. E também você tem a própria livra de disseminado de Filosofio. Eu acho que eles não têm nenhum problema de exportar o livro para a Europa. A segunda pergunta é a seguinte, tem o Lidio em alguns autores que é Filosofio Fiscológico, que foi seu freio de alterações ao longo do tempo e que já para os finais da época medieval, se tinha cristalizado de tal maneira com o resultado de uma filosofia de algum modo de turpada. Um dos argumentos que lhe acusava o Escolásquei ter tornado rígida e levando as categorias dele, isto é um fixismo que impedia a compreensão de uma realidade mais dinâmica e imóvel. Não é bem uma realidade mais dinâmica e imóvel, mas certas sutilezas, certos problemas que apareceram na época e que o pessoal de Escolásquei já não sabia lidar. Quando surgiu a objeção entre a teoria da substância, a história dizia que aquilo que existe realmente são substâncias. E definia como substância aquilo que não é nem parte e nem atributo de uma outra coisa. E que a substância é se caracterizada pela sua individualidade. Então daí surge o problema. Ah, mas existem coisas que não se aplica como por exemplo a água. A água não é uma substância só ou existe uma individualidade da água. Esse problema é fácil de resolver, mas na época foi uma dor de cabeça e a inabilidade que os caras demonstraram para tratar com essas questões, criaram um certo descrédito da filosofia escolásquea, que é uma questão que Dando Scotto ou Santo Tomás da Quintiraria de Letra, mas na maior parte dos casos você pode ver que não houve efetivamente um confronto entre a filosofia moderna e a filosofia escolásquea. A filosofia moderna se mudou de canal, começou a falar de outras coisas, de outros temas que os filósofes colásicos não estavam muito interessados. Compram, por exemplo, a hora que colocaram e começaram a enfatizar a importância dos critérios quantitativos, das quantidades, das circunstâncias escolásicas consideravam uma questão ou uma questão menor. Eu digo muito bem, mas em que é que você enfatizar as quantidades elimina ou impugna a teoria da substância? Absolutamente nada, é apenas um outro aspecto que está sendo discutido. Muito da filosofia escolásquea que foi jogada fora foi restabelecido por Leibniz. E eu acho que não há comparação entre os grandes filósofes colásicos e os primeiros gigantes da modernidade, inclusive de cartas espinosas, às vezes demonstram uma inabilidade pior do que as que estão condenando. São anamílias que eles apontam e existem mesmo, mas as delas são muito piores. André Lyra perguntou quanto tempo um aluno da sua opinião deve estudar? Não mais de duas ou três horas por dia, nunca. Se você tiver muita prática, você consegue estudar cinco ou seis horas, não vai passar disso. Você tem que exerciar inteligência moderadamente. Agora, uma coisa que eu recomendo é o seguinte, nunca estude nada e nunca leia nada, que você não está disposto a guardar na sua cabeça pelo resto da vida. Se é só para ir lendo e para se acertar, está só entupindo a sua cabeça, com recordações confusas. Então, moderação, vai devagar. Uma hora por dia é muito bom. Se você estudar uma hora por dia, você não vai esquecer nunca mais. Aqui José Roberto Camargo de Itu, do Homem de Itu, ele escreve tudo em letra maiúscula. Então, ele diz, a psiquiôria está submetida a uma tensão maior do que que nossos avós sofriam. Isso é por a verdade, devido a uma influência mais negativa do meio que vivemos. Estaríamos nós tendo uma tensão pré ruptura fazendo um paralelo com a resistência dos materiais, onde o material tencionado tem de romper, sem a menor sombra de dúvidas. Isso aí está acontecendo e isso chama-se inclusive, ter um nome técnico, isso aí, psicósia informática. E o outro nome técnico é estimulação contraditória. Quer dizer que se submetir é a maior espinheça do Pavlov. Você pega um cachorro e você treina ele para assim. Quando toca uma campainha, aparece um pedaço de carne. Quando toca uma outra campainha, ele leva o choque. Daí ele fica acostumado, essa campainha é boa, aquela é ruim. Depois da acostumada, de repente você troca. O carforo fica completamente doido e ele começa a... Ele ataca o dono e lambe a mão das pessoas desconhecidas, o carforo endóida. Então, a partir dessa experiência inicial foram-se desenvolver experiências muito mais complexas que estão descritas no livro Leon Festinger, A Teoria da Estimulação Contraditória. Depois tem muitos outros livros sobre isso. E no fim se condensa na teoria do que se chama psicósia informática, onde