Podemos ir? Então, boa noite a todos, sejam bem-vindos. O Flávio Morgarten havia pedido que eu desse um curso sobre Arto-de-Bate. Eu vou dar esse curso mais dia ou menos dia, mas para adiantar o expediente hoje eu queria dar algumas dicas a respeito. A primeira dica a respeito de debates é, fugam, não entre neles, não está na hora e evidentemente a nossa maneira melhor de atuar na sociedade é através de livros. Você só entra num debate quando você tiver um ou dois livros publicados de boa qualidade. Então, você já entra com um currículo por trás. Fora isso, você vai entrar já em desvantagem. Em segundo lugar, a primeira coisa num debate é você avaliar corretamente a situação de debate e não propriamente o conteúdo que se vai discutir. Essa situação de debate é definida, mas é sobretudo pela pessoa do adversário, quer dizer, o que ele está procurando no debate, qual é o objetivo dele, você achar que é como você deve tratá-lo. A Aristóteles já recomendava, quer dizer, foi um jeito que melhor equacionou as regras da confrontação de provas. Ele dizia que não se deve discutir jamais com quem não conhece ou quem não respeita as regras da prova. Então, isso fica como um preceito universal. Essas situações de debate podem variar muito. A primeira e a situação ideal seria aquela onde você tem dois estudiosos que dispõem do mesmo corpo de informações e que conhecem e respeitam as regras da prova, e isso seria um debate científico. Isso acontece. Por exemplo, vários debates em que o James Craig entrou são desses típicas. Ele estava se confrontando com pessoas que têm um currículo de realizações científicas e que, em princípio, são capazes de acompanhar uma demonstração e onde ali a prova lógica é tudo. Cada um entra com uma tese determinada, essa tese apresentada de antemão, e em seguida apresentam os argumentos contra e a favor. O famoso debate entre Gilbert Shasterton e George Bernard Shaw. Você pode ver inúmeros debates desse tipo ao longo da história. Então, é um debate entre dois concorrentes que estão mais ou menos em igualdade de condições seguem o mesmo corpo de regras e que, em princípio, têm acesso aos mesmos conhecimentos. Portanto, só resta ali a confrontação da prova lógica. Então, um debate desse tipo ao longo dos últimos 30 ou 40 anos nunca aconteceu no Brasil. Isso é quase impossível. Em primeiro lugar, porque toda a atividade cultural e educacional no Brasil é instrumentalizada para servir uma atividade cabos eleitorais no fim das contas. Então, você não vai se confrontar com alguém assim. Quando você tem essas condições atendidas, isso é quando você tem a igualdade dos dois contendores tanto no sentido da sua preparação intelectual quanto da sua honestidade, então você deve se concentrar evidentemente no conjunto de provas que você possa oferecer da sua tese. Mas, quando não é assim, então, em primeiro lugar, você precisa ver que o outro contendor, no geral, não entra com uma tese, ele entra com uma impressão que ele deseja passar. E, neste caso, então, o eixo do debate se transfere da esfera lógica para a esfera psicológica. Você está confrontando não uma ideia própria medita, mas uma pessoa. A pessoa que deseja de algum modo dar uma boa impressão para a platé e atrair a simpatia. Então, é uma confrontação puramente psicológica. Neste caso, aquele que vem com uma tese e procura defendê-lo o melhor possível está numa tremenda desvantagem. Então, não há uma equivalência dos argumentos de parte a parte. Então, o que acontece é que, como acontece em geral em todo o debate no Brasil, não existe uma interpenetração intelectual. Não existe uma efetiva troca de ideias que possa enriquecer os dois participantes e a platéia. Z1 está falando um plano e o outro está falando um outro plano completamente diferente. Eu vou ler aqui para vocês umas notas que eu tomei a respeito do debate do Flávio Morgenstern com o Igor Fuser, e que serão publicadas no Diário do Comércio, mas acho melhor vocês saberem antes. Então, o título aqui é falsificação integral. Já nos primeiros 10 minutos do seu debate com Flávio Morgenstern no gremio politécnico sobre a ditadura militar, o professor Igor Fuser exemplificou com rara concisão a regra de que ninguém pode mentir com eficiência se não falsifica primeiro a própria situação de discurso. Isso aqui é absolutamente fundamental. Quer dizer, existe uma situação real na qual vocês dois estão se confrontando e existe o conteúdo das ideias que são ali expressas. O conteúdo das ideias está em função da situação de debate e não ao contrário. Quer dizer, as palavras não geram uma situação. A situação está dada. Ele começou se queixando de que não há espaço para debates sobre o tema na grande mídia, onde reina a versão oficial única e indiscutível. Quem ouvisse acreditaria, portanto, estar diante de um porta-voz da minoria mordaçada. Quer dizer, quem é que reclama? Não só existe uma opinião dominante na mídia, só pode ser aquele que não participa da opinião dominante e que foi excluído. Mas ele começou dando exatamente esta impressão. Uma vez transmitida esta impressão, o professor Fuser estava livre para impingir a plateia sem temor de represalhas, a mesma versão oficial a qual ele parecia se opor. E assim ele fez. Ora, isto aqui é o tipo do paradoxo quase imperceptível. Quer dizer, o sujeito ele cria pelo contraste entre o que ele está dizendo e o que ele está fazendo. Quer dizer, um paradoxo na mente do ouvinte. Mas esse paradoxo vem muito rápido e em que seguida você passa para o debate. Então, com isto, ele já travou a compreensão dos ouvintes. Se pudesse parar o debate aí e perguntar, pera aí, professor, o senhor está reclamando de que a mídia toda repete uma opinião igual à sua? Por que você está reclamando? O senhor gostaria que houvesse uma opinião contrária ali? Ou ao contrário, o senhor está ganhando com esta situação. Se pudesse interromper o debate ali, a situação se esclareceria. Porém, esta técnica, vamos dizer, do paradoxo rápido, certamente ali ele já diminui a capacidade de compreensão da plateia. Você é obrigado a engolir uma situação que é totalmente artificial, que não corresponde à realidade da situação efetiva. Então, se o senhor criam teatro, ele coloca todo mundo dentro deste teatro. Essa versão é a seguinte. Em 