um bombardeio de informações não processáveis faz com que a mente ceda. Sua imagem é perfeita, resistência dos materiais. Vai dobrando, dobrando, e quebrou. Então, onde a mente se torna passiva e ela aceita qualquer coisa. Não está mais interessado na verdade. Até se tem um dia, um entrevista horrorosa de uma menina na França que entrou para uma dessas seitas, o Revena do Mono, o Ragnis, sei lá o que, e que depois de sofrer esse tipo de ataque psicológico durante anos, ela olhava assim para com uma cara de boba e dizia, não, eu não quero mais saber a verdade. Se desinteressou simplesmente. Então, isso realmente acontece. Está muito bem observado isso aqui. Eduardo Prieto pergunta, quando começaram os primeiros no Revolucionário? Olha, eu já me perguntei muito isso. Mas eu acho que foram aquelas rebelhões religiosas do século 14. Mas aquilo é um negócio pequeno. Mas você vê que a ideia central, quer dizer que nós somos o grupo iluminado, é certo, Deus nos ungiu e nós estamos aqui para concertar o mundo. E quem não quer ser concertado, nós vamos matar. Essa ideia já está lá, perfeita. E depois ela desaparece e reaparece em várias circunstâncias. Um livro muito interessante sobre isso do Ronald Knox, é um KNOX, chama-se Enthusiasmo. É uma história dessas heresias de pessoas entusiasmadas com a sua própria santidade. É um livro, aliás, o Eric Duggan gostava muito desse livro e também estou recomendando. João Pedro Magalhães perguntou, depois de assistir o debate entre um tal de Paulo Cogos, libertário, cônimo e conservador, comecei a perguntar sobre a propriedade. Pois como foi dito no debate, o Ronald Knox dispõe o direito à propriedade privada, como o direito principal. Mas o que seria a propriedade ontologicamente? Existem dois sentíticos. Quando você fala propriedade em lógica, é algo que não faz parte da essência de um ser, mas que está sempre presente nele, como, por exemplo, nós temos a capacidade de aprender matemática. Não faz parte da definição, mas todo ser humano, em princípio, tem essa capacidade. Por exemplo, a capacidade de dar leite não faz parte da definição da vaca, faz parte de que ela tome leite, porque ela é um homífero, mas ela produzir o leite, bom, em geral elas produzem, às vezes pode falhar, uma vaca que seja incapaz de dar leite, ela não deixa de ser vaca por isso, mas isso é o caso que ela está, ela chama privação, quer dizer, tem um defeito acidental. Agora, no sentido econômico, a propriedade é algo sobre o qual se estende um seu poder que não é contestado por outras pessoas, algo que você pode, em princípio, manejar e usar para suas próprias finalidades, quer dizer, ter propriedade, de fato, é natural no homem, tá certo? Porém, dizer que a propriedade é o primeiro direito natural, isso aqui, para mim, é um problema, que se você não tem, por exemplo, o direito é existência, tá certo? Então, o próprio direito à vida, como é que você vai dizer que a vida é uma propriedade? Não, a vida é um pressuposto da propriedade, não é isso? Quem não existe, não tem propriedade alguma, quer dizer, então o direito à existência teria que ser predominante, não é isso? Agora, você dizer que a vida é uma propriedade, isso é uma metáfora, essa figura de linguagem não é uma coisa exata. Você pode argumentar, assim, para ele enfatizar a importância da propriedade, dizer que a propriedade tão importante que ela é o principal direito natural, retoricamente funciona e para você, se usando isso para você contestar teorias econômicas absurdas, da propriedade pública de tudo, isso vale, mais filosoficamente é meio capenga. E isso é o problema com muito de pessoas liberais, as teorias que ele se apega são mais capengas do que ele imagina. Ele se apega ao John Locke, se apega ao Anne Rand, o Rothbard, a economia é um gênio extraordinário, mas eu não acredito que ele seja a mentalidade filosófica, assim, suficientemente sólida para isso. Então, quando proclama isso aqui, que a propriedade é o primeiro direito natural, ele já cria uma resistência, uma resistência justa. Então, pode funcionar retoricamente ou pode sair, o tiro sai peláculatre. Vamos ver. Felipe Oquêndo diz no Hangout com o Google, ele mencionou que ciência política exige experiência, pois Nelo estudiou os lidas, sobretudo com o plano dos fatos, e não só com construções teoreticas. Além de uma experiência da vida direta e do leitor das clássicos, da literatura, experiência indireta, penso que o domínio da história, sendo a ciência humana mais antiga e com método mais