1964, um governo democrático estava empreendendo por vias legais democráticas algumas reformas patrióticas que alarmaram o capital estrangeiro, o qual então se mobilizou para derrubar o presidente e instaurar uma ditadura. É o que toda a mídia alardeia há mais de 20 anos, o que se repasse às crianças em todas as escolas do país, o que se imprime e reemprime em livros e mais livros de história. E foi o que o professor Fusser repetiu com a cara mais bizonha do mundo, bem protegido sobre a sua aparência enganosa de contestador da uniformidade. Então, o conteúdo que ele está dizendo é falso. Está certo? Porém, a situação já está falsificada. Portanto, como é que você pode contestar a falsidade dentro de uma situação que já é falsa? A coisa já ficou difícil, é? É versão 100% falsa. Em primeiro lugar, João Goulart não promoveu reforma nenhuma. Falou muito em reformas, mas até o último dia o Parlamento lhe implorou que enviasse ao menos um projeto delas, coisa que ele adiou, adiou e acabou não fazendo nunca. A lei mesma da remessa de Lucros, que segundo o professor Fusser teria sido a causa imediata do golpe, quer dizer, ele já foi a terceira mentira, quer dizer, a lei da remessa de Lucros foi a causa imediata, a causa eficiente que desencadeou o golpe, como se fosse a gota d'água. Não aguentamos mais esse João Goulart, ouvem a lei da remessa de Lucros. Aí sim, você pisou no calo do capital estrangeiro e então agora nós vamos reagir. A lei mesma da remessa de Lucros, que segundo o professor Fusser teria sido a causa imediata do golpe, só o que Goulart fez com ela foi sentar-se em cima do projeto, que acabou sendo aprovado por iniciativa do Congresso sem nenhuma participação do presidente. Ou seja, o João Goulart não tem absolutamente nada a ver com a lei da remessa de Lucros. Se a fúria do capital estrangeiro contra essa lei fosse a causa do golpe, este teria se voltar não contra Goulart e se encontrou o Congresso. O Congresso, o que vejam só, aprovou o golpe e tomou, sem pressão militar alguma, a iniciativa de substituir Goulart por um presidente interino. Estão em detalhe enormemente importante, porque quando então, o presidente do Congresso, que era o Almaram Grady, convocou o Congresso para declarar a vacância do cargo de presidente. E nomear ele, então, Ranieri Masili, como presidente interino. Não havia havido nenhum contato entre os militares que estavam na ruia o Congresso. Ou seja, eles não receberam sequer um telefonema dos militares. Foi a iniciativa do próprio Congresso. Então, o mesmo Congresso que passou a lei da remessa de Lucros, se apressou em declarar vaga a presidência da república. Não há que você pode considerar até não muito legítimo por quê, porque o João Goulart ainda estava no território nacional. Então, a presidência não estava vaga, simplesmente o presidente não estava em Brasília. Ele estava fugindo do território, mas ainda estava dentro, certo? Então, para fazer o Congresso, se apressou. Em segundo lugar, é falso que Goulart governasse por meio dos democráticos. Num governo democrático, o executivo não reina como um monarca absoluto, mas obedece as leis e sede as decisões do Congresso democraticamente elei. Porque você insistiria, era um presidente democraticamente eleito. Sim, mas o Congresso inteiro também era democraticamente eleito. Então, aí já é dois pesos e duas milímetros. Você fica em pressão que houve, de um lado, um presidente democraticamente eleito e de outro lado, golpistas militares. Não, não, não, não. Você tinha de um lado o presidente democraticamente eleito e de outro lado o Congresso inteiro também, democraticamente eleito. Goulart fez tudo o que podia para fechar o Congresso. Poucos dias antes já tinha enviado um projeto de estado de sítio. Tá certo? Mandou invadir com tropas militares o Estado da Guanabar, Fortaleza da Oposição e prender o governador Carlos Lacerda matando-se resistir-se. A operação falou por um tris, falou porque houve um congestionamento na Avenida Brasil e os assassinos não conseguiram chegar em tempo ao lugar onde o Lacerda estava. Isso foi confessado depois pelo próprio ministro que tramou a coisa, quer dizer, o ministro da Guerra, do Goulart, a cabeça por trás de tudo isso aí. Não hesitou mesmo em usar contra esse Estado o recurso estalinista da arma da fome, vetando através do seu cunhado Leonel Brisol, o fornecimento do arroz gaúcho que era uma das bases da alimentação do povo carioca. Quer dizer, houve um pânico no Rio de Janeiro que não tinha mais arroz. Como se isso não bastasse, protegeu a intervenção armada de Cuba no território brasileiro ocultando as provas e enviando-as por baixo do pano a Fidel Castro. É eufemismo dizer que Goulart tramava um golpe de Estado. Muitas pessoas dizem que ele estava tramando um golpe de Estado, então nós não os apressamos e damos um golpe. O seu mandato foi uma sucessão de golpes de Estado abortados. Ele não estava tramando, ele já tinha tentado várias vezes. Terceiro, não houve nenhuma, literalmente nenhuma participação americana na preparação do golpe. A famosa operação Brother Sam, tão demonizada pela esquerda, nunca foi e nem poderia ter sido nada disso. E só adquiriu essa apanência graças a uma vasta campanha de desinformação lançada pela KGB logo após o golpe. Já contei esse caso, está no livro do Ladeslau Bitman. Conforme confessou o próprio chefe da Agência Soviética, então lotado no Brasil, lá de Slav Bitman. Nesse ponto, a menos das cidades esquerditas chega a ser deslumbrante. Todos os jornais do país, a maldita grande mídia que o professor Fuser finge se opor, até hoje usam como prova da cumplicidade americana a gravação de uma conversa telefônica na qual o embaixador Lincoln Gordon pedia ao presidente Lyndon Johnson que tomasse alguma providência ante o risco iminente de uma guerra civil no Brasil. Johnson, em resposta, determinou que uma frota americana se deslocasse para o litoral brasileiro. Fica aí provado, na cabeça ou pelo menos na boca dos fússiles, que os americanos foram, se não os autores, ao menos cúmplices do golpe. Mas para que essa prova funcione, é necessário escamotear quatro detalhes. Um, a conversa aconteceu no próprio dia 31 de março, quando os tanques do general Morão Filho já estavam na rua e João Goulart já ia fazendo as malas. Não foi nenhuma participação em planos conspiratórios, mas a reação de emergência ante um fato consumado. Inclusive, a resposta do Lyndon Johnson foi literalmente, ah, está assim, então precisamos nos preparar para fazer o que for preciso fazer. Quer dizer, no dia 31 de março, estava começando a pensar, vamos nos preparar para fazer o que for preciso fazer. Dois, a frota americana estava destinada a chegar aos portos brasileiros só em 11 de abril. Você imagina, se os americanos tivessem participado da preparação do golpe, estivesse informado da data da inclusão, a frota estaria lá no dia 31 de março ou mesmo na véspera. Se é para chegar só 11 dias depois, quer dizer, a coisa começou a ser tramada no próprio dia 31 de março. Ante a notícia de que não haveria guerra civil nenhuma, retornou a Estados Unidos sem nunca ter chegado perto das nossas costas. Três, é obrigação constitucional do presidente dos Estados Unidos enviar tropas imediatamente para qualquer lugar do mundo. Onde uma ameaça de conflito armado põe em risco os cidadãos americanos ali residentes. Se Johnson não comprisse essa obrigação, estaria sujeito a um impeachment. Vocês vêem a discussão que está tendo agora a responder bem-gase? Havia um risco ali e não enviaram tropas por lugar. Então isso quer dizer, o Johnson não precisaria, de maneira alguma, ter participado da trama do golpe para no dia 31 de março, começar a se preparar para enviar uma frota americana. Quatro, as tropas enviadas não bastavam nem para ocupar a cidade do Rio de Janeiro. Quanto mais para espalhar os pelos quatro canos do país onde houvesse resistência pro jango e dar a vitória aos golpistas. Você imagina, então, se havia tropas americanos o suficiente para mandar desde o Rio de Janeiro até Minas Gerais. E pesar decisivamente em favor dos golpistas, como supõe aí o seu Igor Fuser. Quer dizer, a coisa é completamente absurda. Para completar, se não houve intervenção americana houve sim intervenção soviética e profunda. Se até hoje a esquerda voce diferente não conseguiu dar o nome de nenhum agente da CIA então lotado no Brasil, e sem eles, como participaram de uma conspiração, documentos recém revelados, provam com nomes que havia agentes da KGB infiltrados em todos os calões do governo gulhar. Em dez minutos o professor Fuser conseguiu falsificar nada menos que tudo. Não é preciso ir não restando o debate, ele mentiu mais ainda. Mas só esses dez primeiros minutos já mostram do que se trata. Quer dizer, o sujeito ele primeiro. Ele se finge de opositor a um consenso para reforçar esse consenso. Então evidentemente isso não é uma tese que ele está defendendo. Isso é um papel que ele está desempenhando. Não é a mesma coisa. Porém o conteúdo da tese só pode ser interpretado em função do papel que o sujeito está desempenando. Quer dizer, para entender o conteúdo do discurso é preciso entender a ação na qual ela se insere. Então desde o começo a cena já foi montada para ser um negócio teatral. Então o curioso que depois de fazer isso lá para dentro, ele chamou o Morgan Stend de mentiroso. Quer dizer, aí o teatro virou teatro do absurdo. Então o que fazer numa situação desta? Se você não está diante de um interlocutor sério que tem uma tese com o qual você possa ter armas a lógica para provar uma tese ou desprovar a outra tese. Se você está diante de um jeito que está ensenando uma situação, a única coisa a fazer é analisar psicologicamente a situação e desmontá-la. Está certo? De modo que as mentiras apareçam como mentiras e pelo menos a plateia fique sabendo o que se trata. Porém além da plateia existe um alvo que é mais importante nesta situação, que é o próprio interlocutor. Se o sujeito está lá fingindo, então ele está numa posição delicada. Se você puxar o tapete ele cai. Está certo então? Se diante disso você insiste em expor a sua tese e defendê-la logicamente, honestamente, etc. Você já entrou dentro do teatro. Você está desempeando um papel. E você está aceitando a farsa como se fosse um debate normal, um debate aristotélico, por assim dizer. E com isso o sujeito já ganhou de alguma maneira. O simples fato de ele conseguir impor esta farsa como se fosse uma atitude respeitável, é tudo o que ele quer. Ele não precisa que as pessoas acreditem em tudo o que ele disse. Está certo? Basta a farsa ter funcionado. Já está bem. Por que? Porque isso funciona na base do efeito acumulado. Ele não é o único que faz isso. Tem centenas fazendo a mesma coisa. E com isso, vamos dizer, toda esta pleia de divigaristas se impõe a inúmeras plateias como se fossem representantes qualificados, como se fossem intelectuais de respeito. E é isso o que eles interessam. Quer dizer, a decisão do debate propriamente disto não é tão importante. O importante é a imposição de papéis, a imposição da situação. Então, eles não se incomodem nem mesmo de perder um debate, com tanto que eles saem de lá com a sua posição social reforçada. Então, o homem aparece lá com o professor de relações internacionais. Ele não aparece dentro assim. Eu sou um cabo eleitoral do PT, estou aqui para mentir que nem um doido. Tá certo? Para eleger o Lulo Adion. Ele não disse isso. E é apresente como professor, como intelectual. Só que ele não se comporta como intelectual e se comporta como um cabo eleitoral mentindo mais do que um vendedor geladeiro usado. Então, se você aceita a situação, então, de certo modo ele já ganhou. Já ganhou o máximo que ele pode ganhar nessa situação. Então, como você sabe que a situação de debate foi montada numa base farsísca, então você tem que transferir o enfoque desde a argumentação lógica para análise psicológica da própria situação. E daí você restaura a possibilidade da confrontação de argumentos. Primeiro, tem que limpar a situação. Eu dou o exemplo, já dei muitas vezes, exemplo dos jeitos que vai jogar baralho na sua casa, mas por baixo da mesa ele está passando a mão na perna da sua mulher. E você fica todo contento que ganhou o jogo de baralho. Da certo? Digo, não adianta o jogo de baralho. Você tem que dar um jeito de expulsar aquele camarade. Então, a análise da situação psicológica mostra duas coisas. O esse sujeito desconhece totalmente a história de 1964, portanto ele não tem autoridade intelectual