evoluíci, não passa necessário para a estudância política de mais ciência humana, mas sem a menor sombra de dúvida. A história é o estudo essencial. Eu só sugiro que o indivíduo comece pela literatura, porque a literatura cria os esquemas imaginários, os modelos de vida humanas para você comparar. Então, você primeiro amplia a imaginação para depois você tirar mais proveito da leitura da história. Por exemplo, muitas escolas aqui nos Estados Unidos usavam antigamente este método, não sei se o uso ainda, acho que não, de descrever uma situação histórica e colocar os alunos na posição dos personagens envolvidos. Por exemplo, você é Napoleão, você toma Jefferson, ou você é Catarina Grande, e a situação é esta e em que decisão você toma e por quê? Então, é um processo teatral. Eu mesmo me lembro de ter estudado, eu fui estudar teatro com o Eugênio Cusner, porque eu quis ser atório, como é que se diz? Eu pulpei a humanidade, as minhas ex-ecráveis, performance, estariam me jogando tomates até hoje, porque eu só queria dizer, aquele processo de impregnação empática com personagens muito diferentes de mim. Isso aí eu aprendi, só não aprendi a imitar coisa fisicamente, e quando eu informei ao Eugênio Cusner que eu não queria ser atório, ele ficou muito aliviado. Então, esses processos só podem ser aprendidos na literatura e a leitura da história depois ganha muito com isso, porque o personagem real, ele é um personagem de literatura também, você não está conhecendo Napoleão, ou na parte pessoalmente, você está conhecendo, estava aí de narrativas que fizeram e que são feitas desde diversos pontos de vista. Certo? Tem gente que considera Napoleão, Monapart, o monstro, tem uns que consideram quase um santo e assim por diante. Você precisa aprender a se impregnar desses vários pontos de vista para você sentir o drama. Quer dizer, o que é sentir o drama? É você perceber justamente as contradições da situação, as tensões que a vida humana real impõe a personagens reais. Então, claro que a história, eu acho que para as cenas sociais, a ciência política particular, a história é a leitura essencial, você tem que ler a história o tempo todo. Se você for ver aqui, eu tenho mais livro da história do que livro de filosofia. E não só a história, se você for passar da história contemporânea, o lado de lado do meu escritor, tem uma estante inteira, que é só negócio de debate político-americano atual, quer dizer, a história contemporânea. É muito mais, você tem muito mais conflito, mas são depoimentos, são coisas que você tem que saber. Então, ouvir histórias, até a palavra história vem de uma raiz, eu não lembro exatamente, ela quer dizer conhecimento em si mesmo. Então, a memória dos tempos passados e a memória das situações possíveis, fictícias que você ouviu, isso aí é que vai criar a base de uma inteligência que funciona na realidade, porque aqui na coisa de teoria, eu acho que a gente tem só cultura filosófica, ele tem cultura nenhuma, ele só está lidando só no mundo das ideias, das possibilidades teóricas, só abstração. Quando cheio, quero ver, não vou mover, sei lá, ah, se tudo isso está bom, agora analisa isso aqui que está acontecendo, me diz o que está acontecendo de fato, porque isso não consegue. Então, eu acho que por hoje é só. Tem um aluno aqui que diz que é o Alexandre Cavali, a mensagem é um pouco longa, diz que ele estudou muita coisa sobre percepção do espaço em arquitetura, engoliu lá um monte de teorias idiotas, semióticas, etc., etc., e disse na aula 15 do COF. O senhor depois conhece, tenho clareza, todo esse problema complicadíssimo através da bordada de Husser, autor que tenta ignorar nas universidades do Piniquins. Bom, Husser já foi muito estudado em outras épocas, depois passou. Mas existem ainda dois ou três professores que conhecem muito bem o Husser no Brasil, mas na média dos universidades, as pessoas não são incapazes de ler Husser. O Husser é um problema perrido, porque o homem sabia taquigrafia, então ele pensava por escrito. Então os textos dele são morbidos, além disso era um homem de formação matemática, era morbidamente analítico, ele ficava analisando cada coisinha, cada detalhe, para você ter muita paciência e muita concentração para não perder o fio da ameada. Tem que ser lido como uma demonstração matemática, pulou um pedaço e não entende o seguinte. Então acho que a pessoa não tem nem capacidade para ler, não tem concentração suficiente para ler isso. Então é isso aí, até a semana que vem, muito obrigado.