para discutir o assunto. Ou ele conhece e está fingindo, portanto ele não tem autoridade moral para discutir o assunto. Então você tem que limpar o terreno primeiro. E neste caso, a minha recomendação é o seguinte, não entre num debate com essa gente para você provar nada. Não vá com uma tese, não tente provar uma tese. Somente desmonte a tese e a posição do adversário. Permaneça no lado crítico-analítico. É muito menos importante você... O que está em discussão ali, de fato, não é o golpe de 1964 e o que aconteceu em 1964. Isso é só o pretexto. O que está em discussão ali são duas pessoas, uma das quais personifiquem um treco chamado esquerda e outra que personifiquem um treco chamado direita. E tudo o que interessa é impor o representante da esquerda como uma pessoa qualificada. É como um intelectual de respeito. É só disso que se trata. É um teatro realmente. É um debate no sentido lógico, científico da coisa. Então, a recomendação é o seguinte, não tente provar nada. Só desmantelhe a máquina de falsificação. Não precisa xingar, não precisa ofender, mas mostra que a situação não é aquela que os direitos está empingindo. Então, em primeiro lugar, a primeira coisa que seria preciso fazer ali, seria esta coisa do papel falso que ele impôs no começo. Quer dizer, ele se apresenta como se ele estivesse contestando o consenso da mídia, quando ele na verdade está reforçando. Então, por que que o sujeito fez isso? Nenhuma pessoa honesta faz uma coisa dessa. Se a minha opinião é a própria opinião dominante, eu não vou denunciar a opinião dominante, evidentemente. Então, esta falsificação inicial determina todo o restante do que o sujeito falou durante o debate. Tá certo? Então, nesta análise psicológica, você precisa ver o seguinte. Qual é o objetivo dela? Desmascarar o sujeito perante a plateia? Sim, em parte. Porém, o mais importante é desmascará-lo perante ele mesmo. E fazer aquilo que Lenin dizia, fazer o adversário perder a vontade de lutar. Porque quando o farsante é desmascarar, ele entra em depressão imediatamente. E aí ele perde o gosto pela coisa. E se você fizer isso, você desativa um cara desse durante anos. E como esse pessoal está em toda a parte, ocupa todas as posições, então retirar um deles, tirar um deles da tomada é muito importante. Então, o objetivo psicológico é esse, você vai lá para deixar o sujeito deprimido. Não para provar esta aquela tese. Mesmo porque nas condições em que o debate se travou, é impossível provar qualquer tese. No máximo, você poderia dizer que um dos lados teve argumentos melhores. Mas isto não é prova. Você não vai persuadir ninguém de uma realidade histórica de 40 anos atrás num debate de uma hora. Isso é impossível. Precisaria, na verdade, muitos e muitos livros para isso. No caso, os livros estão todos a favor dele. Quer dizer, ele está defendendo uma opinião que já é majoritária, que já está de semidão em todo o país. Não é que ela é majoritária, ela é realmente única. Praticamente só agora está aparecendo uma outra pessoa que diz que não foi bem assim. Sobretudo, vamos dizer, o pessoal militar, o pessoal direitista e prósessante, igual o pessoal a favor do regime, o defende muito mal. Porque tenta defendê-lo como a totalidade, o que é impossível. Está certo então? Por exemplo, tem que enaltecer a obra dos regimes militares. E tem que negar o óbvio. Quer dizer, que houve tortura, houve assassinato. Não dá para fazer tudo isso aí. Então, quando você entra no debate, você já está rotulado, como se você fosse um general de 64, você está defendendo o indefensável, você está defendendo o fascismo, a repressão, etc. E o outro lado está defendendo a democracia, os direitos humanos, etc. Então, você tem que desfazer todo este, esta máquina, antes de entrar no mérito da questão. Você vê, em qualquer tribunal, um juiz, antes de discutir o mérito da questão, eles aminam para eliminares. E se a coisa foi apresentada de uma maneira correta, decente, se não há uma falsificação inicial, se não há um erro de juridição, você tem que fazer isso. Em qualquer debate, você tem que fazer isso. Quer dizer, discutir primeiro a própria condição do debate. Isto é básico. Se não você entra dentro de um teatrinho, onde toda a vantagem está a favor do mentiroso. Se você aceita a farsa, não importa o que você diga depois. Já está tudo falsificado. Ali, o Morganstein não estava discutindo com o professor de relações internacional. Ele estava discutindo com um cabo eleitoral muito vagabundo, com um farcente, assim, mais rasteio. E era mais importante desmantelar esta máquina do que provar alguma coisa a favor do golpe 64. Mesmo porque a confusão que se estabelece aí vende muito longe. Por exemplo, quando esse pessoal diz, ah, os americanos participaram do planejamento do golpe, etc. Bom, que não participaram, já está mais do que provar. Vocês começaram a se preparar no dia 31 de março porque não tinham participado. Na melhor das hipóteses, eles estavam informados de que alguma coisa iria acontecer, como disse o próprio Lincoln Gordon. Mas daí o pessoal levanta aqui. Não, mas eles tinham dinheiro do IBADE, que os americanos davam dinheiro para o IBADE para eleger candidatos de oposição, etc. E os não iriam. Aí é o confusionismo mais perverso que você pode imaginar. Porque a ideia é dar uma impressão má do governo americano, da participação do governo americano, no caso. Então, aí vale tudo. Então, o fato de que o governo tivesse dado dinheiro, se a tivesse dado dinheiro para certos candidatos, que parece que deu mesmo, é usado como prova de que participou do golpe. Ora, mas é incrível. Se você pretender um golpe militar, para que você está participando da luta eleitoral? Para que você vai jogar dinheiro fora, alimentando candidatos, alimentando uma luta eleitoral democrática, se você vai dar um golpe militar no dia seguinte? Então, a prova que eles... um prova é exatamente o contrário. Os americanos estavam dando um reforço para certos candidatos dentro do processo eleitoral normal. Eu não sei se, na época, a legislação proibia contribuições de campanha estrangeiras. Mas hoje, contribuição de campanha estrangeira é uma banalidade em todo um lugar. Está se aportando, não tem nada de inerentemente imoral na coisa. Mas a prova de que os americanos estavam apostando na oposição parlamentar e não num golpe de Estado, é usada como prova de que eles participaram do golpe de Estado. Assim como o fato de o Lincoln Gordon conversar com o Lyndon Johnson no próprio dia 31 de março, e o presidente dizia, precisamos nos preparar, é usado como prova de que já estavam se preparando antes. Quer dizer, tudo isso é, evidentemente, um absurdo. E feito na base, vamos dizer, da prova por impregnação. Se o sujeito está suspeito de ter feito uma coisa ruim aqui, é prova de que ele fez a outra coisa ruim ali. Está certo então? É um procedimento, evidentemente, difamatório. Só isso, não é nada mais do que isso. Além do mais, o fator KGB é completamente escondido. Quer dizer, se o próprio homem da KGB confessou, não fui eu que inventei isso aí, não foi o Led Slabit, foram os acessores dele, nós que inventamos essa história da participação americana, isso tem que entrar no centro da discussão. Porque o próprio pessoal da esquerda diz, o Ops 64 foi o episódio da Guerra Fria. Eu digo, bom, mas guerras, eu suponho pelo menos dois lados. A guerra entre a quem e quem, entre o Estados Unidos e o Brasil? Ou é entre o Estados Unidos e a União Soviética? Então, como é que um dos personagens desaparece? Dando impressão de que a Guerra Fria se tratava entre uma grande potência e dois ou três patriotas desarmadas na América Latina. Isso é absolutamente grotesco, totalmente falsificando tudo. Isso quer dizer que o teatrinho montado naquela circunstância serve para dar respaldo a muitas outras falsificações, que já estão impregnadas por assim dizer, na mente popular. Então, desmontar o teatrinho é mais importante do que argumentar positivamente. Mesmo porque a regra mais elementar em filosofia é o seguinte, você não pode impor uma tese diretamente. Uma tese, em primeiro lugar, supõe que você afaste a tese contrária. Então isso quer dizer que a parte crítica analítica tem de preceder a parte positiva e probatória, se não não adianta nada. Então, eu sugiro que quando desafiados para esse tipo de debate, vocês, em primeiro lugar, imponham o debate por escrito. Isso aí já facilita tudo porque documenta o que o sujeito disse e afasta, vamos dizer, a possibilidade dos relevá-la, a vantagem na mise en scène, está certo na qual eles são especialistas e vocês são principiantes, afasta inumeráveis confusões verbais e, de certo modo, forçam o indivíduo a assumir o seu verdadeiro papel. Vocês devem se lembrar que no meu debate, o professor Duguin, a primeira coisa que eu fiz foi analisar a situação de debate. Isso não é um debate proporcional, está certo, mas é um debate entre uma pessoa, um cidadão isolado, quem é trago da sua opinião, e o representante de uma grande potência. Isso não é a mesma coisa. Vamos ver qual é a função do Duguin no esquema russo. Ele é o equivalente do que era o Henry Kissinger. O que era o Henry Kissinger para o governo americano é o Duguin para o governo russo. Se em margem se houvesse um debate entre Henry Kissinger e, sei lá, o Arnaud Jabor, era mais ou menos isso. Então tem que primeiro esclarecer isso aí. Aqui tem um indivíduo que está dizendo o que ele pensa. Do outro lado tem um indivíduo que está dizendo aquilo que interessa, a estratégia político-militar-russa. Então não é a mesma coisa, não estão desempenhando o mesmo papel, não são assim dois acadêmicos discutindo uma teoria científica. Então a situação de debate é mais importante do que e precede, na verdade, o conteúdo do debate. Essa situação pode haver um desnível, como no caso do Duguin, e pode haver uma falsificação efetiva, como no caso do Fuser. No caso do Duguin não haverá falsificação alguma, quer dizer, ele assume aquilo que ele é, mas eu quis apenas mostrar o desnível. Então fica aí essas recomendações. E segundo, não caiu na ilusão de achar que com participação e debates, ou com blogs, então vocês exercerão uma influência efetiva. Tudo isso depende de você se escorar num muro de livros. Vocês têm que publicar livros primeiro. Isso é muito importante. Aqueles que não estão prontos para escrever o livro, a esperem, nós não estão compressos. O nosso projeto de sanear o ambiente intelectual brasileiro é para 20, 30 anos pela frente, e nós vamos ter muito trabalho ainda. Então vamos fazer uma pausa daqui a pouco que a gente volta, e eu vou responder as perguntas, eu quero fazer umas outras observações na segunda parte. Então vamos lá, que tem várias perguntas. Mas antes eu queria fazer umas observações sobre uma moça que me enviou uma pergunta dramática. A pergunta é assim, em quem acreditar? Eu entendo perfeitamente o drama, a pessoa que está acabando de desembarcar no mundo e houve milhões de discursos desencontrados, é normal que ela tenha essa dúvida. Então tem várias regras a seguir. A primeira é o seguinte, não ter a pressa de acreditar e nem de duvidar de coisa nenhuma. Você ficar, vamos dizer, num estado de pergunta, num estado de dúvida, dúvida não quer dizer negação, em primeiro lugar, não é contestar. Ficar num estado de dúvida por muito tempo é muito bom para você. Desde que você entenda que é possível você vencer pelo menos algumas dessas dúvidas. Em segundo lugar, eu recomendo que leia a minha apostila inteligência, verdade, certeza para você tomar consciência de que existem quatro níveis de credibilidade, quatro gradações diferentes do acreditar. Quer dizer, a primeira é acreditar que uma coisa é uma possibilidade, a segunda é acreditar que é verocínio, que parece verdade. A terceira é acreditar que uma coisa é razoável e a quarta é acreditar que uma coisa é realmente certa, verdadeira e inegável. E ali eu explico que se a pessoa não sabe graduar as suas próprias opiniões segundo essas quatro níveis, então ela não sabe absolutamente nada. Quer dizer, se eu não sei que algo que eu penso é meramente possível, verocínio, provável, ou certo, então eu não sei nada a respeito. Então desenvolver essa prática de você graduar as suas próprias crenças de acordo com essas quatro níveis, se você souber fazer isso com as suas próprias opiniões, você saberá fazer com a dos outros mais tarde. Desses quatro, o mais importante é o primeiro, quer dizer, o mundo da possibilidade. Todas as dúvidas se recordam dentro do possível, aquilo que é impossível você afasta desde logo e não se preocupa. Algumas pessoas têm um senso mais apurado do possível, outras não. E a maneira correta de você, a maneira mais adequada de você ampliar e organizar a sua imaginação, é através da leitura de obras de ficção. A ficção não lhe propõe nenhuma tese, nenhuma verdade, apenas explora uma possibilidade da vida humana. Então muitas coisas nos parecem inverosímidos ou absurdas, simplesmente porque não combinam com aquilo que a nossa imaginação estava acostumada. E isso é um erro muito frequente. Mas a leitura de muitas obras de ficção vai ampliar a sua visão do possível e tornar, a dizer, mais fácil você passar daí para o verocínio, para o razoável e para o certo. Eu acho que esses dois concelhos, se você seguir com o tempo indicarão para você, o que é acreditável e o que não é. Mas sem esta prática fica realmente muito difícil. O ensino secundário deveria dar essas práticas, deveria ensinar as pessoas a primeiro, graduar as suas convicções de acordo com esses quatro graus e, segundo, ampliar a sua visão do possível pela leitura de obras de ficção. Mas infelizmente não tem feito nada disso. Para escolher as obras de ficção, você escolha sobretudo aquelas que são clássicas, aquelas que estão já consolidadas, que têm a sua fama consolidada há séculos ou milênios, nunca vai lhe fazer mal algum, você lê a Elia de Odisse, você lê Dante, você lê Shakespeare, não vai lhe fazer mal nenhum. Sobretudo se a sua dúvida é na área da política, ler Shakespeare inteiro já vai esclarecer muita coisa para você, porque você vai entender ali as motivações humanas que estão envolvidas na política e de uma maneira que não se define pelas pautas ideológicas presentes. Tudo isso pode ajudar muito. Bom, então agora aqui vamos a algumas perguntas. Liv, eu não sei se é LJV Araújo? É LJV Araújo, pergunta. Há possibilidade de o professor lá falar alguma ocasião sobre os documentos de Santa Fé? Sim, são documentos importantes sobre a penetração comunista no continente, eu não os examinei suficientemente, pretendo fazer isso há algum dia. E quando fizer, eu vou comentar aqui se for possível. William Souza pergunta. Se eu podem indicar alguma leitura honesta sobre a ditadura militar no Brasil? Bom, o historiador Marco Antonovila publicou esse livro de ditadura brasileira que me parece bastante honesto, embora não seja muito completo, mas eu sugeri, antes de tudo, que você lê-se o longo depoimento prestado pelo Carlos Lacerda ao jornal da tarde, foi publicado pelo Ditor Nala Fronteira com o título Carlos Lacerda Depoimento. É um livro grosso e ali você fica sabendo um monte de coisas realmente importantes do que sucedeu em 1964, do ponto de vista de alguém que, no primeiro momento, apoiou e depois se tornou um dos grandes adversários do regime militar. Ricardo Gasparini. Só há um pouco tempo do curso e gostaria de fazer duas perguntas. Em primeiro lugar, gostaria de pedir o senhor indicações de leitura sobre a filosofia da educação. Bom, eu sugiro, antes de tudo, que você lê a história da educação do Roy Afonso da Costa Nunes, que é a melhor história da educação que eu já li, foi produzida no Brasil, então o livro, infelizmente, não tem o destaque que merece, embora ainda seja usado em curso universal, Roy Afonso com 2F da Costa Nunes, História da Educação. Ele partiu do Henri Irene Marrou, tinha escrito a história da educação na antiguidade, daí o Marrou morreu e o Roy Afonso decidiu continuar com isso até o fim. É realmente uma obra prima. Em segundo lugar, eu recomendo para os seus livros do Gilbert Heiget, H-I-G-H-E-T, sobre o art of teaching, um livro muito importante e também, Man's Unconquerable Mind, a mente inconquistável do Ames. Esses 2 livros são muito importantes para isso. E depois gostaria de saber se conhece o filósofo Armindo Moreira, que escreveu o livro Professor Não é Educador. Ele está lendo seus livros e gostaria de enviar alguns também. Tira como enviar, pode me passar em dê-los depois. Bom, eu passo até já, porque assim quem precisa mandar alguma coisa manda para aqui. P.O. Box, quer dizer, caixa postal, p.opostofficebox71327. Da em baixo você põe. 2000 Starlink Drive, Starlink S-T-A-R-L-I-N-G Drive, D-R-I-V-E. A cidade é Henrico H-E-N-R-I-C-O-V-A, quer dizer, Virginia, 23229. Alexandre Carpe, eu poderia indicar alguns livros sobre satanismo e seitas satânicas. Bom, eu acho que existem muitos livros sobre isso, mas em primeiríssimo lugar você tem que se formar direitinho sobre quem é essa pessoa, o capeta. E eu acho que a melhor maneira é você ler os livros do padre Gabriel Amort, A-N-O-R-T-H. Eu li o livro na tradução francesa, o exorcista, vou falar, um exorcista, eu vos falo. E eu não sei o título que foi publicado em português, aliás, pela vida editorial, você sabe meu título, pela eclésia, foi publicado pela eclésia. Gabriel com dois Ls Amort. E em segundo lugar... Bom, acho que... E em segundo lugar, o livro do padre Malachi Martin, Hostas to the Devil, a história de cinco exorcismos realizados aqui nos Estados Unidos. Então, a hora que você estiver mais claro a noção do que é o demônio, aí você pode começar a estudar seitas satânicas, mas não antes, né? Aqui, o Murilo Veras me manda um longo projeto, que eu achei maravilhoso toda a sua ideia, mas eu não vou ler aqui porque é muito comprido. Se você conseguisse resumir tudo isso em cinco linhas, eu ficaria muito grato, mas está muito boa essa sua ideia, isso é o que eu posso dizer por enquanto. Marco Rossi disso. Por isso eu concordaria que o Flávio ganhou o debate, certo? Porém, ele não humilhou o adversário. Como disse um crítico, ele ganhou por pontos. Mas é um tal negócio. A superioridade intelectual do Flávio Morganstein ficou patente. E eu creio que ele convenceu a parte honesta da plateia. Mas, note bem, o objetivo de um confronto desse tipo não é você provar uma tese, mesmo porque esse 51% já concordaria com o Flávio Morganstein antes. Dessa é a tese, então é uma coisa que dizer que ele converteu os fiéis. Ele mesmo disse que ali na plateia havia pessoas bem informadas e que sabiam que ele estava dizendo a verdade. Sem dúvida, desde o ponto de vista, é claro que ele tem razão. Porém, você ganhar por pontos de um adversário que você deveria nocautear os dois minutos do primeiro round, né? Eu acho que é conceder muito terreno. Para ser do homem era realmente um farsante. Ele tinha que ser desmascarado não entre a plateia, mas antes dos seus próprios olhos. Isso é importante. Quem tem que dizer que você ganhou? Não é a plateia, não é você mesmo. É o adversário. Ele tem que sair de lá de cabeça, baixa e disposto a ficar quieto por muitos anos à frente. Este é o único objetivo desses confrontos. Remover essas pessoas do cenário intelectual, onde elas não têm o direito de estar de maneira alguma. Quer dizer, a academia universidade não é lugar para cabo eleitoral. Não é lugar para a gente petista, nem para a gente de coisa nenhuma. É lugar de gente séria. Agora, ele mesmo na segunda parte do debate, ele posou de acadêmico. Se eu estou acostumado com o debate acadêmico, não com essas mentirinhas, aí a farsa chegou no máximo. Então, o problema não é o conteúdo do que foi dito. O conteúdo que ele disse é tudo mentira, mas mentira está sustentada na farsa inicial. Em geral, essas pessoas fazem isso. Elas já chegam e já assumem uma posição falsa nos primeiros minutos. Já desempenham um papel falso. E se você não limpa essa situação, então aí não há debate mesmo. Você tem que restaurar na verdade a situação de debate. Então, quando eu estava discutindo lá com a Laura Café, eu... As questões, eu estou discutindo aqui com um amador, com uma pessoa que nunca estudou o assunto. Então, isso é importante isso aí. Se eu fosse discutir marxismo, por exemplo, com o Carlos Nels Cotinho, eu não posso negar que ele estudou marxismo, que ele sabe alguma coisa sobre marxismo. Ou com o Jacó Gorender, por exemplo, não poder discutir a escravidão no Brasil com o Jacó Gorender, sem reconhecer que ele estudou o assunto que ele conhece profundamente, e que é um autor de um grande livro a respeito. Então, isso é diferente. Agora, quando chega lá um sujeito que está apenas enganando a molecada com o verniz de conhecimento, nós temos que nivelar isso logo de cara. Se não se trata de ofender o cara, de insultar, quer dizer, você dizer que o indivíduo não estudou o assunto, não é ofendê-lo absolutamente. O ofensivo é o sujeito, sem conhecimento, se apresentar num debate confiado na sua posição social. Neste... Ou quando vive aquele confronto com o João Pele Stedley, ele estava lá falando como se fosse em nome de uma massa de perseguidos permanentemente ameaçados pelos malvados fazendeiros, quando na verdade o próprio livro dele, a questão agrada no Brasil, provava que a violência no campo é mínima, assim comparada com a de qualquer cidade no Brasil. Você somar o campo brasileiro inteiro não dá para concorrer com a cidade de Sorocaba, ou São Tomé das Letras, entendeu? Então, é uma posição falsa, não é apenas o conteúdo que é mentiroso. Ele está se apresentando com um papel que não é o dele. Então, vamos parar de palhaçada, vamos conversar sério aqui. Fernando Xavier perguntou, Máulio, o senhor Dífio Higgel não era muito honesto intelectualmente, que ele deu uma ajeitada maçônica nas suas ideias. Procurei sobre isso, mas não encontrei o que aconteceu com relação a isso. Você poderia me ajudar a entender o que aconteceu? Preciso de fontes ou da sua explicação. A fonte é uma só, é um livro excelente, autor, se chama-se Jacques Dauldt, D-Apóstolfo H-O-N-D-T. O livro chama-se Regelssecret. Regelssecret. Este é a única fonte que existe, que eu encontrei pelo menos, mas está tudo lá. Marcos Rezento perguntou, por exemplo, Eu admiro o Fulano e quero ser como ele. Você é valo no exercício do necrologo, se me sentir alguém que já existe, é claro que é. 99% das qualidades que nós procuramos envolver, nós já vimos em alguém. Se não é alguém que você conheceu, pelo menos alguém que você já leu. Se você imaginar há quantos séculos o pessoal está lendo a imitação de Cristo, sem nunca ter visto Jesus Cristo em carnê e osso, é a coisa mais normal do mundo. Só no Brasil que isso é proibido. No Brasil você só pode ser sempre superior a todo mundo. E não só admirar pessoas com reservas. Chega aquele garoto de 18 anos e diz assim, Ah, esse tal de olávato até que é um rapaz de talento, bate em umas minhas costas. Então no Brasil o pessoal faz assim, mas é tudo coisa de doente. Olha aqui, esse aqui eu vou até ler porque está boa notícia. Queisidônes Felipe. Conheço o trabalho, se eu fazer algum tema, só iniciei seu curso online no momento em que ingresei no curso de Ingradoação e Filosofia da Faculdade de Ciência e Letras da USP. Graças ao senhor ingresando na USP, sabendo que deveria esperar daqui a lugar. O senhor estava certo. Dentro da faculdade de ciência humana, na USP a carga de olor que requer os alunos é algo esmagador. Tudo, absolutamente tudo, naquele lugar, arrasta os alunos recentes, chegados e pouco instruídos a adotar com verdades, absolutos, cacuetes, mentais, esquerdistas e revolucionários que o senhor curta a falsidade e se responde com clareza. Tendo incluído no inércio do curso, não uma visão das bases da filosofia dos antigos, mas saltando logo para Descartes e Cante, vendo de forma só informativa alguma coisa do meio-device, tendo como objetivo aparente mostrar que Cante conseguiu deixá-los para trás, terminantemente. Isso em falar de um curso inteiro dedicado a estudo de George Battaille, Michel Foucault e Júlio Diett Butler, colocado como matéria obrigatória sob o nome de introdução à filosofia 1 e oferecido nesse semestre para o futuro candidato ao governador da Estada São Paulo, doutor Vladimir Safatle. Comentando que antes dele esse curso era oferecido logo em início pela Marilena Chauy. Nessa bagunça acreditei firmemente que ficaria só em meio à escuridão, mas não foi isso o que aconteceu. Dentro da USP encontrei pessoas e não eram poucas que conheciam e admiravam sinceramente o senhor e seu trabalho. Essas pessoas, porém, temerosas pelos problemas que poderiam criar para si mesmas ao admitir essa admiração, fico em silêncio só comentando seu respeito com o nome de Luiz Pimentel. E essa canarca eu fico parecendo parente do Helio Pimentel, aí não vai dar. Então, vai logo que Neuro Rodrigo Constantino, já vai o Otávio de Ramalho. Isso me surpreendeu. Alunos da USP, inclusive de esquerda, admitem estudos trabalhos feitos pelos senhoras escondidas, como por exemplo, eu vi por acaso alunos estudando trabalho a respeito da Irisker Schopenhauer, dentro de tudo que eu presentei, quadro curto do que tem experimentado esse primeiro semestre, você gostaria de perguntar, o que o senhor que eu considero bom ser feito nesse quadro? Rãonear essas pessoas em grupos de estudo? Sim, certamente. Quer dizer, a união faz a força. Se você sentar absolutamente sozinho no ambiente, o homem sozinho não pode nada. Então, a primeira coisa, sozinho, só se você for capaz de abrir caminho com os cotovelo, derrubando todo mundo em volta. Mas se você fizer isso um dia no dia seguinte, você não está sozinho mais. Então, audáceis fortuna duvá. Quer dizer, a fortuna favorece a sorte e favorece os audáceis. Mas com um gesto de audáceis, você vai conquistar adeptos da mesma hora. Seria esse o momento para começar a primeira fase da criação do movimento, através de estudo da discussão dos problemas? Sem sombra de dúvida. Se sim, por quais autores começar? Eu recomendaria mais, na verdade, um estudo aprofundado para o Marxismo, para o qual eu já dei toda a bibliografia essencial num artigo que chama agora, esqueci o nome do raio do artigo. Estudaram-se de falar. Aqui, José Marjou, na pergunta quase a mesma coisa. Se eu puder falar sobre o procedimento do ambiente universitário, eu precisaria de respeito ao professor que segue a cartilha marxista. Bom, então, primeiro lugar, se você estude mais marxismo do que ele, está certo? Quando o camarada começar a falar, Marx disse isso, Marx disse aquilo, você faz que neudiala no filme Noivo Neurozco, no Novo Nervoso, aqui, estão discutindo o Marcos Marclou, e ele puxa o Marclou, ainda fila do cinêmico, explica para esse cara que não foi isso que você disse. Isso aí é muito bom você fazer, porque, ver, marxismo no Brasil, que eu saiba, só quem leu o capital, foi um pessoal da USP que reuniram num grupo de 7 pessoas e leram em grupo. Agora, no estero você encontra milhões de pessoas que sabem o capital de corte, se você pega esse geógrafo, David Harvey, ele sabe cada linha do capital, o António Negre, sabe o capital de corte também, mas no Brasil você não vai encontrar marxistas sérios, acho que o último marxista sério que tem foi o Jacó Agonel, não sei se Jacó Agonel já morreu ou está com 173 anos, mas era um homem que eu tinha maior respeito por ele. Você comida aqui junto com a literatura marxista, eles também passam um protocolo, pegando muito, que é que é Eric Veiglin? Sim, claro, voltando aqui à pergunta do Quesidone Felipe, eu acho que o melhor antídoto que acontece nesse negócio marxista ainda é o Eric Veiglin, porque ele te leva a compreender o que está realmente em jogo no marxismo e nas ideologias revolucionárias em geral. Se bem que ele não tenha feito a teoria geral da revolução, eu fiz a minha, e o pessoal do Eric Veiglin Instituto acha que aquilo encaixa ali na construção do Eric Veiglin como um pilar que sustenta o edifício até melhor, tanta teoria do marxismo quanto a teoria do milagre. Houve vários pontos também da filosofia do Eric Veiglin que são incompletos. O Eric Veiglin dificilmente terminou algum livro, Popo Order, History, ele parou na metade, a história das dez políticas que ele parou na metade, mas isso acontece na vida de um pesquisador que considera mais importante de descobrir a verdade do que terminar os livros. Mas sobretudo a nova ciência da política é indispensável para que você lia tudo. Mas olha, duas mil párneas de marxismo e as duzentas párneas da nova ciência da política já se compensam. Você botar na balança já dá pelo menos um equilíbrio. O livro do Fomise sobre Socialismo, se ainda resta alguma dúvida e respeito, é um livro muito importante que ele demonstra. O que será um assunto logo de cara, ele demonstra impossibilidade matemática de uma economia estatizada. Isso aí não é para discutir mais. Isso aí nem marxista discute mais, porque você sabe que quando os russos invadiram a Alemanha, o Instituto Mises ficou na parte oriental, por exemplo, dominado pelos comunistas, pegando todos os papéis, levando para o Moscou, começaram a ler e ficar aterrorizar o terrorismo, que o cara tem razão agora, o que nós vamos fazer? Então começar a maquiar o socialismo, inventar fórmulas intermediárias como essa, adotada na China, e adotada no Brasil também. Bom, eu acho que então por hoje vamos... ah, aqui. Diego Sam, professor, estou traduzindo, tomando nota da obra A Selection from Scrutiny, da coleção do Frank Raymond Leaves, de dois volumes. Bem no começo da obra, entrei no estudo Alfred Cormtheddon e Antropologia. O livro é tão rico que é difícil traduzir e ler mais do que cinco párneas por dia. Você tem razão, isto aqui é uma maravilha, quer dizer, essa coletânea feita da revista que o Rolive dirigia, quer dizer, tem artigos dele, da mulher dele, uma pleia de gênios, da crítica literária, de fato é uma coisa incrível. Ele pergunta se ele indicava um enciclopédio para ler junto com a obra, recomendasse ele a britânica. Bom, eu não sei, agora, uma enciclopédia eu não sei. Eu gosto muito de enciclopédio universal, francês, eu gosto mais dela do que da britânica, mas ela é uma enciclopédia mais por assuntos, se não assim por verbete separado. Mas de qualquer modo eu sugiro que você use como referência este livro, a dictionary of literary terms de j.a.cudon, c-u-d-d-o-n. Eu acho que disto você vai realmente precisar enciclopédia e escolha qualquer um. Eu recomendo universales, mas não precisa ser ela. Mas olha, só o fato de você estar dedicando seu tempo a este livro, vai-lhe fazer um bem pelo resto da sua vida. Muito bem, então eu acho que por hoje vamos encerrar por aqui. De qualquer modo, eu parabenizo o Flávio Mogras, para o seu desempenho, que em si mesmo foi muito bom, está certo dizer, o problema é que ele estava com o adversário errado. Ele estava dirigindo seriamente, uma pessoa que não é séria absolutamente, é uma pena porque eu conheci o pai deste senhor Igor Fuser, o Falstofuser, que era um intelectual muito sério, mas é intelectual dos anos 60, era uma coisa diferente. Diz que o Falstofuser está vivo ainda, graças a Deus, eu nem sei se ele se lembrará de mim, mas eu tenho boa lembrança dele. Então, até a semana que vem, muito obrigado.